quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Não se acredita...

Na YO DONA, a revista do jornal El Mundo, de 12 de Dezembro, vinha publicado um artigo algo arrepiante que referia o último grande "negócio" em matéria de procriação, o qual envolve, já, 400 milhões de euros.
De que se trata, então? Apenas de bebés espanhois made in India. Exactamente. Leram bem. Os genes são espanhóis mas chegam ao mundo em ventres indianos. Dados os competitivos preços praticados nas clínicas deste país pelo aluguer de ventres maternos, são cada vez mais numerosos os casais que a eles recorrem. Trata-se de um trafego internacional florescente, que uns consideram exploração e outros vêem como esperança. São as chamadas "fábricas de bébés"...
As mães de aluguer não podem, durante a gravidez, sair à rua e só se lhes permite receber uma visita de familiares por semana. Têm de obedecer a condições prévias de saúde bastante exigentes e recebem por cada contrato quantias que se situam entre os 3500 e os 4500 euros, o que corresponde, aproximadamente, a dez anos de trabalho no campo ou a uma casa modesta numa zona rural.
Estas clínicas multiplicam-se e os ventres disponíveis também, sobretudo, longe das zonas urbanas. E como os preços na Índia se situam em cerca de metade dos mais baixos praticados nos Estados Unidos, o negócio floresce.
Outros pormenores não cabem no espaço de um post. Tão pouco sei se tal tipo de transação já terá chegado a Portugal. Mas, depois de todas as transformações por que as sociedades actuais têm passado, será que este novo comportamento ainda consegue espantar alguém? Possivelmente, só a mim!

HSC

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

E cá vamos nós...

O país vive em permanente agitação. É a Assembleia que não se entende, o governo a fingir de vítima, o Presidente a pensar em 2011, os cidadãos a serem ludibriados pela banca, a criminalidade violenta a aumentar, o desemprego a crescer e... nós a pagar. Os que pagam, claro!
Eu sei que já passámos por períodos semelhantes. Mas, insisto, a palavra "semelhantes", é muito diversa de "iguais". Aqui e na matemática.
Mesmo nos mais agitados tempos de que me lembro, nunca coincidiu, numa mesma época, tanta falta de senso. O governo não governa. A oposição só se opõe. O PR não intervem e cada um trata de si, sem pensar no futuro nem naquilo a que se chama solidariedade.
E, no meio duma crise de que se fala diariamente, os portugueses bateram, este Natal, o record de levantamentos em multibanco. Foram "apenas" 80,7 milhões de euros por dia no período de 1 a 26 de Dezembro, totalizando mais de 2,1 mil milhões de euros naquela rede. Só no dia 23, as caixas automáticas registaram 3,3 milhões de operações num valor de 127 milhões de euros.
Ora se a estes valores adicionarmos "outras compras feitas a crédito", teremos a bela visão do que vai passar-se, em matéria de endividamento familiar, a partir de Janeiro. Mas quando de fala desta matéria fala-se, também, de crédito mal parado. Que, paulatinamente, caminha para cumes nunca antes atingidos.
Será que ensandecemos? Ou, pior, estamos perfeitamente lúcidos e sabemos que, não havendo futuro, só vale a pena gozar o presente?!

HSC

domingo, 27 de dezembro de 2009

Lição exemplar

Recomecei a vida que, neste período natalício ficou, como sempre, em suspenso. Lembrei os que partiram mas, finalmente, a tristeza começou a desaparecer.
Hoje era o aniversário da morte de um grande amigo meu. Fui à missa em sua intenção, como ontém fora à de minha mãe. Nada de surpreendente, portanto.
Só que em ambas as ocasiões sucedeu algo de inesperado. Refiro-me ao coro que acompanhou ambas as celebrações. Exactamente. Um coro de cinco negros fabulosos que, de forma perfeitamente inesperada cantaram, em batuque, os vários cânticos de Natal, surpreendendo tudo e todos. A vertigem do ritmo foi tal que, em ambos os casos, levou - pelo menos, a mim - a que a lembrança da morte fosse sentida como uma verdadeira glorificação da vida.
Saí dali aturdida. Mas em paz e, de novo, conciliada com a alegria. Aquele quinteto - que estava longe de ser de jovens -, numa espécie de sinal, havia-me mostrado que era chegada a altura de honrar os meus mortos com alento e não com tristeza. Lição exemplar!

H.S.C

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Um presente diferente

É a primeira vez que carrego um vídeo no blog. Esperemos que se consiga abrir porque é uma espécie de presente para todos os que me lêm!

HSC



quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Natal tranquilo

A todos os que têm a paciência de me ler, desejo um Natal em paz. Com a tranquilidade possível. Acreditando - eu sei que é preciso muito esforço - que melhores dias virão e que terei, finalmente, oportunidade de, aqui, dizer bem de alguma coisa.
Eu estou no frio. Mas quentinha e rodeada dos que amo. Enquanto isto acontecer, dou graças a Deus. Só não sei a quem hão-de dar graças aqueles que não acreditam...

H.S.C

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

http://www.elpais.com/articulo/economia/Numeros/vez/rojos/elpepieco/20091220elpepieco_7/Tes

Como sou uma ignorante resolvi publicar em título o link correcto do jornal El Pais que referi no post anterior e que me dizem ter sido removido. Acabei de lá ir e está lá. Havia um hifen que não estava introduzido e que devia causar problemas. Agora fiz copiar e colar para não haver engano!

H.S.C

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Cá estou eu...

Desapareci por uns dias e dei um pulo à cidade luz. Um frio imenso apenas aquecido pelos ventos da imprensa estrangeira sobre Portugal. Veja-se
e tirem-se as respectivas conclusões. Muito do que lá está tem aqui sido dito. Mas cá dentro a verdade soa a falso e o falso soa a verdade. Que fazer?
Os relatos sobre as agressões verbais parlamentares têm, também, merecido comentários. Duvidosos. Sarcásticos. De quem esquece que, na própria casa, os comportamentos não são muito melhores.
Alguns países anunciaram a saída da recessão técnica. Outros, como nós, anunciaram-na muito antes de ela acabar. Até nisso somos originais...

HSC

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Os amigos

Preciso de amigos. Fazem-me quase tanta falta quanto a família. Não tenho muitos. Mas os que tenho são mesmo bons.
Hoje - e só Deus sabe quanto me custou - saí de casa para estar com uma grande amiga e partilhar com ela e com os amigos dela - alguns eram meus também - a festa de trinta anos de livros. De livros excelentes.
Foi a festa da Alice Vieira. No Jardim de Inverno do S. Luís, onde Jorge Salavisa, como sempre, recebeu todos. Foi, sobretudo, a festa da amizade que a Alice tão bem sabe cultivar.
A variedade de gente que ali estava provou quanto vale este sentimento que nasce, muitas vezes, sem se saber porquê. No meu caso, já aqui o disse, a Alice foi uma herança. Exactamente isso, uma herança. A minha estima por esta família começou com o meu querido Mário Castrim, seu marido, que me ajudou imenso a conhecer-me melhor.
Nessa altura, para mim, ela era a mulher do meu querido amigo. Quando ele desapareceu, aí sim, eu descobri o que ele me havia deixado: a "nossa" Alice. Não consigo, mesmo que queira, lembrar-me de como tudo começou. Sei, apenas, que ganhei uma das pessoas melhores que conheço. Cujo coração é do tamanho do mundo.
O Jardim de Inverno, hoje cheio por causa dela, mostrou bem a importância dos amigos.

H.S.C

domingo, 13 de dezembro de 2009

Todos rapazes finos...

Já aqui disse que o Canal Parlamento, em minha casa, está vedado a crianças. Mas ainda não o estava a adultos incautos que por lá quizessem passar. Vou repensar a questão e creio bem que deixarei de o ter sintonizado, que é para estar segura de que nem em zapping alguém lá passa.
A sessão desta semana foi tão chocante, tão sem nível, que pergunto como é possível estarmos a pagar a senhoras e senhores que nos representam desta forma. Sobretudo a estes últimos - se é que o nome se lhes aplica - porque as damas continuam a ser poucas.
Eu sei que em alguns países chega a haver pancada. Mas com o mal dos outros posso eu bem. O que eu questiono é se não deveria haver limites para tanta falta de civismo por parte daqueles a quem temos que obedecer e que devem representar, na hierarquia nacional, um patamar de referência.
Enfim, um espectáculo, a todos os títulos, lamentável. E depois admiram-se que em Portugal os alunos ou os encarregados de educação batam nos professores. Com exemplos destes...

H.S.C

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Um problema

Nogueira Leite publica hoje um pequeno artigo no Correio da Manhã ao qual vale a pena dar atenção. Diz ele que o nosso país tem um problema de finanças públicas que, a cada dia que passa, se torna mais grave, em consequência das políticas adoptadas nas três ultimas décadas.
Ora a decisão das três agências de rating caracterizarem negativamente a nossa economia, em simultâneo com a situação das nossas finanças públicas, são ocorrências suficientemente graves para deixarem o governo pouco tranquilo. Acresce, por outro lado, que a política seguida tem assentado no aumento da receita dos impostos e na despesa desorçamentada agora, para ser paga depois. Esta perspectiva parece, internamente, não preocupar muito ninguém. Mas não escapa aos analistas interncionais que consideram - como foi o caso da Moody's - que a classe política em Portugal não está à altura dos desafios que o país enfrenta.
Estranhamente, ao pensar sobre o que lera, lembrei-me do estado em que o país se encontrava quando Salazar chegou ao governo...

H.S.C

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Preocupa-me...

Hoje andei a pé em Lisboa. Muito. A comprar uns resquícios de presentes, porque decidi que este ano não os dou. A única excepção são os netos e os médicos que me aturam o ano inteiro e que, felizmente, são meus amigos.
Estou um pouco apalermada. Nos três locais onde me dirigi a febre aquisitiva era total. Filas para embrulhar prendas, carrinhos cheios de comida e restaurantes apinhados de gente, foi o que descortinei. A que acresce um novo pequeno pormenor: os cemitérios de beatas em que, agora, se transformaram as entradas dos estabelecimentos...
Ou seja, o país em crise e as famílias endividadas continuam na senda das compras. A crédito, claro, sem parecerem dar-se conta de que a factura chega em Janeiro. Nesse momento, irão postergar a liquidação e acumular juros sobre juros. Pacificamente deixarão de pagar!
E já nem falo do tabaco e do peso que ele representa no cabaz das despesas com a saúde... A democracia tem, também, este aspecto libertário de permitir que as asneiras individuais sejam colectivamente financiadas... O problema é que isto me preocupa!

H.S.C

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

O presente de Natal

Ando irritada com o ministro das Finanças. Muito irritada, mesmo, com o estado de ignorância em que os portugueses, cidadãos de segunda, foram mantidos durante meses a fio.
É lamentável que o homem do leme das finanças tenha escondido e não explique o que se passou nas contas públicas, com o argumento do impacto que a verdade poderia ter trazido ao sistema.
Os portugueses não são débeis mentais. Por isso têm o direito a saber como vão as contas da casa. Da sua casa. Do seu país. Do que deveria ter sido feito, do que foi realmente feito e do que ficou por fazer.
A consequência da mentira está à vista. Um defice grave, que não pode ser recuperado em três anos como pretende a Comissão Europeia e um rating de fiabilidade que nos coloca numa situação dificílima para obtenção de empréstimos no exterior.
Este foi o presente de Natal dado aos europeus de versão poruguesa!

H.S.C

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Jacques Delors

Jacques Delors não precisa de apresentação. Trata-se de um mito, que o é pela simples razão de que muito do que de bom se alcançou nos últimos decénios tem, de uma forma ou de outra, a sua marca.
Na notável entrevista que concede ao El País de hoje, o ex Presidente da Comissão Europeia tece uma série de observações sobre a Europa, que devem ser lidas com a maior atenção. Num post dum blog não é possível abordar todas. Por isso, permiti-me transcrever, apenas, as chamadas que o jornal faz, para dar uma pálida ideia do muito que lá se afirma. Assim:
  • O dolar é corrosivo e indispensável. Convém um sistema monetário mundial baseado numa cesta de moedas;
  • Criar valor converteu-se numa ideologia com desprezo pelo risco; hoje cria-se riqueza antes de a produzir;
  • A Alemanha governa em Berlim, a França toma-se pela "Grande França" e o Reino Unido é cada vez mais anti europeista;
  • Necessitamos de lideres que tenham visão a longo prazo e que defendam interesses comuns;
  • A UE ainda não alcançou a minha esperança: um espírito de autêntica cooperação;
  • A crise de valores consiste no facto de que neste mundo tudo se compra. Nós defendemos os sonhos que o dinheiro não compra.

Finalmente, e em sub título da entrevista, aquilo que sobressai em toda ela: "Se a Europa não se integrar, serão os Estados Unidos e a China a mandar".

A tradução do espanhol não será a mais correcta, mas tudo o que aqui escrevi está lá. Aconselho vivamente quem possa, a ler na íntegra toda a entrevista. Vale mesmo a pena!

H.S.C

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

A 4 de Dezembro

Passa hoje mais um aniversário da morte de Francisco Sá Carneiro e Adelino Amaro da Costa. Infelizmente a data vai, progressivamente, sendo esquecida, porque os vários inquéritos para apurar se houve ou não um atentado não foram conclusivos. Assim, existirão sempre filhos e netos que jamais saberão o que aconteceu a um dos seus mais próximos.
Sá Carneiro foi, seguramente, um dos políticos mais mal tratados deste país de memória curta. Para além duma vida familiar devassada, a sua vida financeira foi envolvida de escândalo, tendo-se mesmo chegado ao ponto de pôr a correr uma nota falsa com a sua efígie.
Quando assistimos a casos como este, pergunto se, alguma vez, a história fará justiça àqueles que deram a vida para a tentar modificar.

H.S.C

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

A iliteracia nacional

A literacia é a capacidade de alguém ler e compreender o que lê. De acordo com o relatório elaborado pela Data Angel, a pedido dos coordenadores Plano Nacional de Leitura, apenas um em cada cinco portugueses possui nível médio daquele desiderato. Na Suécia, ao invés, para se ter uma ideia da diferença, aquela proporção é de quatro para cinco. Ou seja, a literacia é quase total. Quase todos compreendem o que lêm!
Portugal enfrenta, assim, uma dificuldade acrescida na sua competitividade, porque esta questão não afecta apenas a educação. Afecta outras áreas, nomeadamente a económica. Uma empresa onde alguns empregados tenham embaraços na compreensão do que se lhes pede ou na leitura de instruções escritas, tornam a produtividade laboral mais baixa, com os custos consequentes.
Acresce, diz o relatório, que entre nós, "a exigência em conhecimentos e competências é baixa numa perspectiva comparada" e o mercado laboral "não parece compensar as competências em matéria de literacia na medida esperada". O resultado é que os portugueses não sentem qualquer estímulo para aumentar o seu nível de instrução.
Ora se o nosso país até nem está mal colocado ao nível dos recursos que dedica à educação, então o problema só pode residir no funcionamento do sistema educacional e do sistema económico. Binómio que deveria operar de modo a que, a uma melhor oferta de qualificações, possa corresponder um maior reconhecimento por parte do tecido empresarial.
H.S.C


domingo, 29 de novembro de 2009

Ignorância e ingratidão

Por mais estranho que pareça nos dias que correm, gosto e/ou admiro muitas pessoas que não pensam como eu. O que somos depende da nossa história familiar, das nossas capacidades, das influências que sofremos, da classe social em que crescemos, da memória genética que transportamos no ADN e de muitas outras coisas mais.
Com fui educada no respeito pela diferença, tenho amigos em todos os quadrantes políticos e, possivelmente, não penso como nenhum deles. Convencionou-se que sou uma mulher de direita o que, confesso, me diverte imenso. Não vejo, aliás, qualquer necessidade de me situar politicamente, para esclarecimento de quem quer que seja. E muito menos necessidade, ainda, de desdizer uma filiação ideológica que apenas irrita aqueles que, de facto, se sentam nessa cadeira. Sempre disse o que penso e nunca essa convenção ideológica me privou, alguma vez, de o fazer. E quando olho o percurso que fiz e aquele que certas pessoas conotadas com a esquerda acabaram por fazer, então, sim, a vontade de rir é maior ainda.
Acresce a esta circunstância, que tenho uma memória de elefante e, por isso, quando alguém ensaia endeusar algumas criaturas reescrevendo as suas histórias pessoais, eu reajo. Como reajo, quando, ao contrário, pretendem denegrir gente que não pensando como eu, merece o meu respeito.
Lembro a este propósito, a nossa Amália Rodrigues que depois de ter sido considerado por um certo país, uma reaccionária está, neste momento a ver dignificado o seu nome e a sua história.
Portugal gosta pouco de heróis. Os do passado, por ignorância, não sabe quem são. Os recentes, por ingratidão, já os esqueceu. Há algum país que possa viver sem honrar os seus?!

H.S.C

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

CSI Lisboa

Declaro já, à partida, que vejo sempre que posso, as séries CSI. A que mais gosto tem um homem gordinho de barba - julgo que se chama Peterson - mas qualquer delas me diverte imenso. É, até, dos raros casos em que ver o médico fazer uma autópsia me não me leva, de imediato, a zarpar para outro canal... É claro que, também eu, tenho destas pequenas debilidades mentais!
A propósito do tema, li hoje nos jornais que a nossa polícia dispõe já, desde Julho, de carros de segurança equipados com leitura automáticas de matrículas, que permitem detectar se os veículos têm ou não seguros actualizados, se têm ou não permissão de circular, se têm ou não ordem de apreensaão, etc. Ou seja, no momento tem-se o retrato legal duma viatura.
Além deste "polícia automático" iremos também passar a ter o "voador" em que os agentes viajarão em ultraleves de onde poderão dar as suas ordens e potentes motorizadas de dois lugares para a perseguição de criminosos. E, finalmente, num verdadeiro enquadramento da série de Miami, foram adquiridas doze carrinhas dotadas de todos os meios necessários para analizar o "local do crime".
Confesso que devo a estas séries uma informação de investigação criminal que antes não possuía. E, mesmo que nem tudo seja real, o que é certo é que a polícia de investigação científica ganhou, entre nós, louros que no passado lhe não reconhecíamos.
Só por isso, já sinto justificada esta minha preferência!

H.S.C

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Inês Pedrosa

Gosto da Inês. Das suas múltiplas capacidades. Do que escreve. Da fidelidade aos amigos.
Mas falo hoje aqui dela porque a acção que tem desenvolvido na Casa Fernando Pessoa é digna dos maiores elogios. Inês Pedrosa conseguiu torná-la um centro permanente de actividade cultural, sem alarde pessoal e sem descurar os compromissos que mantinha anteriormente.
Ela venceu - já - onde outros soçobraram. E conseguiu colocar no mapa geográfico de Campo de Ourique, um polo de atracção pelas artes e pelas letras. Tudo com muito poucos meios e uma criatividade prodigiosa. Merece a nossa admiração e, sobretudo, o nosso respeito!
Parabéns, amiga!

H.S.C

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Surpresas

Já aqui disse que ando a escrever dois livros ao mesmo tempo. A experiência é, no mínimo, curiosa. Ler duas obras em simultâneo, faço com frequência. Mas escrever exige outra disciplina e eu até estou espantada comigo!
Um deles é constituído por pequenas biografias de mulheres do sec XX de quem nos habituámos a ouvir falar pelos feitos cometidos nas várias áreas em que intervieram.
Pois bem, se para algumas a vida privada foi relativamente pública, a surpresa veio de outras em que a vida pública teve uma privacidade que não esperava. Não vou mencionar nomes porque quero que comprem o livro quando ele sair!
Mas a descoberta levou-me a pensar em casos mais recentes e a fazer do tema matéria deste post. Nunca aqui referi - apesar de tentar falar da actualidade - nada que envolvesse casos por julgar ou aspectos da vida familiar de políticos. Relativamente aos primeiros aguardo sentenças. Relativamente aos segundos, para além de me não interessarem minimamente, não estou nada vocacionada para partilhar da intimidade de pessoas com as quais não tenho qualquer convivência e que não pertencem ao meu grupo de relações.
Julgo que se não estivermos muito atentos a este problema, corremos o risco de não sabermos distinguir entre informação e "voyeurismo".

H.S.C

sábado, 21 de novembro de 2009

Sentimento de pertença

Ontém, com bastante sacrifício pessoal - ando estafada e não aprecio o chamado social - fui ao lançamento do livro da Rita Ferro. No agradecimento a minha amiga tocou num ponto que, de há uns anos para cá, tem sido matéria de muita meditação da minha parte. Trata-se, como diz o título deste post, do "sentimento de pertença" que eu tenho, mas que me parece andar em vias de extinção, face à velocidade com que se renovam as relações sentimentais.
Explico-me melhor. Esta sensação é algo que vai muito para além do amor. É como se na nossa carne e na nossa alma ficassem gravados os elos que nos ligam a certas pessoas. E que só porque esses elos existem é que sobrevivemos às perdas que, ao longo dos anos, vamos tendo. Não querendo pessoalizar demasiado a questão, estou a falar desse laço sui generis que me une aos meus pais. Que "só" podiam ser aqueles e mais nenhuns outros. Esse laço que também me liga aos meus filhos, que só podiam ser aqueles que tenho e nenhuns outros mais.
Esta espécie de magia vai muito para além do sangue. Pode, até, dar-se com alguém que amamos, a quem nos entregamos e a quem ficamos a pertencer. Isso não significa morte para outros amores. Significa que "aquele" tem ou teve e continuará a ter, um cunho especial. Uma marca de pertença que jamais se apaga. E que é boa, porque nos mantém unidos a um pedaço de vida que mesmo eventualmente perdido, continua a ser profundamente regenerador.
É isto que, para mim, significa pertencer a alguém!

H.S.C

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

O protesto resultou!

Há poucos dias escrevi aqui que se começava a sentir, no seio da U.E, algum mal estar por não se encontrarem mulheres nos seus lugares de topo.
Pois bem, em hora e meia de reunião, vinte e sete países escolheram os dois mais altos cargos criados pelo Tratado de Lisboa, para aquela organização. O senhor Hermann van Rompuy, até aqui Primeiro Ministro belga, será o Presidente do Conselho Europeu e a britânica baronesa Catherine Ashton ocupará o posto de Alto Representante para a Política Externa, ou seja o de Ministra dos Negócios Estrangeiros.
O primeiro era o grande favorito, dadas as suas qualidades profissionais e de carácter amplamente reconhecidas como relevantes para o cargo. A segunda desempenhava, desde há um ano, o cargo de responsável pela política comercial, pelo que a sua indigitação causou alguma surpresa. Mas o seu nome foi a alternativa encontrada para compensar o de Tony Blair que o PM britânico, em vão, tentou catapultar para o lugar de Senhor Europa, apesar de saber que só teria o apoio de muito poucos membros.
Preencheu-se, assim, a vaga e resolveu-se a necessidade atrás já referida. No segundo lugar da U.E está, agora, uma senhora indicada pelos socialistas. E, se me permitem o humor ... ainda por cima, baronesa!

H.S.C

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

O outro lado da questão

Os dados recentemente publicados pelo Ministério do Trabalho sobre o desemprego são preocupantes. Pelo montante alcançado mas também por um outro aspecto de que não costumamos falar mas também lhe está associado.
É que em Portugal os últimos elementos estatísticos disponíveis - fim de 2007 - revelam que cerca de 23% dos nossos empresários tem apenas a primeira classe e 20% dos empregadores tem, maxime, o terceiro ciclo do ensino básico, ou seja o antigo 9º ano de escolaridade obrigatória.
O retrato é semelhante se olharmos para a restante população activa. Nos trabalhadores cerca de 22% tem a primeira classe e são também 22% aqueles que acabaram a escolaridade obrigatória. Com qualificações tão baixas de um lado e do outro do binómio empresarial, como esperar inovação, sucesso, empreendorismo?
Vale a pena pensar no que escondem estes números e atacar o mal pela raíz. Ninguém nasce empresário. Tornamo-nos, isso sim, empresários.
Sem habilitações e com baixas qualificações que margem de manobra nos resta? Apenas a de reinventar a formação de base que não possuímos e fazer dela um objectivo pessoal, empresarial e nacional. O resto, vem por acréscimo e dispensa demagogia.

H.S.C

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Savoir se retirer...

Charles Aznavour cantava, quando eu era nova e ele também, uma canção em que o refrão era "savoir se retirer", ou seja saber retirar-se a tempo. Lembrei-me dela a propósito duma entrevista curiosa que Belmiro de Azevedo dá hoje ao jornal Económico.
Este tema tem sido, aliás, uma das minhas preocupações recorrentes. Não há nada mais triste do que o apego aos lugares, que inviabiliza o acesso dos mais jovens que, por causa disso, se vêem privados de participar activamente na construção do seu próprio destino.
Na família e entre amigos tenho afirmado várias vezes que há uma idade crucial para se tomarem decisões. Trata-se dos 50 anos, uma época da nossa existência em que já não se é novo e ainda não se é velho...
A canção elencava, com alguma tristeza, várias situações em que saber sair é uma mera questão de bom senso. De facto, o problema essencial está, muitas vezes, ligado a uma questão de bom senso. Ninguém pode pretender ser novo toda a vida. As diferentes idades têm diversas possibilidades. E é nesta distinção que reside o nó górdio da questão. Na minha idade, tem-se toda a liberdade. Excepto a de ser egoista e a de ser ridícula. A primeira marginaliza. A segunda...mata!


H.S.C

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Desafio

A Oficina do Bosque fez-me um desafio: responder a cinco questões. Aqui vai:
EU JÁ TIVE muitas alegrias que devo a pessoas que mudaram a minha vida;
EU NUNCA deixarei de amar os meus filhos;
EU SEI que me esforço para entender quem não pensa como eu;
EU QUERO para o meu país um futuro melhor;
EU SONHO que o mundo dos meus netos será melhor do que o meu.
Aqui ficam, minha atenta e estimada Helena, as respostas ao desafio.

H.S.C

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Recriminação

Li na imprensa diária que a Comissão Europeia estaria a ser alvo de críticas por descriminação de género. Ou seja, que não haveria tratamento igualitário, no que se refere ao acesso de mulheres aos lugares de topo na referida organização.E noticiava-se que Neelie Kroes, Comissária para a Competitividade, e Margot Wallström Vice da Comissão teriam assinado uma carta chamando a atenção para a necessidade de reparar aquela situação e de passar a nomear elementos do sexo feminino para as mais altas funções na U.E.
Não pude deixar de sorrir - com riso bem amarelo, entenda-se - ao ler esta notícia, depois de, aqui, há poucos dias ter chamado a atenção para a Lei da Paridade e para a falta de mulheres não só na política como nas administrações das grandes empresas. Pelos vistos, parece que o problema não é só de cá. Mas que seja a Coissão Europeia a dar um mau exemplo, isso é que me parece lamentável!

H.S.C

domingo, 15 de novembro de 2009

New York, I love you !

Fui, com um grande amigo com quem já muito viajei ver, este fim de semana, o filme "New York, I love you" que , em Portugal, creio, corre com o mesmo título.
Costumo seleccionar os filmes pelo realizador, ou pelas críticas que respeito ou, excepcionalmente, pelos actores.
Desta vez foi o meu neto mais velho que me disse " avó, vá ver que é excelente. Tenho pena de não o ter visto consigo!".
As escolhas cinematógráficas do André são bíblias, para mim. Logo, conselhos a seguir. Ainda bem que o fiz. Trata-se de um filme que conta várias histórias - onze curtas metragens de dez minutos cada - passadas numa cidade que adoro, sem que saiba explicar porquê. Mas aqueles "apontamentos" - porque é mais deles, do que de histórias, que se trata - só podiam decorrer na big apple. Os realizadores são vários e isso nota-se aqui e ali, embora algumas situações até se cruzem.
Não se trata de uma obra prima. Trata-se, sim, da vida de todos nós, das nossas fraquezas, das nossas alegrias, do nosso humor, da solidão de quem não sabe envelhecer, do amor entre novos e velhos casais. Só que, tudo desenrolado em cinco bairros de New York, essa cidade onde tudo pode acontecer. E onde tudo, de facto, acontece. Mas que no filme, vem envolto numa grande sensibilidade na abordagem dos temas.
Enfim, um verdadeiro bálsamo para quem, com eu, quando abre os noticiários televisivos, julga que se encontra, não em Portugal, mas numa espécie de purgatório!

H.S.C

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

A Paridade

Sempre pensei que não era pelo sistema de quotas, que o problema da participação das mulheres na política se iria resolver. Continuo a pensar o mesmo.
Até agora e por via da renúncia ou da suspensão de mandatos, pelo menos em quatro câmaras, as eleitas já foram substituídas por homens. Muito provavelmente, outros casos surgirão.
É que, para cumprirem com os mínimos da Lei da Paridade, os partidos põem em lugares elegíveis mulheres que, antecipadamente, sabem não irão lá ficar. É lamentável. E é-o duplamente. Pela preversão partidária de uma lei e pela cumplicidade do género feminino que se presta a tal jogo.
Não sei porque é que as mulheres não vão para a política. Ou antes, até julgo saber. Mas sei porque é que nunca para lá fui, nem quando os rebentos familiares não passavam disso mesmo. Tenho-o dito muitas vezes. Gosto de analisar o que se passa à minha volta com um olhar critico e livre. Ora o exercício do poder - e é disso que se trata quando se fala de política - pressupõe um jogo de cintura para o qual, duvido, alguma vez possa estar preparada.
Além disso, para exercer actividade política são necessários, pelo menos, três predicados: competência, independência económica e gosto pelo poder. Não tenho nenhum deles.
Posso ser mais ou menos competente em certas áreas, mas dependo do meu trabalho e não tenho qualquer gosto pelo comando do que quer que seja. Acresce que não pretendo ver na praça pública enxovalhado um nome do qual me orgulho. É que, na política, não basta ser sério. Já vi vários sossobrarem justamente porque o foram.
Logo, se muitas mulheres pensarem como eu, ficam bem longe de tais desígnios. As outras sabem ao que vão e os riscos que correm. Por isso, para mim, paridade, só... com ameaça da forca. Porque, já agora, a ter de seguir por mau caminho...prefiro que seja eu a escolhê-lo!

H.S.C

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Estranha democracia

Paula Teixeira da Cruz é uma mulher muito inteligente e dispensa qualquer tipo de apresentação. Leio-a por norma com muita atenção, pese embora o facto de nem sempre estarmos de acordo.
No Correio da Manhã, na sua crónica de hoje, escreve sobre um tema que me é muito caro. Trata-se da necessidade que o nosso país tem, urgente a meu ver, de não rotular, à partida, pessoas ou decisões. O facto de alguém ter filiação partidária não deve ser impeditivo do apoio que possa dar a uma proposta de outro partido, desde que, em consciência, entenda tratar-se de uma medida correcta.
O mesmo se pode dizer a nível do julgamento pessoal. O facto de idelogicamente se ser de um determinado sector da vida partidária do país não qualifica eticamente ninguém. Não se é bom ou mau por se ser do PS ou do PCP.
Depois de mais de trinta anos de democracia, os labéus continuam a florir entre nós, tornando os consensos cada vez mais difíceis e estratificando uma sociedade que se deseja paritária.
Estranha vida partidária e bizarra democracia, esta nossa...

H.S.C

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

4&1Quarto

Garanto-vos que não tenho qualquer percentagem nos dois livros que, acidentalmente, ontem e hoje, refiro. Agora a vez pertence a Rita Ferro, escritora que não precisa de ser apresentada.
Acontece que sou amiga pessoal da autora por quem, além de muita estima, tenho muita consideração. Conhecemo-nos há muitos anos e, pese embora pertençamos a gerações bem distintas, é muito aquilo que nos une. Tanto, que até já publicámos um livro juntas. Que, aliás, vendeu muito bem, se é que as vendas podem, alguma vez, ser sinónimo de qualidade...
Lança agora "4& 1 Quarto", que talvez seja o seu romance mais arrojado. Como não sou crítica literária e sou suspeita pela amizade que nos une, apenas posso sugerir que o leiam de espírito aberto e tirem as vossas próprias conclusões.
Quem, como eu, conhece a Rita, lê os seus livros com um olhar diferente do leitor comum. E, talvez por isso, facilmente reconhece a sua maneira, muito pessoal, de observar a sociedade em que vivemos. Para mim, é uma delícia vê-la nas linhas que escreve. Por isso não posso deixar de a recomendar. Com a vantagem do conhecimento de causa!

H.S.C





terça-feira, 10 de novembro de 2009

"Receber com estilo"

Já aqui disse várias vezes que tenho amigos especiais. De cuja família acabo, também, por fazer parte. Há mais de vinte anos que conheço os Machaz. Só não conheci o patriarca. Mas ainda convivi com a Senhora D. Antónia que, enquanto permaneceu entre nós, nunca deixou de desempenhar o papel de agregadora dos seus. E, também, dos amigos desses seus.
As circunstâncias em que conheci a Maria Guiomar vieram do facto de sermos duas das condóminas num prédio que apenas tinha quatro. Desde a primeira assembleia, ficámos logo muito próximas. A nossa vida tomou rumos diferentes mas a nossa amizade, mesmo com solavancos, manteve-se.
Quando, um dia, ela decidiu trabalhar, eu estive na primeira linha para a apoiar. Mal sabíamos as duas o que daí adviria. Mas isso dava um belo conto!
Licenciada em História e senhora de muitíssimo bom gosto fez-se à vida profissional pelo lado das revistas de decoração que dirigiu. Recentemente, pensou fazer um livro no qual aliasse o gosto de bem comer ao gosto de bem receber. E se pensou, melhor o fez. Com Joana Mayer lança amanhã um livro lindíssimo, intitulado "RECEBER COM ESTILO".
Vale a pena fazer-lhe aqui referência. As receitas são deliciosas, as fotografias de Francisco Bento têm a excelente qualidade de sempre e a produção da Guiomar é, de facto, magnífica. Com o low profile profissional que sempre a caracterizou, o seu nome vem apenas em sub-título. Mas se folhearem o livro vão perceber as minhas palavras. Metade do seu valor, deve-se, incontestavelmente, ao bom gosto e ao apuramento da Guiomar Machaz.
Um bom presente para o Natal!

H.S.C

Si non e vero, e ben trovato...

Corre na net um discurso que se atribui ao Embaixador do México, Guaicaípuro Cuatemoc, de ascendência indígena, feito na Conferência dos Chefes de Estado da União Europeia, Mercosul e Caribe, que decorreu em Madrid e que pode ouvir-se em:

http//:www.youtube.com/watch?v=IA2MdbWakwk


A ser verdadeiro, é uma verdadeira bomba no modo de encarar a dívida externa mexicana. E, se não fôr, tem a imensa virtude de chamar a atenção para aspectos em relação aos quais, os países ricos "assobiam para o lado", como se diz na gíria popular.
Ou, como diriam os italianos, si non e vero e ben trovato!

H.S.C

domingo, 8 de novembro de 2009

A política no sangue...

Ainda me estou a rir quando escrevo este post. Hoje foi dia de jantar de família: filhos, nora, netos. Com a vida de cada um de nós, juntar todos é uma aventura, sobretudo porque o meu neto Frederico, o mais novo, tinha que se levantar às seis da manhã para ir fazer body board para Carcavelos...
A conversa foi longa por causa da ida do euro deputado às eleições de Moçambique. E, como sempre acontece, os dois irmãos ficaram horas a "esmiuçar" as novidades partidárias, sem dar azo a qualquer conversa generalizada que abrangesse os netos.
Foi quando decidi fazer uma chamada de atenção ao Paulo que, nessa altura, dando-se conta dos interesses do sobrinho pelo mar, lhe prometeu levá-lo a visitar um Instituto que se dedica, entre outras áreas, ao estudo das marés. O garoto ficou de orelhas no ar porque adora o tio. E perguntou onde era o tal lugar. Na Marinha, respondeu-lhe. De imediato, o meu neto questionou: na Marinha Grande, tio?
Estalou uma gargalhada geral na mesa. Eu, estupefacta com a resposta, pontifiquei, de imediato, em tom de censura, que só na minha família é que Marinha é sinónimo do local onde Mário Soares foi vaiado... Francamente, é "trazer a política no sangue"!
H.S.C

sábado, 7 de novembro de 2009

Felicidade

O que é a felicidade? Não sei responder. Nem sequer sei se há um conceito que se aplique à generalidade das pessoas. Apenas sei, melhor, o que, acontecendo, me torna infeliz.
Usei a expressão "torna" e não "faz", como seria mais natural porque, para mim, o estado de infelicidade deve ser transitório e o verbo fazer tem uma conotação mais rígida que o verbo tornar. É pessoal e não gramatical, a interpretação.
Depois, o que me torna feliz, muito possivelmente não diz nada a outras pessoas. E o que me dá, hoje, felicidade, é bem diferente daquilo que, há 30 anos, me provocava tal sentimento.
Assim, quando os economistas e sociólogos pretendem encontrar uma "taxa de satisfação pessoal", sinto uma grande desconfiança acerca daquilo que se pretende medir. Para além de que, estar satisfeito não é o mesmo que estar feliz.
Por outro lado, se não sei responder à pergunta que coloquei, sei que o sentimento que me invade quando penso que tenho família, amor, amizade, saúde, casa e trabalho, é muito próximo do que, julgo, será a felicidade. E, quando me é dada a fabulosa possibilidade de ver dois netos crescer, eu devo estar muito próxima de ser uma mulher feliz!
Será que não deveríamos todos, neste momento difícil para muitos, tentar requalificar as nossas prioridades, de modo a sentir-mo-nos um pouco menos infelizes?

H.S.C

Mal eu sabia...

Mal eu sabia que, ao colocar aqui no blog uma pergunta que vinha de uma conversa tida na véspera, daria origem a tanto post. A todos os que me deram a sua visão do assunto, um muito obrigada, porque me fizeram reequacionar a questão e pensá-la, nalguns pontos, em outros moldes. Se, e quando, chegar as novas conclusões, aqui delas darei conhecimento.

H.S.C

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Os blog's

Desde que passeio por estas coisas da blogosfera algo anda a intrigar-me. Refiro-me à "ilustração/foto" que personifica o detentor do blog. No meu caso, puz o retrato e o nome. Fiquei-me por aí, dado que estes dois elementos esclareciam quem eu sou.
Mas verifico que algumas pessoas, ou não põem nada, ou usam um símbolo certamente escolhido pelos próprios. Trata-se de uma espécie de anonimato corporal.
Será que eu não devia fazer o mesmo? É que comecei a pensar se não terá sido demasiado ostentatório, o caminho que escolhi.
Por isso, aviso já. Se resolver mudar de rota vou escolher como foto, uma flor ou uma árvore. Quanto ao nome, será uma aventura descobrir-me. Como tenho três ou quatro cativos, escolho um deles. O título do blog, esse, será uma autêntica supresa. E esta hein?

H.S.C

Na Assembleia da Republica


Ontém na Assembleia da Republica devia discutir-se um programa para o país. Discutiu-se o programa eleitoral do PS. Melhor teria sido discutir-se aquilo que serve melhor Portugal, no momento delicado que atravessa. Mas parece que governo e oposição estão cheios de contumélias. O primeiro, porque quer comprometer a segunda nas suas decisões. Esta, porque não quer deitar o governo abaixo e correr o risco de novas eleições. Houve um bom discurso a que me não refiro porque elogio em causa próxima, não é o meu estilo.
O que será mais o meu estilo é o retrato actual da minha terra. Aquela que amo e onde decidi permanecer. São 10 milhões de habitantes e 3 milhões de contribuintes líquidos efectivos para fazerem face a 3,5 milhões de reformados, 800 mil funcionários públicos, 400 mil beneficiários do subsídio de desemprego, 350 mil beneficiários do rendimento social de inserção. Esta não é senão a ponta do iceberg. Se cada um destes itens fosse dissecado, a fotografia era bem pior.
Não é preciso ser economista para se lerem estes números. Eu só pergunto: como vai ser?

H.S.C

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

O eterno problema

O estado das finanças públicas foi, desde Salazar, um problema de delicada abordagem. E, claro, o defice, outro tanto. Temas quase tabús.
A Comissão Europeia deu uma forte bolada nas nossas perspectivas, ao revelar, ontém, que havemos de sair da crise. Mas apenas lá para 2011. Todavia, com o endividamento que temos - mais de 90% do PIB -, o desemprego que temos - mais de 9% -, e o défice que tranquilamente temos - próximo dos 9% -, quem é que acredita que sairemos? Donde? Do quê?
Já aqui disse que 2010 vai ser o nosso ano mais duro. Mas é em 2011 que vamos começar a pagar uma factura muito alta.
E ninguém parece verdadeiramente interessado em rever posições. O governo apresenta um programa igual ao que já tinha em maioria absoluta. Perdeu-a. Fez alguma alteração? Não. Espera o quê? Que a oposição apoie o mártir? Porquê? Pelo amor à pátria? Mas acaso governo e oposição têm o mesmo conceito de pátria? É que, o mesmo modelo, não têm com certeza.
Eu, ignara cidadã, estou alarmada. Em muitos anos de economista já me não recordava do que "era crescer com base no endividamento". Lembrei-me agora. Claro, que associado, também me veio à memória, o tempo em que o FMI por aqui andava e mandava...
Porque terá sido?

H.S.C

Levy - Strauss

Morreu no último sábado uma das mais fecundas e importante mentes do sec. XX. Nascido na Bélgica e filho de judeus franceses, o fundador da moderna Antroplogia tinha 100 anos. Estudou na Sorbonne Direito e Filosofia. Em 1943 foi para o Brasil ensinar Sociologia na Universidade de S.Paulo e é aqui que descobre a sua vocação de etnólogo.
Os índios que rodeavam a cidade foram aqueles por quem primeiro se interessou. Depois, partiu para o Mato Grosso e Amazónia e começaria a divulgar as suas teses. Dois do seus livros, "As estruturas Elementares de Parentesco" (1949) e " Tristes Trópicos" (1950) iriam ter particular relevância. Este último chegou, mesmo, a ganhar o Goncourt.
Em 1958 a sua Antropologia Estrutural vem permitir o desenvolvimento do "estruturalismo", corrente de pensamento da qual foi o principal dinamizador e que, dito de um modo grosseiro, tenta aplicar aos acontecimentos humanos de natureza simbólica um método que permite encontrar o que é constante naquilo que tem conteúdos variáveis.
Entraria posterirmente, 1959, para o Collége de France onde titulava a Antropologia Social, e do qual apenas sai quando se reforma, em 1982. De algum modo foi, também um percursor dos movimentos ecologistas.
As Ciências Sociais estão assim de luto pela morte de um Homem a quem as mesmas muito devem!

H.S.C


Nota em tempo:
Numa entrevista concedida há quatro anos, Levy- Strauss terá, segundo o jornal Público, afirmado: "Dirigimo-nos para uma espécie de civilização à escala mundial(...) Estamos num mundo a que já não pertenço. Aquele que conheci, aquele de que gostei tinha 1500 milhões de habitantes. O mundo actual tem seis mil milhões de humanos. Já não é o meu".
Continuava com extrema lucidez, direi eu!
.













terça-feira, 3 de novembro de 2009

Uma Bolsa especial

A primeira Bolsa de Valores Sociais foi criada em 2003 na cidade de S.Paulo e partiu de uma ideia de Celso Neto. Por ela passaram já 400 milhões de euros que financiaram 100 projectos.
A segunda será em Portugal e foi ontém apresentada ao público, contando com os apoios da Euronext Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian e Fundação EDP. Através dela podem comprar-se acções de organizações que visam fins sociais, não deixando de acompanhar o investimento feito, numa espécie de plataforma que se estabelece entre quem dá e quem recebe.
A partir das 00h.00 de hoje, quem quizer pode ir ao site http://www.bvs.org.pt/ e aplicar um mínimo de dez euros em quatro instituições na área da luta contra a pobreza e exclusão social.
A bolsa irá procurar organizações e projectos que ataquem as causas dos problemas sociais e não os seus efeitos.
Aqui, como nas outras bolsas, o funcionamento é semelhante. Junta-se uma empresa que quer ter ganhos com um investidor interessado e em relação ao qual é assumido um compromisso. Só que aqui o lucro não é financeiro mas sim social.
Sou uma entusiasta deste tipo de solidariedade. Seja o Banco do Tempo ou a Bolsa Social. Em qualquer deles cada um dá o que pode. E a entrega - tempo ou dinheiro - tem destino certo.
Uma boa ideia que, espero, tenha sucesso. O que também depende de nós!

H.S.C


segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Portugal à espera...de si próprio!

Já aqui falei da estima e do respeito que tenho por Ernâni Lopes que, com Jacinto Nunes e Silva Lopes foram, no Banco de Portugal, as pessoas a quem mais devo. E como entre os meus defeitos, que são muitos, me esforço para que não conste a ingratidão, nunca acho demais repeti-lo. O que explica que esteja sempre muito atenta ao que dizem.
"Dez anos de tempo perdido" é o resumo que muitos economistas não políticos - entre os quais se coloca a autora deste post - fazem acerca da última década em Portugal.
Deles destaco dois que este fim de semana são referidos no Confidencial do Semanário O SOL. Trata-se de Ernâni Lopes e de Campos e Cunha. Deste último falarei mais tarde.
Reporto-me agora, apenas, a algumas afirmações do primeiro. Que, para já, tem dúvidas sobre se os sinais positivos de retoma da actividade económica correspondem a uma recuperação sustentada e fica surpreendido quando os responsáveis se animam muito pelo facto de uma quebra passar de 4,5% para 4%. É que a "quebra" continua, infelizmente, a existir...
E alerta para o facto de termos passado de uma crise no sistema financeiro para uma crise na economia, onde os ajustamentos, por se encontrarem longe de estar concluidos, vão arrastar-se por mais tempo na política e na sociedade. Por isso, o país demorará a sair da crise.
Com efeito, o nível de destruição da riqueza e da empregabilidade verificado nos últimos anos atingiu tais níveis que, ao falar-se de emprego e questões sociais, não há recuperação à vista. São suas as palavras que se seguem:
"Esta década revelou-se um registo muito pobre da vida portuguesa. É uma década sem garra, sem ideias, sem verdade, sem força, sem lucidez, sem substância, sem densidade política.
(...)Mostrou uma percepção materialista da sociedade portuguesa, sem rasgo para o futuro e sem verdade, numa atitude vulgar e interesseira, vazia e sem horizontes. (...) Mais do que uma década perdida é uma década historicamente esvaziada".
Podem os governantes clamar que isto é bota baixismo. Podem até encolher os ombros. Mas o que não podem é negar a capacidade profissional de Ernâni Lopes - talvez o nosso melhor Ministro das Finanças -, ou o seu arreigado amor a Portugal. É que a dedicação à pátria não constitui exclusivo dos políticos que nos comandam. Pelo contrário...

H.S.C

Mimos quem os não quer?

Agora foi a vez da Teresa Santos do blogcronicasdateresa.blogspot.com
me mimar com um selo BLOG INSTIGANTE que pretende distinguir "os blog's que além da assiduidade da postagem e do esmero com que são feitos, nos provocam a necessidade de reflectir, questionar, aprender e - sobretudo - que instigam almas e mentes à procura de conhecimento e sabedoria".
Se eu tiver conseguido uma milionésima parte disto, já me sinto feliz e agradecida!
H.S.C

Amizade

A leitura de uma carta aberta a um amigo, no blog do Dr. Francisco Seixas da Costa, está na base deste post. Nela se fazem uma série de advertências a alguém que vai exercer determinadas funções publico - políticas. Não são, contudo, estas que aqui me interessam. O que me faz pegar no tema é, antes, o espírito ou, se quizermos, a essência do que se considera a amizade.
Amigo não é aquele que diz sempre sim, mas antes aquele que diz não, quando entende que o deve fazer. Amigo não é aquele que elogia o sucesso, mas sim o que adverte para os obstáculos que o mesmo comporta. Amigo não é aquele que espera contrapartidas, mas sim aquele que até sabe que dizendo o que pensa, as pode perder. Amigo não é aquele que elogia o que entende ser medíocre, mas sim aquele que é capaz de chamar a atenção, para essa mediocridade, visando que ela se não repita. Enfim, ser verdadeiramente amigo, é ter sempre a verdade na ponta da língua e, apesar de saber que pode não ser de imediato compreendido, nem por isso deixar de a dizer.
Pensando no assunto descobri que, felizmente, a maioria dos que estimo vem dos bancos da escola. O que diz alguma coisa sobre a sua qualidade...
Percebe-se, por isso, que não seja fácil ter amigos autênticos. E que os que se têm, possam ser de origem bastante diversa... Estranho, seria o contrário!

H.S.C

domingo, 1 de novembro de 2009

Camilo Castelo Branco

Ando cheia de trabalho e, por causa disso, com pouca vontade de "aparecer". Mas tinha assumido dois compromissos para Outubro e Novembro. Eram duas conversas. Uma, decorreu esta semana, em S. Miguel de Seide, a convite da Casa Museu de Camilo, que todas as últimas sextas feiras de cada mês, tem um convidado para falar ou de um livro ou de um filme. A outra, irá decorrer a 24 de Novembro, no Teatro D. Maria, em Lisboa.
Saí, assim, da capital na quinta feira, em direcção ao Norte, depois de ter escolhido o filme Gran Torino. Estreado em Portugal em Março, trata-se da última obra de Clint Eastwood, na qual ele é actor, produtor e realizador. Ainda hesitei entre "A idade da incência" e "Magnólia", ambos excelentes. Mas Gran Torino havia-me tocado muito particularmente quando o vi.
A sessão começou com a explicação das razões que me tinham levado àquela opção e com as minhas pistas para o modo como encarara a mensagem de Clint. Seguiu-se a projecção do filme e, finalmente, o diálogo. Fiquei muito contente com o resultado e espero que quem me ouviu também tenha ficado.
Mas depois, fiquei para me embrenhar em Camilo. Visitei a casa onde viveu e morreu, vi a exposição sobre as mulheres da sua vida. E passeei, até, por alguns dos locais onde decorreu parte da sua infância e que ele tão bem descreve nos seus livros.
Nesta digressão tive a sorte de ser acompanhada pelo Dr. José Manuel Oliveira que foi um guia excelente. De facto, não só fez uma criteriosa selecção de textos do autor, como teve a paciencia de mos ler nos lugares que os mesmos evocavam.
Tive ainda, pela sua mão, a oportunidade de visitar a Fundação Cupertino de Miranda e apreciar uma excelente mostra de pintura surrealista do tempo de Cruzeiro Seixas.
Finalmente, sabendo do meu apreço pela boa comida, o roteiro gastronómico foi de tal qualidade que não consigo eleger nem o melhor restaurante nem o melhor prato. Foi tudo pensado com tanto cuidado que só posso dizer que esta "digressão camiliana" me deixou rigorosamente de água na boca!

H.S.C

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Até segunda!

Vou deixar-vos por quatro dias. Só se algo muito especial acontecer é que aqui voltarei antes de Domingo. Por norma, escrevo diariamente. Mas vou viajar e jurei que não levava computador. Todavia, confesso, as minhas juras nesta matéria são bastante duvidosas.
Em princípio até segunda feira. Espero que sintam muito a minha falta!

H.S.C

Só mais uma quedazinha!

Não se pode dizer que Portugal esteja em maré de sorte. Nem, em geral, os portugueses. Tão pouco, as mulheres deste país à beira mar plantado. Sim, porque hoje, é do nosso género que se trata.
Com efeito, e a acreditar no que as estatísticas revelam, Portugal terá perdido cinco pontos no ranking que mede as desigualdades entre homens e mulheres.
Pois é isso mesmo que acabam de ler. Apesar da igualdade garantida na lei e dos discursos paritários, tão aconchegantes, por parte dos responsáveis políticos, a nossa terrinha situa-se agora em 46ª posição, atrás de países como a África do Sul, Lesoto, Sri Lanka, Argentina, Namibia ou Bielorussia.
Este índice é, como se sabe, patrocinado pelo Forum Económico Mundial. E, à semelhança do que acontece com outras taxas que tentam medir certos aspectos da nossa vida, baseia-se em critérios que podem ser dicutíveis. Mas, nesse caso, são-no tanto para as boas como para as más posições... Logo, parece que continua a haver ainda muito por fazer no que à igualdade entre os sexos se refere. É que não basta arranjar umas senhoras para o governo. É preciso muito mais.
É, sobretudo, necessário dar-lhes reais oportunidades de exercerem um mister. E compreender as causas reais do seu afastamento dos lugares de topo nas carreiras que escolhem...

H.S.C

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Dois homens e dois discursos

Não sou entendida a esmiuçar discursos políticos. Sobretudo, depois das provas de doutoramento dadas sobre o assunto pelos Gato Fedorento. Mas voltei a ler jornais e a ver alguma televisão. Logo, como qualquer português interessado pelo seu país, acompanhei parte da tomada de posse do velho/novo governo.
Ouvi o Presidente da República e ouvi o Primeiro Ministro. E li, hoje, como costumo, a crónica de Constança Cunha e Sá. E, confesso - já vai sendo hábito - não percebi muito bem o que se vai passar em matéria de convivência.
Cavaco, face à situação do país, chama particular atenção para o desemprego e o endividamente externo, salientando que quer um quer outro, impõem o aumento da produção de bens transacionáveis e o reforço da competetividade. E termina afirmando: "nunca faltei à palavra dada e aos compromissos em público ou em privado". Não deixa, também, de acentuar que não se afastará um milímetro do compromisso que assumiu perante os portugueses.
Socrates, por seu lado, enfatiza a legitimidade do seu governo e define três prioridades, a saber: combater a crise, modernizar a economia, desenvolver a justiça social. E finaliza dizendo que pretende servir a República, os portugueses e a pátria.
Preferia que a ordem fosse outra, mas quem sou eu, para preferir alguma coisa?!
Claro que ambos os oradores referem algo a que chamo de "lealdade institucional", embora não esteja pessoalmente segura de que qualquer dos responsáveis máximos da ditosa pátria entenda o conceito da mesma forma...
Esclareço: se o PR se quer recandidatar, não vai perder nem mais um centímetro da sua autoridade, que já foi ameaçada com dois ou três episódios passados. Pelo contrário, vai fazer tudo para a reforçar. O que, do meu ponto de vista, significa que se o XVIII governo se quer manter em funções - dadas as limitações que a próxima eleição presidencial impõe -, vai ter de tomar muita cautela e comer bastantes caldos de galinha. Que, como se sabe, se não curam, também não fazem mal a ninguém!

H.S.C



António Feio

Pertenço há já bastante tempo ao grupo de admiradoras de António Feio. Proporcionou-me sonoras gargalhadas que sempre tiveram origem naquele subtil humor e amor que dedica a Portugal. O dueto que forma com José Pedro Gomes é imbatível no non sense e muitos dos seus diálogos são peças inesquecíveis.
Há tempos o seu amigo Zé esteve bastante doente. Escapou e felizmente está aí vivinho da costa para nos continuar a fazer rir.
Agora é a vez do António estar doente. Mas nem por isso deixa de usar o humor ao chamar a atenção para situações que precisam de ser revistas. De facto, recebi hoje um mail - que julgo verídico, vindo de quem vem - que nos conta, na primeira pessoa, uma sua aventura que podia ter sido fatal e atingir qualquer de nós.
Sentindo-se profundamente enjoado com os tratamentos de quimioterapia, pediu ao seu oncologista algo para atenuar aqueles efeitos. Foi-lhe recomendado um determinado medicamento. Depois de várias facécias com o horário de abertura da farmácia a que se dirigiu, começou a tomá-lo.
Como os enjoos não passassem, voltou a falar com o médico que lhe receitou outro remédio, esse sim, eficaz. Quando voltou ao clínico, falou-lhe sobre o assunto. Foi então que percebeu que a farmácia lhe havia vendido, não o que ele pretendia, mas outro de nome parecido, que se destinava à diabetes. Resultado, se tivesse continuado a tomar o primeiro, poderia ter tido más consequências.
Sugestão de António Feio para que casos destes se não repitam: legislar no sentido de que os nomes dos medicamentos sejam escritos em letra de imprensa.
Tem ele toda a razão. Por algum motivo se diz da má ortografia, que parece escrita de médico!
Ouso mesmo ir mais longe. Pedir que as receitas, sobretudo de medicamentos de risco, sejam escritas em computador. Assim os erros seriam menores...

H.S.C

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Eles lá sabem porquê...

Os dados estatísticos que vão saindo constituem o outono do nosso desassossego. Agora são os do Banco de Portugal a revelar um trágico panorama de endividamento incobrável para as famílias e para as empresas. De facto, o montante dos créditos de cobrança duvidosa ascendeu, no último mês de Agosto, a cerca de 8,5 mil milhões de euros.
Nas famílias o mal parado atinge 3,7 mil milhões de euros, e é no crédito à habitação que surgem os maiores problemas, com um montante de 1.839 milhões de euros que os devedores não conseguem pagar à banca.
Também no consumo, embora com valores ligeiramente inferiores, a dívida duvidosa ronda os 1.060 milhões, o que representa, só, o dobro do que se atingiu em Agosto de 2008.
Porém, se contabilizarmos todo o endividamento sem retorno - vulgo calote - durante um ano, fica-se aterrado com a sua média de progressão, que ronda valores acima dos oito milhões e meio de euros por dia.
No que às empresas se refere e apesar dos empréstimos na banca terem subido apenas 7%, o crédito mal parado explodiu 94%, revelando 4.459 milhões de euros que as empresas não sabem como liquidar.
Para agravar a situação as poupanças dos particulares nas instituições de crédito diminuiram, entre Julho e Agosto, de 1008 milhões, situando-se nos 115.789 milhões de euros.
Quanto ao defice externo ele contrai-se nos primeiros oito meses do ano 24,6% relativamente a igual período do ano passado, atingindo agora 8.539 milhões de euros.
Resumindo, para não economistas, os calotes das famílias e das empresas crescem sem parar. As poupanças e o comércio com os outros países, ao contrário, diminuem a olhos vistos.
Não vale a pena fantasiar: o ano duro vai ser 2010. Disso, não tenha ninguém dúvidas. Mas quem governa continua a dizer que a recuperação já começou. Eles lá sabem porquê...

H.S.C

Agradecimento

Bem haja o sustentabilidadenaoepalavraeacçao.blogspot.com e a Manuela Araujo que teve a imensa amabilidade de me atribuir o selo "este blog é vip" . São estas pequenas atenções que me enchem de satisfação. Iniciado há cerca de nove meses - uma "gestação literária"- o Fio de Prumo já ganhou quatro prémios da blogosfera. Um orgulho que devo a todos os que têm a paciência de me ler!

H.S.C

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Ai, a liberdade...

De acordo com o Relatório dos Repórteres sem Fronteiras Portugal estava, em 2007, muito bem posicionado no que à liberdade de imprensa dizia respeito. De facto, ocupava, então, o 8º lugar, a par de países como a Dinamarca, Finlândia e Irlanda.
Mas cá na terrinha as coisas têm sempre que evoluir. Só que nem sempre pelo melhor caminho. Foi o que aconteceu em 2008 em que passámos para a 16ª posição.
Pois bem o mesmo Relatório para o ano de 2009 dá o 1º lugar à Dinamarca e a nós um desprestigiante 30º posto...
Mas sosseguemo-nos, porque há outras preocupações na velha Europa. É que a França e a Itália ainda estão pior do que nós! Ao contrário da América, onde a política seguida ultimamente a faz transitar de 40º para 20º lugar.
Entre a imensidão das nossas preocupações, esta não será, talvez, o matéria mais importante. Mas que é um indicador a ter em conta numa democracia que tanto fala de liberdade, lá isso é!

H.S.C

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Buracos

Enquanto esperamos o futuro e dialogante governo que o novo Primeiro Ministro vai formar, vamo-nos contentando com notícias de buracos. Sim de buracos. Que são, aliás, uma das nossas especialidades. Dum lado, os das ruas cujas sargetas não são atempadamente limpas. Do outro, os buracos orçamentais, que não há chuva que limpe ou entupa.
As novidades de hoje são, como sempre, animadoras.
O defice do Estado entre Janeiro e Setembro ultrapassou os nove mil milhões de euros. Por palavras mais simples o "buraco" cresce, paulatinamente, ao ritmo de vinte milhões por dia. Numa comparação com igual período de 2008, diremos que ele "apenas" triplicou. Numa visão simplista, acrescentaremos que ele reflecte uma quebra de 12,8% nas receitas e um acréscimo de 5% nas despesas.
Relativamente a estas últimas, convém salientar a redução de 13,4% na receita fiscal, o acréscimo de 28,6% no subsídio de desemprego, a subida de 25% no abono de família, o pulo de 147% no complemento solidário para idosos e a explosão dos encargos com a Segurança Social.
Isto não é um quadro económico. É um pesadelo. Para o qual urge encontrar soluções, dado que o panorama é insuportável.
Financiar o défice custa cada vez mais caro, porque as condições do mercado internacional para os empréstimos a Portugal são cada vez mais duras. E também não é possível ir buscar mais dinheiro aos impostos.
Ou conseguimos envolver toda a sociedade civil num projecto nacional viável, em que governo e oposições se comprometam, ou não temos solução!

H.S.C

Vamos ter...

O ilustre Presidente da Comissão Europeia devia encarar a possibilidade de, no futuro, vir a exercer um novo mister. Ou até, quem sabe, fazer uma pequena acumulação.
Explico-me. Há alguns anos, numa entrevista, terá dito que "um dia seria Primeiro Ministro. Só não sabia quando...". A resposta foi inteligente e pré monitória!
Agora, questionado sobre o futuro do Tratado de Lisboa, faz também uma previsão, clara, do futuro europeu, quando afirma que " vamos ter o Tratado de Lisboa. Só não sei quando".
Algo aqui soa estranho. É que o Dr. Durão Barroso sabe sempre tudo o que vai acontecer. Só não sabe quando. O que é verdadeiramente preocupante. Porque, ao contrário dele, todos nós sabemos que o futuro é cada vez mais incerto...
Face a esta forma curiosa de conhecimento e de fazer futurologia, será que Durão Barroso só não sabe quando será Presidente da República?
H.S.C

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Mais uma...

Depois da animação que causou o vídeo de Maitê Proença, eis que temos novo tema de agitação. O nosso Nobel da Literatura resolveu tecer uma quantas observações sobre matéria que julga conhecer bem, a saber, a Bíblia.
Como a vida está difícil, torna-se cada vez mais necessário provocar alguma coisa. Porque provocar vende sempre. Há três caminhos certeiros para o fazer: a política, a religião e o futebol.
Cada um tem a sua crença - mesmo que seja descrença - e o que Saramago quer é ser considerado um escritor maldito, como dizia a minha querida Rita Ferro. Eu acho que ele também quer vender livros e estas guerras na altura da saída de Caim, a sua última obra, fazem-lhe certamente muito jeito.
Tanto, quanto os saneamentos no Diário de Notícias, ou a eliminação das dedicatórias a Isabel da Nobrega- a quem tanto deve -, na reedição dos seus livros.
Já não há muita paciência para as impaciências de Saramago. Nós continuamos a viver aqui. Não em Lanzarote!
H.S.C

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

As novas passadeiras...

O trânsito em Lisboa e arredores virou tormento. Há uns anos os responsáveis resolveram distribuir rotundas por tudo o que era sítio. A intenção, creio, teria sido refrear as velocidades e facilitar os acessos. Teria sido. Mas não foi. E assim passámos a ter em certas zonas uma verdadeira sinfonia de círculos que, devido à má sinalização, nos fazem andar às voltas à procura de saídas.
Verifico isto todas as semanas, na circular que dá acesso à Sic e Parque Holanda. O trânsito é permanente e intenso. Por isso, entrar na rotunda ileso é milagre. Um pouco mais adiante, outro redondel e o mesmo problema, antes do acesso à A5. Com o inverno e as chuvas, se não colocarem semáforos, os choques serão em série.
Não contentes com o uso da popular figura geométrica, eis que se lembram de inovar. Como? Colocando verdadeiras lombas, que também são passadeiras. E que são tão altas que mais parecem pontes.
Acabo de assistir a um desatre que poderia ter tido piores consequências, se fosse numa hora de mais movimento. Foi em frente do liceu Pedro Nunes, onde está colocada uma dessas passadeiras. O desnível, neste caso, conduziu a danos terríveis na barra de direcção de um carro. E o descontrole da viatura só não foi fatal por acaso!
Sinalização? Nenhuma. Se existe, não está visível. Logo, é o mesmo que não estar lá. A menos que se entenda que uma barra vermelha no chão é sinal suficiente. De noite, nem se vê.
Outra passagem idêntica está situada perto do cemitério dos Prazeres, junto de uma escola, e tem exactamente o mesmo problema!
Será que não há uma "cabecinha pensadora" nos serviços responsáveis?!

H.S.C