domingo, 23 de fevereiro de 2020

O médico dos Presidentes


Durante muitos anos o meu médico foi o Prof. José Manuel Pinto Correia. Meu grande amigo, embora a sua especialidade fosse a gastro, o certo é que foi o meu primeiro internista. Tratou de todas as minhas maleitas, com excepção daquelas que decorriam da minha condição específica de mulher.
Mas, mesmo neste campo, curiosamente e até à sua morte, o meu ginecologista foi  um cunhado seu, que ele me indicou. 
Após a sua morte foi o meu bom amigo e cardiologista, Dr Pedro Abreu Loureiro, que acabou por desempenhar por muito tempo, o papel do José Manuel e, ainda hoje, não há pílula que eu tome, sem o ouvir primeiro. No fundo, a verdade é que tive sempre a sorte de ser acompanhada por amigos especiais que também foram excelentes médicos.
Mas, pouco antes do Zé morrer,  o seu conselho foi que eu escolhesse o Dr Daniel de Matos para o substituir. Como  não o conhecia, na altura, senti-me um pouco perdida, quase abandonada. 
Hoje, ao ler a excelente entrevista que este clínico deu ao jornal Público, lembrei-me do Zé e do seu conselho e ocorreu-me que, uma vez mais, ele tinha razão. Mas, como tudo na vida tem explicação, como é que eu conseguiria fazer um amigo num médico tāo ocupado com gente importante?! Apesar disso, fiquei a matutar na qualidade humana que se adivinha no Dr Daniel de Matos e que eu não tive a oportunidade de conhecer!

HSC

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2020

O país das maravilhas

Adoro Portugal. Mesmo hoje, quando há mais razões para sair do que para ficar. Porque fiquei quando podia ter saído, penaliza-me e entristece-me quando o vejo diminuído, dependente e incapaz de reagir.
Julguei, um dia, que este estado de espírito só se verificava nas chamadas ditaduras. E que quando a democracia se instalasse nunca tal fosse possível. Porque, pensava eu, uma revolução não se faz apenas para ter mais liberdade. Faz-se, também e sobretudo, para que todos possamos viver melhor...
O que é que nos aconteceu? Somos, de facto, mais livres. Mas somos melhores? Vivemos em melhores condições? Temos mais educação? Somos mais cultos? Valorizamos mais a excelência? Temos valores mais autênticos?
Temo que a resposta a estas perguntas não seja a mais animadora. Pior, receio que alguém se preocupe muito com este tipo de questões. Lamentável!

Nota: Este texto foi escrito em 2006. Não lhe alterei nem uma vírgula. Continuo a pensar o mesmo!

HSC 

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2020

O Valor dos velhos...

“...O convívio com os mais velhos compensa. Se esse convívio fosse procurado pelo valor que nos dá haveria concorrência pelo acesso a eles. Os velhos mostram-nos o que vai ser de nós. Mostram-nos que vale a pena aproveitar a idade que temos, seja qual for.Ajudam-nos a dar valor à juventude mas também nos tiram o medo de envelhecer, mostrando-nos que a velhice é uma coisa exterior e mecânica que só ocasionalmente consegue chegar à alma, cuja criancice é inviolável.É uma sorte e um elogio quando um velho escolhe passar tempo connosco. Como é que conseguimos esquecer-nos disso?"

Foi o Miguel Esteves Cardoso que escreveu estas linhas. Ele que já é avô e teve a sabedoria – que nem todos entendem – de escolher o tipo de vida que pretendia fosse o seu e que, aos olhos dos outros, parece bem afastado daquele que o seu início de vida profissional prenunciava.
Muitas vezes, quando me olho ao espelho ou me vejo interiormente, reconheço em mim a minha mãe e a minha avó. Nos gestos, na voz, no pensamento, tudo formas identitárias delas recebidas e que talvez a genética consiga explicar.
Do meu pai herdei um lado germânico, que convive muito mal com a desarrumação, a falta de sentido do compromisso, a noção de que a nossa liberdade é limitada face à liberdade dos outros, e pela necessidade imperiosa de momentos de silêncio.Talvez esteja aqui, nesta mistura tão variada, uma das razões por que tenho tantos amigos jovens que gostam da minha companhia..

HSC 

terça-feira, 18 de fevereiro de 2020

Bons velhos tempos


Para relembrar bons velhos tempos, embora eu me sinta muito satisfeita de viver os actuais!

HSC

sábado, 15 de fevereiro de 2020

O que é que eu estou aqui a fazer?


Depois de ter estado em casa fechada com um daqueles vírus gripais violentos, voltar à normalidade teve as suas dificuldades. A primeira, surgiu logo quando quis tirar o carro da garagem e ele não se mexeu, porque a bateria estava queda e muda. Tentei duas ou três vezes mais e, antes que afogasse o motor, tratei de chamar um amigo para me vir pôr os bornes na dita numa tentativa de a recarregar. Vá lá, ao fim de bastante tempo, pegou!
Depois para ir até ao supermercado, distraí-me e tive que voltar para trás e dar uma volta enorme. As compras, feitas sempre por lista, deram-me conta de que o virus também devia ter atacado os meus neurónios, já que parecia uma barata tonta à procura de produtos, cujo local conheço perfeitamente. Quando cheguei à caixa deu-me um ataque de riso porque estava tudo misturado, quando por norma, já arrumo as compras separadas para, depois em casa, ser mais fácil de arrumar. A rapariga da caixa, que já me conhece disse-me a rir "ó dra isto hoje nem parece seu, está tudo misturado"!
Enfim, quando cheguei a casa estava já mais normalizada e ri com gosto da desafinação que a gripe me provocara. A minha empregada viu-se grega para arrumar tudo, habituada que está ao meu estilo germânico. Ainda me lembrei que todo este desatino fosse, na minha idade, consequência do Dia dos Namorados...
Assim, para compensar tanta taroulhoquice, decidi que hoje me vingaria e iria com os amigos ao cinema ver qualquer coisa leve. Não sei quem teve a triste ideia de sugerir as Mulherzinhas. Eu ainda perguntei se não estavam doidos, que o filme era para adolescentes, mas garantiram-me que a crítica dizia muito bem. E, de facto, às 17h a sala estava cheia. 
Bom, foi uma espécie de desastre, porque não entendi patavina do filme que achei "chato" - desculpem a expressão - a valer. Devo ter lido o livro aos 12 anos, mas não me lembrava nada da história. Ora, a quem não se lembre da estorinha, vai acontecer-lhe o mesmo que a mim, ou seja, perguntar-se "mas o que é que eu estou aqui a fazer?"

HSC

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2020

O Dia dos Namorados


Ela já não era nova e vinha de alguns desamores sarados. Ele ainda se estava a fazer homem barbudo. Na altura a diferença de idades não se notava e ela acreditou que talvez tivesse chegado a sua vez. de ser amada. Durante 11 anos ambos viveram como se fossem felizes. Ela fiel e convencida da fidelidade dele. Ele vivendo a vida como queria.
Mas, num certo dia dos namorados, em que combinaram jantar fora, ele não apareceu. Angustiada telefonou para os hospitais e para a policia. Ninguém sabia nada. 
Ele partira porque era, justamente, o dia dos Namorados. Ela ficou porque o tomou como o Dia dos Casados...


HSC

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2020

Gosto: Jojo Rabitt


Fui ontem ver JOJO RABITT e, confesso-vos, nos primeiros cinco minutos do filme estava a perguntar a mim própria, “mas o que é isto?”. De facto, como não tinha lido nada acerca da história e apenas sabia que o não deveria perder, não estava preparada para o que ia ver.
Passados os tais minutos iniciais, entrei no espírito da pelicula e vi-a com grande prazer até ao fim, verdadeiramente surpreendida pela criatividade com que a História da época – o nazismo – é contada e vivida por uma criança de 10 anos.
A acção decorre na Alemanha, durante Segunda Grande Guerra e Jojo, o protagonista – surpreendente como actor - é um fervoroso adepto do nazismo, tendo Adolf Hitler como ídolo e amigo imaginário.
A sua “crença” é tal que mal pode esperar para se tornar membro da Juventude Hitleriana, que transforma crianças e adolescentes comuns, em perfeitos espécimes da raça ariana. 
Até...até ao dia em que conhece uma rapariga judia que a mãe mantém escondida no sótão de sua casa e que irá transformar toda a sua vida.
É uma comédia nos limites do absurdo, cujo realizador de ascendência judia Taika Waititi – que dá igualmente vida à personagem de Hitler, o amigo fictício do protagonista – consegue, de facto, surpreender-nos. 
Estreado no Festival Internacional de Cinema de Toronto, onde recebeu o prémio do público, "Jojo Rabbit" foi nomeado para seis Óscares, dos quais recebeu o de Melhor Argumento Adaptado. 

HSC

domingo, 9 de fevereiro de 2020

Rir

O riso desencadeia mudanças físicas saudáveis ​​no organismo, fortalece o sistema imunológico, aumenta a energia, diminui a dor e protege-nos contra os efeitos nocivos do stresse. Além disso, é um remédio que não tem preço, é divertido, livre e fácil de usar é um poderoso antídoto para o stresse, a dor e o conflito. Nada é mais confiável para reequilibrar o corpo e a mente, do que uma boa gargalhada. O humor alivia os nossos fardos, inspira esperança e liga-nos aos outros. 
Os especialistas afirmam que o riso relaxa o corpo e uma gargalhada alivia a tensão física durante cerca de 45 minutos, já que estimula o sistema imunológico, provoca a libertação de endorfinas, que sendo substâncias químicas associadas ao bem-estar do corpo, promovem uma sensação geral de bem-estar. 
O riso faz-nos sentir bem. E a boa sensação que se experimenta quando rimos permanece connosco, mesmo depois do riso diminuir. O bom humor ajuda a manter uma visão otimista e positiva diante de situações difíceis, decepções e perdas.
Mais do que apenas um alívio perante a tristeza e a dor, o riso dá coragem e força para encontrar novas fontes de significado e esperança. Mesmo nos tempos mais difíceis, um riso – ou até mesmo um simples sorriso – pode fazer-nos sentir melhor, porque ajuda a relaxar e a suavizar emoções angustiantes. Ninguém pode sentir-se ansioso, irritado ou triste quando se está a rir.
O bom humor muda as nossas perspectivas, permitindo que vejamos as situações de modo mais realista e menos ameaçador. Uma perspectiva bem-humorada cria distanciamento psicológico, que fortalece as nossas relações ao desencadear sentimentos positivos e promover conexões emocionais. Quando rimos com outra pessoa, cria-se uma ligação positiva que funciona como um forte amortecedor contra o stresse, as divergências e a decepção.
O riso compartilhado é uma das ferramentas mais eficazes para manter as relações vivas e emocionantes. Toda a partilha emocional constrói laços de relacionamento fortes e duradouros, mas compartilhar o riso e a diversão, acrescenta alegria, vitalidade e resistência. O humor é, também, uma maneira poderosa e eficaz para curar ressentimentos, desavenças e mágoas. O riso une as pessoas em momentos difíceis.
Incorporar mais humor e diversão no nosso quotidiano pode melhorar a qualidade das nossas relações com os que amamos, com os colegas de trabalho, familiares e amigos. Usar o humor e o riso nos relacionamentos permite ser mais espontâneo, deixar de lado as posturas defensivas e expressar os nossos verdadeiros sentimentos. Experimente e verá!

HSC

terça-feira, 4 de fevereiro de 2020

Chorar

Chorar é saudável e alivia a alma, diz o povo e tem razão porque, por norma, as emoções expressadas tornam-se em emoções superadas. São velhas crenças que o tempo irá, ou não, desmoronando. 
Eu gosto de rir mesmo sem nenhuma razão especial, mas aprendi com a vida, a chorar com total liberdade, porque não quero guardar lágrimas no meu coração. Se o fizesse só me fariam sentir frustrada ou ferida por muito tempo. É melhor deixá-las escorrer, até porque estudos recentes confirmam que chorar faz bem à alma.
Porém há muita gente para quem as lágrimas representam fraqueza, pelo que entendem que temos obrigação de as controlar e não as derramar, principalmente em público.
É um facto que não devemos chorar por tudo e por nada, já que a vida requer coragem. Mas, quando precisamos faze-lo porque nos sentimos derrotados, porque não deixar que essas lágrimas nos libertem de tal sentimento? Porque negar a nós próprios esse dom, quando todos nos esforçamos por acreditar que depois da tormenta virá a calma?
Chorar é saudável e liberta-nos da frustração e do stresse. Mesmo que as coisas não mudem por uma lágrima, sempre podemos tentar olhar, de novo, a situação, talvez com mais calma e mais empenho. Ou, quem sabe, para continuarmos a viver da melhor forma possível.

HSC

domingo, 2 de fevereiro de 2020

Tanta inocência...


Afinal a sua inocência também tem um lado empresarial. A heróica Greta Thunberg acaba de registar o seu nome e o do seu Movimento como "marcas comerciais".
A inocente explicação é que estavam a utilizar abusivamente os dois nomes. Por quem, não se sabe!

HSC