domingo, 13 de dezembro de 2020

Inverno ou inferno?

É preciso, urgentemente, aprender a rir, ao contrário do que diz a maior parte das pessoas  para quem, muito riso é sinal de pouco sizo. Há uns tempos, decidi ir com um grupo de seis "confinados" lanchar a Sintra. Foi um ímpeto meu, um grito de alerta, de quem estava fechada, sem caminhar, porque chovera uma série de dias seguidos.

 

Estas parcas saídas são, fundamentalmente, para nos rirmos uns com os outros. Das graças ou das desgraças, para desmontar a angustia vigente. Porém, desta vez foi diferente. Chegados a Seteais tivemos o primeiro óbice. O empregado teimava que só podiam sentar-se numa mesa cinco pessoas. Mas um dos elementos do grupo insistia que a ultima determinaçao do confinamento em vigor, apontava para seis pessoas. Bom, como dali não saiamos, resolvemos ficar 3 em cada mesa,

Lá encomendámos os ditos scones, mais os doces e as manteigas. Nessa altura eu pedi um chá Roubos. O empregado ficou a olhar para mim. Perguntei-lhe qual era o novo problema. Respondeu-me que não tinham esse chá. Eu fiquei convencida, que ele nem de nome o conhecia. Renovei a encomenda solicitando, então, um chá de hortelã-pimenta natural. Ou seja, feito com a planta e não com aquelas saquetas muito finas, mas de casto sabor. Disse-me que não tinha hortelã fresca. Aí perguntei se naquele jardim todo não havia uma dessas plantas para cortar. Disse que não sabia, mas que não podia cortar. Nessa altura deu-me uma enorme vontade de rir e pedi uma tesoura, perante o olhar esbugalhado do exemplar trabalhador. Vinda a dita desloquei-me a um cantinho do jasrdim, cortei uma ramada que tinha visto ao entrar e pedi-lhe que me fizesse o chá.

Entretanto os meus amigos já comidos - esta pequena querela demorou imenso tempo - acabaram por irem trocando de mesa para me fazerem companhia no lanche tardio. E, quando finalmente iamos sair, apareceu um senhor  algo aflito, a desculpar-se pelo incidente, pois só tinha sido informado, tardiamente, de que afinal se podiam sentar seis pessoas à mesa, desde que guardadas as devidas distâncias. Ao que eu respondi que, por norma, guardo sempre as devidas distâncias...mesmo sem confinamento!

Foi a gargalhada geral perante esta minha tirada teatral. À vinda, já bem alimentados, fui a vitima das mais distintas imitações da minha frase e não parámos de rir até Sintra onde insisti em trazer umas queijadas para alimentar as minhas proverbiais fomes nocturnas!

Definitivamente, inverno e confinamento, pode, como de vê virar um verdadeiro inferno, lá diria o Sartre, se tivesse passado por esta pandemia!

HSC

6 comentários:

Pedro Coimbra disse...

O humor, especialmente quando inteligente, é a mais poderosa de todas as armas.
Tenha uma excelente semana

Anónimo disse...


Dra Helena desculpe mas ri-me muito com este seu post. Costumo dizer que tenho uma tendencia natural para os desaires. Mas estes que refere, só podem desenrolar-se com uma pessoa com o seu humor. Alguém me disse que uma das suas grandes qualidade é saber rir de si própria. Abençoada sei!

Anónimo disse...


Que bom dar uma gargalhada com a ligeireza do seu humor. Calculo a cara do empregado quando lhe pediu a tesoura e o sururu que os seus amigos devem ter feito!

Rodrigo

Ana maria disse...

Que cena fabulosa. Fartei-me de rir.
O seu sentido de humor é fabuloso.
Que bom poder acordar e rir, rir, imaginando-a de tesoura em riste e aqui vai disto. Lamento não ter visto o olhar do empregado.

Ana maria disse...

Hoje dia internacional do chá incluindo o roibos bebamos uma chavena do mesmo, um brinde à vida e desejos que o tempo transforme alguns ignorantes da sociedade em pessoas mais cultas em especial na "cultura do dito chá"

Anónimo disse...

🌷