quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Até segunda!

Vou deixar-vos por quatro dias. Só se algo muito especial acontecer é que aqui voltarei antes de Domingo. Por norma, escrevo diariamente. Mas vou viajar e jurei que não levava computador. Todavia, confesso, as minhas juras nesta matéria são bastante duvidosas.
Em princípio até segunda feira. Espero que sintam muito a minha falta!

H.S.C

Só mais uma quedazinha!

Não se pode dizer que Portugal esteja em maré de sorte. Nem, em geral, os portugueses. Tão pouco, as mulheres deste país à beira mar plantado. Sim, porque hoje, é do nosso género que se trata.
Com efeito, e a acreditar no que as estatísticas revelam, Portugal terá perdido cinco pontos no ranking que mede as desigualdades entre homens e mulheres.
Pois é isso mesmo que acabam de ler. Apesar da igualdade garantida na lei e dos discursos paritários, tão aconchegantes, por parte dos responsáveis políticos, a nossa terrinha situa-se agora em 46ª posição, atrás de países como a África do Sul, Lesoto, Sri Lanka, Argentina, Namibia ou Bielorussia.
Este índice é, como se sabe, patrocinado pelo Forum Económico Mundial. E, à semelhança do que acontece com outras taxas que tentam medir certos aspectos da nossa vida, baseia-se em critérios que podem ser dicutíveis. Mas, nesse caso, são-no tanto para as boas como para as más posições... Logo, parece que continua a haver ainda muito por fazer no que à igualdade entre os sexos se refere. É que não basta arranjar umas senhoras para o governo. É preciso muito mais.
É, sobretudo, necessário dar-lhes reais oportunidades de exercerem um mister. E compreender as causas reais do seu afastamento dos lugares de topo nas carreiras que escolhem...

H.S.C

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Dois homens e dois discursos

Não sou entendida a esmiuçar discursos políticos. Sobretudo, depois das provas de doutoramento dadas sobre o assunto pelos Gato Fedorento. Mas voltei a ler jornais e a ver alguma televisão. Logo, como qualquer português interessado pelo seu país, acompanhei parte da tomada de posse do velho/novo governo.
Ouvi o Presidente da República e ouvi o Primeiro Ministro. E li, hoje, como costumo, a crónica de Constança Cunha e Sá. E, confesso - já vai sendo hábito - não percebi muito bem o que se vai passar em matéria de convivência.
Cavaco, face à situação do país, chama particular atenção para o desemprego e o endividamente externo, salientando que quer um quer outro, impõem o aumento da produção de bens transacionáveis e o reforço da competetividade. E termina afirmando: "nunca faltei à palavra dada e aos compromissos em público ou em privado". Não deixa, também, de acentuar que não se afastará um milímetro do compromisso que assumiu perante os portugueses.
Socrates, por seu lado, enfatiza a legitimidade do seu governo e define três prioridades, a saber: combater a crise, modernizar a economia, desenvolver a justiça social. E finaliza dizendo que pretende servir a República, os portugueses e a pátria.
Preferia que a ordem fosse outra, mas quem sou eu, para preferir alguma coisa?!
Claro que ambos os oradores referem algo a que chamo de "lealdade institucional", embora não esteja pessoalmente segura de que qualquer dos responsáveis máximos da ditosa pátria entenda o conceito da mesma forma...
Esclareço: se o PR se quer recandidatar, não vai perder nem mais um centímetro da sua autoridade, que já foi ameaçada com dois ou três episódios passados. Pelo contrário, vai fazer tudo para a reforçar. O que, do meu ponto de vista, significa que se o XVIII governo se quer manter em funções - dadas as limitações que a próxima eleição presidencial impõe -, vai ter de tomar muita cautela e comer bastantes caldos de galinha. Que, como se sabe, se não curam, também não fazem mal a ninguém!

H.S.C



António Feio

Pertenço há já bastante tempo ao grupo de admiradoras de António Feio. Proporcionou-me sonoras gargalhadas que sempre tiveram origem naquele subtil humor e amor que dedica a Portugal. O dueto que forma com José Pedro Gomes é imbatível no non sense e muitos dos seus diálogos são peças inesquecíveis.
Há tempos o seu amigo Zé esteve bastante doente. Escapou e felizmente está aí vivinho da costa para nos continuar a fazer rir.
Agora é a vez do António estar doente. Mas nem por isso deixa de usar o humor ao chamar a atenção para situações que precisam de ser revistas. De facto, recebi hoje um mail - que julgo verídico, vindo de quem vem - que nos conta, na primeira pessoa, uma sua aventura que podia ter sido fatal e atingir qualquer de nós.
Sentindo-se profundamente enjoado com os tratamentos de quimioterapia, pediu ao seu oncologista algo para atenuar aqueles efeitos. Foi-lhe recomendado um determinado medicamento. Depois de várias facécias com o horário de abertura da farmácia a que se dirigiu, começou a tomá-lo.
Como os enjoos não passassem, voltou a falar com o médico que lhe receitou outro remédio, esse sim, eficaz. Quando voltou ao clínico, falou-lhe sobre o assunto. Foi então que percebeu que a farmácia lhe havia vendido, não o que ele pretendia, mas outro de nome parecido, que se destinava à diabetes. Resultado, se tivesse continuado a tomar o primeiro, poderia ter tido más consequências.
Sugestão de António Feio para que casos destes se não repitam: legislar no sentido de que os nomes dos medicamentos sejam escritos em letra de imprensa.
Tem ele toda a razão. Por algum motivo se diz da má ortografia, que parece escrita de médico!
Ouso mesmo ir mais longe. Pedir que as receitas, sobretudo de medicamentos de risco, sejam escritas em computador. Assim os erros seriam menores...

H.S.C

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Eles lá sabem porquê...

Os dados estatísticos que vão saindo constituem o outono do nosso desassossego. Agora são os do Banco de Portugal a revelar um trágico panorama de endividamento incobrável para as famílias e para as empresas. De facto, o montante dos créditos de cobrança duvidosa ascendeu, no último mês de Agosto, a cerca de 8,5 mil milhões de euros.
Nas famílias o mal parado atinge 3,7 mil milhões de euros, e é no crédito à habitação que surgem os maiores problemas, com um montante de 1.839 milhões de euros que os devedores não conseguem pagar à banca.
Também no consumo, embora com valores ligeiramente inferiores, a dívida duvidosa ronda os 1.060 milhões, o que representa, só, o dobro do que se atingiu em Agosto de 2008.
Porém, se contabilizarmos todo o endividamento sem retorno - vulgo calote - durante um ano, fica-se aterrado com a sua média de progressão, que ronda valores acima dos oito milhões e meio de euros por dia.
No que às empresas se refere e apesar dos empréstimos na banca terem subido apenas 7%, o crédito mal parado explodiu 94%, revelando 4.459 milhões de euros que as empresas não sabem como liquidar.
Para agravar a situação as poupanças dos particulares nas instituições de crédito diminuiram, entre Julho e Agosto, de 1008 milhões, situando-se nos 115.789 milhões de euros.
Quanto ao defice externo ele contrai-se nos primeiros oito meses do ano 24,6% relativamente a igual período do ano passado, atingindo agora 8.539 milhões de euros.
Resumindo, para não economistas, os calotes das famílias e das empresas crescem sem parar. As poupanças e o comércio com os outros países, ao contrário, diminuem a olhos vistos.
Não vale a pena fantasiar: o ano duro vai ser 2010. Disso, não tenha ninguém dúvidas. Mas quem governa continua a dizer que a recuperação já começou. Eles lá sabem porquê...

H.S.C

Agradecimento

Bem haja o sustentabilidadenaoepalavraeacçao.blogspot.com e a Manuela Araujo que teve a imensa amabilidade de me atribuir o selo "este blog é vip" . São estas pequenas atenções que me enchem de satisfação. Iniciado há cerca de nove meses - uma "gestação literária"- o Fio de Prumo já ganhou quatro prémios da blogosfera. Um orgulho que devo a todos os que têm a paciência de me ler!

H.S.C

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Ai, a liberdade...

De acordo com o Relatório dos Repórteres sem Fronteiras Portugal estava, em 2007, muito bem posicionado no que à liberdade de imprensa dizia respeito. De facto, ocupava, então, o 8º lugar, a par de países como a Dinamarca, Finlândia e Irlanda.
Mas cá na terrinha as coisas têm sempre que evoluir. Só que nem sempre pelo melhor caminho. Foi o que aconteceu em 2008 em que passámos para a 16ª posição.
Pois bem o mesmo Relatório para o ano de 2009 dá o 1º lugar à Dinamarca e a nós um desprestigiante 30º posto...
Mas sosseguemo-nos, porque há outras preocupações na velha Europa. É que a França e a Itália ainda estão pior do que nós! Ao contrário da América, onde a política seguida ultimamente a faz transitar de 40º para 20º lugar.
Entre a imensidão das nossas preocupações, esta não será, talvez, o matéria mais importante. Mas que é um indicador a ter em conta numa democracia que tanto fala de liberdade, lá isso é!

H.S.C

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Buracos

Enquanto esperamos o futuro e dialogante governo que o novo Primeiro Ministro vai formar, vamo-nos contentando com notícias de buracos. Sim de buracos. Que são, aliás, uma das nossas especialidades. Dum lado, os das ruas cujas sargetas não são atempadamente limpas. Do outro, os buracos orçamentais, que não há chuva que limpe ou entupa.
As novidades de hoje são, como sempre, animadoras.
O defice do Estado entre Janeiro e Setembro ultrapassou os nove mil milhões de euros. Por palavras mais simples o "buraco" cresce, paulatinamente, ao ritmo de vinte milhões por dia. Numa comparação com igual período de 2008, diremos que ele "apenas" triplicou. Numa visão simplista, acrescentaremos que ele reflecte uma quebra de 12,8% nas receitas e um acréscimo de 5% nas despesas.
Relativamente a estas últimas, convém salientar a redução de 13,4% na receita fiscal, o acréscimo de 28,6% no subsídio de desemprego, a subida de 25% no abono de família, o pulo de 147% no complemento solidário para idosos e a explosão dos encargos com a Segurança Social.
Isto não é um quadro económico. É um pesadelo. Para o qual urge encontrar soluções, dado que o panorama é insuportável.
Financiar o défice custa cada vez mais caro, porque as condições do mercado internacional para os empréstimos a Portugal são cada vez mais duras. E também não é possível ir buscar mais dinheiro aos impostos.
Ou conseguimos envolver toda a sociedade civil num projecto nacional viável, em que governo e oposições se comprometam, ou não temos solução!

H.S.C

Vamos ter...

O ilustre Presidente da Comissão Europeia devia encarar a possibilidade de, no futuro, vir a exercer um novo mister. Ou até, quem sabe, fazer uma pequena acumulação.
Explico-me. Há alguns anos, numa entrevista, terá dito que "um dia seria Primeiro Ministro. Só não sabia quando...". A resposta foi inteligente e pré monitória!
Agora, questionado sobre o futuro do Tratado de Lisboa, faz também uma previsão, clara, do futuro europeu, quando afirma que " vamos ter o Tratado de Lisboa. Só não sei quando".
Algo aqui soa estranho. É que o Dr. Durão Barroso sabe sempre tudo o que vai acontecer. Só não sabe quando. O que é verdadeiramente preocupante. Porque, ao contrário dele, todos nós sabemos que o futuro é cada vez mais incerto...
Face a esta forma curiosa de conhecimento e de fazer futurologia, será que Durão Barroso só não sabe quando será Presidente da República?
H.S.C

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Mais uma...

Depois da animação que causou o vídeo de Maitê Proença, eis que temos novo tema de agitação. O nosso Nobel da Literatura resolveu tecer uma quantas observações sobre matéria que julga conhecer bem, a saber, a Bíblia.
Como a vida está difícil, torna-se cada vez mais necessário provocar alguma coisa. Porque provocar vende sempre. Há três caminhos certeiros para o fazer: a política, a religião e o futebol.
Cada um tem a sua crença - mesmo que seja descrença - e o que Saramago quer é ser considerado um escritor maldito, como dizia a minha querida Rita Ferro. Eu acho que ele também quer vender livros e estas guerras na altura da saída de Caim, a sua última obra, fazem-lhe certamente muito jeito.
Tanto, quanto os saneamentos no Diário de Notícias, ou a eliminação das dedicatórias a Isabel da Nobrega- a quem tanto deve -, na reedição dos seus livros.
Já não há muita paciência para as impaciências de Saramago. Nós continuamos a viver aqui. Não em Lanzarote!
H.S.C

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

As novas passadeiras...

O trânsito em Lisboa e arredores virou tormento. Há uns anos os responsáveis resolveram distribuir rotundas por tudo o que era sítio. A intenção, creio, teria sido refrear as velocidades e facilitar os acessos. Teria sido. Mas não foi. E assim passámos a ter em certas zonas uma verdadeira sinfonia de círculos que, devido à má sinalização, nos fazem andar às voltas à procura de saídas.
Verifico isto todas as semanas, na circular que dá acesso à Sic e Parque Holanda. O trânsito é permanente e intenso. Por isso, entrar na rotunda ileso é milagre. Um pouco mais adiante, outro redondel e o mesmo problema, antes do acesso à A5. Com o inverno e as chuvas, se não colocarem semáforos, os choques serão em série.
Não contentes com o uso da popular figura geométrica, eis que se lembram de inovar. Como? Colocando verdadeiras lombas, que também são passadeiras. E que são tão altas que mais parecem pontes.
Acabo de assistir a um desatre que poderia ter tido piores consequências, se fosse numa hora de mais movimento. Foi em frente do liceu Pedro Nunes, onde está colocada uma dessas passadeiras. O desnível, neste caso, conduziu a danos terríveis na barra de direcção de um carro. E o descontrole da viatura só não foi fatal por acaso!
Sinalização? Nenhuma. Se existe, não está visível. Logo, é o mesmo que não estar lá. A menos que se entenda que uma barra vermelha no chão é sinal suficiente. De noite, nem se vê.
Outra passagem idêntica está situada perto do cemitério dos Prazeres, junto de uma escola, e tem exactamente o mesmo problema!
Será que não há uma "cabecinha pensadora" nos serviços responsáveis?!

H.S.C

domingo, 18 de outubro de 2009

Deve haver uma razão

Já aqui disse que vejo pouca televisão nacional. Noticiários da terrinha só alguns e, vá lá, confesso, umas séries de que sou fã. Dispenderei, no máximo, uma hora por dia ao rectângulo, dado que ainda continuo a gosto de ver filmes... mas no cinema.
Um fim de semana de intenso trabalho fez com que ligasse, antes de me deitar, o aparelho. Corri os várois canais nacionais e os filmes de violência repetiram-se ao longo das três noites. Nem queria acreditar...
Dei comigo a pensar o que determinaria tais escolhas, antes de dormir, sabendo-se que a essa hora, só os jovens que não sairam e os mais velhos que dormem pouco, serão espectadores por excelência.
O que se pretende? Provocar insónias nos idosos? Promover a violência nos mais novos? Testar novas formas de ataques cardíacos? Fomentar o medo? Não consigo entender esta programação. Alguém me explica?!

H.S.C

sábado, 17 de outubro de 2009

Uma nova era...

Fala-se pouco dela. E, no entanto, a sua história faz lembrar, em 2005, a de Obama. Refiro-me a Michaelle Jean, a primeira mulher negra, governadora geral do Canadá, com estatuto de Chefe de Estado.
No último Nouvel Observateur ela conversa com Jean Gabriel Fredet e conta um pouco da sua vida. Nasceu em Port au Prince, um país de muita miséria, no qual passou a sua infância sob o regime ditatorial de Duvalier. Essa foi a sua primeira escola e fez dela uma "caribenha" francófona da América, que leva na alma a história da escravatura e da emancipação.
A primeira, inscrita na aventura da sua avó que educou cinco filhos agarrada a uma máquina de costura. A segunda, num país, o Canadá, para o qual foi com 11 anos e que fez dela uma jornalista célebre.
Michaelle representa a esperança de milhares de mulheres que, à semelhança do que aconteceu com Barak, olham para ela e acreditam que é possível vencer os preconceitos, vencer o género, vencer a cor da pele e chegar ao topo. Como aconteceu com outras antes dela, nomeadamente Indira Gandi ou Simone Weil, cuja arma maior foi, sempre, a sua enorme capacidade de dálogo!

H.S.C

No top da fuga de cérebros

O Expresso de hoje publica um notícia preocupante e que já ousei referir aqui mais de uma vez. Trata-se do desemprego e da precariedade, que levam milhares de jovens a sair da terrinha. Portugal é o terceiro país da OCDE mais atingido por este problema.. Em termos estatísticos, tal significa que são mais de cem os licenciados que mensalmente abandonam a sua pátria para ir trabalhar no estrangeiro.
E, aqueles que não fogem, ficam a desempenhar trabalhos de baixa qualificação roubando, por sua vez, o lugar a pessoas que não possuem hablitações para fazer mais. São cerca de 45000 os licenciados que se encontram nesta situação.
Mais significativos ainda, são os cerca de 49000 titulares de cursos universitários que, em Setembro último, se encontravam inscritos nos centros de emprego. Ou, mesmo, os escassíssimos 9,6% que possuem hablitação superior, um dos valores mais baixos da OCDE.
Em conclusão, não só temos muito poucos licenciados, como nem estes, sequer, conseguimos fixar. Ou seja, uma boa parte do esforço de investimento feito na educação foge-nos e vai enriquecer o património cultural e científico de outros países.
A juntar a este panorama, em Portugal não brilhamos. Porém, quando saímos ficamos entre os melhores...
Levamos imenso tempo a discutir as questões da imigração. Contudo, por mais estranho que pareça, são raras as intervenções a chamar a atenção para o problema, grave, da actual emigração portuguesa. Péssimo sintoma!
H.S.C

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Submergíveis

O Chefe do Estado Maior da Armada, Almirante Melo Gomes, falou ontém, durante a cerimónia de abertura do ano operacional da Armada, da aquisição dos dois novos submarinos. As suas palavras são hoje citadas pelos jornais, em páginas evidentemente discretas. Duas delas merecem destaque:
A primeira: "...Faço votos que a miopia marítima, que ciclicamente nos afecta, não retire a Portugal o seu maior potencial de desenvolvimento - o mar " ;
A segunda: "...Não ter submarinos sairia mais caro para as gerações que nos sucedem".
Outras críticas como, por exemplo, o "desaproveitamento" dos fusileiros em missões no exterior, foram ainda feitas.
Talvez estas observações, lidas na íntegra, possam finalmente esclarecer o Dr. Almeida Santos, que, como se sabe, não consegue perceber para que é que Portugal precisa de submergíveis.
E será, também, talvez, a hora de relembrar o ditado que diz que "para bom entendedor meia palavra basta"!

H.S.C

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Uma sensação estranha...

Hoje tive de ir à minha oftalmologista, a Dra Isabel Almasqué que, com o meu cardiologista, o Dr. Abreu Loureiro, formam o dueto que me mantém vivinha da costa. Ambos são, felizmente, meus amigos pessoais.
À entrada dou de caras com uma senhora que, num passado longínquo, encontrei algumas vezes em jantares a que fui. A pessoa em causa é mãe de gente importante é conhecida no país. Fiquei um pouco à conversa e, de forma surpreendente, falou-me da vida profissional de cada um dos filhos como se da dela própria se tratasse. O envolvimento, a satisfação, o pormenor denunciavam à saciedade que sabia do que estava a falar.
Quando vinha para casa pensei em como eramos diferentes. Sei e participo intensamente da vida profissional dos meus filhos. Mas luto por não misturar a minha vida familiar com a carreira dos infantes. Nunca fui a uma posse nem entrei na sede de um partido. E faço disso um ponto de honra.
Mesmo com os netos jamais consenti - e muito mo pedem certas revistas - numa foto para publicar, pese embora o pai deles, de vez em quando, o fazer e eu lho censurar sempre que tal acontece.
Ao contrário, esta senhora que me confessou ter 86 anos, está presente em todos os actos oficiais, inaugurações, lançamentos, em que os rebentos participem.
Confesso que vim para casa com uma sensação estranha.

H.S.C

Ela, sempre!

Agustina Beça Luis faz hoje oitenta e sete anos. Não há escritora nacional que mais me tenha formado que esta senhora admirável, cujo sorriso desfaz os corações mais gelados.
Chegar a esta idade e continuar a saber rir-se de si própria é o maior sinal da sua imensa qualidade. Ri de nós, também, felizmente. Porque se sente pertença do universo nacional.
Fui, uma vez, a uma sua palestra. No fim houve debate. E, no fim deste, ficámos à conversa. Eu, deliciada. Ela divertida. Ambas satisfeitas.
Parabéns Senhora Dona Agustina, pelo seu aniversário e pelo que eu e muitos de nós lhe ficamos a dever!
H.S.C

Mais solidão

Fiz aqui referência, há dias, ao blog do nosso Embaixador em França (duas-ou-tres.blogspot.com) e a uma frase de Pedro Lomba, num post sobre solidão.
Hoje, a propósito de um emigrante português em Paris, que esteve dois anos morto em casa, sem que a família que possui em ambos os países - deixa viúva e seis filhos -, estranhasse a sua ausência, o Dr. Francisco Seixas da Costa escreve, no Correio da Manhã, um oportuníssimo texto, intitulado "Imensa Solidão", cuja leitura recomendo vivamente.
Para além da qualidade literária, a crónica debruça-se sobre os problemas da emigração e da infinita solidão que ela, tantas vezes, arrasta consigo. Porque em grande parte dos casos, a família fica dividida e, se quem sai não consegue integrar-se, acaba por sentir que não pertence nem a um nem a outro dos países. É assim que começa o isolamento. Que conduz inexoravelmente, a que cada um se vá, de modo progressivo, fechando sobre o seu próprio destino. Tanto, e de tal modo, que acaba por se esquecer de si!

H.S.C

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Outros tempos

Tenho aqui dito que não sou passadista. Não sou, de facto. Tenho lembranças de outros tempos - boas e más - mas não me comprazo nelas. Quando calha vêm à baila, a propósito do presente ou do que ainda espero do futuro.
Mas o último post da Margarida no seu criativemo-nos.blogspot.com, fez-me sorrir com gosto. Trata-se de um vídeo com imagens de filmes de outros tempos, sobrepostas na melodia Bewitched cantada por Rod Stewart e Cher.
Algumas personagens já morreram. Outras estão muito mais velhas. Outras ainda retiraram-se.
Mas neste meu cantinho, neste meu cinema Paraíso, algumas daquelas imagens trouxeram-me tempos felizes de um cinema que ainda hoje me comove.
Não quereria voltar a essa época. Apenas sei que foi nela que formei o meu carácter para viver, com gosto, aquela que vivo agora!

H.S.C

A nossa Alice

A Alice Vieira é uma excelente jornalista e uma notável escritora para jovens. Licenciada em Germânicas pela Universidade de Letras de Lisboa é uma autora com vários prémios e obras publicadas no estrangeiro. Estreou-se, também, há meses, na poesia com um belíssimo livro.
Tive a sorte imensa de conhecer o casal que formou com Mário Castrim e de ter tido a oportunidade de conhecer ambos. O Mário morreu e deixou no meu coração um espaço que ninguém mais pode ocupar, porque ele continua lá, nesse bocadinho que lhe reservei.
Mas deixou-me, em herança, esta heroína da vida, esta amiga sem falhas, esta Mulher a muitos títulos exemplar. Não estamos muitas vezes juntas. Nem a sua nem a minha vida, têm grandes tempos livres. Mãe e avó como eu, sobra-nos pouco tempo para presenças físicas.
Mas não há nada que lhe aconteça que ela não partilhe com as pessoas que ama.
É assim esta minha doce amiga, que acaba de ser indigitada para o Prémio ALMA - Astrid Lindgram Memorial Awward - que é o mais importante galardão a nível mundial, de par com o Anderson, da literatura para crianças e jovens.
Independentemente de quem o ganha, a sua indigitação é já uma honra para o país e para a própria. Que, com a discrição que lhe é característica, só com os amigos partilhou a alegria.
Bem hajas, Alice!
H.S.C

AVISO

O meu post "A desatenção" que saíu com data de 11 de Outubro, Domingo, por um qualquer mecanismo que não compreendi, é de hoje. Logo, as referências a outro post que nele faço, devem ter em conta esta data.

H.S.C

Ainda Maitê

Afinal parece que a brasileira percebeu. E o canal GNT também.
A primeira grava um vídeo a pedir desculpas. Esfarrapadas, mas desculpas.
O GNT faz uma comunicação oficial no mesmo sentido.
Tudo pode ser visto em:


Perante estes factos que, por detrás terão, sobretudo, os efeitos negativos num mercado que a ambos interessa, nenhum dos visados hesitou em se retratar. Ainda bem. A partir daqui cada um de nós tirará as suas próprias conclusões.

H.S.C

terça-feira, 13 de outubro de 2009

O que diz Êrnani Lopes

Fui colega de Êrnani lopes no Banco de Portugal. Partilhámos gabinete e devo-lhe uma paciência de Jó a familiarizar-me com os hábitos da casa. Oiço sempre com grande atenção tudo o que diz.
Hoje ele responde no Correio da Manhã a algumas questões importantes, que vou tentar aqui transmitir. Já as tenho abordado. Mas a sua voz vale muito mais do que a minha.
O endividamento nacional que representa mais de 100% do PIB (Produto Interno Bruto), não pode prolongar-se. Ou acaba a bem ou acaba a mal, visto que estamos numa situação em que as taxas de juro estão ao nível das alemãs e a produtividade ao nível da marroquina...
Ao Estado cabe aumentar o rendimento e diminuir a despesa, E, para o conseguir, muito possivelmente terá de reduzir o número de funcionários públicos.
Às famílias, por seu lado, impõe-se que tentem poupar, gastando menos e produzindo mais. Na última década convencemo-nos que o país deixara de ser pobre - o que é falso - e passámos a ter acesso ao consumo e ao crédito. O que só piorou o endividamento.
No plano da econonómico há melhorias em certos países. Mas no plano internacional nenhum problema foi, de facto, resolvido. Sustentou-se o sistema financeiro, mas vive-se numa economia de dívida, que não gera emprego. E este, sem mudanças, vai continuar.
O panorama descrito, como se vê, não é nada animador!


H.S.C

Finalmente, uma mulher!

Finalmente uma mulher consegue o Nobel da Economia. Chama-se Elinor Ostrom e tem 76 anos. Partilhado com um homem - Oliver Williamson - mas, mesmo assim, distinção única para o género a que pertence.
Como mulher e como economista não posso deixar de me regozijar.

H.S.C

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

A grosseria de Maitê Proença

A brasileira referida no título é bem conhecida dos portugueses. Tem mesmo, numa das suas versões profissionais, livros editados no nosso país, para além de novelas e peças teatrais suas que aqui foram vistas.
Pois bem, numa visita a Portugal, para tratar de assuntos relativos a uma peça a estrear cá -que muito possivelmente foi paga com dinheiro português -, aproveitou o tempo livre para fazer uma reportagem vergonhosa sobre Portugal, para o programa televisivo "Saia Justa", que pode ser vista, na integra, em:


A creatura em causa - não tenho outro substantivo para a ela me referir - fez um vídeo que só revela uma profunda ignorância, uma tremenda má educação e uma imensa ingratidão para com um país e com uma gente que sempre a receberam de braços abertos. A grosseria é tanta, que a a última imagem mostra a sinistra personagem a cuspir no solo que a recebe!
A brasileira, que está seguramente com os calores da menopausa e, eventualmente, quem sabe, com uma paixão mal resolvida por algum representante da lusa pátria, vem bolsar o seu vómito a Portugal.
A única atitude a tomar é registar na nossa memória o facto e actuar em conformidade em relação aos seus interesses na terra lusa. Por mim, não comprarei um só livro ou bilhete de teatro a que o seu nome esteja associado. É a única forma que tenho, ao meu alcance, de mostrar a minha indignação pelo vexame a que a minha pátria foi sujeita.

HSC

domingo, 11 de outubro de 2009

A desatenção

O tema desta crónica foi-me sugerido por uma frase de Pedro Lomba. Diz ele "...a desatenção é um pecado tão grande e ninguém se apercebe".
Não podia ter mais razão.
Dias depois, ontem, Francisco Seixas da Costa, no seu blog duas-ou-tres.blogspot.com, coloca um post sobre a solidão.
Não podiam ser mais expressivas as suas palavras.
Ambos tocam o verso e o reverso de uma mesma realidade: a incomunicabilidade.
Nos dias difíceis que atravessamos a sobrevivência mata a convivência. A televisão e a net, singularmente e ao contrário do que poderia supôr-se, agravam o problema. Daí que, em certas famílias - como é o caso da minha - a tv esteja proibida na sala de jantar. É que nas casas onde isso não acontece, nem ao jantar se fala do dia a dia de cada um...
A destenção conduz à solidão. E muitas vezes à solidão acompanhada, trágica também. As pessoas vivem juntas, mas parece que nem se olham. Ficam transparentes. Indiferentes.
Poderão as familias, as sociedades, os países, continuar assim?

H.S.C

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Paz

O Nobel da Paz foi atribuído, este ano, a Barack Obama. Longe de mim falar da instituição que o confere ou da forma como as escolhas se processam.
Apenas quero dizer que fico contente com a opção feita. Trata-se de um homem que soube aproveitar todas as oportunidade que a vida lhe ofereceu. Quando, afinal e à partida, tudo apontaria para que fossem muito poucas.
Para mim, essa capacidade de transformação do mundo para melhor, é que foi premiada. Isso chega para que me regozije.
E, já agora, porque é, de facto um belo discurso cantado por Veloso, aconselho-vos a ouvir "Caetano, Obama e o Mulato" em:
Hoje vale, particularmente, a pena!
H.S.C

Descubra as diferenças

Quarenta anos de educação separam estas duas caricaturas. Pede-se, a quem seja capaz, que descubra as infinitas diferenças...
Também é preciso rir. De nós. Dos outros. Do mundo em que vivemos. Este post é apenas uma achega de quem viveu - e graças a Deus ainda vive - as quatro décadas aqui retratadas.
H.S.C

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Flanner


"...Até que, um dia, fui viver para lá. Aí, sim, eu descobriria a minha segunda pátria. A dos jardins, lojas, recantos, paisagens, que menos se conhecem.
Foi nessa época que entendi o significado da palavra "flanner" e o prazer que ela comporta. Não é apenas passear. É bastante mais do que isso. É andar sem rota ou destino, registando tudo o que se passa à nossa volta e tendo sempre a impressão de que o fazemos como se fosse a primeira vez. Conheço, hoje, cada recanto, cada banco de jardim, cada esplanada. Foi neles que, durante anos se desenrolou uma das fases mais felizes da minha vida"...
(Extracto da crónica Amar Paris, de Helena Sacadura Cabral, publicada na revista LA Mag)

Hoje não trabalhei. Passeei. Andei por aí a vaguear e a encher os pulmões de ar. Quando cheguei a casa tinha a última edição da LA Mag, da minha querida amiga, a lindíssima Ana Mesquita. É dedicada a Paris . Como sempre fui ver a minha crónica. E resolvi partilhar convosco este bocadinho. Porque, afinal, sempre fiz alguma coisa. Flanei por Lisboa...
H.S.C

Miracolo!

Miracolo, será certamente a expressão que os italianos dirão quando, levantada a imunidade a Berlusconi, ele se vá embora.
É também a minha expressão amanhã, quando terminada a campanha eleitoral, eu me vir livre destes senhores que, há tres meses, infernizam a minha vida e lhe retiraram parte da capacidade de raciocinar, de reagir e, até, de rir.
Lembrem-se, aqueles que me lêm, do miraculoso grito de alegria que, amanhã, quando soar o minuto da passagem para o novo dia, eu vou finalmente dar.
Não durará muito a minha felicidade. Terminará com a abertura da nova época da caça ao voto. Neste caso, uns poucos meses. Até às presidenciais. Mas enquanto o pau vem e vai, folgo eu e as minhas costas!

H.S.C

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

E a emigração?

Ora aqui temos mais umas continhas simpáticas para fazer, agora que os votos da emigração estão apurados. O PS leva mais um deputado. O PSD leva mais três. O que permitirá uma imensa gama de acordos pontuais para igualar ou passar o miraculoso número dos 116 representantes da Nação. Se esta nova equação não fosse muito séria até permitiria um "certo sorriso". Eu que o diga.
Assim, se o PM quizer governar à direita tem duas opções: sorrir a Manuela ou sorrir a Portas, Paulo. Com qualquer deles ultrapassa o "golden number". Se os juntar é dificilmente batível.
Se quizer governar à esquerda tem um problema. Não lhe basta sorrir a um. Terá que sorrir a dois ao mesmo tempo, no caso, PC e Bloco unidos. Muito vão ter que ceder qualquer deles para conseguirem formar uma família de esquerda solidária.
A aliança à direita irá colocar o PS no risco de perder votos futuros para a esquerda, em particular para o Bloco. A aliança às duas esquerdas poderá fazer fugir para a direita uma parte do voto socialista de centro. Perigoso também.
Difícil? Muito. Impossível? Não. Apenas um teste ao PM, ao Parlamento e, quem sabe, ao futuro Presidente da Repúlica.

H.S.C

Só a mim...

De manhã, após a bica, saí ligeira para Campo de Ourique onde, aliás, sempre se passa o lado agradável das minhas obrigações. Arrumei o carro e olhei para a lista dos afazeres de modo a rentabilizar o meu tempo. Lá me decidi por um item e, quando em passo estugado, me preparava para entrar numa loja, vejo-me bloqueada por um grupo com bandeiras e aos vivas a qualquer coisa que não percebi de que se tratava.
Pouco dada a manifestações de massas, dei-me conta de que estava no meio do que se chama, hoje, uma "arruada". Ao longe, lobriguei Santana Lopes que conheço há muitos anos. Naquele próprio segundo pensei que estava frita. Bastava uma fotozinha e, pumba, lá se diria que estava a proteger um dos filhos furando, por fim, a tal equidistância pela qual tanto me tenho batido.
Pernas para que te quero, enfiei na primeira loja que tinha porta aberta. Era um café. O meu ar devia ser elucidativo, porque o empregado me perguntou de imediato se queria água fresca. Lá bebi a dita e mais uma mistela castanha. Fiquei até a caravana passar.
Já segura de mim e daquilo de que escapara, retomei a lista dos deveres, em passo mais calmo. Nem cinco minutos haviam passado, surge outra comitiva. Lobrigo a cabeça de Fazenda, que até é um bloquista da minha simpatia. Ia avançar quando me lembrei, de novo, da eventual fotozinha e da proteção dada, agora, ao outro filho. Num ápice voltei para trás e entrei noutra loja. Desta vez eram electrodomésticos, onde acabei por comprar pilhas...
Derreada, afogueada e estafada sem nada ter feito, entrei na Basílica da Estrela, onde, finalmente tive alguma paz.
Claro que Deus não me explicou porque é que os diversos partidos têm estas rotas de colisão...

H.S.C

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Amália

É das raras mulheres que não carece de apelido para ser conhecida. Símbolo de um tipo de música e de uma nação, foi perseguida e só depois de morta rehabilitada.
Há vários anos fiz-lhe uma entrevista. Já não no período áureo. Talvez por eu ser mulher, falou sem rodeios, deixando ao meu critério o que devesse ser tornado público. A impressão com que fiquei é que Amália não tinha sido uma pessoa feliz. Como, aliás, todos nós. E era essa semelhança com o povo a que pertencia, essa estranha forma de vida tão sua e tão nossa, que fazia dela, em simultâneo, o mito e a realidade.
Amália marcou uma série de gerações divulgando poetas até então considerados tabú para letra de canção. Fez bem! E se esses poetas apenas são lidos por alguns, hoje, são ouvidos por todos através da voz que teve a ousadia de os cantar.

H.S.C

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

A coragem dum discurso

Há muito tempo que queria publicar este texto. A época eleitoral que atravessamos e a forma como tem decorrido, acabou por ser, afinal, o terreno propício para o fazer. Vejamos então:

"Em meu nome pessoal, desejo dizer que nunca fui, não sou, nem serei um político, porque não tenho vocação e porque nunca me encontrei com qualidades para ocupar lugares políticos. Faço esta declaração para evitar mal entendidos e convites para me pronunciar por qualquer cor política.
O facto de ter atravessado o Atlântico pelo ar não prova que tenha qualidades administrativas da mesma forma que na minha opinião a circunstância de ser filho de nobre ou revolucionário civil, nunca representaram condições essenciais para ocupar lugares de destaque nos dois regimes que em Portugal temos tido.
Nunca fui senão uma coisa:Português - e é isso que pretendo continuar a ser e... que serei.
O meu maior desejo é que me deixem voltar à obscuridade de onde saí e que, tranquilamente, me seja permitido continuar a exercer a profissão a que me dediquei." ...

Este foi, apenas, o início do duro discurso que o Comandante Sacadura Cabral proferiu na ocasião em que ele e Gago Coutinho foram solenemente recebidos pelo Congresso da República.
Julgo que após a sua leitura se poderá perceber a visceral reacção que a política me provoca. Vem de família, como se vê...
Em tempo de eleições sucessivas, pareceu-me uma boa matéria de meditação. É que nem todos os heróis se deixam assenhoriar pelos governantes. O meu tio foi um deles. E eu orgulho-me muito disso!

H.S.C


Feriados históricos

Provenho, pelo lado paterno, de uma família beirã que, em seu tempo, terá integrado aquilo a que então se chamavam os "senhores". E, ao que me garante o meu sobrinho mais velho, o mais interessado nestas questões, a origem dos nossos virá de Fernando Álvares Cabral, irmão do Pedro que aportou em terras de Sta Cruz, no Brasil.
Nunca me dediquei muito a estes assuntos, convicta que estou de que o meu sangue tem a mesma cor de qualquer outro e que a minha vida se define mais pelo que faço, do que por aqueles de quem provenho. Mas tal não me inibe do imenso orgulho que sinto no nome que uso e naquilo que um dos meus - o Comandante Sacadura Cabral - fez por Portugal.
Feito o statement, que veio à minha memória a propósito da data do 5 de Outubro, pergunto a mim própria porque razão tende o país a esquecer tantos heróis anteriores a esta data, numa Europa que até tem, ainda, um número razoável de monarquias constitucionais?
Deve, não duvido, haver razões para tal. Só que eu não as conheço e gostava de perceber porque é que existindo tantos feriados religiosos num país laico, se esquecem algumas datas que foram marcos importantes para a nossa terra, pese embora terem-se dado em tempos de reis e de rainhas.
Porque será? E porque será que, mesmo naqueles que celebramos, as pessoas apenas se lembrem pontes esquecendo, na maior parte dos casos, os acontecimentos que lhes estão acoplados? De certo, porque os não celebramos convenientemente...

H.S.C


As autárquicas

Estive todo o dia a trabalhar. Tenho tudo atrazado e não sei quando consigo pôr em ordem o que falta. Mas se ontém o Variações me lançou ao Tejo, hoje o Vivaldi agarrou-me à secretária. E ajudou-me muito, porque dei um bom andamento à duquesa de Windsor. Amanhã talvez a acabe e passo à Kennedy. As três mulheres pelas quais comecei o trabalho são frescas. E doidinhas por dinheiro. Vão dar umas histórias com muita piada.
A meio da tarde fiz um intervalo. Calei o Outono. E abri a televisão. A algazarra que veio do aparelho era ensurdecedora. Louçã, que ainda não deglutiu o quarto lugar, zurzia no Portas, o Paulo, com ganas assassinas. Julgo que se a guilhotina ainda estivesse a uso, ele o decapitava . E a mim, de caminho, tambem. Mas lá teria que aguentar o outro infante, que eu nestas coisas fui previdente...
Depois, noutro canal Manuela perguntava que alterações ia Sócrates fazer nas promessas que, com maioria relativa, não podia cumprir.
Noutro, ainda, Elisa mostrava a obra feita no tempo do autarca socialista. E, com grande alegria, apontava umas fachadas sem interior, ao que parece de Rui Rio.
De seguida Costa visitava um mercado. Tudo com trompetas, fanfarras e bandeiras. Ainda acabam a chamá-lo o Toninho dos mercados...
Desisti. Voltei ao Vivaldi e ao Outono. E tomei o meu chá com uns scones no terraço a ver o mar e esta cidade que mereciam muito mais...

H.S.C

domingo, 4 de outubro de 2009

Gravata, sim ou não?

Na leitura matinal que sempre faço dos blogues que tento seguir deparei-me hoje, num deles, com um texto curioso sobre gravatas e camisas. Estas mais ou menos abotoadas. O autor acaba a reclamar, e bem, o "direito a usar gravata quando lhe apetecer", sem que disso resulte qualquer leitura social ou ideológica. Achei imensa piada ao tema e resolvi retomá-lo com outro toque
Francisco Louçã foi o nosso único lider partidário a não levar gravata no seu encontro com o Presidente da República. Direito seu. Que provirá, de certo, do julgamento que terá feito dos malefícios do referido acessório, dos quais, aliás, me não lembro de ter ouvido, até hoje, qualquer explicação. De certo julgou que não tinha que a dar. Não serei eu, portanto, a pedir-lha.
Todos os outros líderes partidários a usaram na ocasião, pese embora, o facto de já os ter visto desengravatados em outras alturas menos formais.
Confesso que gosto de gravatas. Tanto, pelo menos, como gosto de as escolher para as oferecer a quem amo. Mas é um facto, que certas classes sociais as tomaram como símbolo a abater. Um pouco como se fez, no passado, com os brazões. Uma forma de caça, não às bruxas, mas aos símbolos.
Quanto às camisas, Louçã desabotoa apenas um botão. Outros desabotoam dois. Prefiro estes. Mas compreendo que Louçã se mantenha apenas com um - e já é muito -, porque certos colos só ganham em manter-se fechados.
Contudo, confesso, não acho muito elegante ir ao PR desta forma. Não somos inteiramente livres de fazer o que queremos, em todas as circunstâncias. Será que também se poderá ir, no verão, ao PR ou ao PM em calções? Pelo mesmo critério - o incómodo - daqui a pouco isso vai acontecer. Ora, ele há pernas que eu dispenso ver. Nomeadamente as do mentor do BE.
E também há formas menos penosas de cada um assumir e impôr aos outros a sua modernidade ideológica. Ufa!

H.S.C

sábado, 3 de outubro de 2009

Lisboa


Nesta ponte de feriado decidi trabalhar. Com as eleições e afins, ainda hesitei. Mas fiquei.
Sentei-me à secretária. Abri o computador. Coloquei o António Variações para me acompanhar. Mas quando cheguei ao "corpo é que paga", levantei-me dum pulo e saltei para a rua.
Comecei na Piazza di Mare onde comi o meu prato preferido: uma bela salada de camarão com cogumelos e rúcula aquecida em cognac. Estava divina. Do branco gelado nem falo... Depois uma cassata deliciosa que me fez lembrar o meu querido Pai com quem eu as comia em pequena.
O Tejo estava lindíssimo. E esta vossa amiga decidiu largar o pópó e ir de cacilheiro - agora têm nome mais chic - atravessar o rio.
Pode e deve ficar-se triste com o que os responsáveis autárquicos fizeram de Lisboa. Mas algo eu garanto. Não conseguem, não podem, nunca poderão, graças a Deus, alterar esta luz grandiosa, que transforma em beleza mesmo os cantos que o não são.
Voltei para casa agradecida à vida pela capacidade que mantenho, com esta idade, de ainda me maravilhar com a formusura do país em que vivo e da cidade onde habito!

H.S.C

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Amar e casar...


A diversidade do ser humano é tão grande que "acertar" seja no que for - lado sentimental ou profissional - é como a lotaria. Na maior parte das vezes, nem sequer a terminação se tem. Acertar no amor, então, é muito mais do que isso. É quase um milagre.
Mas a que de deve este filosófico intróito? Vou explicar-me.
Há meses fui ao casamento de dois jovens que vi crescer. Acabo de saber que caminham para o divórcio. Sem qualquer outra hipótese. Não é, infelizmente, o primeiro caso a que assisto, pese embora existirem, agora, bastantes mais oportunidades de conhecimento mútuo, comparativamente com aquelas que tiveram, por exemplo, os jovens da minha geração.
Só que existem aspectos que se esquecem no furor da paixão. E eles estavam, na verdade, apaixonados!
Conjugalizar uma relação impõe juntar duas histórias de vida com passados, que por norma são diferentes e, por isso, podem provocar choques no sentir e no agir.
Depois, existem duas famílias que não se conhecendo de lado algum - na maioria dos casos -, vão passar a ficar ligadas por laços que não foram sua escolha.
E, finalmente, nada garante que havendo filhos, eles constituam uma consolidação do casal. Algumas vezes são, até, uma causa de afastamento dos pais.
Pois bem quando, em separado, perguntei a cada um o motivo da decisão, fiquei surpreendida. Ela disse-me que o marido era o seu maior competidor, tornando a vivência insuportável. Ele respondeu-me que não queria ser casado com uma mulher que punha a carreira acima de tudo.
Pergunto: em dois anos de convívio quase diário nenhum deles se apercebeu disso? Como se vê parece que não...
HSC