quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Telenovelas

Durante bastante tempo, confesso, fui uma espectadora regular das telenovelas brasileiras. Depois, como acontece com frequência quando consciencializamos que há outros lazeres mais úteis, deixei de as ver. Coincidiu com o aparecimento das nacionais, de que a única que segui, foi Vila Faia.
Agora, num destes dias de tempestade eleitoral, dei conta de que havia muita gritaria no televisor, mas que a cadência não era comicial. Acerquei-me do dito e percebi que se tratava de um diálogo - estou a ser gentil - entre duas mulheres acerca da filha de uma. Pareceu-me - porque o tempo não deu para mais - que gritavam demasiado. Por isso, zarpei para uma arruada, que sempre é uma telenovela mais paroquial. Tirei o som e debrucei-me, isso sim, sobre a linguagem corporal das caras mais conhecidas. Cinco minutos depois passava, deliciada, para a Fox Crime, onde assisti a mais um episódio da excelente série Vera.
Umas noites mais tarde repliquei o sucedido e, noutro canal, vejo uma filha a gritar desabridamente com a mãe sem que esta tivesse a mínima reacção. Fiquei confusa, sem saber se o azar era meu ou se a trama das nossas telenovelas terá a discussão violenta como forma de expressão sentimental.
Pode sempre dizer-se que a minha amostra foi muito limitada. É um facto. Mas que me pareceu estranha a coincidência, isso pareceu! 
Bastante razão tinha uma antiga empregada minha que me dizia que só via telenovelas brasileiras, porque as nossas eram muito parecidas com o que se passava na casa dela… 

HSC

terça-feira, 29 de setembro de 2015

A Origem Transmontana

"...Uma empresa com o nome (um pouco estranho, há que dizer) de "Origem Transmontana" - e pergunto-me como foi possível ser autorizada uma designação tão enganadora como esta - foi acusada de comercializar produtos que se provou associados a uma doença derivada da cadeia alimentar, felizmente sem consequências mortais."

Este excerto pode ler-se no blogue - http://duas-ou-tres.blogspot.pt - do Embaixador Seixas da Costa e eu faço eco dele, porque lhe reconheço carradas de razão. 
Como é que a autoridade competente deixou registar uma marca que corresponde a uma designação de origem? E já agora como é que as autoridades locais e os concorrentes não reclamaram de tal autorização?
A região ficou com a sua imagem prejudicada, o que é profundamente injusto porque a generalidade deste género de produtos alimentares transmontanos é de excelente qualidade 
Este incidente, ao lançar um tal labéu, deveria levar à revisão da legislação que se ocupa de marcas e patentes, de modo a não permitir que tal possa repetir-se.

HSC

Vá lá a gente entender...

É tido como sendo mais ou menos do senso comum que a esquerda é que se preocupa com as "pessoas" e a direita com o "dinheiro". Claro que conheço muito boa gente de um lado e do outro que pensa e faz exactamente o contrário...
Mas este tempo complexo e nem sempre nobre em que vivemos, tem-me trazido algumas surpresas. Assim, vejam lá se conseguem entender bem estas declarações retiradas do Diário de Notícias




Carrapatoso e Ulrich - sobretudo este último, que afiançava que os portugueses 

ainda aguentavam mais austeridade - reviram posições?

Então o ex patrão da Vodafone e o actual banqueiro não eram simpatizantes do

PSD e não conviveram bem com o actual governo?!


HSC

segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Tem melão?


Não deve ser fácil para certas pessoas responderem à pergunta "qual a fruta de que gosta mais?". Pois eu sou capaz de responder de imediato à pergunta, depois de uma análise aprofunfada que fiz durante esta campanha eleitoral.
Explico-me melhor. Tenho uma amiga com quem janto frequentemente e que, mal encomenda o prato, pergunta de imediato ao empregado se o peixe ou a carne são mesmo frescos. Claro que a resposta é sempre a mesma. E eu, a rir, lembro-lhe sempre que não há honestidade possível na matéria, porque ninguém lhe dirá "não, minha senhora, o peixinho ou a carninha são de há uma semana".
Pois bem, neste tempo de incertezas, em que a minha vontade de trabalhar - como já aqui referi antes -, não é nenhuma, dei-me conta de que, também eu, questiono quem me serve. Com efeito, quando chega a altura da sobremesa, sai-me sempre um " tem melão?". 
Trata-se, está visto, de uma interrogação igualmente calista. Porém, foi preciso vir esta época de tão densa inquietude, para me dar conta de que, afinal, eu posso responder à questão inicial deste post, acerca da minha fruta preferida. É, de facto, o melão... 
Mas também me tenho vindo a aperceber de que, muito possivelmente, a 5 de Outubro, o melão corre o risco de ser uma das frutas mais consumidas no país. É cá uma impressão que eu tenho, confesso!

HSC

Há crimes que compensam!


Leio a notícia e não quero acreditar.
A Volkswagen corre, como sabemos, o risco de vir a  enfrentar inúmeros processos a nível mundial. Processos que podem, mesmo, pôr em causa a sua sobrevivência. E o que é acontece ao seu CEO, Martin Winterkor, responsável por este escândalo? Apenas isto: vai para casa com uma indemnização de 28 milhões de dólares. E ainda há quem duvide que o crime compensa...


HSC

sábado, 26 de setembro de 2015

A Bimby, a política e eu


A Bimby e eu não somos, certamente, compatíveis, porque ela faz tudo aquilo que eu gosto de fazer e não quero que ninguém faça por mim.
Não tem conto as vezes que já me tentaram vender um destes robots, esclarecendo, mesmo, que todos os Chef’s a têm, como se eu fosse um deles. Até o meu filho Miguel – e ambos os meus filhos cozinham bem –, uma vez, se prontificou a oferecer-me uma a meias com o irmão.
É uma luta que tem anos. Tenho seis livros de cozinha publicados, gosto muito de cozinhar, tenho uma biblioteca gastronómica de fazer inveja a muitos especialistas, uso varinha, picadora, liquidificadora e muitos outros utensílios mais, mas nunca usei uma Bimby. E acredito que não será património que deixarei aos meus.
Porquê? Primeiro, porque a julgo uma peça muito cara. Segundo, porque ela me tira o prazer de ser a autora directa daquilo que preparo. Terceiro, porque eu gosto de ver a evolução gradual do que cozinho.
A Bimby parece-se com a política: metem-se nela os produtos e sai sempre o mesmo preparado, seja quem for que a maneje...


HSC

Acção de campanha

É hora do jantar e a televisão está ligada no noticiário da TVI que nos brinda com mais uma acção de campanha.
A câmara capta dezenas de idosos que saem de uma camioneta e se dirigem para um pavilhão onde iria ser servido um almoço e um comício.
O jornalista de serviço aproxima-se de um casal e pergunta porque razão eles estavam ali. Nenhum sabe responder apesar de  se dirigirem para um local amplamente engalanado com patrióticas bandeiras bem esclarecedoras do regimento partidário que representavam.
A mulher ainda ensaia uma resposta do tipo “acho que é dos votos, ou qualquer coisa assim, fomos convidados e viemos”. O homem é mais claro: “a Junta convidou e viemos. Mas diga-me o senhor, que sabe mais: o que estamos aqui a fazer?”.
O jornalista nem piou e as imagens do interior do pavilhão encheram o pequeno ecrã com mulheres em pé de dança e um cantor pimba a animar umas centenas de velhotes sentados em cadeiras de plástico. No fim, o candidato discursa. Não interessa, sequer, dizer quem é o candidato. É um deles. Tanto faz.
Só sei que sinto uma profunda tristeza ao ver como a política se pode transformar neste género de palhaçada que, sem vergonha, usa e explora a fragilidade de alguns cidadãos, a troco de uma refeição gratuita.
E que lamentável comunicação social temos nós, que cobre estas encenações sem um módico de seriedade.


HSC

quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Plaza Suite


Desde que o meu IRS - por uma inqualificável marosca fiscal aplicada a quem tem profissão liberal - me eclipsou as férias, a minha vontade de trabalhar atingiu o ponto zero. Por isso encerrei os taipais e decidi por uns tempos mandar o trabalho às urtigas. Em consequência passei a fazer uma série de coisas para as quais raramente tinha tempo. A primeira terá sido ir ao teatro. Há dias falei-vos de uma peça e agora falo-vos de outra, Plaza Suite, com Alexandra Lencastre e Diogo Infante.
Para já duas declarações prévias. Uma é a de que sou fã incondicional do último e a outra é que a actriz - do que conhecia dela -, até agora, não me havia convencido. Talvez porque, sendo prima da Inês Pedrosa, de quem sou muito amiga, a comparação não lhe fosse favorável.
Pois bem, vou ter de dar a mão à palmatória. Desta vez, a Alexandra convenceu-me mesmo. Eu estava enganada e, em dois papeis difíceis, ela saiu-se muitíssimo bem.
Plaza Suite é uma comédia sobre o amor que fala das desventuras de dois casais, muito diferentes face a momentos cruciais nas suas vidas. Duas histórias escritas por Neil Simon, um dos nomes maiores da dramaturgia norte americana. Este texto foi um grande sucesso teatral e a ideia de o representar cá ficou a dever-se a Diogo Infante que convenceu a Força de Produção. Em boa hora o fez!
São duas histórias com quatro personagens interpretados por dois actores. Na primeira uma mulher tenta reconquistar o afecto do seu marido e na segunda os pais de uma jovem noiva tentam convencê-la a sair da casa de banho, onde se trancou poucos minutos antes de começar sua festa de casamento. 
Diogo e Alexandra são excelentes e dão-nos hora e meia de boa disposição e de riso quase permanente, numa peça que revela muito da hipócrita sociedade em que vivemos!
Numa época em que já nem o cinema consegue vencer as modernas tecnologias e encher as salas, o teatro merece todo o nosso apoio!

HSC