terça-feira, 30 de janeiro de 2018

Parece-me demais...


O excesso de moralismo tem, sobre mim, um efeito perverso. Não é de agora e sempre me senti desconfortável quando tentaram aplicar-me figurinos do politicamente correcto.
Vem isto a propósito da malha apertada a que muitos de nós ficamos sujeitos pelo exercício de certas funções públicas ou, até, por sorte ou azar, nos termos tornado mais ou menos "afamados".
Não conheço Mario Centeno de lado algum. Nem do Banco de Portugal que ambos, em épocas diferentes, frequentámos. Nem sequer é, entre actuais ministros, aquele com quem simpatizo de modo especial. Limito-me a ter por amigo, alguém que  também é seu amigo. É pouco para estar em causa qualquer conflito de interesses. 
Por isso, estou à vontade para exprimir a minha opinião. Admito que pedir dois bilhetes para ver um jogo de futebol na bancada central, não tenha sido uma atitude feliz. Mas daí a acreditar na cumplicidade de favores que esse pedido representaria, vai uma distância que, neste momento, me recuso a percorrer.
Portugal precisa de ter uma comunicação social séria, que não embarque de imediato no julgamento em praça publica, apesar das audiências que isso comporta. Porque o mal que tal comportamento provoca na pessoa visada não é nada comparado com o mal que provoca no país e na imagem que este carece de projectar no exterior.
Repito, não tenho qualquer filiação partidária, nao conheço nem simpatizo muito com Mario Centeno, ninguém me encomendou o sermão e até estou em total desacordo com algumas medidas tomadas pelo Ministro da Finanças. Mas não gosto nem desejo ver um ministro português ser enxovalhado e julgado na praça publica nacional e estrangeira, sem que as instituições próprias o tenham avaliado.

HSC

segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

The Post


Fui ver o filme "The Post" realizado por Steven Spielberg, que nos EUA tem sido objecto de grande polémica por alguns considerarem que o realizador terá dado uma visão moralista da história. Verdade ou não, trata-se de um filme importante que aborda ligações entre a política e jornais mas também as lamentáveis mentiras a que os governos nos submetem, quando entendem que a verdade "não pode ou não deve" ser conhecida.
A película é inspirada na aventura de Katharine "Kay" Graham e do editor Ben Bradley que, em 1971, divulgaram no seu jornal - o Washington Post -, os “Pentagon Papers” sobre o envolvimento dos Estados Unidos na Guerra do Vietmam, desafiando a proibição do governo americano. Esta decisão mudou para sempre a história do jornalismo nos Estados Unidos. Posteriormente, havia de seguir-se o caso Watergate e a cobertura por parte do The Post deste novo escândalo.
Para quem fez jornalismo e sabe o que era a vida nas redações dos jornais da época,  é natural que a película  provoque uma certa nostalgia. Foi algo que passou por mim ao de leve, já que o mundo das revistas onde trabalhei, era um pouco diferente. Mas o "cheiro, o  stress, o ambiente, esses eram muito semelhantes".
Meryl Streep, como sempre, revela-se uma actriz notável. E até Tom Hanks, actor que não aprecio muito, tem aqui um belíssimo desempenho. Enfim, um novo filme de Spielberg a não perder!
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HSC

sábado, 27 de janeiro de 2018

Igreja: O Papa e o Padre Tolentino (16)

Muitos terão lido a notícia. Mas aqui fica o registo, para quem possa não o ter feito. O "meu" Padre Tolentino vai orientar em  Ariccia, perto de Roma, os Exercícios Espirituais da Quaresma para o Papa Francisco, que têm inicio agendado para 18 de Fevereiro e conclusão prevista para 23 do mesmo mês.
O tema escolhido foi o "Elogio da sede", que abrangerá dez meditações, descritas abaixo, as quais dão uma ideia do que possa vir a constituir a vivência deste período tão especial na vida da Igreja Católica, do seu Papa e dos fiéis. Assim, serão abordados as seguintes questões:

1. Aprendizes do assombro
2. A ciência da sede
3. Percebi que estava com sede
4. Esta sede de nada
5. A sede de Jesus
6. As lágrimas contam uma sede
7. Beber da própria sede
8. As formas do desejo
9 Escutar a sede das periferias
10. A bem-aventurança da sede

Vale a pena dizer quem é Tolentino de Mendonça. Trata-se de um jovem que foi ordenado padre aos 24 anos e se doutorou em Roma na área da Teologia Bíblica. Torna-se professor e investigador das disciplinas bíblicas na Universidade Católica, da qual virá a ser Vice Reitor. 
Poeta, ensaísta e tradutor, tem mais de duas dezenas de livros publicados e é colunista residente do semanário Expresso. Para além deste currículo, é actualmente o responsável pastoral da Capela do Rato em Lisboa e foi o primeiro director do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura, que tem como um dos principais objectivos o diálogo da Igreja com o mundo da Arte e do pensamento contemporâneo. Possui vários prémios literários e é Comendador da da Ordem de Sant'iago da Espada.
Vale ainda a pena lembrar - para aqueles que acreditam -, que a Quaresma, tempo de preparação para a celebração da morte e ressurreição de Cristo, começa na quarta feira de Cinzas, a !4 de Fevereiro e termina na tarde quinta feira Santa, a 29 de Março próximo.
Tenho para com o Padre Tolentino uma dívida de vida. Sem o seu apoio, dificilmente teria aguentado a morte do meu filho. Mas, e talvez mais importante que tudo, sei e sinto que enquanto cá ficar, estarei sempre sob a sua proteção.

HSC



quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

Um apelo

Já aqui neste blog, há uns anos, pedi uma corrente de orações por uma querida amiga que ia ser submetida a uma grave intervenção cirúrgica. Muitos atenderam o meu pedido. A minha querida amiga salvou-se e está aí a provar o peso da oração colectiva.
Hoje venho fazer um apelo idêntico. O filho de um amigo que muito estimo, foi submetido a uma operação na sequência de um atropelamento. Que aqueles que crêem rezem por ele é o que vos peço. A ciência torna-se sempre mais eficaz com a fé dos que acreditam. Fico muito grata aos que queiram juntar às minhas as suas orações. Bem hajam!

HSC

sábado, 20 de janeiro de 2018

O meu quarteto no SAMS

Pertenço ao grupo de pessoas que, pelo facto de ter trabalhado muitos anos na Banca, assistiu e beneficiou do progresso do SAMS. Quando José Roquette saiu para o Hospital da Luz, senti-me um pouco inquieta, não porque alguma vez ele me tenha tratado, mas porque era um amigo e isso me tranquilizava, caso necessitasse de lá ir. 
Em duas áreas senti que tinha de ter no SAMS interlocutores para os médicos que, no exterior, me tratavam antes de ser bancária. Uma era a da medicina interna, outra a da oftalmologia. 
Foi assim que encontrei o Dr Faustino Ferreira e o Dr Pedro Cruz. Este último conhecia a médica que sempre acompanhou as minhas complicações oculares muito ligadas ao meus sistema imunitário, o que me tranquilizava para quando ela deixasse de trabalhar. Com efeito, sempre que tive de o procurar por ausência da amiga especialista, encontrei um profissional muito atento e empenhado e que elogiou a colega que me tratava. É uma pessoa de excelente trato, que ouve o paciente e explica o que deve explicar. Fiquei, portanto, em mãos seguras, para o futuro.
Já com o Dr Faustino Ferreira foi diferente. Eu não tinha internista. Era sempre o meu querido cardiologista e amigo Pedro Abreu Loureiro que me ajudava nas pequenas maleitas que ia tendo. Já antes o tinham feito o Sergio Sabido Ferreira e o José Pinto Correia, ambos amigos falecidos, de quem tenho muitas saudades. 
Assim, havia que escolher alguém do SAMS. Dois nomes me foram indicados. Mas os elogios que ouvi de um deles foram tantos, que não hesitei e me apresentei no seu consultório. E isto, muito antes de ele vir a ser nomeado director clinico do Hospital.
Confirmei todos os rumores que ouvira. Descobri "o meu médico de excelência", aquele com quem se pode falar de tudo o que nos preocupa, aquele que faz da medicina um desígnio e não apenas uma profissão. É com ele que discuto o que devo fazer e o seu conselho é para mim algo que não merece qualquer dúvida.
Foi, ainda no SAMS, que havia de descobrir alguém de quem me tornei verdadeiramente amiga. Trata-se da médica Cecília Vaz Pinto, responsável pelo serviço de Fisioterapia / Reabilitação e cuja equipa conseguiu eliminar completamente um enorme colóide resultante de uma intervenção cirúrgica. Hoje, quem olhe para a minha mão esquerda, não lobriga qualquer marca. Foi o seu empenho e a sua equipe que tornaram isto possível. Para além disto descobri uma pessoa admirável de ponto de vista humano. 
Por fim, uma palavra muito especial ao Prof. Francisco Salvado e à sua equipe chefiada pela Dra Filomena Coimbra que me fizeram uma reconstrução oral bem difícil e que , não duvido, se precisar de algo, lá estarão para me receber.

HSC

domingo, 14 de janeiro de 2018

JNCQUOI


À semelhança do que acontece com muita gente, nos fins de semana de inverno gosto de gozar a minha casa, a companhia de amigos ou ler e ouvir música.
Abro ao Domingo duas excepções: a missa e o almoço. Tempo houve em que reunia em casa a família, mas com a morte do Miguel nunca mais fiz isso – era demasiado doloroso – e passei a almoçar fora com o outro filho - ou com amigos, quando ele não está - em sítios bastante diferentes, dado que, fora os hotéis, são poucos os locais agradáveis, quentes e tranquilos para se estar.
Curiosamente, foi esta escassez de locais que me tem levado a descobrir verdadeiras surpresas. Foi, há uns meses, o caso do JNCQUOI, um imenso e muito agradável espaço na Avenida da Liberdade, aberto também ao Domingo.
Parece-lhes um título estranho?! Talvez não, se pronunciarem devagarinho e souberem francês. Trata-se da abreviatura em português do "Je ne sais quoi", que significa algo de semelhante a um "não sei o quê", dito como forma de elogio a algo que apreciamos sem saber exatamente qual a razão principal.
É por isto que falo dele. A comida é excelente e o serviço é rápido, com bastantes empregados, sempre de sorriso afável. O ambiente, moderno e caloroso, acolhe-nos como se a nossa presença fosse sempre esperada e indispensável. Fiquei fã e vou lá com alguma frequência. Mas não sei dizer se é a comida ou o ar que se respira, que mais me atrai.
Hoje descobri o bar que existe no andar de baixo, onde estamos rodeados de estantes de vinhos e de especialidades gourmet. Na próxima vez, se for sozinha, é lá que irei parar, dado que a carta e o ambiente são igualmente aliciantes.
O fundador e CEO é Miguel Guedes de Sousa, que além de filho de uma saudosa amiga minha tem, nesta área, um curriculum de fazer inveja aos maiores.
E, para terminar, se gostam, como eu, de “macarrons”, saem de lá e passam à LADURÉE, mesmo ao lado, e abastecem a vossa casa destes maravilhosos doces.

HSC

sábado, 13 de janeiro de 2018

Igreja: a Fé e a dúvida (15 )

«Há dias em que Deus é tudo para mim. Há dias em que não é nada, como se eu nesses dias não fosse mais que uma criatura animal ou vegetal, uma besta que treme, ou que canta, uma planta que não precisa de mais nada a não ser ar, água e sol. Há dias em que não tenho alma.»
Esta experiência – vivida mais cedo ou mais tarde por todos aqueles que têm uma religião – faz parte da fé e da própria vida.
Há um tempo em que Deus parece eclipsar-se e calar-se. Como se nós deixássemos de fazer parte das suas preocupações. É o período do deserto, da subida ao monte Moriá como Abraão, ou ao Carmelo como S. João da Cruz.
É uma representação nítida e intensa da experiência que atinge também os grandes mestres do espírito. Viveu-a Santa Teresa de Ávila na sua longa fase de «aridez espiritual». E vivemo-la muitos de nós, no silêncio de uma vida dita normal.
A espiritualidade de cada um não é um mar tranquilo. Ela atravessa, ao longo da nossa existência, períodos de uma profunda intensidade, de uma imensa riqueza, a que se seguem vagas de dúvidas, de incertezas, de inseguranças. Não desistir de nós próprios é, talvez, a maior prova de que a Fé está lá, escondida no canto mais recôndito da nossa alma.
HSC

sábado, 6 de janeiro de 2018

Nem a solidariedade social escapa?

A Raríssimas – Associação Nacional de Deficiências Mentais e Raras foi fundada em 2002 com o objetivo de “apoiar todos os cidadãos portadores de doenças menos comuns e todos aqueles que com eles se correlacionam”. A iniciativa partiu de um grupo de pais, encabeçado por Paula Brito e Costa, cujo filho padecia do Síndrome de Cornélia de Lange.
Na Casa dos Marcos na Moita, a Raríssimas presta serviços de clínica, lar residencial, residência autónoma e campo de férias e em  Outubro de 2003 foi oficialmente reconhecida como Instituição Particular de Solidariedade Social de utilidade pública. Sabemos todos hoje que está sob investigação.

A Fundação “O Século”, criada em 1998, tem raízes na Colónia Balnear Infantil O Século, que João Pereira da Rosa, então director do jornal com o mesmo nome, fundou em 1927 para dar férias às crianças mais desfavorecidas, em São Pedro do Estoril.
Para além das colónias de férias a Fundação presta hoje diversos serviços de alojamento, creche e pré-escolar, apoio alimentar e domiciliário, e programas de ocupação de tempos-livres em bairros problemáticos de Cascais.
É reconhecida como Instituição Privada de Solidariedade Social, com o estatuto de Utilidade Pública, desde junho de 1999. Acabámos de saber que também se encontra sob investigação.

O mais lamentável destas duas ultimas “estórias” é que se trata de instituições privadas cuja actividade é de grande utilidade para o país e em que o Estado financia uma parte, porque não tem instituições próprias com as mesmas finalidades.
O mais dramático é que as crianças e os adultos que carecem de ajuda vejam ameaçadas as instituições de que dependem e os Pais desesperem sob escrutínio público a que as mesmas ficaram subitamente sujeitas.
Parecemos um país de malfeitores onde já nem a solidariedade social escapa ao flagelo da corrupção.

HSC

quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

"Vocês"...

Já não gostava muito da expressão "você", porque a considerava mistificadora. Mas agora, vá lá saber-se porquê, as vendedoras das lojas usam-na com frequência, quer se estejam a dirigir a homens ou a mulheres, a novos ou a velhos. Desapareceu o tratamento de senhor ou de senhora. E, confesso, não me agrada muito que alguém com vinte anos, que me não conhece de lado nenhum, se me dirija com um redondo você.
A coisa pegou de tal modo, que acabou por chegar à televisão, onde certas apresentadoras, nomeadamente de programas culinários, em lugar do habitual telespectador, nos presenteiam, mimosas e sorridentes, com o plural "vocês". É uma forma de tratamento pouco admissível em televisão, nomeadamente entre pessoas que se não conhecem. Basta assistir a um programa de Martha Stewart ou Ina Garten para perceber a diferença entre naturalidade e intimidade.
Seguramente que estas jovens não tratam a avó ou a mãe deste modo. E se tratam será porque ninguém lhes ensinou que respeitinho é bom e recomenda-se!

HSC

terça-feira, 2 de janeiro de 2018

Surprising Centeno!


Afinal o ano de 2017 sempre terminou em beleza. Pelo menos para o nosso super Ministro das Finanças que posou numa selfie com a socialite Lilli Caneças. E para Lilli que consegue, finalmente, passar do convívio com reis e rainhas, para o do poder político republicano internacional!
Esta nem o nosso Presidente alcançou, com tanto afecto distribuído. E Centeno sempre leva para o novo posto, uma dose de glamour... muito ao jeito dos anos sessenta.
A esquerda deve estar a roer-se de inveja!

HSC