sexta-feira, 30 de abril de 2010

A dor

Fui educada, a par de tantas mulheres da minha geração, a esconder a dor, como se esta fosse um labéu que se não mostra a ninguém. Já adulta, compreendi que a dor tem de ser chorada e, sempre que possível, partilhada. Mas levei muito tempo a ter a simplicidade de falar dela sem vergonhas. Felizmente essa fase está ultrapassada e eu não tenho que ser a mulher forte que todos esperam que eu seja. A minha única obrigação é a de ser eu própria. Forte ou fraca, dependendo das circunstancias e das minhas capacidades. Nada mais.
Tive, ao longo da vida, algumas grandes dores. Daquelas em que as lágrimas só começam a cair quando as julgamos curadas. Ultrapassei-as. Mas sei, agora, que a dor que mais mói não é a física. É a da alma. Aquela perante a qual nos sentimos impotentes. Aquela que nem sempre o tempo cura. Aquela que o tempo apenas transforma.
HSC


quinta-feira, 29 de abril de 2010

Três em um

Não vale a pena estender-me muito sobre o assunto, porque ele é já do domínio público. O risco de solvência do nosso país acentuou-se. Mas não ficou isolado. Acompanharam-no a Espanha, um mercado importantíssimo para as nossas exportações, e a Grécia.
As agências de rating, que nasceram para analisar a qualidade da economia dos países e, consequentemente, a nossa capacidade de pagar os compromissos externos, decidiram punir três países ao mesmo tempo. Os helenos passaram para o escalão BB+, que roça o que se chama em gíria económica de lixo, os portugueses desceram dois escalões e estão agora no A-, e os espanhóis estão na posição A.
Embora "com o mal dos outros todos nós possamos bem", aqui a asserção não é válida, porque o mal dos outros não só nos contagia, como nos fecha mercados essenciais. A nova classificação de Portugal, a mais baixa de sempre, coloca-nos como o segundo país mais arriscado da Zona Euro. E, dado que desde que o PEC foi aprovado em Bruxelas decorreram apenas alguns dias e nada de especial se passou na economia nacional, este trambolhão só pode ser consequência de movimentos especulativos que nos estão a atirar para um beco de saída muito estreita, que vai tornar necessárias medidas ainda mais restritivas.
Volto aqui a perguntar porque é que se não faz um empréstimo nacional interno, excepcional, devidamente garantido - para que se não mudem a meio as condições de subscrição, como aconteceu com os Certificados de Aforro -, que mobilize as poupanças nacionais e evite a escalada de juros de que estamos a ser alvo? Por muito pouco que conseguíssemos, essa prova de solidariedade serviria de estímulo e de poupança, porque os juros pagos seriam sempre inferiores ao que nos estão a cobrar lá fora.
Que medo é este? Medo de sermos comparados a Sarkozy? Porquê? Porque é de direita? Mas o que é este governo? De esquerda? Alguém acredita nisso? Medo de quê, afinal?

HSC

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Forever Tango

Logo irei escrever sobre a queda que demos na classificação das agências de rating. Mas agora apetece-me algo mais anímico.
Adoro dançar tango. E, passe-se a imodéstia, até não o danço nada mal! Além disso, perco-me por uma exibição de qualidade deste género de bailado. Como já vi e não esqueço, num soberbo festival na Argentina, a que tive o prazer de assistir.
Ontém, sabendo desta "perdição materna" o meu infante mais novo, convidou-me a ir com ele à estreia do espectáculo do Casino de Lisboa intitulado "Forever Tango" que, além de excelentes bailarinos, tem uma bela orquestra a acompanhá-los.
As mulheres de pernas longuíssimas pareciam bonecas articuladas, tal a leveza com que deslizavam. Eles, latinos de gema, davam o tom e acompanhavam-nas na qualidade. A coreografia chegou, mesmo, nalguns casos, a ser fora de série
À saída, curiosa, indaguei qual teria sido a origem deste ritmo tão carregado de sensualidade e como teria ele chegado à Argentina. Ninguém me soube responder. Mas todos foram unânimes em reconhecer esse lado tremendamente voluptuoso desta dança. De facto, em certas ocasiões o entrelaçamento dos corpos é tal que faz deles apenas um só.
Enfim, apesar de não ser passadista, a verdade é que me lembrei dos tangos que já dancei. Olá se lembrei!

HSC

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Uma questão de amor!

Levamos a vida inteira a julgar que amar é tentar evitar o sofrimento daqueles que nos são mais próximos. Sempre achei que era bem mais do que isso. E, dada a diversidade da minha famlia compreender-se-á que sei do que falo.
Amar é, sobretudo, respeitar o espaço e as opções do outro sem que por isso tenhamos que abdicar daquilo que também é o nosso espaço e o caminho que escolhemos para a nossa vida. Esta é que é a verdadeira dificuldade do amor. Porque por norma apenas damos ao outro aquilo que sabemos dar e não aquilo que o outro precisa que lhe demos.
Esta situação leva, muitas vezes, a que cada um dos intervenientes neste jogo sinta goradas as suas expectativas. Não só porque sente que o que dá não é devidamente apreciado, mas porque aquilo que recebe não corresponde ao que esperou alcançar...
Não há maior prova de amor do que tentar dar aos que amamos aquilo que eles precisam e não aquilo de que nós gostamos!

HSC

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Já está!

O livro já está pronto. Vai para as livrarias e para a Feira a partir de 9 de Maio. Conto lá estar para os autógrafos pelas 18h30.
Possivelmente, e por razões familiares, não andarei por aqui com grande regularidade a partir do dia 3. Voltarei ao convívio sempre que possa. Espero poder!
HSC

Cada vez mais difícil

A revisão em alta, por Bruxelas, do défice da Grécia para 2009 veio causar nova perturbação nos mercados financeiros e afectar também Portugal.
Com efeito, a citada alteração levou a que o rating da Moody's para aquele país descesse e que a taxa praticada para a dívida helénica a dois anos, ultrapassasse a barreira dos 11%.
O risco de não cobrir os 8,5 mil milhões de euros de dívida que se vencem a 19 de Maio, levou a Grécia a activar o pedido de assistência e a contestação social a subir de tom nas suas ruas.
Entretanto Portugal, apesar do Eurostat ter validado as nossas contas entre 2006 e 2009 sofre, por contágio, o efeito da pressão nos mercados que se agrava para o nosso lado, com o receio de um eventual incumprimento por parte das autoridades portuguesas.
Enfim, o que já era mau tem tendência a piorar, e é difícil possuir algum otimismo face ao permanente sobressalto em que o governo de Papandreou nos coloca!

HSC

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Nicolau Breyner

Ontem fui, com o meu filho mais novo, assistir à ante estreia do espectáculo que, no Casino de Lisboa, celebra os 50 anos de carreira de Nicolau Breyner.
Conheço o Nico de toda a vida. E de todas as suas várias vidas. Que foram muitas. Como conheci as mulheres que amou e que o amaram. A Mafalda, a actual, é uma espécie de minha filha adoptiva por quem nutro profunda ternura. Na casa de ambos entro e saio com se fosse a minha. Aliás, moramos perto, e se estivermos uma semana sem nos vermos, é porque ou eu ou eles estamos fora.
Assistir a meio século de carreira artística, num hora e meia de espectáculo, dá bem a noção da vitalidade deste homem que no teatro, no cinema e na televisão ocupou, já, todos os lugares. Não se dá pelo tempo. Mas é através dele que também passamos por cinco décadas deste país. De brandos e menos brandos costumes. De políticos e de política. De governos e desgovernos. De humor e de uma saudável saudade...
HSC

terça-feira, 20 de abril de 2010

Quem paga a factura?

Agora que alguns espaços aéreos já reabriram começa o tempo de fazer contas aos prejuízos e de saber quem os vai suportar.
Façamos cálculos grosseiros dado que, nesta altura, só estes podem ser enunciados. Em cinco dias as economias europeias perderam cerca de 1500 milhões de euros de produtividade no trabalho - à volta de 0,9% da força laboral dos vinte e cinco países da União Europeia - dado que 6,8 milhões de pessoas ficaram retidas nos aeroportos, de acordo com os dados do Conselho Internacional de Aeroportos.
Porém a factura desta intempérie ainda não está completamente avaliada. Nem tão pouco quem a vai pagar. As companhias de aviação suportarão, seguramente, uma parte, até porque tiveram de garantir mínimos de sobrevivência aos seus passageiros. Mas estes não têm direito a qualquer indemnização, visto ter-se tratado de uma catástrofe natural.
Os transportes alternativos terão sido, talvez, os mais favorecidos. Mas as consequências desta nuvem atingem muitos outros sectores para além dos transportes. E o que resta saber é como isso se vai reflectir na factura de cada país, ou seja no bolso de todos nós. Só adivinhamos que, na actual conjuntura, as consequências são desastrosas... Ele há, de facto nuvens bem negras.
É o caso!
HSC

segunda-feira, 19 de abril de 2010

A nuvem...

Ninguem acreditaria que a entrada em actividade de um vulcão viesse perturbar a vida economico financeira e, em particular, os juros da dívida pública nacional. Mas veio. Explico-me.
É que o encerramento do espaço aéreo provocado pela nuvem expelida pelo vulcão islandês veio postergar o encontro que hoje se daria entre responsáveis gregos, o FMI, o BCE e a Comissão Europeia. O resultado do adiamento deste encontro foi logo o aumento do spread da Grécia e de Portugal em relação à Alemanha.
Com efeito as "yelds" das obrigações portuguesas a cinco e a dois anos estão a subir perto de vinte pontos - taxas de 3,668% e 2,129% - e as de dez anos cerca de doze pontos - taxas de 4,562%. Claro que qualquer das taxas gregas para estes períodos sofreu aumentos maiores.
Todavia, com o mal dos outros podemos nós bem. E, apesar da Grécia não ter, ainda, accionado o pacote de quarenta e cinco mil milhões de euros de ajudas financeiras acordado - 30 mil milhões da Zona Euro a que acrescem 15 mil milhões do FMI -, a banca interpretou a convocação daquela reunião como um primeiro passo no sentido da sua próxima utilização.
Ora como o encontro foi atrasado, o mercado, em salvaguarda, reagiu penalizando a Grécia e, por arrasto, Portugal.
Perante isto, não tenhamos dúvidas que quanto mais tempo durar o encerramento do espaço aéreo, pior serão as consequências para a já débil situação europeia. É caso para dizer que um mal nunca vem só!

HSC

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Um enxovalho desnecessário

O Presidente Cavaco Silva em visita oficial a Praga foi hoje submetido a um enxovalho desnecessário e inaceitável por parte do Presidente checo, que se permitiu tecer comentários desagradáveis sobre a nossa economia e as nossas contas públicas.
Comentários tanto mais inconvenientes quanto os poderes presidenciais nestas matérias são, como se sabe, muito limitados. Logo, as críticas atingiram não só o Presidente, mas também o país que ele representa. O que, num parceiro da Comissão Europeia, é inadmissível.
Estes países que saíram de regimes comunistas estão habituados a uma gestão controlada dos dinheiros e das finanças, sendo pouco permeáveis a projectos megalómanos ou a despesas desnecessárias. Nesse enquadramento, um país com as características do nosso, "tem é que ter juízinho e entrar nos eixos". Claro que Vaclav Klaus pode pensar isto. Não pode, nem deve expressá-lo. Nomeadamente a um convidado seu, que é o representante máximo desse país. E por parte de alguém cuja história política é discutível. Lamentável!

HSC

O MIT, a pirâmede e os portugueses

Só nos faltava mais esta. Há tempos foi Almunia. Agora é Simon Johnson que critica Portugal por este se ter financiado através de um esquema em tudo parecido ao de Madoff, que o levou à cadeia para o resto dos seus dias.
Diz Johnson que Portugal escapou ao registo do radar porque, em grande parte, a espiral da Grécia se desvaneceu. Mas isso não altera o facto de, segundo a sua opinião, se encontrarem ambos os países à beira da bancarrota, numa situação bem mais perigosa do que aquela que a Argentina atravessou em 2001, quando passou à fase de incumprimento.
Este economista que é professor no Massachusets Institute of Tecnology (MIT), integra o Instituto de Economia Internacional de Washington, é conselheiro económico do Departamento Orçamental do Congresso dos EUA e foi economista chefe e director do departamento de investigação do FMI, diz que nem os líderes políticos gregos, nem os líderes políticos portugueses estão em condições de fazer os cortes que se exigiriam, o que significará, nos próximos anos, desemprego, políticas duras e planos de apoio.
É que, afirma, Portugal tal como a Grécia, em lugar de abaterem os juros da sua dívida, tem refinanciado o seu pagamento através da emissão de nova dívida. A prazo, este esquema de pirâmede vai obrigar os mercados financeiros a reagir e a recusar a concessão de crédito. Ou a practicar taxas insuportáveis, o que resultará no mesmo.
Infelizmente, parece que o país oficial não entende este discurso alarmista. E mesmo que ele comporte algum pessimismo, contém verdades que ninguém quer confessar. É que é muito mais fácil acreditar em histórias da carochinha...que têm sempre finais felizes!

HSC

Ainda a voz!

Hoje é o Dia Mundial da Voz que se celebrou durante toda a semana em Portugal e no mundo. Foi uma iniciativa que nasceu há oito anos, pela mão do Prof. Mário Andrea, e que, a partir de então, nunca mais parou.
Este ano, durante uma semana, o Hospital de Santa Maria rastreou, gratuitamente, a voz a mais de um milhar de pessoas. Apareceu de tudo e, sobretudo, a divulgação pela comunicação social e pelas escolas da importância desta ferramenta, fez com que talvez venhamos a tornar-nos mais atentos para a área da prevenção.
As comemorações fecharam no Casino de Lisboa com a exibição do "The Opera Show" e com a atribuição do "Prémio Voz 2010" a Nicolau Breyner. Assisti gostosamente.
De facto, desde o princípio que, em conjunto com a Rita Ferro, colaboro nesta festividade. Depois, porque sendo muito amiga do Nico foi um prazer vê-lo galardoado com uma distinção merecida. Finalmente, porque o espectáculo do Casino valeu a pena.
Lembrei-me muito do meu Pai e da sua insistência para que eu ouvisse e gostasse de ópera. Tinha toda a razão. Ontem foi com ele que, espiritualmente, dividi o prazer que tive ao escutar algumas áreas da sua preferência.
Leva-se muito tempo a aprender. Mas, quando a alma não é pequena, vale sempre a pena!

HSC

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Alguém tinha dúvidas?!

Como era de prever o nosso PEC foi considerado insuficiente por Bruxelas. Todos os economistas não arregimentados nos espartilhos partidários o disseram. Mas por cá o governo prefere trabalhar em cenários irreais de crescimento da economia porque não é capaz de dizer a verdade aos portugueses. E essa verdade é só uma: gastamos demais e produzimos pouco. Tanto, que se não fossem as contas serem feitas de forma falaciosa, o nosso endividamento ultrapassaria a riqueza nacional. E, como ontém comentava muito bem Graça Franco, directora da Rádio Renascença, os países não fecham...mas ficam à mercê de convulsões várias, que não serão melhores.
O caso da Grécia, a quem a Alemanha, apesar de impôr as suas regras, ainda acudiu, não vai repetir-se. Porque se teme, para já, o que possa acontecer a Espanha, que está na calha de uma situação dificílima, sendo como é, uma economia importante da Europa.
A Irlanda soube falar verdade e, ao impôr pesadas medidas, está a vencer as dificuldades. A Grécia mentiu descaradamente mas está a ser ajudada, agora que fala verdade.
E nós? Quando é que alguém deste governo nos fala da nossa realidade sem fantasias e sem chamar nomes àqueles que têm a coragem de dizer que o rei vai nú? Quando?

HSC

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Há romantismos caros!


Hoje estou feita num caracol. Na sexta feira à noite passeei-me. Na ânsia de recuperar deste longuíssimo inverno, decidi aliviar as roupagens. Resultado, sábado acordei afónica. E assim me mantive até hoje, quando o meu médico "otorino", prescindindo da sua hora de almoço, me viu. O diagnóstico era algo com nome esquisito.
Face à emergência televisiva, deu-me a receita dos cantores.. Ou seja, uma injeção de cortisona. Mas devo ser má rez porque, embora melhor, estou longe de estar boa. Quem se vai regozijar serão os meus alunos... porque não arrisco dar aulas neste estado.
De facto, tinha esta tarde o programa semanal de televisão e a minha companheira de dueto está há três semanas ausente. Logo, nem sequer podia faltar. Lá fui. E lá expliquei que a "voz sensual" que habitava, no momento, as minhas cordas vocais não era resultado de pecado - vinícola ou outro - mas sim de um pseudo romântico passeio nocturno ao ar livre.
No fim, ao sair, um amigo, meio a rir, disse-me que deveria ter tomado apenas meia injeção, porque a voz ligeiramente velada era sexy!
Eu, que estava cansada do esforço, só me lembrei do Dr. António Pires de Lima (Filho), e da brilhante ideia de ligar a expressão à ideologia. Logo, pouco paciente, mandei o amigo à fava!
Mas, certamente por castigo, parece que piorei...

HSC

domingo, 11 de abril de 2010

Contenção?!

Se há virtude que a maioria dos portugueses não possui, é a da contenção. Em particular a classe jornalística tem uma enorme tendencia para emitir opiniões disfarçadas sob o manto da notícia. Ou de, através desta, salientar os aspectos que mais choquem aqueles a quem a mesma se destina. O que, como se depreende, é bastante diferente de fornecer informação.
Em contrapartida, os portugueses são todos brilhantes técnicos de ideias gerais. Provam-no os telejornais que, a propósito do que quer que seja, ouvem a "voz do povo". Por mais específico que o assunto seja, lá está o repórter de microfone em riste, a inquirir o senhor A ou a senhora B, sobre o que é que qualquer deles pensa da energia nuclear... ou da pedofilia.
Há umas semanas um destes diligentes operadores da comunicação social questionava uma cidadã do Portugal profundo, que deveria ter mais de oitenta anos, sobre o que é que ela pensava da "bissexualidade". Lépida, respondeu "acho muito bem. Olhe que eu tenho esta idade e ainda... bom, ainda a pratico com o meu marido".
O empenhado repórter tentou dar-lhe uma ideia mais clara sobre o tema mas, cheio de contumélias, não terá sido muito eficaz. Quando, finalmente, depois de um diálogo que mais parecia de loucos, a anciã julgou ter percebido do que se tratava, respondeu "olhe meu caro senhor adentro de casa, a gente faz o que quer. Mas lá isso da bi, enfim, lá essa coisa que falou, eu não sei nada. Mas talvez o senhor me saiba dizer. É tão bom como o que eu e o meu homem fazemos? Olhe, se é, porque não? Mas sempre adentro de casa".
O jornalista permaneceu, hirto, uns segundos, agarrado ao microfone, sem resposta para devolver, até que a pivot da estação o tirou oportunamente do ar.
Não seria útil que estes jovens inquiridores tivessem alguma melhor preparação? Ou, pelo menos, alguma contenção não só na escolha das palavras como, e sobretudo, na escolha das pessoas a interrogar? Nós agradecíamos!

HSC

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Continuando...

O cenário traçado pelo Banco de Portugal, no seu Boletim Económico, já com Vítor Constâncio de saída, é tudo menos animador.
Assim, à "cautela e com muitos caldos de galinha", alerta que este PEC irá conduzir em 2010 a uma desaceleração, a que se seguirá, em 2011, um baixo crescimento. Tão baixo que o Banco Central o estima à roda de 0,4% e o governo o atira, como sempre, para perto do dobro, ou seja 0,7%. Coisa de menos importância como se depreende...
Reflexo disto, a poupança - sim, por mais estranho que pareça, ainda há quem poupe! - andará pelos 7% do rendimento disponível - sim, por mais estranho que pareça, ainda há quem tenha rendimento disponível! - quando o ano passado andava pelos 8,6%.
O Banco de Portugal admite que o PEC terá "efeitos recessivos no curto prazo", mas - há sempre um mas compensatório - "é fulcral a prossecução de uma estratégia orçamental credível".
O Ministério das Finanças - apesar da disparidade dos números -, diz que as previsões do Banco Central para o crescimento da economia são "consistentes" com as previsões do PEC. E acredita que o aumento das exportações fará diminuir o défice da balança de bens e serviços.
Nem teço comentários. Estou a aprender as novas técnicas de compatibilização, através das quais, em Portugal e na actualidade, números diferentes produzem sempre resultados iguais...
Que Deus nos valha e faça o milagre de haver petróleo na costa!

HSC

terça-feira, 6 de abril de 2010

Contradição?


Portugal é um país laico onde a liberdade religiosa é respeitada desde que a respectiva prática não entre em conflito com as disposições legais. Já foi, no passado, um país católico.
Por isso me surpreende que um Estado que mandou abolir os simbolos de religiosidade de locais públicos como as escolas, continue a manter os feriados que apenas respeitam a Igreja Católica. Por mim, que pertenço a ela, tudo bem. Agradeço o 24 e 25 de Dezembro, a Sexta feira Santa, o 13 de Maio, o dia de Santo António, o dia de S. João, a Acensão de Nossa Senhora, o dia de Todos os Santos e o dia de Nossa Senhora da Conceção, a 8 de Dezembro.
Mas os outros? Os que não são crentes ou até professam outras fés? O que pensarão?Possivelmente até nem gostam e estão no seu direito de não quererem ser descriminados.
Mas que me assombra que o laicismo do Estado seja tão permissivo em matéria de descanso católico, lá isso assombra-me..
É que parece que os nossos governantes decidiram ficar com o lado fácil da religiosidade e banir tudo o resto. Para mim, trata-se de um exemplo bastante duvidoso!

HSC

sábado, 3 de abril de 2010

E mais um...a pedido!

Hoje o post é dedicado a uma das minhas comentadoras que, como eu, também gosta de sapatos. A Julia Macias-Valet teceu sobre a obra de arte que acima em foto reproduzo, algo que me vou permitir reproduzir sem lhe ter pedido autorização. Mas, como ela se identifica, calculo que me não levará a mal.

"...Hoje morro de amores pelo Dorothy de Joana de Vasconcelos, fabricado com 280 tachos.
Transformando as tampas dos tachos em "lantejoulas" para uma festa cheia de glamour, Joana de Vasconcelos pretendeu chamar a atenção para a ambiguidade da vida da mulher contemporânea, que é activa, trabalha e anda de salto alto mas, ao mesmo tempo, tem uma vida privada à vota dos tachos. Dorothy é, no fundo, uma mistura de Feiticeiro do Oz e Gata Borralheira."

Não seria fácil descrever melhor o que a autora da obra terá querido transmitir-nos ao criá-la. É exactamente isto que, penso, poderá ter sido a mensagem de Joana. Alguém que, de facto, revolucionou o conceito de escultura, ao utilizar materiais do nosso quotidiano - como garrafas ou o tradicional crochet - , na criação das suas obras que considero serem de uma imensa originalidade.
Obrigada Julia, por esta bela invocação de uma das nossas grandes escultoras, se é que lhe posso aplicar este nome!

HSC

quinta-feira, 1 de abril de 2010

AVISO

Os próximos post´s serão menos regulares porque a minha rotina será alterada dentro de uns dias. Mas donde for estando, sempre que puder darei notícias.

HSC