sexta-feira, 29 de abril de 2022

Agora é com os leitores!

 


Acabo de ter uma boa notícia, que quero partilhar com todos aqueles que têm o prazer e a paciência de me lerem. Estou muito satisfeita com esta novidade, em que dois dos meus livros foram escolhidos para o "Livro do Ano" das Livrarias Bertrand. Um em ficção - os Amores Imperfeitos - editado pelo Clube do Autor e outro em não ficção - o Passo a Passo - editado pela Penguin Random House.

Agora está nas mãos dos leitores escolher entre as vária obras selecionadas para figurarem naquela lista.. Se alguma obra minha merecer essa atenção, fico muito mais contente. Mas, para quem já escreveu 40 livros, ter chegado até aqui, em ambos os campos, confesso que toca algo lá bem no fundo do meu coração. Estaremos pois, eu e todos os outros, nas vossas mãos. Para mim é uma primeira eleição e, não sendo politica, só prometo continuar até que as mãos me doam!

HSC

Tanto carinho!




Já por mais de uma vez, aqui falei da excelência dos CTT de Coimbra, no tratamento dado aos autores que a loja disponibiliza.  Nas sessões de autógrafos corre sempre tudo com tanta naturalidade, que é muito fácil sentirmo-nos em casa. 

Deve ser a terceira ou quarta vez que estou com eles. A maioria das caras já as conheço e o prazer que tenho de as rever, diz muito da estima que lhes tenho.

Ontem mais uma vez receberam-me de braços abertos. Terei assinado cerca de uma centena de livros mas, como me tinha reforçado, almoçando no meu restaurante preferido da Mealhado, o Pedro dos Leitões, onde já sou conhecida, as assinaturas fluíram sem grande esforço.

Depois, porta já fechada, aquele maravilhosa equipe, ainda tinha para mim umas surpresas. Além de um lindo ramo de flores e de um precioso livro de filatelia, esperava-me uma mesa com um bolo cópia da capa do livro Amores imperfeitos, cuja precisão era impressionante. Mais uma vez se provou que os nossos pasteleiros são capazes do mais inesperado e não ficam a dever nada a ninguém dos laureados.

Confesso-vos que fiquei comovida, pelo que aquele gesto representava de carinho. E eu, com a idade, aprecio cada vez mais as manifestações de afeto de que sou alvo. Podia ser um bolo qualquer, e já seria muita gentileza. Mas levar o meu livro para que o bolo reproduzisse a sua capa, tocou um cantinho do meu coração e esta sessão de autógrafos será sempre lembrado como uma sessão  muito especial!

HSC

terça-feira, 26 de abril de 2022

Sessão de autógrafos em Coimbra


 A quem interessar saber, irei estar esta quinta feira, em Coimbra, nos CTT Fernão de Magalhães para uma sessão de autógrafos. Quem quiser e puder, será muito bem vindo, à Av. Fernão de Magalhães nº 223.

HSC

segunda-feira, 25 de abril de 2022

Uma década

Há dez anos que o Miguel partiu. O meu filho Paulo e o meu neto André cumulam-me de ternura e de mimo, para que a ausência seja menor. E é esse amor que vem preenchendo aquela metade do coração que ficou vazio.

Nada nem ninguém substitui um filho. Mas o carinho deles foi o suporte indispensável do meu luto, que há dois anos, decidi terminar, para que a alegria pudesse voltar a ser o meu norte.

Continuo, como ele me pediu, a manter a minha vida afetiva e profissional. Quase sempre acompanhada por algo que substitui a sua presença. É difícil explicar, porque é como se fosse uma brisa, um cheiro, um halo que me acompanha e está entranhado em mim.

Agora, é tempo de lembrar, com alegria, tudo o que de bom o meu filho me deixou e rezar por ele!

HSC

terça-feira, 19 de abril de 2022

O Meu Corpo Humano


Deixem-me começar por dizer que "O MEU CORPO HUMANO" é o ultimo livro de Maria do Rosário Pedreira, uma cuidadosíssima edição da Quetzal.

Maria do Rosário é uma mulher muito especial, de quem se pode gostar muito e por razões bastante diversas. Eu nutro por ela uma profunda admiração que nasceu de tudo o que li dela. Considero-a, aliás, uma das nossas grandes poetisas.

Os livros são o seu mundo. Mas este a que me refiro marcou-me muito profundamente. Como sempre faço, a primeira leitura foi em voz alta. A segunda já foi recolhida no silêncio do meu quarto e confesso-vos alguns poemas fizeram mesmo com que os meus olhos se turvassem.

Do meu ponto de vista é um livro sobre  as emoções pelas quais o nosso corpo passa. Com efeito, a sua arquitetura liga cada uma das emoções, sensações e memórias a uma parte do corpo ou mesmo a determinados órgãos. Assim passamos da cabeça aos rins e aos tornozelos, dos olhos às mãos e ao coração, havendo sempre uma relação entre as partes do corpo e o sofrimento ou a saudade que habita a vida de cada um de nós, a nossa memória e as marcas que deixámos passar. 

É quase uma aula de anatomia em que se procuram todos os segredos, todas as recordações em cada pedaço do corpo que habitamos e de que nos não desfizemos. Vivemos anos sem nos darmos conta, que desse corpo fizeram parte outros corpos, a quem nos entregámos ou de quem fugimos, para um dia olharmos para o espelho e só vermos quem fomos e não quem somos.

Não sou especialista da matéria, mas sou consumidora. A autora, que eu conheço de outras leituras, está toda aqui neste seu livro. Mas a densidade que, entretanto, adquiriu, faz desta obra, para mim, uma pequena maravilha, que mexeu com o meu corpo, a minha mente, as minhas emoções. Obrigada Maria do Rosário!

HSC 

domingo, 17 de abril de 2022

Belfast


Dei-me ontem o presente pascoal de uma ida ao cinema em a sala que teria, talvez dez pessoas contando com os dois que éramos nós. Uma delicia de ambiente, sem pipocas nem criaturas enroladas umas nas outras fazendo da sala o local do "crime", a que nos obrigam a participar. Tanto sítio romântico que há por aí, vazio, e os pombos elegem o escuro e a presença da plateia. Enfim, desígnios da Providência para quem está á sua volta.

O filme a branco e preto é realizado por um excelente ator, Kenneth Branagh. Passa-se na Irlanda do Norte dos anos 60, onde um menino de 9 anos experimenta o amor, a alegria e a perda. No meio de conflitos políticos e sociais, o garoto tenta encontrar um lugar seguro para sonhar, enquanto a sua família busca uma vida melhor. Tudo decorre numa rua, mas ela ilustra muito bem a tremenda  violência de que aquela guerra se revestiu.

Ver este filme a poucos dias do aniversário da morte e nascimento de um filho querido, num ambiente que perto ou longe, é de guerra, mostrou-me duas coisas. Uma, que o ser humano em seis  décadas não aprendeu nada do que seja a imperiosa necessidade de conviver  e aceitar a diferença. Outra, que por mais anos que passem sobre mim, as saudades do Miguel vão-se adensando.

Já não é luto. Já não será tristeza. É uma ausência, um bocado de mim, um ar que se não respira. É, enfim, uma saudade imensa de ouvir os dois irmãos falarem sobre aquele filme e sobre o nefasto que representa a ideologia ou a religião, quando servem para afastar e não para unir, naquilo que possam ter de comum, que é o desejo de felicidade do ser humano.

Belfast é um soco no estomago, nesta época de uma guerra ideológica, em que todos somos arrastados e pode, até num extremo imprevisível, acabar com o planeta.

Não deixe, quem possa, de ver o filme, que é dedicado por igual aos que fogem da guerra e aos que ficam a lutar contra o inimigo. E que é, também, um admirável elogio às mães de uns e de outros!

HSC

sábado, 9 de abril de 2022

Adeus Maria de Jesus


Há meses, por ocasião da sua morte, escrevi aqui, o quanto me ligava ao António Serra Lopes e à sua mulher Maria de Jesus. Foram anos muito importantes na minha vida, aqueles que compartilhei com ambos.

Deus permitiu sempre que as minhas  mágoas pudessem ser amenizadas com aqueles amigos cujo ombro nunca falta. Foi o caso da Maria de Jesus e do António. Com eles foram os maus bocados e os bons conselhos que sempre me deram.

Há pessoas com quem nos cruzamos porque Alguém dispôs que elas seriam uma presença benéfica nas nossas vidas. Minha querida Maria, despeço-me de ti, com lágrimas nos olhos, porque fui apanhada completamente de surpresa. Mas levas contigo os segredos que te confiei, as risadas que por causa de alguns deles demos e a imensa ternura que nos uniu. Que descanses em paz, junto ao Antonio! 

HSC

sexta-feira, 8 de abril de 2022

Os bons velhos amigos


Sou amiga e gosto muito do Daniel e da Natália Proença de Carvalho. Conheço-os há tantos anos, que não consigo localizar no tempo quem nos apresentou. Sim, porque, creio, devemos ter sido apresentados algures, lá muito para trás.

Há dias, recebi o seu último livro - "Justiça, Política e Comunicação Social" - Memórias de um Advogado -, acompanhado do convite para assistir ao seu lançamento, no Auditório da Fundação Champalimaud.

Só se estivesse doente é que não iria. Felizmente fui e estou muito feliz por ter ido. Explico-me. A apresentação da obra decorreu num ambiente que eu chamaria de uma junção do lado institucional com o dos velhos amigos. Havia um sentimento de liberdade entre os convidados, que misturava muita gente conhecida - que ocupa ou ocupou lugares de destaque -, mas que ali estavam, sobretudo, pela amizade que as ligava ao autor. Era o caso de Marcelo Rebelo de Sousa, do General Ramalho Eanes, de Pinto Balsemão e muitos outros que partilharam a vida de Daniel.

Falo dos apresentadores. A primeira , Leonor Beleza fez o discurso que se esperava da anfitriã, que nunca deixa de referir os laços pessoais que a ligam ao autor. O segundo, o poeta Manuel Alegre que, do meu ponto de vista deveria manter-se como bom poeta que é, disse o que se poderia esperar que dissesse. Finalmente Miguel Sousa Tavares, que eu ouvia pela primeira vez, depois da sua escusa ao jornalismo, encheu de brio os corações atentos. Falou de todos nós portugueses, dos que estavam mencionados no livro e nos outros. E a mim, que até nem pertenço ao grupo das suas simpatias, deixou-me profundamente tocada. Talvez tenha sido uma das melhores apresentações a que assisti! Daniel encerraria agradecendo a todos com aquela inata capacidade de cativar os outros. Por fim, sem que se esperasse - pelo menos eu - Marcelo Rebelo de Sousa, falando enquanto Presidente da Republica, encerrou bem a comemoração. 

Mas, surpresa das surpresas uma canção em fundo de jazz, começaria a fazer-se ouvir enquanto o palco girava e aparecia a orquestra dos amigos que sempre o acompanharam nessa diversão / compensação que para si e para eles sempre foi a música. Seriam uns momentos de puro deleite para quem como eu, já tinha no passado assistido a outras mais familiares.

Confesso que vim para casa de alma cheia. De saudades, do tempo em que a pandemia me afastou deles, e que só compensei no estreito abraço que consegui dar-lhes. E também de ter gostado tanto de ouvir alguém, como o Miguel, finalmente me parecer ser a pessoa que sempre julguei que ele fosse,  mas que escondia atrás daquela que me costumava irritar.

Obrigada Natália e Daniel por ter tido a demonstração de que continuava a estar entre os vossos velhos amigos. Porque foi também isso -a amizade- que ali se celebrou!

HSC