quarta-feira, 16 de dezembro de 2020

Uma porta aberta...


Sou uma admiradora fidelíssima do Prof Sobrinho Simões. Tanto que tive a ousadia de, um dia, lhe pedir para apresentar um livro meu. Foi e continua a ser uma das pessoas que mais me marcaram pela humanidade e franqueza com que sempre fala. Para além disto, os temas que aborda remetem-me com frequência para aqueles que também ocupam o Prof. Antonio Damásio. Ambos se dão conta de um facto, poventura inexplicável, que o saber e o sentir estão intimamente ligados. 

Sempre tive consciência, desde bastante nova, de que havia uma inteligência emocional que ditava alguns dos meus actos. Anos mais tarde o chamado QE viria completar o nosso já conhecido QI tão usado para distinguir os mais e os menos inteligentes.

Com a idade e as pesquisas que foram sendo levadas a efeito percebi que ser apenas muito inteligente não chegava. Era também preciso ter uma certa dose de emoção para que as decisões que tomássemos fossem as melhores.

Nesta entrevista, o Prof. Sobrinho Simões fala-nos de aspectos que, no futuro, devem preocupar-nos e salienta que apesar de todas as criticas justas que aqui ou ali se lhe possam fazer, o SNS português aguentou, até agora, com a pandemia. No entanto, perpassa por ele uma certa tristeza. Os seus pacientes de cancro diminuíram, o que o levou a virar as suas pesquisas para este vírus, analisando as tiróides de pessoas que haviam morrido com Covid.

A sua grande preocupação neste momento é a geração do futuro, nomeadamente a que se refere à dos netos, que ninguém sabe como resultará depois de passar por esta experiência. Finalmente, também não  deixa de sentir uma certa pena, por estar a estudar questões de cujos resultados não poderá infelizmente vir a servir-se.

Não é uma entrevista triste. É uma confissão algo amarga de quem já não estará cá para poder assistir ao futuro, que prevê, possa ainda trazer-nos muitas surpresas que a ciência, pese embora o seu avanço,  continuará a não saber dar resposta.

Nao sei se o Professor tem alguma religião. Nem isso, possivelmente no seu caso, teria grande importância. Mas que ele deixa uma porta aberta ao inexplicável, isso deixa. Para mim será uma força que nos ultrapassa e a que chamo Deus. Para os outros, não sei.

HSC

8 comentários:

Pedro Coimbra disse...

Julgo que estará a referir-se a uma entrevista que foi transmitida na Antena 1 e que também ouvi.
Sobrinho Simões é um daqueles seres superiores.
Manuel Damásio também.
Gente que nos enriquece.

Dalma disse...

HSC,sempre que leio um escrito por um cientista em nome próprio ou uma entrevista, procuro sempre ver ou ler nas entrelinhas o que professam ou se professam alguma religião. Tb no caso da entrevista do Prof. Sobrinho Simões o fiz e acho que, pelo diz e como diz, que é agnóstico, o que não me surpreende. Na realidade o que me surpreenderia seria o contrário!

Dalma disse...

Acho que o seu corretor abusou da autonomia e escreveu “góticos” em vez de “agnósticos”. Não terá sido?

Helena Sacadura Cabral disse...

Dalma muitas vezes me pergunto a que se agarrarão os agnósticos já que os ateus que conheço não se agarram a nada e, por vezes, desistem mesmo de viver.

Helena Sacadura Cabral disse...


Cara Dalma, nem mais! obrigada.

Pedro Coimbra disse...

Votos de Santo Natal para si e toda a família

Anónimo disse...

Idalina Tavares
Obrigada D.Helena desejo um Santo Natal.....um bom. Ano com muita saúde para continuar a escrever ....
Bias Festas...

Anónimo disse...

O cientista português que gosto sempre de ouvir e ler. Sábio e simples.
Um Natal com Saúde para si e todos os seus. E Paz.