quinta-feira, 31 de dezembro de 2020

Carta a 2021

 MEU CARO 2021         

Estou já a caminho de te deixar. Já só faltam umas sete horas para chegar ao meu novo lar situado em 2021. Despeço-me de ti, como me despedi de outros, sem grande desgosto porque, por mais de uma vez pretendeste que eu partisse mais cedo, Duas operações ao coração e duas quedas que podiam ter sido fatais e que só por milagre de Deus não cumpriam o teu desígnio.

Levaste-me amigos chegados, desafiaste a minha persistência, mas não conseguiste que eu rompesse os meus compromissos nem de trabalho nem de amizade.  Foi duro e tu sabes o que eu passei.

Só queria que em troca de tudo isto me devolvesses os beijos e os abraços que não dei, as gargalhadas que não compartilhei, a brisa no rosto que não senti, aquela mão que não entrelaçou a minha, enfim, até o livre sorriso dos desconhecidos.

Já agora não te esqueças também, de me devolver os jantares com os amigos em que tudo era discutido e sempre com as vozes de quem tinha opinião própria, os concertos a que íamos juntos e nunca mais tivemos, enfim, a felicidade que tínhamos e nem sempre sabíamos que existia.

Eu sei que naquilo que nos espera, algo mudou para sempre e aí pouco ou nada poderás fazer. O mundo continuará perigoso, mas talvez estejamos mais preparados para o enfrentar, se os pedidos que te fiz acima nos pudessem ser devolvidos. Sobretudo o abraço, porque foi sobre ele que toda a nossa civilização se fundou.

 

HSC

quarta-feira, 30 de dezembro de 2020

2021

Que dentro do possível e no enquadramento em que nos encontramos, desejo que o novo ano, nos traga saude e paz. Do meu ponto de vista é aquilo de que mais precisamos neste momento!

HSC 

domingo, 27 de dezembro de 2020

Tens 80 anos? Estás arrumado...

Tenho, como todos nós, acompanhado as dferentes versões sobre o plano de vacinações. Primeiro os velhos eram os últimos a levar a vacina contra o Covid. Depois a decisão deu grande celeuma e o governo veio corrigir e dizer que os velhinhos, como os médicos, enfermeiros e pessoal ligado ao tratamento da doença seriam os primeiros a receber a vacina, nomeadamente os idosos com problemas de saude.

Agora acabo de saber que, ao contrario de outros países, quem tenha 80 anos viveu tempo demais e só receberá prioritariamente a vacina se tiver uma doença das consideradas vitais. Ou seja, assim com este diferimento dos octogenários, sempre se poupam umas vacinas. É que no tempo de espera pode, eventualmente, haver "a sorte" do cidadão saudável, apanhar uma carraspana e ir desta para a melhor... sem se gastar a vacinazinha. 

Em termos económicos é fácil perceber. Sendo o medicamento um bem escasso é preciso evitar desperdiça-lo. Assim o critério inicial foi corrigido e os de oitenta vão para outra fila. Creio bem que poderá ser a fila de espera não de uma operação mas de uma vacina que já não chegará. 

Ah! grandes mentes estas dos nosso dirigentes. Vejam lá se têm uma avozinha ou um avozinho de 80 anos e expliquem-lhes porque é que eles foram, hoje, democraticamente excluídos. Parabéns ao mentor deste critério...

HSC

sábado, 26 de dezembro de 2020

DIZER ADEUS!

Dentro de uma semana estaremos a dizer adeus a 2020, que não creio que deixe muitas saudades. Talvez por isso lembrei-me do que para mim representa dizer adeus. Disse-o já, de forma definitiva, a bastante gente que partiu  deste mundo para outro melhor. Já disse adeus a pessoas que embora continuando vivas, partiram para países longínquos dos quais dificilmente voltariam, porque o seu desejo era não mais voltar.

E disse adeus a pessoas  que embora fizessem quase parte de mim, eu tive que afastar do meu mundo porque eram personagens tóxicas ou porque sentia que, para continuar a existir, teria que as afastar da minha vida. É o adeus que talvez mais doa, porque quando despedimos este tipo de gente estamos também a despedir-nos de um bocado de nós, às vezes bem importante e que nos irá, possivelmente, no futuro, fazer muita falta.

Neste ultimo caso as lágrimas que choramos são pela toxicidade de quem nos despedimos, mas por nós próprios, que choramos a perda de algo ou alguém, que sentimos ainda nos fazer falta. Nesta situação a única solução é não termos pena de nós e  acreditarmos que a importancia dos outros só existe porque nós a concedemos indevidamente. E, nesse caso, é lutar dia a dia , minuto a minuto, para que aquele adeus seja definitivo.

Disse, varias vezes, adeus. Nuns casos mais dolorosamente que noutros. Mas hoje, com a experiência de vida que tenho, nem a mágoa se justificaria. Apenas, a pena de poder ter acontecido. 

HSC

quinta-feira, 24 de dezembro de 2020

A tua Estrela brilhará sobre nós

 A tua Estrela finalmente brilhará sobre os nossos dias insolúveis, entre penúria e sede.

Brilhará sobre o nosso coração blindado, sobre os invisíveis muros do egoísmo que nos isola, sobre os ávidos motivos que nos prendem ao seu comércio repetido e sonâmbulo.

Brilhará sobre as múltiplas formas de cegueira que defendemos acriticamente; sobre o peso insustentável das nossas omissões, sobre a paz e a justiça que permanecem para nós uma missão sempre adiada.

Brilhará sobre as inúteis razões que acumulamos para mascarar o medo, que nos torna sempre mais indisponíveis à viagem que Tu nos sugeres.

A tua Estrela brilhará sobre a austeridade que impomos à circulação dos afetos; sobre a dança interrompida e as mãos silenciadas, sobre o silêncio mastigado em solidão apesar do previsível incremento de presentes e de desculpas; sobre a incapacidade de transformar os nossos passos erráticos e afadigados numa confiante marcha de peregrinos.

A tua Estrela brilhará sobre os caminhos que tantas vezes percorremos sem conduzir a lado nenhum; sobre esta aliança hesitante, ainda que assídua; sobre a imperfeição das promessas que acendemos; sobre o nosso olhar demasiadas vezes se rompe do lado de cá; sobre a incompletude da oração e sobre a fragilidade do dom.

A tua Estrela brilhará sobre nós.

 

 Card. José Tolentino Mendonça 

 

quarta-feira, 23 de dezembro de 2020

Beditos sejam...

É com esta oração que vos desejo um caloroso Natal e que apreciem quanto era bom termos os nossos familiares à nossa volta e com eles poder partilhar o calor da união.

"Benditos sejam os que chegam à nossa vida em silêncio, com passos leves para não acordar nossas dores, não despertar nossos fantasmas, não ressuscitar nossos medos.

Benditos sejam os que se dirigem a nós com leveza, com gentileza, falando o idioma da paz para não assustar nossa alma.

Benditos sejam os que tocam o nosso coração com carinho, nos olham com respeito e nos aceitam inteiros com todos os erros e imperfeições.

Benditos sejam os que podendo ser qualquer coisa em nossa vida, escolhem ser doação.

Benditos sejam esses seres iluminados que nos chegam como anjo, como flor ou passarinho, que dão asas aos nossos sonhos e tendo a liberdade de ir, escolhem ficar e ser ninho.”

Bendito sejam os Amigos!

HSC

Catorze anos

Este blog vai fazer 14 anos de existência, Lembro-me bem da noite em que o comecei, sem perceber rigorosamente nada de net. Um amigo deu-me uma ajuda nessa ocasião, depois tive dificuldades sucessivas e perdi vários textos. A certa altura resolvi fechar-me no escritório e treinar. Consegui. Ainda cometo erros, sobretudo quando o blogger decide fazer alterações, mas na generalidade sei o indispensável para ter aberto cinco blogues, aos quais um dia he~de voltar, dado que um deles era de prosa poética e eu gosto cada vez mais de poesia.

Esta revelação merece-me algum respeito porque durante muito tempo só escrevi aqui e fi-lo a ritmo quase diário. Depois passei a escrever também no Delito de Opinião, um excelente blog colectivo do qual saí, porque se falava muito de política e o facto de ter familia nessa "profissão" espartilhava um pouco a minha liberdade.

Quando, finalmente, tive oportunidade de opininar   - com a saida dos filhos dela -, foi a ocasião de eu escrever livremente sobre este divertido assunto. Abri conta e fui para o twitter expressar o que "eu"penso deste género de questões. E tem sido mesmo divertido ver a reação dos outros aos assuntos que me merecem atenção. Em menos de um ano ganhei perto de 6000 seguidores... 

O que me leva a pensar que, se um dia me tivesse passado pela cabeça, rmeter-me em tais meandros, era capaz de vir a ter algum sucesso. Só que felizmente sou dotada de uma razoável dose de bom senso.

Mas não queria deixar de agradecer aos meus leitores a sua dedicação, porque foi ela que permitiu que aqui permanecesse quase década e meia. A todos o meu obrigada1

sexta-feira, 18 de dezembro de 2020

CF

Ao contrário de outros percebo muito bem porque é que a Cristina Ferreira decidiu escrever este seu ultimo livro.  É que "quem não se sente não é filho de boa gente".

HSC

quarta-feira, 16 de dezembro de 2020

Uma porta aberta...


Sou uma admiradora fidelíssima do Prof Sobrinho Simões. Tanto que tive a ousadia de, um dia, lhe pedir para apresentar um livro meu. Foi e continua a ser uma das pessoas que mais me marcaram pela humanidade e franqueza com que sempre fala. Para além disto, os temas que aborda remetem-me com frequência para aqueles que também ocupam o Prof. Antonio Damásio. Ambos se dão conta de um facto, poventura inexplicável, que o saber e o sentir estão intimamente ligados. 

Sempre tive consciência, desde bastante nova, de que havia uma inteligência emocional que ditava alguns dos meus actos. Anos mais tarde o chamado QE viria completar o nosso já conhecido QI tão usado para distinguir os mais e os menos inteligentes.

Com a idade e as pesquisas que foram sendo levadas a efeito percebi que ser apenas muito inteligente não chegava. Era também preciso ter uma certa dose de emoção para que as decisões que tomássemos fossem as melhores.

Nesta entrevista, o Prof. Sobrinho Simões fala-nos de aspectos que, no futuro, devem preocupar-nos e salienta que apesar de todas as criticas justas que aqui ou ali se lhe possam fazer, o SNS português aguentou, até agora, com a pandemia. No entanto, perpassa por ele uma certa tristeza. Os seus pacientes de cancro diminuíram, o que o levou a virar as suas pesquisas para este vírus, analisando as tiróides de pessoas que haviam morrido com Covid.

A sua grande preocupação neste momento é a geração do futuro, nomeadamente a que se refere à dos netos, que ninguém sabe como resultará depois de passar por esta experiência. Finalmente, também não  deixa de sentir uma certa pena, por estar a estudar questões de cujos resultados não poderá infelizmente vir a servir-se.

Não é uma entrevista triste. É uma confissão algo amarga de quem já não estará cá para poder assistir ao futuro, que prevê, possa ainda trazer-nos muitas surpresas que a ciência, pese embora o seu avanço,  continuará a não saber dar resposta.

Nao sei se o Professor tem alguma religião. Nem isso, possivelmente no seu caso, teria grande importância. Mas que ele deixa uma porta aberta ao inexplicável, isso deixa. Para mim será uma força que nos ultrapassa e a que chamo Deus. Para os outros, não sei.

HSC

segunda-feira, 14 de dezembro de 2020

AMIZADE

 É sentir o carinho

 É ouvir o chamado

 É saber o momento

 de ficar calado

 Amizade é somar alegrias,

 dividir tristezas.

 É respeitar o espaço

 silenciar o segredo.

 É a certeza

 da mão estendida.

 A cumplicidade que

 não se explica,

 apenas se vive.

(Anónimo)

Um bom amigo mandou-me hoje estes versos, para me alegrar da tristeza de ter um próximo bastante mal e para me lembrar que a amizade existe e está aqui muito bem descrita. Tenho a sorte de ter bons amigos, ombros e mãos fortes para que eu nunca sinta sozinha. Salvo uma vez na nha vida, nunca me senti só. Felizmente tenho uma familia que se preocupa comigo e com quem eu me preocupo. Mas com quem também rio com vontade. Quando os namoros da segunda geração começaram a pergunta tradicional é sempre "e de alegria ele/ela percebe alguma coisa?"

HSC

E o que aprendemos?!

Após tudo o que me aconteceu no ano de 2020, em que até um amigo que eu não via há trinta anos, surgiu das brumas, como se  nos tivéssemos despedido ontem, confesso estar convencida de que já nada mais me poderia surpreender. Isto digo eu que sou uma crente. Porque, na verdade, todos os dias me aparecem situações novas. Se elas surgem estando eu confinada há quase um ano, o que não me aconteceria se eu andasse na rua...

Ora foi justamente na rua que me dei conta de que já não havia uma série de locais por onde sempre passava e que, em simultâneo, havia surgido um lote de coisas novas que eu desconhecia completamente. 

Da primeira vez foi em Campo de Ourique onde tencionava abastecer- me de bordado inglês numa loja conhecida. Qual quê? Não só a loja já não se dedicava a este tipo de acessórios, como, quando entrei noutra da especialidade a rapariga que me atendeu não sabia o que era bordado inglês e me trouxe bordado de Viana do Castelo...

Resolvi, então, dar um passeio pelo bairro, que adoro e, foi através dessa bela caminhada, que me dei conta de como tinham mudado certas coisas, que muito possivelmente não teriam acontecido sem a pandemia. Aliás há muitas dessas alterações que já entraram no quotidiano, transformando, deste modo, a nossa forma de viver. Por exemplo: quem põe baton para colocar uma máscara por cima? quem põe sapatos de salto alto se está em regime de teletrabalho? quem muda de carro, se não sai diariamente? quem compra roupa nova se não precisa dela, por ter deixado de haver convívio social? quem compra joias se não tem a possibilidade de as exibir?

Algumas destas  questões voltarão a existir com o retorno ao normal. Mas outras - bastantes - entranharam-se já de tal maneira nos nossos hábitos, que terão vindo para ficar porque simplificam muito a nossa vida. E nem sequer falo da série de actividades que acabaram por surgir devido ao malvado virús. Um dia far-se-á um balanço sério do que passámos neste 2020. E quando isso acontecer estou convicta que houve uma pequena revolução positiva nos nossos hábitos de vida.

HSC

domingo, 13 de dezembro de 2020

Inverno ou inferno?

É preciso, urgentemente, aprender a rir, ao contrário do que diz a maior parte das pessoas  para quem, muito riso é sinal de pouco sizo. Há uns tempos, decidi ir com um grupo de seis "confinados" lanchar a Sintra. Foi um ímpeto meu, um grito de alerta, de quem estava fechada, sem caminhar, porque chovera uma série de dias seguidos.

 

Estas parcas saídas são, fundamentalmente, para nos rirmos uns com os outros. Das graças ou das desgraças, para desmontar a angustia vigente. Porém, desta vez foi diferente. Chegados a Seteais tivemos o primeiro óbice. O empregado teimava que só podiam sentar-se numa mesa cinco pessoas. Mas um dos elementos do grupo insistia que a ultima determinaçao do confinamento em vigor, apontava para seis pessoas. Bom, como dali não saiamos, resolvemos ficar 3 em cada mesa,

Lá encomendámos os ditos scones, mais os doces e as manteigas. Nessa altura eu pedi um chá Roubos. O empregado ficou a olhar para mim. Perguntei-lhe qual era o novo problema. Respondeu-me que não tinham esse chá. Eu fiquei convencida, que ele nem de nome o conhecia. Renovei a encomenda solicitando, então, um chá de hortelã-pimenta natural. Ou seja, feito com a planta e não com aquelas saquetas muito finas, mas de casto sabor. Disse-me que não tinha hortelã fresca. Aí perguntei se naquele jardim todo não havia uma dessas plantas para cortar. Disse que não sabia, mas que não podia cortar. Nessa altura deu-me uma enorme vontade de rir e pedi uma tesoura, perante o olhar esbugalhado do exemplar trabalhador. Vinda a dita desloquei-me a um cantinho do jasrdim, cortei uma ramada que tinha visto ao entrar e pedi-lhe que me fizesse o chá.

Entretanto os meus amigos já comidos - esta pequena querela demorou imenso tempo - acabaram por irem trocando de mesa para me fazerem companhia no lanche tardio. E, quando finalmente iamos sair, apareceu um senhor  algo aflito, a desculpar-se pelo incidente, pois só tinha sido informado, tardiamente, de que afinal se podiam sentar seis pessoas à mesa, desde que guardadas as devidas distâncias. Ao que eu respondi que, por norma, guardo sempre as devidas distâncias...mesmo sem confinamento!

Foi a gargalhada geral perante esta minha tirada teatral. À vinda, já bem alimentados, fui a vitima das mais distintas imitações da minha frase e não parámos de rir até Sintra onde insisti em trazer umas queijadas para alimentar as minhas proverbiais fomes nocturnas!

Definitivamente, inverno e confinamento, pode, como de vê virar um verdadeiro inferno, lá diria o Sartre, se tivesse passado por esta pandemia!

HSC

sexta-feira, 11 de dezembro de 2020

Orar

Há uns dias, um amigo perguntou-me como é que eu rezava, nesta época das novas tecnologias. Fiquei surpreendida com a pergunta, confesso, porque nunca se me tinha posto a questão. Por isso lhe perguntei como é que lhe surgira a pergunta, Ele respondeu-me, com simplicidade, que tinha deixado de saber rezar, perante os avanços tecnológicos a que assistia.

Eu sorri, porque talvez devesse ter pensado no assunto Mas, também, à excepção do Padre Nosso, Avé Maria e Credo e poucas mais, todas as orações que rezo são minhas, fazem parte da minha relação com Deus ou, dito de maneira que todos possam entender, fazem parte da minha espiritualidade.

Grande parte delas está escrita num caderninho que anda sempre comigo - já tenho vários - e, às vezes pego num deles e rezo as que mais gosto ou que mais preciso naquela altura. Mas a pergunta básica que me estava, de facto, a ser feita era "o que é rezar?".

Woody Allen, com o seu característico sentido humor dizia " mais do que em qualquer outra época a humanidade está numa encruzilhada. Um caminho leva ao desespero absoluto. O outro, à total extinção. Vamos rezar para que tenhamos a sabedoria de saber escolher."

O termo latino recitāre chegou à nossa língua sob a designação de “rezar”. Esta acção consiste, para os linguistas, em comunicar com uma divindade através de orações religiosas e certos rituais. 

Por mais absurdo que pareça rezar é para a religião o mesmo que pensar é para a filosofia, dizia um filósofo conhecido Tinha razão. Quando eu oro, falo com Deus ou com a Virgem, consoante o meu estado de alma . 

Sou uma "mariologista" convicta e, por isso, são bastante frequentes as minhas converse com Maria. Todavia, cada um reza consoante a sua condição pessoal. Há os que o fazem repetindo as orações que conhecem e outros que ao falarem consigo estão, de facto, a falar com Deus.

Liga-se muito a religião a "pedir" ou a "agradecer" algo. A verdadeira religião comporta essas atitudes, mas está muito para além delas. A religião é uma escolha, uma forma de vida, um caminho. Quem opta por ela, sabe as responsabilidades que contrai!


HSC

sábado, 5 de dezembro de 2020

The Crown: a nova serie

 


Vi recentemente a nova série The Crown, num daqueles dias em que escrevi tanto, vi tantas contas da minha empresa, que cheguei ao fim do dia como se tivesse estado a carregar fardos.

Assim decidi descansar o corpo e a cabeça, sentada no maple do meu quarto que - agora tem tido ampla utilização - e ver a série. Até jantei no tabuleiro para não perder pitada!

Eram já altas horas quando terminei. E senti que estava irritada, coisa que nos ultimos anos me acontece muito pouco. Com efeito, e ao contrario da primeira série esta irritou-me porque quer o guião quer a realização eram eivados de um "ódio comezinho" contra a figura, aqui central, da senhora Tatcher.

Não fui, nem sou, uma fiel dessa Primeira Ministra que a Inglaterra teve. Mas apresenta-la como alguém que se impõe à rainha, porque no seu curriculum procedia de um pai merceeiro e o lugar atingido lhe permitia falar com Elisabeth no mesmo plano, não foi verdadeiro e apenas correspondeu talvez ao desejo do realizador defender o seu projecto de "luta" de classes.

Eu sei que quem faz uma obra põe nela o seu ponto de vista. É natural. O que não é natural é usar isso para distorcer a história e aliciar o publico para uma versão apócrifa.

A recreação da Diana não me convenceu. A verdadeira tinha e sabia usar um jogo de inocência e sensualidade que a actriz não conseguiu atingir.

Esta é a minha resumida impressão. Outros poderão ter visto ângulos diversos dos meus e até notado muito desta segunda série. Possivelmente é nesta dicotomia que reside o seu eventual sucesso ,,,


HSC


sexta-feira, 4 de dezembro de 2020

Quarenta anos depois...


Francisco Sá Carneiro desempenhou um papel histórico no actual regime: reconciliou a direita portuguesa com a democracia. Esta foi uma missão para a qual estava vocacionado, por uma espécie de sentido messiânico, e em que viria a ser bem sucedido nos dois últimos anos da sua vida, desenrolados de forma vertiginosa, numa desesperada corrida contra o tempo. O facto de ter rompido com o regime anterior ao 25 de Abril após uma fracassada tentativa de levá-lo por rumos reformistas, como viria a suceder em Espanha, conferia-lhe uma legitimidade que poucos tinham na sua área política, dados os compromissos estabelecidos com a ditadura.

O combate decisivo para a implantação da democracia no alucinado Verão quente de 1975, contra a esquerda revolucionária, fora liderado por Mário Soares, com quem Sá Carneiro sempre estabeleceu uma rivalidade que nunca viria a ser superada, apesar da cordialidade pública que exibiam. Desafiado nesta espécie de confronto íntimo com Soares, o fundador do PPD/PSD sentiu ainda mais pressa em entrar na História, o que viria a suceder. Tinha qualidades para o efeito, bem reveladas na sua singular trajectória de uma década no palco da política: visão estratégica, uma inegável capacidade de comunicação e aquele atributo tão indispensável quanto indefinível que à falta de melhor certos politólogos costumam chamar carisma.

Venceu incontáveis batalhas internas até construir um partido influente, com uma sólida base autárquica disputada quase câmara a câmara ao Partido Comunista. Teve razão desde o início ao defender a autonomia regional, o afastamento da tutela militar e o fim do virtual monopólio da economia pública no Portugal pós-25 de Abril. E superou o teste da governação, após duas maiorias conquistadas nas urnas, embora ninguém saiba até que ponto poderia vir a ser vítima dos próprios impulsos se o destino não o tivesse colocado na fatal rota de Camarate, faz agora precisamente 40 anos.

Não teve razão, com alguma frequência, quando deixava a emoção sobrepor-se à implacável lógica cartesiana. Foi, nomeadamente, o que sucedeu no seu desenfreado combate contra o Presidente Ramalho Eanes que lhe consumiu as energias nos últimos meses de vida. A derrota nas presidenciais de 1980, a que já não assistiu, confirmava que tinham razão aqueles que em vão procuraram dissuadi-lo de transformar o popular Chefe do Estado em adversário principal.

Foi admirado e odiado em partes iguais, o que é sina de quem nasceu para líder. Graças a ele, a democracia portuguesa não ficou amputada.  

Ficámos todos a dever-lhe isso."

Texto de Pedro Correia in Delito de Opinião


Admirei o homem e lamento a forma como o politico foi tratado pelo país. Só uma moralidade hipócrita pode levar-nos a aceitar algo de semelhante. Curiosamente Sá Carneiro foi fonte de inúmeras discussões políticas em minha casa, porque eu aceitava muito mal o estimulo que ele dava a um filho meu. A quarenta anos de vista a hipocrisia continua a mesma, mas os seus praticantes são outros, trajados de vestes ultra liberais!


HSC

A solidão de Isabel Allende

"Isabel Allende vive nos Estados Unidos há 30 anos e no momento está fechada em casa com o seu marido e dois cães. Quando lhe perguntaram sobre o principal medo que implica o vírus, "a morte", a escritora contou que desde que a sua filha Paula morreu, há 27 anos, perdeu o medo para sempre.
"Primeiro, porque a vi morrer nos meus braços, e percebi que a morte é como o nascimento, é uma transição, um limiar e perdi o medo pessoal.
Neste momento se apanhar o vírus pertenço ao grupo dos mais vulneráveis, tenho 77 anos e sei que se apanhar o vírus posso morrer, e essa possibilidade neste momento da minha vida apresenta-se muito clara, mas olho-a com curiosidade e sem medo.
O que esta pandemia me tem ensinado é a libertar-me de coisas, nunca foi tão claro para mim que preciso de muito pouco para viver. Não preciso comprar, não preciso de mais roupas, não preciso de ir a lugar nenhum, nem viajar, agora vejo que tenho coisas a mais. Não preciso de mais de dois pratos! Depois, começo a perceber quem são os verdadeiros amigos e as pessoas com quem eu quero estar."
E quando questionada sobre o ensinamento da pandemia para o coletivo Isabel responde:
"Ensina-nos a fazer a triagem das prioridades e mostra-nos a realidade. Esta pandemia sublinha as desigualdades de oportunidade e recursos em que vive a sociedade a um nível global. Alguns passam a pandemia num iate nas Caraíbas, e outros passam fome nas ruas ou fechados em casa.Também traz a mensagem de que somos uma única família. O que acontece com um ser humano em Wuhan, tem um reflexo no planeta inteiro. Estamos todos ligados e isso é uma evidência. Na realidade a ideia tribal de que estamos separados por grupos e que podemos defender o nosso pequeno grupo dos outros grupos é uma ilusão. Não existem muralhas, ou paredes que possam separar as pessoas.
O vírus trouxe uma nova mentalidade e atualmente um grande número de pessoas, entre eles: criadores, artistas, cientistas, jovens, homens e mulheres, caminham para uma nova normalidade. Eles não querem voltar à normalidade antigaO vírus convidou-nos a desenhar um novo futuroO que sonhamos para nós como humanidade global?
Percebi que viemos ao mundo para perder tudo. Quanto mais vives mais perdes. Primeiro perdes os teus pais ou pessoas muito queridas, os teus animais de estimação, alguns lugares e depois lentamente vais perdendo as tuas próprias faculdades físicas e mentais.
Não podemos viver com medo o medo estimula um futuro negro para ser vivido no presente.É necessário relaxar e apreciar o que temos e viver no presente. "

Isabel disse tudo o que eu tenho tentado dizer, ao kongo destes meses . Mas dito por ela, acredito que tenha mais força!

HSC

quinta-feira, 3 de dezembro de 2020

ADVENTO

Como já aqui contei, batizei-me com 20 anos, segura da escolha que havia feito. A alternativa que se me punha era o profano MUD - Movimento de Unidade Democrática - de que ainda hoje ignoro a razão pela qual se terá lembrado de mim...

A partir daí nunca tive quaisquer duvidas de que esse era o meu caminho e prometi a mim própria, ajudar todos aqueles que sabiam pouco do si mesmos, a encontrar a sua rota, mesmo que ela não fosse a minha. Talvez isso tivesse contribuído para que eu tenha tantos e tão bons amigos.

Este Advento vai, creio, ser um longo penar, até que as pombas brancas voem no céu. Se 2020 terminar sem me levar mais pessoas que amo, mesmo assim, direi que foi dos meus piores anos. Apesar disso, das tristezas e dos perigos porque passei, ele foi também o teste da minha resiliência e, sobretudo, o teste à minha alegria. Nestes 11 meses de quarentena estive triste várias vezes, mas aprendi tanto a meu respeito, que não posso deixar de agradecer a 2020 uma série de "boas ações" que ele também me permitiu.

E uma delas foi o meu ABC da Vida que, sob muitos aspectos,. traça os sentimentos e reações de todos nós, mas tentando analisa-los face a este "novo normal" com o qual teremos de conviver ,não se sabe por quanto tempo mais. E o Advento, que será doloroso irá preparar-me, espero, para que eu entre em 2021 com um largo sorriso de esperança!


HSC

terça-feira, 1 de dezembro de 2020

Amanhecer

Que um dia suceda a outro

e dissipe toda a névoa que nos faz duvidar
da consistência da terra.

Um dia que se levante à nossa frente
e solte o fio de prumo da esperança uma vez mais

até ao pôr do sol.

Luis Castro Mendes

Hoje acordei e lembrei-me destes versos e do seu autor. Vá lá alguém tentar perceber o que se passa na cabeça de cada um. Tinha acabado de ler o ultimo livro do António Damásio e, de repente, este AMANHECER saltou-me ao espírito e à mente. Embora não saiba porquê decidi partilha-lho convosco. É lindo!

HSC

Natais

O Natal tem para mim um duplo significado. Um de dor, pela morte da minha Mãe nesse dia e um da alegria que todos os Natais trazem aqueles que esperam por ele os dias do Advento. Confesso que nesta simbiose e com netos ja crescidos e não crentes, a minha familia foi-se alargando a todos aqueles que a não tinham.

Quando a minha progenitora estava viva estas Festas eram em minha casa, mas apareciam-me sempre 3 ou 4 amigos que a minha mãe trazia porque não tinham familia cá. Eram hábitos que adquirira em África e que nunca abandonou até morrer, porque sentia que devia retribuir os que passara fora, sem os filhos e irmãos - que eram muitos - e de quem tinha muitas saudades. Assim, para mim, Natal é confusão, brinquedos no chão, papeis por todo o lado e uma mesa que se renova até ao jantar do dia 25. 

Mais tarde, o casamento veio complicar um pouco mais as coisas porque os meus sogros viviam  no Alentejo e também nos queriam lá. Assim era uma corrida para almoçar com uns e jantar com os outros. Os rapazes, esses, só queriam parar, porque precisavam sempre quaquer coisa ou ficavam enjoados de tanto quilómetro feito.

Ao contrário, estas Festas vão ser, para grande numero de portugueses, de uma grande tristeza, porque a pandemia veio obrigar a divisões familiares, dadas as proibições que foram determinadas pelo confinamento.

Só há uma maneira de superar esta situação: é lembrarmos-nos que, se durante anos, soubemos o que era um Natal em familia, poucos se lembrarão daqueles que nunca o tiveram e estarão agora mais próximos de nós. 

Este ano vamos entende-lo e, eventualmente, dar mais valor aquilo que tinhamos e não sabíamos.

HSC

segunda-feira, 30 de novembro de 2020

Pedido aos que rezam

Vou ser breve no pedido que vou fazer a todos aqueles que sendo crentes, rezam. Alguém de quem sou muito próxima precisa das nossas orações. Foi uma pessoa que viveu com quis, que fez livremente as suas escolhas e que a vida, em muitos aspectos compensou. Um dia afastou-de de Deus, embora Deus nunca se tenha afastado da sua existência.

Aos que acreditam no poder da oração, peço que rezem para que seja qual for a decisão divina, Deus possa recebe-lo nos seus braços. Ficar-vos-ei muito grata!

HSC

quarta-feira, 25 de novembro de 2020

Uma vida à sua frente

Há, na nossa vida, dias estranhos. Hoje foi um deles. O trabalho que tinha para fazer não estava a resultar e, por isso, decidi ver mãe e filho a trabalhar juntos, na Netflix. Refiro-me ao filme Uma Vida à sua frente, protagonizado por Sofia Loren e realizado pelo seu filho Edoardo Ponti.

O tema é a velhice degradada e também as relações inesperadas que se criam entre pessoas que parecem nada ter de comum, para além da pobreza. Sofia aparece ao natural, com 86 anos que o filho não poupou e ela aceitou. Belíssima interpretação de uma antiga meretriz que recebe em casa os filhos das outras meretrizes, para que estas possam exercer a sua profissão.

O outro protagonista - que se estreia no cinema - é um senegalês de uns 13 anos, um filho de ninguém, ladrão e traficante. Excelente, ele também. Pois é em volta destes dois seres solitários que o filme se desenrola.

Confesso que fiquei com o coração apertado ao ver a diva transformada em megera e o começo do filme não me pressagiou grandes expectativas. Mas com o desenrolar da história vi na película do filho algumas semelhanças ao Pai. Mas este, a meu ver, era muito maior.

De qualquer modo, o tema da velhice merece bem o elogio de ser tratado, quando, ainda por cima, é a nossa mãe que o encarna. Mas fiquei com uma dose de melancolia pouco habitual em mim.

A noticia, em seguida, da morte, hoje, da Maria José Costa Felix, uma amiga de longa data muito diferente de mim, não melhorou o meu tonus espiritual que, creio, só se salvará com o petisco que tenho para jantar...

Há, efectivamente, dias com estranhas coincidências!

HSC 

terça-feira, 17 de novembro de 2020

Como fazer?

Uma boa parte das familias deve andar preocupada com as medidas sanitárias, que irão ser impostas para o chamado periodo das férias. Crentes ou não, esta Festa que se aproxima, entrou na tradição nacional, tal como aconteceu com os feriados religiosos católicos que tinham vindo para ficar.

Mas o homem põe e o destino dispõe, presenteando-nos com esta pandemia que todos, no inicio, julgaram ser apenas uma epidemia. Também aqui o inesperado surgiu e o mundo, que se vai finando aos poucos, viu aparecer uma segunda vaga. E os pessimistas dizem que a terceira ainda virá antes que as vacinas vençam o combate.

Assim, valia a pena que, com alguma antecedância, pudéssemos saber que rumo dar às nossas vidas e famílias que, suponho, numa maioria significativa não sairá de casa. O que representa uma enorme mudança nas nossas tradições e com ela uma profunda solidão para todos aqueles que reuniam o clã familiar à sua volta. Mas a mudança não fica por aqui. Na passagem do ano, não eram os de sangue que reuníamos, mas sim os amigos que, como se sabe, são a "familia escolhida". 

Pois bem. A entrada em 2021 não irá poder decorrer nos moldes habituais, porque as regras de segurança social o não irão permitir. Parece evidente que a junção destas duas soluções, irá provocar situações muito delicadas. Ora é isto que devemos, justamente, ter em conta. E não esquecer que, muito provavelmente, a nossa maneira de viver no futuro não será mais igual à que antes levávamos. Aceitar isso como um facto consumado e prepararmos-nos para uma "nova normalidade", vai ser indispensável se quisermos continuar a saber ser felizes.

Trata-se de uma evolução semelhanta àquela que vivemos quando nos preparamos para a reforma. Vamos ter de encontrar vias de satisfação que compensem o que perdemos e desenvolver caminhos que nos mantenham a alegria e a esperança. Acredito que saberemos faze-lo. Uns porque crêem e a espiritualidade os ajudará. Outros, porque não acreditando,  sentirão necessidade de inventar as ferramentas de que necessitem para encontrarem o seu caminho. Outros, ainda, porque a ânsia de viver se sobrepõe à vontade de morrer.

Esta pandemia, se por um lado nos esvaziou, levando-nos os entes queridos, por outro lado, permitiu-nos olhar para dentro de nós e confrontar-nos com o nosso "eu verdadeiro", aquele que não precisa de se esconder atrás da mascara social que, por vezes, constituia a sua vida. Oxalá sejamos capazes de fazer esse milagre!


HSC

segunda-feira, 16 de novembro de 2020

Segunda feira, após...

Acordei com os musculos estirados da canseira que foi o fim de semana. E mais cansada ainda fiquei porque tive a triste ideia de comprar o Expresso e de ler o eventual casamento de certos bancos. Quando acabei a leitura fugi para a Clara Ferreira Alves, mas em lugar de melhorar fiquei com uma espertina terrível. Saltei então para o meu Tolentino e, felizmente, a sua crónica acalmou-me.
No fim do Domingo e após ter ouvido o meu filho, decidi-me por um belo jantar, que de tão excelente, me causou uma noite de pesadelos...
Deitei-me sem coragem para me pesar. Por isso, hoje de manhã e tal como vim ao mundo, lá me pus em cima da balança. Os numeros não enganavam, perto de meio quilo mais. Ou seja, foram tantas as calorias que ingeri, que nem a ginástica despendida, anulou as guloseimas. 
Hoje irei estar a alface todo o dia e assistirei ao belo jantar que o meu filho comerá à distancia regulamentar, ou seja cada um à cabeceira oposta da mesa. 
Ri-me bem com ele do esforço que tinha feito de forma inutil e ainda me gozou, porque não ter um cãozinho para passear.
Mas o proximo fim de semana de confinamento, hão de ver se perco ou não, um quilito. É tudo uma questão de programação... e de fé!!!

HSC

sábado, 14 de novembro de 2020

O achatamento da curva...

Já devo ter subido e descido três vezes as escadas do meu prédio. Já fiz três vezes exercícios de alongamento e mais outros tantos de agachamento, e de respiração para aumento da caixa toráxica. Parei porque estou estafada de fazer num dia aquilo que costumo fazer em cinco. Do mesmo modo já comi três fatias de Panettoni e variadíssimas guloseimas compensatórias de estar em casa o fim de semana todo. Trabalhar nem pensar. Não me apetece. Só me apetece sair, dar a volta ao quarteirão a passear o cão que não tenho. E não posso. Alguém acredita que com este meu contributo, o achatamento da tal curva se irá acentuar? Por favor digam-me que sim, porque todos os médicos a quem fiz a pergunta, esclareceram-me que o que se iria achatar, sem nenhuma dúvida, era a minha boa disposição...

HSC

quarta-feira, 11 de novembro de 2020

Father & Son

Sucesso e simpatia

Gosto muito de cozinhar e já conto com cinco livros sobre o assunto no mercado editorial. Julgo, por esse facto, ter alguma experiência na matéria. A minha iniciadora nestas lides foi Maria de Lurdes Modesto e nem ela avalia o quanto lhe devo nesta matéria. Com efeito, se me visse, um dia, sem trabalho na economia ou na escrita, poderia sempre deitar mão à cozinha e ganhar a minha vida. Como tantos estão agora a fazer, sem nunca terem pensado que tal podia acontecer.

O certo é que, nos dias de hoje, a aptidão gastronómica entrou na comunicação e os programas sobre culinária pululam no pequeno ecrã, onde há muito para escolher a nivel nacional e internacional. Vou limitar-me ao primeiro e nesse, às mulheres que estão à sua frente, destacando uma que acaba de publicar o seu segundo livro e que é, de longe, a que mais aprecio. Trata-se de Cátia Goarmon, de quem sou seguidora fiel e que me encanta pela qualidade do que faz e pela simpatia e gosto que nos transmite. Sigo-a desde que se estreou e como tal acompanhei a bela transformação pela qual passou. No inicio, com o avental e aquela candura de quem partilha o que sabe na cozinha e nos trabalhos de carpintaria.

Depois, aos poucos, com a concorrência que se desenvolveu, ela aprendeu a tirar partido de tudo o que vale. Largou o avental, maquilhou-se e passou a usar tudo o que a podia valorizar. Unhas sempre muito cuidadas e nunca de cor, para se ter a noção da higiene do seu trabalho, cabelo trabalhado com penteados que deixavam ver um rosto lindo com uns olhos de uma cor que umas vezes parece azul e outras parece verde. A juntar a tudo isto passou a vestir roupa mais adequada à sua figura e tornou-se, sem dúvida das mais bonitas caras da nossa tv.

Tudo isto com uma simpatia permanente, um gosto de mostrar a importância da familia, levando ao ecrã a mãe que a ensinou e os filhos que ela terá iniciado, bem como algumas amigas do ramo, com quem se diverte e nos diverte. Muito diferente de alguns programas que não sabemos se são de culinária ou de moda. Aqui em casa, ela tem um grupo fiel de fãs!

Pois bem, feita a descrição do quanto gosto da Cátia - não lhe chamo tia porque podia ser minha filha - quero chamar a atenção dos leitores para o seu ultimo livro, escrito a meias com a nutricionista Rita Rocha de Macedo, que também é sua prima e que dá gosto ver com atenção. Eu, que me "pelo" por livros de receitas, agarrei-me a este no fim de semana passado e não o larguei até hoje, data em que escrevo estas linhas e em que, no fundo, se celebra o dia especial de S. Martinho!


HSC

quarta-feira, 21 de outubro de 2020

A importância do abraço

 Eu sei que não há coincidências, mas ontem o meu neto André telefonou-me para me dizer que morria de saudades de me dar um abraço. Fiquei com o coração partido, logo agora que o operei para ele ficar mais bonito. Mas após o telefonema, curiosamente, e de forma um poco inesperada, um amigo enviou-me um texto lindíssimo de Tolentino de Mendonça sobre a importância  desse gesto e dos diferentes significados que ele podia ter. Com efeito o abraço tem tanta força, que só agora que os não podemos dar, é que percebemos a falta que eles nos fazem na dor, na alegria, no apoio, na despedida ou no acolhimento, no luto, na congratulação pelos sucessos,  ou  na reconciliação.

Sou uma mulher de afectos e quem me conhece sabe disso. Eles são a arquitetura da minha vida e a saudade que mais sinto, neste longo confinamento a que fui submetida, é deles.  De apertar entre os meus braços todos aqueles que amo. Curiosamente não sinto tanto a ausência de beijos, talvez porque neles, eu fosse mais resguardada. Os beijos são distribuidos com mais parcimónia, ficam mais para dentro de casa.

Por isso o texto do Cardeal Tolentino me tenha tocado tanto. É que foi no seu abraço onde me anichei quando perdi o meu filho. E, ainda hoje tenho bem presente a força que ele me transmitiu!


HSC

sábado, 17 de outubro de 2020

Beleza e Cultura


A Perfumes e Companhia decidiu, e bem, ajudar aqueles que fazem da cultura a sua missão, contribuindo com 1€ para o FUNDO DE SOLIDARIEDADE PARA A CULTURA em todas as compras de um dos seus muitos perfumes. Parece-me uma ideia de louvar tanto mais que livros e perfumes são excelentes prendas em qualquer altura do ano!

HSC

sexta-feira, 16 de outubro de 2020

Não consigo perceber

Confesso-vos que não consigo perceber qual a legislação em vigor, para o período da pandemia. Leio os jornais, percebo que estamos a subir na propagação do vírus, tento cumprir as normas sem as discutir, mas já não sei se as regras que sigo estão em vigor. Não mais do que 5 pessoas nuns casos mas admitem-se 50 em casamentos e batizados. Nos velórios não sei qual é o numero tolerado, mas oiço cada vez mais expressar a vontade de morrer em casa, com velório na mesma e um pouco de comida a acompanhar. Ou seja, parece que se está a voltar ao tempo dos meus avós, em que era assim que se fazia.

É dificil perceber que um dia se afirme uma coisa e no dia seguinte um outro responsável diga algo diferente. Parece urgente que a DGS elenque o que está proibido e o que não está, para que saibamos a quantas andamos. Há dias passei junto de um liceu, na hora de saída, e fiquei pasmada. Os miúdos saiam de máscara, mas e a primeira coisa que faziam era  tirarem a dita e agruparem-se uns em cima dos outros com a complacência policial que deve ter-se sentido impotente perante aquela horda de crianças .

Vim para casa a pensar nos meus filhos e no meu terror que eram as drogas distribuidas no liceu em que o mais velho decidira andar. Não fui tão eficaz quanto queria, porque anos mais tarde, numa entrevista, ele contou o que experimentara. Na altura fiquei tristíssima pela minha inocência, a esperteza dele e a inutilidade da experiência. Depois de acalmar, pensei na velha máxima da minha avó Joana, que dizia sempre "quem boa cama fizer, nela se há-deitar". 

Chamei-o de parte e disse-lhe que a partir daquele dia, ele seria o único responsável pelos seus actos e que para a idiotice não contasse comigo. E assim fizemos, ao longo da nossa existência!


HSC

quinta-feira, 8 de outubro de 2020

Eramos felizes e não sabíamos


Não sou passadista mas este vídeo relembrou-me tempos felizes em que nem sequer nos davamos conta de que o éramos. Neste intranquilo momento que atravessamos vivendo um dia a dia como se ele pudesse ser o ultimo, apeteceu-me partilhar convosco este vídeo que celebra as décadas de 60,70 e 80 que tanta alegria trouxeram a muitos de nós.

Gosto muito de viver os tempos de hoje e de aproveitar tudo o que de bom eles puseram ao nosso alcance. Mas não quero, nunca, esquecer aqueles lá para trás que prepararam a minha serenidade de agora!

HSC

quarta-feira, 7 de outubro de 2020

Um novo abecedário


É hoje que será posto à venda nas livrarias o meu novo livro, que esteve em pré venda durante cerca de 15 dias. Agora, já pode ir a uma livraria perto de si, folhea-lo e compra-lo. Espero que o façam e sobretudo que nestes tempos ainda perturbadores, a sua leitura contribua para aquela serenidade de que tanto precisamos. 


HSC

segunda-feira, 5 de outubro de 2020

O teste do Covid

 Nesta situação de pandemia em que vivemos, sabemos que fazer o teste do Covid se torna cada vez mais urgente, caso apareçam sintomas ou tenhamos estado em contacto com alguém que vem a ter, posteriormente, a doença.

Nos Centros de Saúde e nos que foram criados para o efeito, suponho que os ditos sejam gratuitos. Nos hospitais privados cada teste custa 100€ e habitualmente quem a eles recorre é movido pela rapidez do resultado.

Sendo uma questão transversal a toda a população nacional, não deveria o governo estabelecer uma tabela para todos os privados, com um valo máximo limite, que estes não pudessem ultrapassar? 

O Estado que se mete na nossa vida privada a propósito e a despropósito, não deveria, como nos medicamentos, intervir e fazer baixar um preço de uma análise que é manifestamente alto, numa altura em que ela é básica para dominar a pandemia? 

Acabaram com as PPP. Só espero que o inverno não venha a impor, de novo, a utilização dos equipamentos privados. Porque, se isso acontecer, todos nós sabemos que os preços irão subir, para compensar aquilo com que se acabou. E nessa altura, o poder de negociação não será o melhor...


HSC

sexta-feira, 2 de outubro de 2020

Da frustração à ilusão

Na ultima revista do El Pais vinha um interessante artigo sobre estes tempos pandémicos que vivemos. Dizia o autor que desde crianças a frustração nos acompanhou quandos os nossos desejos se não realizavam. Mas, ao contrário do que os adultos consideravam ser um capricho, essa frustração tinha raízes mais fundas no ser humano.

Com efeito, a frustração está presente em todas as etapas da vida e o nosso êxito como pessoas, dependerá da nossa capacidade de gestão desse sentimento. Assim a felicidade reside na diferença entre aquilo que sonhamos e aquilo que conseguimos realizar. Se apenas realizamos 50% daquilo a que aspiramos o nosso nível de felicidade não passará de uma média satisfação, já que metade terá ficado por realizar. 

Porém quando o que se deseja pesa mais do que o que se tem, então a frase de Jung "a vida não vivida é uma enfermidade da qual se pode morrer", é capaz de  fazer todo o sentido, já que na sociedade da competitividade e da satisfação instantânea - ao alcance de um clic - a frustração vai acompanhar-nos sempre, já que se torna impossível satisfazer desejos em continuo. Este quadro desenrola-se, claro, em condições normais. 

Em pandemia passou-se de um consumismo desaforado para uma cultura da cancelação. Fechou-se quase tudo em que a nossa vida se desenrolava para vivermos profundamente frustrados, com sintomas que vão da melancolia, à irritabilidade, ao aumento do consumo de álcool, à automedicação e aos pensamentos circulares de caracter negativo que aumentam o medo e dificultam o sonho. Neste pano de fundo a frustração apoderou-se de uma parte importante da nossa vida.

Então como tentar ultrapassar esta situação? Não há receitas gerais, mas há a possibilidade de utilizar algumas das nossas ferramentas pessoais. Saliento cinco, que me serviram e poderão, talvez, ajudar outros. 

1.Cultivar a paciência, uma medida óbvia mas eficaz. Tanto em crianças como em adultos, a frustração surge por não se obter, na hora, o que desejamos. Contra esta imediatez só uma visão alargada permitirá que relaxemos, acreditando que mais tarde ou mais cedo viremos a obter aquilo que queremos

2.Examinar os custos / benefícios e tirar conclusões. Um empregado que perde o seu emprego, terá forçosamente de procurar alternativas incluindo, até mudar de área ou criar o seu auto emprego. E, então sim, olhar para o quociente acima referido e perceber o que vale a pena.

3. Assumir a instabilidade de tudo. Todos sabemos que nada do que consigamos é para sempre. Logo, a satisfação é sempre temporal. Mas se nada permanece e tudo muda, a  frustração deixa de ter sentido. Nesta alteração a máxima "desejar o melhor, afastar o pior e aceitar o que venha" parece fazer todo o sentido.

 E é mais ou menos assim, que cada um de nós, aqueles que permanecemos sãos, teremos podido conviver com a clausura, a contenção do afecto e o próprio trabalho faseado, tentando manter a ilusão de que tudo, um dia, voltará a ser o que era. O que é pura ilusão, porque nada voltará à anterior realidade. Mas eu sou das que acredito, que quando essa ilusão se desfizer, nós sberemos encontrar uma nova normalidade mais justa e solidária!


HSC

segunda-feira, 28 de setembro de 2020

Almoçar em casa de amigos

 Neste sábado fizemos um almoço de mulheres em casa de uma de nós. Curiosamente as minhas amizades mais próximas encontram-se divididas por três grupos, cujos nomes dão logo azo a multiplas interpretações. Mas todos eles foram votados por unanimidade. Assim tenho a Grupa que já perdeu o Pedro Rolo Duarte, e tendo começado com 10 amigos, ja passou para o dobro, tenho As três da vida airada  e ainda o "Cair na gandaia". Um quarto está a formar-se, com a presença de alguns brasileiros. Ora foi justamente este que se reuniu.
Soube-me tão bem estar numa mesa comprida com oito comensais, em que todas falavam de experiência do confinamento, cada uma com sua história, revelando ao fim e ao cabo como haviam sobrevivido a situações muito diversas.
E quando o almoço acabou uma sugeriu uma ida a Campo de Ourique passear e ver montras. Para mim, isto significa quase sempre ir à "Chanel Chinesa", como nós chamamos a uma loja enorme que só tem roupa curiosamente "made in Italy". 
Foi um verdadeiro happening. Eu comprei duas calças lindas, e o restante pessoal abasteceu-se de peças várias numa casa que tinha pouca gente. O preço é segredo, porque eu não conseguiria pagar um bom par de calças com o que paguei pelas duas que trouxe. Acabámos no Jeronymo a beber agua gasosa para ajudar a digestão...
Vim para casa cheia de alegria por ter conseguido voltar a ter, outra vez, um pouco de normalidade. Aliás, creio, será assim que, na melhor das hipóteses, iremos criando uma outra existência, com outros passos que irão, aos poucos, substituir os antigos e nos quais voltaremos a ser um pouco felizes!

HSC

sexta-feira, 25 de setembro de 2020

Comer fora

Ontem dei um outro passo para a nova normalidade. Fui com amigos almoçar a um restaurante em Campo de Ourique. Tive uma sensação de liberdade, como há muito não tinha. Para a prolongar sabado irei a casa de uma amiga que resolveu reunir aqueles que mais estima, para lhes poder dar um abraço. E não fico por aqui. No dia 1 irei jantar com um grupo na casa de outros amigos que não vejo há muito tempo. Quanto à minha Grupa vai ser aqui na minha casa que nos iremos juntar. Depois...bom depois talvez seja Alentejo e Beira.

Quando escrevo isto, lembro-me das varias quarentenas que tive de fazer por causa das intervenções a que fui sujeita e garanto-vos que hoje andar na rua é um bem de enorme valor. Ainda estou sujeita até ao próximo dia 23 a algumas limitações. Mas poder, ao fim de tanto tempo, caminhar pela rua, olhar as arvores que começam a desfolhar, reparar nas alterações entretanto feitas nas zonas onde costumo passear, parar nas montras, beber uma bica, dá-me uma enorme satisfação.

Sempre fui uma pessoa de "pequenos gostos". Talvez porque tenha sido obrigada profissionalmente a fazer muitas viagens, sempre procurei compensar essa vertigem de países longínquos e diferentes, com as pequenas fugas dentro do meu. Agora, depois do Covid aprendi a fazer saídas dentro da minha cidade que irei aproveitar ao máximo, antes que uma segunda ou terceira vaga do vírus me atirem, de novo, para dentro de casa!


HSC

segunda-feira, 21 de setembro de 2020

Ir ao cabeleireiro

Calculam a beleza em que se encontra uma mulher que não vai, há seis meses, ao cabeleireiro. Eu fui uma delas. Mas que resolveu quebrar a regra. 

De facto quando me olhava no espelho, acabava sempre a rir, porque quem eu via no dito era alguém que eu não conhecia. Assim, nesta bravura em que ando de criar um novo normal, lá fui à minha Rosa, que olhou para mim incrédula, e ainda me disse que "ia ser bonito cortar essa trunfa toda".

Levei quase uma hora a cortar o precioso bem e a pensar que iria afrontar a familia, já habituada a ver-me de carrapito, aprovado sem o meu consentimento. Claro que era uma forma de lhe chamar porque eu bem o enfeitava. 

Felizmente e em especial para mim, não choveu, o que teria sido desastroso para uma cabeça quase rapada, como uma amiga, amorosa, me disse. Mas eu estava estupefacta por voltar a ser a pessoa que eu conhecia há muitos anos.

Vim para casa a pé e a pensar como esta quarentena me tinha podido dar a alegria de voltar a ser apenas eu. Já pensaram na magnífica sensação de nos reconhecermos na cabeça que trazemos?!

 

HSC

domingo, 20 de setembro de 2020

Radioactive


Para tudo há uma primeira vez depois da quarentena. Comigo, foi ir ao cinema, saudosa que estava de uma sala escura, uma tela grande  e uma companhia  com quem de vez em quando trocasse comentários. Já tinha algumas saudades de o fazer, após seis meses de fome!
Como no livro as "Mulheres que amaram demais" tinha feito uma pequena biografia da Madame Curie, decidi que iamos ver a sua história transcrita para o cinema e compara-la - grande ousadia da minha parte... - com o que eu havia escrito!
A película é mais triste e mais pesada, embora seja um excelente trabalho de análise de uma mulher cientista que nos meados do século passado amou, casou e conseguiu depois de muitas lutas que lhe fossem atribuidos dois premios Nobel. Um, o da Física, em colaboração com o marido, que antes lhe fora negado e mais tarde retribuido, e o da Química, já a solo. 
Foi uma vida inteiramente dedicada à ciência, num tempo em que às mulheres não eram reconhecidas quaisquer competências, para além da maternidade e do servilismo ao marido, garante fiel da subsistência doméstica.
A fita tem uma visível preferencia pela figura do marido e dá de Marie a ideia de uma mulher dura consigo e com os outros, como modo de se impôr. Na minha pequena biografia - e eu investiguei bastante para a escrever - esta faceta existe, mas não é tão explosiva. Possivelmente a verdade temperamental da cientista estará no meio das duas.
Gostei francamente do filme por ele tentar dar o lado humano, pessoal, intimista da vida de Pierre e Marie Curie, a qual apesar de ter nascido na Polonia, sempre se sentiu como se  fosse francesa, país onde morreu e onde também foi, por razões amorosas, odiada, mas  cientificamente venerada.
Vale a pena ir ver o filme. Não para se divertir, mas para se cultivar e, quem sabe, ficar a conhecer melhor a luta das nossas avós, para que possamos hoje estar na ciência lado a lado com  os nossos colegas homens. E vale a pena, embora seja melancólico, ver a adaptação da nossa viva amorosa, profissional e social às novas condições resultantes da pandemia.
Estar de mão dada, cochichar um comentário, partilhar emoções ali estão vedadas. É pena mas possivelmente já não será no meu tempo que isso voltará...

HSC

quarta-feira, 16 de setembro de 2020

ABC da vida

Para todos aqueles que me perguntaram quando estaria disponível  o meu novo livro aqui fica a informação de que ele se encontra já em pre-venda, podendo para o efeito utilizar um dos três links que se seguem:


https://www.wook.pt/livro/o-abc-da-vida-helena-sacadura-cabral/23935740

 

https://www.bertrand.pt/livro/o-abc-da-vida-helena-sacadura-cabral/23935740

 

https://www.fnac.pt/O-Abc-da-Vida-Helena-Sacadura-Cabral/a7620412#omnsearchpos=1


Espero que aqueles que o lerem tenham tanta satisfação como a que eu tive ao escrevê-lo!


HSC


segunda-feira, 14 de setembro de 2020

Cristina

                                          

Conheço a Cristina há bastante tempo. Nem ela se lembrará, já, quando. Foi no Porto. Não somos amigas, mas sempre nos entendemos muito bem, porque o que nas conversas que tivemos considerámos ser confidencial, assim permanecerá até eu morrer. E devo-lhe duas belíssimas entrevistas, que me fizeram acreditar que, se ela quisesse poderia ir muito mais longe. E quis!

Não escrevi sobre ela quando foi para a SIC. Não escrevo, agora, sobre o seu retorno à TVI. 
E porquê? Porque o que se critica na Cristina é a quebra de um contrato. Ora quando a televisão despede também há quebra de contrato. Em qualquer dos casos - no mundo dos negócios, do futebol e da televisão, há transferências e há indemnizações contratuais. E são os conteúdos dos contratos, que redimem os problemas, não os estado de alma... 
Haverá quem a critique e quem a defenda. Mas esse é o campo das emoções que, neste tipo de disputas, só serve para alimentar o mundo da ficção, que não é evidentemente o que rege este género de questões.

HSC

quinta-feira, 10 de setembro de 2020

Quantos anos tenho?

“QUANTOS ANOS TENHO??
TENHO a IDADE em que as COISAS são VISTAS  com mais CALMA, mas com o INTERESSE de seguir CRESCENDO.
TENHO os ANOS em que os SONHOS COMEÇAM a ACARICIAR com os DEDOS e as ILUSÕES se CONVERTEM em ESPERANÇA.
O que IMPORTA se faço 20, 40, 60 ou 80?
O que IMPORTA é a idade que SINTO.
Tenho os ANOS que NECESSITO para viver LIVRE e sem MEDOS.
Para SEGUIR sem TEMOR pela TRILHA, pois LEVO comigo a EXPERIÊNCIA adquirida e a FORÇA dos meus ANSEIOS.
QUANTOS anos TENHO? 
ISSO a quem IMPORTA?
TENHO os ANOS NECESSÁRIOS para PERDER o MEDO e FAZER o que QUERO e o que SINTO”.

Este texto é atribuído a José Saramago. Encontrei-o, perdido, entre papeis que ando a arrumar. Não sei porque o guardei, nem quando isso aconteceu. Mas agora que o tenho nas mãos apeteceu-me partilhar-lo convosco, porque voltei a achar-lhe o mesmo encanto!

HSC

quarta-feira, 9 de setembro de 2020

Mais um livro


O tempo corre inexoravelmente para todos nós. Mas há quem o viva de forma diferente. Uns queixando-se, outros indiferentes e outros - sabendo que ele é escasso -, tendem a aproveita-lo como algo precioso que nos é concedido. Sempre pertenci à ultima categoria. Não gostava, nem gosto de perder tempo, a não ser para ter alegria de o partilhar com quem gosto.
Estes longos quase sete meses em que estive sem poder sair de casa e gozar da companhia daqueles que amo, doeram-me muito. Mas eu não tenho qualquer vocação para o sofrimento. Logo, encontrei na escrita o prazer da perda do contacto com os amigos. Este será o trigésimo quinto livro que escrevo e, talvez, se perceba nele quanto a Vida vale a pena ser vivida. Foi para mim, também, uma aprendizagem ver como as pessoas se comportam perante situações que sabem não poder dominar.
Neste abecedário da existência de todos nós, há muito em que vale a pena pensar seriamente. Porque, se o não fizermos, um Covid pode não nos matar, mas liquidar os nossos dias. Este ABC explica porquê...

HSC

Dos sentimentos

 

San Miniato al Monte 

  

De ti não direi as ruas,/ os espelhos.// Se tiver palavras, direi os pés/ submersos nos degraus invisíveis,/ uma escada de subir. Direi o silêncio/ se houver palavras, o silêncio/ de não ter palavras e saber a tarde. 

Estes  versos foram publicados, na integra, na ultima Pastoral da Cultura. O seu autor, José Rui Teixeira, é investigador e poeta e descreve a beleza do local, onde viajou. O resto do poema é igualmente belo Neste espaço seria impossível reproduzi-los, mas vale a pena le-los completos porque e nós estamos a precisar de falar de vida, de amor, de felicidade e de coragem. Esses têm de ser os sustentáculos para o tempo que há-de vir.

Aqueles que me lêem sabem o quanto preciso de silêncio e também de alegria. Por alguma razão que desconheço, estes versos deram-me essas duas emoções!

HSC

segunda-feira, 7 de setembro de 2020

A nossa História


Gostei muito de, por motivos profissionais, ter podido conhecer uma boa parte do Japão, quando trabalhava na Aeronáutica Civil, para o meu saudoso Diretor Geral, Eng. Vitor Veres, pessoa que me ensinou muito do que sei culturalmente. 
Em todas as viagens que fiz com ele aprendi a ver coisas dos países onde iamos que, possivelmente, nunca teria reparado se ele me não chamasse a atenção. Era um homem muito culto e que gostava de partilhar com os outros o que sabia.
Recentemente, através de um amigo, fiquei a saber que os Correios do Japão fazem emissão de selos comemorativos dos 450 anos da abertura do porto de Kochinotsu pelos navegadores portugueses. Alguém ouviu falar desta noticia na comunicação social? Claroque não. Não se tratava da transferencia de um jogador ou de uma selfie do Professor Marcelo, logo, que interesse podia ter o caso?!
Há muito que deixámos de ter heróis, há muito que deixámos de conhecer a verdadeira grande história deste país tão pequeno. Felizmente, ainda há no mundo quem não se esquece da obra dos portugueses. Mais um motivo para eu continuar a acreditar que ainda um dia lá hei-de voltar a matar saudades dos amigos que criei!

HSC