quarta-feira, 29 de dezembro de 2021

O discurso do Papa Francisco

É belíssima esta homilia do Papa Francisco! Vale a pena ler e reler sem que isso nos canse. São as palavras de um ser humano, já perto dos 90 anos que merecem ser meditadas nesta já próxima passagem do ano e em que as pessoas só se queixam dos sacrifícios que têm de fazer para ir ao restaurante, ao bar, ao cinema e aos festivais!

"Puedes tener defectos, estar ansioso y vivir enojado a veces, pero no olvides que tu vida es la empresa más grande del mundo. Sólo tú puedes evitar que se vaya cuesta abajo. Muchos te aprecian, admiran y aman.  Si repensabas que ser feliz es no tener un cielo sin tormenta, un camino sin accidentes, trabajar sin cansancio, relaciones sin desengaños, estabas equivocado.

Ser feliz no es sólo disfrutar de la sonrisa, sino también reflexionar sobre la tristeza.

No sólo es celebrar los éxitos, sino aprender lecciones de los fracasos.

No es sólo sentirse feliz con los aplausos, sino ser feliz en el anonimato. 

La vida vale la pena vivirla, a pesar de todos los desafíos, malentendidos, periodos de crisis. Ser feliz no es un destino del destino, sino un logro para quien logra viajar dentro de sí mismo. Ser feliz es dejar de sentirse víctima de los problemas y convertirse en el autor de la propia historia, atraviesas desiertos fuera de ti, pero logras encontrar un oasis en el fondo de vuestra  alma.

Ser feliz es dar gracias por cada mañana, por el milagro de la vida.  Ser feliz es no tener miedo de tus propios sentimientos.  Es saber hablar de ti.  Es tener el coraje de escuchar un "no".  Es sentirse seguro al recibir una crítica, aunque sea injusta.  Es besar a los niños, mimar a los padres, vivir momentos poéticos con los amigos, incluso cuando nos lastiman. 

Ser feliz es dejar vivir a la criatura que vive en cada uno de nosotros, libre, feliz y sencilla.  Es tener la madurez para poder decir: "Me equivoqué".  Es tener el valor de decir: "perdón".  Significa tener la sensibilidad para decir: "Te necesito".  Significa tener la capacidad de decir "te amo". 

Que tu vida se convierta en un jardín de oportunidades para ser feliz...

Que tu primavera sea amante de la alegría.  Que seas un amante de la sabiduría en tus inviernos. 

Y cuando te equivoques, empieza de nuevo desde el principio.  Sólo entonces te apasionará la vida.  Descubrirás que ser feliz no es tener una vida perfecta.

Pero el uso de las lágrimas es para regar la tolerancia.  Utiliza las pérdidas para entrenar la paciencia.  Usa errores para esculpir la serenidad.  Usa el dolor para pulir el placer.  Usa obstáculos para abrir ventanas de inteligencia. 

Nunca te rindas ... Nunca te rindas con las personas que te aman.  Nunca renuncies a la felicidad, porque la vida es un espectáculo increíble ”.

 Papa Francisco

HSC

segunda-feira, 27 de dezembro de 2021

Meio caminho já andado...

Há muitos anos que desejava passar um Natal tranquilo, sem o bulício das festas e de quem se vê apenas nesta época. Por muitas e variadas razões, o milagre aconteceu este ano. E nessa vivência de extrema simplicidade, senti que estava mais perto daquilo que a época significa, contrária às habituais despesas vertiginosas que a caracterizam.

Para quem é cristão, o nascimento de Jesus representa tudo menos gastos em coisas desnecessárias ou ceias feitas de comida gourmet, encomendada nas lojas da especialidade. Não me lembro de quando nasceu este hábito luxuoso, mas quando eu era criança, quer o repasto, quer os presentes, eram feitos pelas nossas próprias mãos e, essa, era a mais valia da oferta.

O frenesim dos testes, as compras de ultima hora e o esgotamento físico e psicológico com que se chegou ao dia 26 foram enormes. Haverá, agora, o descanso de dois dias e a maratona recomeça para a passagem do ano. E, tudo isto, em clima de pandemia que aconselha recato e cuidado. Por nós e pelos outros a quem possamos fazer mal.

Por isso, volto ao principio, à tranquilidade e despojo que consegui ter neste tempo, em que só o Menino, acabado de nascer, reinou entre nós. Não houve fanfarras, não houve prendas, mas houve amor, carinho, afeto e esperança. Foi, finalmente, o Natal com que sonhava há muitos anos.

Embora seja uma otimista nata, sei que o ano de 2022 não vai ser fácil. Consequências, creio, da minha profissão de economista e de poder ler, talvez mais fundo, aquilo que vamos sabendo, apesar de envolto na muita neblina das eleições à vista. Não sendo nada sebastianista e, ao contrário, sendo muito pragmática, o que peço para todos nós, é que saibamos ler os sinais e mantenhamos a esperança de que, acordados e unidos, talvez nos tornemos mais fortes para suportar o embate que pode vir!

HSC

terça-feira, 21 de dezembro de 2021

"Tendiendo puentes"


A imagem que vemos acima é magnifica de significado e como obra escultural.  Chama-se "Tendiendo Puentes", o seu autor é Lorenzo Quinn e foi apresentada na bienal de Veneza.

As mãos enlaçadas, de maneira sempre diferente, encontram-se sobre uma via fluvial no distrito de Castelli, em Veneza. As mãos simbolizam a necessidade de haver pontes para superar diferenças e dificuldades. Cada uma das mãos corporiza diferentes valores humanos e representa a união em tempos convulsos. São seis braços estendidos com mãos entrelaçadas que representam os seis valores humanos essenciais e universais: AMIZADE, SABEDORIA, SOLIDARIEDADE,FÉ, ESPERANÇA, E AMOR. Os valores nem sempre presentes, que nos permitem, hoje mais do que nunca, que todos possamos aspirar por um mundo melhor!

HSC

terça-feira, 14 de dezembro de 2021

Leonor Xavier


Encontramo-nos numa época em que tudo apontaria para uma Leonor bem diferente daquela que depois viemos a conhecer. Era uma mulher muito bonita, casada com o bem sucedido Alberto Xavier - de quem conservou o nome - e fazia parte, no Brasil, de uma elite, cuja vida misturava muito bem a cultura e o bem estar.

Alguns anos passados, venho a encontrá-la, já em Portugal e bem diferente. Divorciada, mãe de filhos, muito interessada pela politica e pela cultura portuguesas. A vida dá muitas voltas e eu que era amiga do Antonio Alçada viria a conhecer, por seu intermédio, Raul Solnado, o companheiro de muitos anos  da Leonor.

Mais tarde viria encontra-la de novo, na Capela do Rato, onde o então Padre Tolentino era amigo de ambas. Em todo este caminho de vida, rimo-nos e conversámos. Mas na ultima fase da sua vida, já o cancro que a vitimou, fazia estragos, tivemos, talvez, a mais importante conversa das nossas vidas comuns. Ela sabia o que tinha, o que podia esperar e eu soube, então, a importância e a forma que tomava a sua vida religiosa.

Morreu uma Mulher cuja existência podia ter sido o oposto daquela que foi. Felizmente para ela e para os seus amigos, a rota que escolheu foi a que lhe permitiu brilhar em vários campos da nossa cultura, ampliar a sua vida espiritual e ser uma congregadora de gente que. se não fosse ela, provavelmente nunca se teria encontrado.

Adeus Leonor. Um dia, voltaremos a conversar. Até lá descansa em paz!

HSC

quarta-feira, 8 de dezembro de 2021

" A herança de Eszter"

Há já alguns anos. a minha amiga Rita Ferro, aconselhou-me vivamente um livro. Estava empolgada e queria que eu beneficiasse, também, do que ela considerava uma obra prima. 

De quem se tratava, afinal? De Sándor Márai e do seu livro "As velas ardem até ao fim". Tive exatamente a mesma reação do que ela. Fiquei apaixonada pelo autor, ainda pouco conhecido em Portugal e tratei de obter o que houvesse em francês - a minha língua preferida -  para o ficar a conhecer um pouco melhor. E lá comprei e li o que estava disponível no mercado. Não eram muitas obras, mas foram as que consegui arranjar. 

Durante uns meses Sándor andou comigo por todo o lado, encantando-me cada vez mais  e revelando-me vidas, que me parecendo familiares, ele punha a nu de uma forma muito particular. É preciso lê-lo, para compreender o que digo. As obras que li depois eram textos mais pequenos, quase contos, mas cuja qualidade se mantinha inalterável.

Porque na vida há circunstâncias inesperadas, aconteceu que um amigo, sabendo desta minha paixão, me remeteu um que me faltava intitulado "A Herança de Eszter ", que li de enfiada nestes dois feriados. Uma nova pequena maravilha de análise dos comportamentos individuais e coletivos, da duplicidade humana,  da confrontação do real e do imaginário. Rolei o livro nas minhas mãos, como costumo fazer sempre que uma obra me agrada muito, como que a dificultar o seu arrumo no local que lhe será destinado na estante. Por fim , lá consegui separar-me dela e colocá-la no lugar devido. Mas, sorte minha, o meu filho trouxe-me três que ainda não lera e espero vir a encontrar o "Divórcio em Buda" para ficar com a coleção completa.

Não conto no momento a história da vida deste autor e o que ele passou, sendo húngaro não simpatizante do regime. Ficará para quando acabar a leitura dos que me faltam, agora que estou embrenhada já numa obra da nossa Agustina, cujo título " Doidos e Amantes" chamou particularmente a minha atenção.

HSC

quarta-feira, 1 de dezembro de 2021

A Lenda do Belo Soldado

Margarida Rebelo Pinto quando lançou, há já uns largos anos, o seu primeiro livro, que causou algum "frisson" nas capelinhas mais conservadoras da época. Porquê? Porque ela abordava, com alguma liberdade, os problemas dos relacionamentos amorosos. Nova, bonita, elegante, licenciada, não se esperava que se ocupasse, à época,  nem do tema nem do conteúdo, considerados muito liberais para a moralidade de então. E, claro, vendeu, vendeu, vendeu muito. 

Outros livros se seguiriam, muitos, onde o nó górdio era sempre o amor, ou talvez melhor, essa dificuldade maior que ele representa. Sobretudo a dificuldade de "comunicar", que se torna mais dolorosa, quando os afetos são tema central.

Margarida criou, deste modo, uma legião de fãs cuja vida sentimental foi evoluindo com ela e com aquilo que ela publicava. Sempre teve admiradores e detratores, mas conviveu generosamente com isso, continuando a escrever sobre o que ela sentia e sobre a forma como via a sua vida e a dos outros.

Tive sempre por ela uma certa ternura que advinha de saber não só do que ela era realmente capaz de escrever, mas também por ter sido colega e amiga da sua mãe, desde o liceu. Pode gostar-se ou não do que ela escreve - isso acontece com todos aqueles que se expõem ao grande publico - mas não se pode negar a sua capacidade de trabalho e o viver apenas da escrita. É respeitável que o faça!

Contudo, o seu último livro marca, talvez, um virar da página. Pegando numa lenda do tempo de Viriato, que, como sabemos era um pastor  nos montes Hermínios, e se torna o grande chefe da revolta lusitana, anterior à fundação de Portugal, ela vai recriar a história de amor que a mesma encerra.

A coragem e criatividade deste homem eram tão grandes que, com um efetivo muito inferior ao poderoso exército de Roma, conseguiu derrota-lo várias vezes. Com o tempo, o seu exército  cresceu, chegando a formar-se um corpo especial de guarda a Viriato, constituído apenas por voluntários dispostos a morrer por ele. 

Ora é a história de um desses voluntários que Margarida vai buscar  para lhe dar a inesperada cor e vida que ela merecia. E fê-lo, com bastante originalidade!

HSC