segunda-feira, 7 de setembro de 2020

A nossa História


Gostei muito de, por motivos profissionais, ter podido conhecer uma boa parte do Japão, quando trabalhava na Aeronáutica Civil, para o meu saudoso Diretor Geral, Eng. Vitor Veres, pessoa que me ensinou muito do que sei culturalmente. 
Em todas as viagens que fiz com ele aprendi a ver coisas dos países onde iamos que, possivelmente, nunca teria reparado se ele me não chamasse a atenção. Era um homem muito culto e que gostava de partilhar com os outros o que sabia.
Recentemente, através de um amigo, fiquei a saber que os Correios do Japão fazem emissão de selos comemorativos dos 450 anos da abertura do porto de Kochinotsu pelos navegadores portugueses. Alguém ouviu falar desta noticia na comunicação social? Claroque não. Não se tratava da transferencia de um jogador ou de uma selfie do Professor Marcelo, logo, que interesse podia ter o caso?!
Há muito que deixámos de ter heróis, há muito que deixámos de conhecer a verdadeira grande história deste país tão pequeno. Felizmente, ainda há no mundo quem não se esquece da obra dos portugueses. Mais um motivo para eu continuar a acreditar que ainda um dia lá hei-de voltar a matar saudades dos amigos que criei!

HSC

19 comentários:

Silenciosamente ouvindo... disse...

Pois é drª. Helena tristemente o que
interessaria saber não falam.
A Comunicação Social portuguesa está "uma desgraça".
A que desgraça chegámos.
Obrigada pela sua informação.
Os meus cumprimentos.
Irene Alves

Anónimo disse...


Não sabia. Tem toda a razão Dra Helena. Nos nossos selos o que temos?!
Lamentavelmente poco dizem da nossa História. E deviam!

Anónimo disse...

Dra Helena aprendo mais aqui consigo do que nos jornais A senhora é especial. Agora at´é tem twitter com que 5000 seguidores e tendo começado há quatro ou cinco meses . Como eu admiro a sua juventude e alegria . Sabe? a mim faz-me bem lè-la!

Amália

Pedro Coimbra disse...

Sou fã do Japão e da educação e civismo das suas gentes.
Aliás, uma das cidades mais bonitas que visitei, um conto de fadas ao vivo, é uma cidade japonesa - Nara.
E os japoneses não esquecem os portugueses.
Mas agora falam muito, como no resto do Mundo, do Lonaldo :))

Ana maria disse...

Hoje o meu pequeno almoço foi mais completo em simultâneo com a torrada e a meia de leite estive a ler a sua crónica. Relativamente aos nossos selos... Eles têm paiteis de nata, feijão. É pastéis de tentugal. Na próxima edição sugiro empadas. Um abraço para a Senhora

Anónimo disse...

Os GRANDES heróis portugueses são também os que encontramos no dia a dia e de ninguém fala nem falará.

Vasco Fernandes disse...

Finalmente alguma coisa com interesse no Facebook.
Parabéns pelo seu artigo.
Bem haja.

Anónimo disse...

Hoje existem muitos heróis. Quem são e o que representam?
Desde sempre os seres humanos para compensar o seu sentimento de pequenez e limitação, admiraram e criaram os seus heróis e ídolos, e hoje isso mantém-se e em força. O que mudou foi a motivação, o foco, os valores, a percepção.
Uma das características dos heróis é estimularem a esperança num mundo melhor, ideias de liberdade, coragem, paz, justiça.
Na Antiguidade Clássica, os heróis eram filhos de um deus e de um humano, como Ulisses, Hércules, etc.
Posteriormente os heróis eram gente dita normal que revelavam capacidades extraordinárias, em determinado momento, como Viriato, por exemplo.
No séc. XX, com os media, radio, tv, surgem os super-heróis de ficção, que defendem o Bem e combatem o Mal, como o Superhomem.
Hoje as profissões que comportam risco, coragem, para salvar os outros, são grandes heróis (perguntem às crianças)- bombeiros, polícias, agora com a pandemia, profissionais da saúde.
Mas hoje existem muito ídolos, não digo heróis, cuja causa de reconhecimento já não é a luta entre o Bem e o Mal, mas a riqueza, a beleza do tipo photoshop, a popularidade de alguém, a quantidade de likes nas redes, ser famoso sem ter feito nada importante, a não ser a dedicação necessária para ginasticar o bumbum, etc.
Para ser admirado, para ser herói, é necessário as pessoas serem tocadas na sua realidade do dia a dia, nas suas dificuldades, sentirem que aquela pessoa, aquele feito, aquela profissão, lhes trazem esperança e incentivo.
Também existem bestas de ontem, heróis de hoje, e heróis de ontem, bestas de hoje.
Infelizmente a história está muito alheada do dia a dia das pessoas. As pessoas não sentem, não vibram com os feitos dos nambam há séculos, com os eruditos.

Anónimo disse...

A ideia de HEROI mistifica os acontecimentos notáveis, idealiza-os, retirando-lhes a vitalidade que resulta do facto de tudo ter vários ângulos, uns excelentes, outros nem tanto, são esquecidas as dificuldades e sabemos que não existe nada perfeito.

Quando me falam de heróis, eu quero sempre saber mais e melhor, do que aquilo que a heroicidade pode encobrir e endeusar, parece que me querem vender alguma coisa, sorry!


HERÓIS só na ficção, no Olimpo e na BD.

Gosto de gente real, em factos reais, mesmo que NOTÁVEIS.

Dalma disse...

Sim é bom ter feito/fazer amigos pelo mundo. Eu tenho o privilégio de ter 6 em dois continentes e ainda o privilégio de os/as ter visitado mais do que uma vez. Não fora o vírus e este ano no Outono seria vez dos canadianos! Mas conformemo-nos, por enquanto, com estes meios fantásticos de que dispomos.
HSC, desejo-lhe que possa concretizar essa visita ao País do Sol Nascente o mais rápido possível... seria um bom prenúncio para quem gosta de “andar por aí“!

Fátima Costa disse...

lembrar os porturgueses e os seus feitos é, para mim sempre motivo de orgulho. Desde miúda aprendi a venerar Portugalatravés da sua história, pois que os meus avós , professores primários incutiram em mim esse gosto. Muito me emocionou ler o seu artigo

Anónimo disse...

Os Japoneses ficaram encantados com as armas de fogo que não conheciam, levadas pelos portugueses.

à ideia envernizada de herói, prefiro a ideia de anti-herói introduzida por Fernão Mendes Pinto no séc. XVI, com a sua obra Peregrinações, considerada a primeira narrativa de viagens, com as suas aventuras e desventuras no Oriente.

Fernão MP vai em busca de fortuna, e volta com histórias exóticas e fantásticas difíceis de entender no Ocidente, por isso o seu relato Peregrinações esteve debaixo da alçada da inquisição, tanto mais que em vários episódios critica como testemunha ocular, a crueldade e ganância dos portugueses, homens com qualidades e defeitos como os outros.

E vivam os portugueses!

Anónimo disse...

No Museu de Arte Antiga podemos ver os biombos namban que retratam com pormenor a chegada dos portugueses ao Japão em 1543, iniciando um intercâmbio comercial e cultural.
Namban quer dizer «bárbaros do Sul», porque os japoneses consideravam os portugueses pouco civilizados, pela forma como comiam, se vestiam e falavam.
O contacto entre civilizações deu origem no Japão à chamada arte namban (pintura, escultura, lacas, biombos, etc) que pode ser vista em muitos museus no Japão, no Museu de Arte Antiga e no Museu do Oriente em Lisboa.
Os biombos retratam a chegada da nau, os trajes dos portugueses, os escravos, os missionários jesuítas, os carregamentos (sedas da China, animais exóticos, potes cerâmicos com as especiarias, os produtos comercializados pelos portugueses em vários portos do Oriente) sendo recebidos pelas populações locais, igualmente retratadas com pormenor.
Um pormenor cómico é os portugueses serem retratados com grandes narizes, porque os japoneses os viam como narigudos.

museudearteantiga.pt/colecoes/arte-da-expansao/biombos-namban

Anónimo disse...

Depois da chegada ao Japão no séc XVI, 1543, os portugueses desenvolveram ao mais alto grau, o comércio de escravos japoneses, que vendiam em Macau e noutros locais, assim como de escravas japonesas, que levavam para Portugal, para exploração sexual, como concubinas, e só em 1595 foi aprovada em Portugal a lei que proibia a compra e venda de escravos japoneses.
Hoje o Japão ocupa o 3º lugar entre as economias mundiais, enquanto Portugal ocupa um modesto lugar. Embora existam muitas empresas japonesas em Portugal, umas 80, Portugal está a tentar desenvolver a exportação de produtos agro-alimentares para o Japão. Dado que no Japão os aspetos culturais portugueses têm muita aceitação, os empresários utilizam o intercâmbio cultural para uma aproximação, que trará progressos comerciais.
Ter noticiado em Portugal, a emissão de selos comemorativos da chegada dos portugueses ao porto de Kochinotsu, teria assim maior importância a nível da vida quotidiana e económica em Portugal, do que pode parecer à primeira vista.
Mas não chamemos heróis aos portugueses que chegaram no séc. XVI ao Japão, posteriormente seguidos dos Espanhóis, Holandeses, etc.
Os feitos dos portugueses pertencem à história e não à mitologia.
Isso seria transformá-los em «bonecos» de ficção.

Unknown disse...

Boa tarde, estou bastante confusa com a data de edição deste selo comemorativo relativo à abertura de um porto nipónico aos portugueses, há 450 anos...
Porque em 2013 celebrou-se a efeméride, bilateral, ao mais alto nível e, agora, é que foi editado o selo?
Gostaria muito que me pudessem esclarecer. Obrigada.
Thereza Gillard

Anónimo disse...

🌷

Anónimo disse...

O comércio de escravos japoneses, pelos portugueses, continuou pelos séculos XVI e XVII.

Anónimo disse...

Os portugueses beneficiaram do desinteresse das grandes potências na ocupação do Japão, pela origem vulcânica, as monções, a inexistência de planícies, os tufões, calor extremo no Verão e frio extremo no Inverno.

O Japão no séc. XvI vivia num certo isolamento, mantendo alguns contactos com a China e a Coreia. Os portugueses são os primeiros europeus a chegar ao Japão que era conhecido já desde o tempo de Marco Polo. Como os portugueses se estabeleceram em Macau, vão facilitar ao Japão o comércio da prata. Ao chegar os portugueses encontram um Japão medieval, em guerra civil (o que determinou o enorme interesse dos japoneses pelas armas de fogo comercializadas pelos port.).

A partir daí os portugueses, com interesses comerciais e religiosos, vão permitir a transição entre a época medieval e a modernidade no Japão. Alguns autores estrangeiros falam mesmo numa portugueso-mania cultural, que leva à incorporação de palavras portuguesas, vestuário, telas pintadas de santos, etc.

A história está sempre em mutação e da euforia de descoberta mútua no início, passa-se à desconfiança dos japoneses e em 1587 os jesuítas são expulsos.

Anónimo disse...

No Japão não use a expressão tchim-tchim ao tocar nos copos dos outros convivas, simplesmente porque tching tching quer dizer pénis em linguagem informal.