quinta-feira, 31 de março de 2011

A Capa

Sempre disse que não sou escritora. Sou uma pessoa que gosta de escrever. É muito diferente. Sou, isso sim, uma escrevinhadora. E, julgo, sem falso pudor, que tenho sentido crítico, o que talvez me permita fazer crónicas com alguma qualidade.
"Gaba-te, cesto", dirão uns. É o que penso, respondo eu.
Ontem foi o segundo dia de tortura, na editora, a escolher a capa dos CAMINHOS DO CORAÇÃO - passe-se a publicidade que sai a 5 de Maio. Cheguei ao fim do dia num frangalho de cansaço.Aquela que eu queria não era uma boa capa. E a que a editora queria não estava a convencer-me. Tive que me socorrer de um dos filhos para me ajudar a fazer a escolha.
Pois o infante, numa penada, resolveu o meu problema e a "obra" já tem roupa. Linda, devo confessar. Hei-de mostrá-la aqui.
Porque é que falo disto? Porque, de facto, o aspecto exterior dum livro tem muitíssima importância. Sobretudo, quando o nosso rosto, não faz parte dele, como é o caso. É que a capa tem que ver com o conteúdo, mas também tem que possuir o mistério suficiente para levar alguém a pegar no opúsculo, folheá-lo, acariciá-lo e, enfim, comprá-lo com desejo de o ler. E, para conseguir tudo isto terá, ainda, que se destacar, entre muitas outras, na prateleira de uma livraria.
Se uma boa capa não faz um livro, uma má capa pode ser desastrosa e quase matá-lo. Espero que esta seja verdadeiramente estimulante. Pelo menos, tanto, como foi a do "Nós de Amor"!

HSC

terça-feira, 29 de março de 2011

Memória

"Com esta escrita descobri uma coisa em que nunca tinha pensado, é que o bem mais precioso do homem é a memória."
José Cardoso Pires


Fui ao blogue da Helena Oneto e detive-me, de novo, nesta frase que me lembrou que, durante anos, me assaltou a ideia de que quando envelhecesse perderia a memória. Envelheci, de facto, mas mantenho uma memória de elefante. Que ainda consegue incomodar algumas pessoas mais desmemoriadas...

Hoje, para mim, a memória é lembrança. Do que vivi. E sobretudo do "modo" como vivi. É, também, memória dos tempos. Históricos ou pessoais. É, sobretudo, saudade dos que partiram e aqui souberam deixar um grão que deu fruto. Que nos fez crescer. E nos ajudou a "ser".
Cardoso Pires tem muita razão. Mais ainda do que a liberdade, o nosso bem mais precioso é a memória.


HSC

Aviso a quem interesse.

O tempo que vai seguir-se traz-me, a mim pessoalmente, uma latente má disposição. Vamos assistir a um lavar de roupa suja, real ou inventada, pouco importa, na campanha eleitoral que se avizinha. Já não sei se o problema é só meu, ou se toda a gente sente o mesmo cansaço impotente perante o desenrolar da política portuguesa. O país está em frangalhos e o que se ouve é de tão baixo nível que dá dó pensar que seremos submetidos a este processo de lavagem cerebral, durante cerca de dois meses. Dois meses que vão perder-se na conquista do que importa realmente fazer que é ajudar a salvar o país.
A menos que haja algo que não prevejo, tentarei aqui falar de tudo menos de política. Porque não tenciono ouvir qualquer debate ou ler algo que se lhe assemelhe.
A autora deste blogue vai, assim, tentar manter a sua sanidade mental.

HSC

segunda-feira, 28 de março de 2011

O blogue da Ana Mesquita

Já aqui falei dela, há uns tempos. É uma mulher cheia de garra e com um percurso de vida profissional que mostra bem aquilo de que é capaz. Apesar da moda ter sido sempre o seu gosto, a Ana já fez radio, televisão e jornalismo escrito. E tudo o que faz, fá-lo bem. Tornámo-nos amigas em circunstâncias muito engraçadas para qualquer de nós. E embora a Ana pudesse ser minha filha, a nossa relação é tão fresca quanto ela. Casada com o compositor e cantor João Gil e com um filho quase adolescente decidiu, há dias, criar um blogue em que se falará sobretudo de Moda. Mas se bem a conheço não deixará de abordar outros temas, porque a sua vivacidade é permanente. Deixo aqui o link http://www.anamesquitaveryown.blogspot.com/
Dêm uma espreitadela e verão porque é que gosto tanto dela!

HSC

domingo, 27 de março de 2011

A frase

LA FRASE DEL AÑO, DICHA POR EL ONCÓLOGO BRASILEÑO DRAUZIO VARELLA.

"En el mundo actual, se está invirtiendo cinco veces más en medicamentos para la virilidad masculina y silicona para mujeres, que en la cura del Alzheimer. De aquí a algunos años, tendremos viejas de tetas grandes y viejos con pene duro, pero ninguno de ellos se acordará para que sirven".

Não sei se é verdade.Nem sei se o autor é verdadeiro. Reproduzo-a tal como a li, em espanhol. Mas que o assunto merece ponderação, lá isso merece. Que me desculpem os homens para quem a pastilha azul foi uma descoberta muito importante e as mulheres que se sentem felizes com seios que não abatem quando se estendem na areia...

HSC

sexta-feira, 25 de março de 2011

A urgente verdade

Neste momento em que verdade sobre o país vem saindo a conta gotas, sempre que uma instituição internacional contradiz o governo, é urgente - face ao acto eleitoral que se aproxima - que seja esclarecida a real situação económica e financeira em que Portugal se encontra.
Com efeito, a única vantagem que uma crise política deste tipo poderá ter é a de que os portugueses saibam, finalmente, o que lhes tem vindo a ser ocultado. Mas esse quadro real do país, não pode ser dado por quem esteja directamente envolvido no processo. Até porque, no dia em que Socrates ou o Dr Teixeira dos Santos decidissem falar verdade, ninguem iria acreditar...
A Unidade Técnica Independente que o ainda Primeiro Ministro havia prometido para 2010, mas acabou por inviabilizar, destinava-se, justamente, a auditar cada mês as contas do Estado. Se ela tivesse funcionado, talvez agora a situação fosse diferente.
Ainda ontem recebemos outro aviso por parte do Eurostat. É que o defice do ano passado não é, como se afirmou, de 7,3%, mas sim de 8%. Se a isto juntarmos os malabarismos da contabilidade pública, que ora atrasa pagamentos, ora não regista as dívidas, são mais que justificadas as razões para duvidar seriamente do estado em que nos encontramos.
A mim, enquanto cidadã, o que me interessa é a verdade dos factos e não a mentira das falsas esperanças. Ganhámos liberdade, é verdade. Mas perdemos um conjunto de valores que acabam por lhe tirar uma boa parte da força.

HSC

quinta-feira, 24 de março de 2011

A vida privada

Rita Cabral, jurista, tem uma tese na qual delimita muito bem o que é privado, público e particular. O nosso Embaixador em França, Dr. Francico Seixas da Costa publicou, há dias no seu blogue http://www.duas-ou-tres.blogspot.com/, um excelente post sobre o assunto. E no seu último programa, Pacheco Pereira abordou, com bastante inteligência, este tema.
Trata-se de algo que, parece, preocupa as pessoas e deve ser criteriosamente ponderado, se não quisermos fazer da devassa individual um mal colectivo.
Hoje, tendo em especial atenção os dias que se aproximam, julgo que é altura de tambem dizer alguma coisa sobre esta questão, já que, por condição familiar e pessoal, lhe tenho sofrido na pele as consequências. E o pior é que elas não vêm só de orgãos de comunicação privados...
É evidente que os políticos têm um escasso campo de manobra nestas questões, porque a "imprensa dita cor de rosa", entende poder fazer uso de imagens privadas não autorizadas, como se públicas fossem. E também é verdade que, à caça de votos, há quem se promova por este meio. Resultado, reina a impunidade, apesar de existir legislação adequada.
Por pensar assim é que não gostei de ver os nossos políticos - todos - prestarem-se a ir aos Gato Fedorento. Ainda bem que o Presidente teve o bom senso de lá não ir. Ou...não foi convidado. Disse-o na altura. Repito-o agora.
Avizinham-se campanhas eleitorais em que todos os partidos se arrogam o direito de dizer barbaridades uns sobre os outros. Tivemos oportunidade de assistir a uma pequena amostra na última eleição presidencial.
Gostaria, enquanto cidadã, que nos poupassem a este lamentável espectáculo, que só serve para enxovalhar famílias inteiras e enfraquecer a democracia. Em política não vale tudo. Na comunicação social também não!

HSC

terça-feira, 22 de março de 2011

Alguem especial

Habituei-me à sua voz.
Habituei-me à sua presença.
Enfim, habituei-me a ele.
Acaba de morrer sem que se saiba porquê,
Ou mesmo de quê.
Desapareceu Artur Agostinho.
Um homem que o país maltratou.
Por pura maldade, inveja ou traição.
Porque era conhecido, uns dirão...
Voltou a Portugal quando o tempo permitiu,
Sem traumas ou revoltas,
Que jamais alguém viu.
Morreu um homem bom e digno,
Que sempre honrou a sua terra
E nunca esqueceu os amigos.
Morreu, afinal,
Simplesmente
O homem a quem me habituei!

HSC

Geração à rasca - a nossa culpa

"Um dia, isto tinha de acontecer. Existe uma geração à rasca? Existe mais do que uma!Certamente!
Está à rasca a geração dos pais que educaram os seus meninos numa abastança caprichosa, protegendo-os de dificuldades e escondendo-lhes as agruras da vida. Está à rasca a geração dos filhos que nunca foram ensinados a lidar com frustrações.
A ironia de tudo isto é que os jovens que agora se dizem (e também estão) à rasca são os que mais tiveram tudo. Nunca nenhuma geração foi, como esta, tão privilegiada na sua infância e na sua adolescência. E nunca a sociedade exigiu tão pouco aos seus jovens como lhes tem sido exigido nos últimos anos.
Deslumbradas com a melhoria significativa das condições de vida, a minha geração e as seguintes (actualmente entre os 30 e os 50 anos) vingaram-se das dificuldades em que foram criadas, no antes ou no pós 1974, e quiseram dar aos seus filhos o melhor.
Ansiosos por sublimar as suas próprias frustrações, os pais investiram nos seus descendentes: proporcionaram-lhes os estudos que fazem deles a geração mais qualificada de sempre (já lá vamos...), mas também lhes deram uma vida desafogada, mimos e mordomias, entradas nos locais de diversão, cartas de condução e 1º automóvel, depósitos de combustível cheios, dinheiro no bolso para que nada lhes faltasse. Mesmo quando as expectativas de primeiro emprego saíram goradas, a família continuou presente, a garantir aos filhos cama, mesa e roupa lavada.
Durante anos, acreditaram estes pais e estas mães estar a fazer o melhor; o dinheiro ia chegando para comprar (quase) tudo, quantas vezes em substituição de princípios e de uma educação para a qual não havia tempo, já que ele era todo para o trabalho, garante do ordenado com que se compra (quase) tudo. E éramos (quase) todos felizes.
Depois, veio a crise, o aumento do custo de vida, o desemprego, ... A vaquinha emagreceu, feneceu, secou. Foi então que os pais ficaram à rasca. Os pais à rasca não vão a um concerto, mas os seus rebentos enchem Pavilhões Atlânticos e festivais de música e bares e discotecas onde não se entra à borla nem se consome fiado.
Os pais à rasca deixaram de ir ao restaurante, para poderem continuar a pagar restaurante aos filhos, num país onde uma festa de aniversário de adolescente que se preza é no restaurante e vedada a pais. São pais que contam os cêntimos para pagar à rasca as contas da água e da luz e do resto, e que abdicam dos seus pequenos prazeres para que os filhos não prescindam da internet de banda larga a alta velocidade, nem dos qualquercoisaphones ou pads, sempre de última geração.
São estes pais mesmo à rasca, que já não aguentam, que começam a ter de dizer "não". É um "não" que nunca ensinaram os filhos a ouvir, e que por isso eles não suportam, nem compreendem, porque eles têm direitos, porque eles têm necessidades, porque eles têm expectativas, porque lhes disseram que eles são muito bons e eles querem, e querem, querem o que já ninguém lhes pode dar!
A sociedade colhe assim hoje os frutos do que semeou durante pelo menos duas décadas.
Eis agora uma geração de pais impotentes e frustrados.
Eis agora uma geração jovem altamente qualificada, que andou muito por escolas e universidades mas que estudou pouco e que aprendeu e sabe na proporção do que estudou. Uma geração que colecciona diplomas com que o país lhes alimenta o ego insuflado, mas que são uma ilusão, pois correspondem a pouco conhecimento teórico e a duvidosa capacidade
operacional.
Eis uma geração que vai a toda a parte, mas que não sabe estar em sítio nenhum. Uma geração que tem acesso a informação sem que isso signifique que é informada; uma geração dotada de trôpegas competências de leitura e interpretação da realidade em que se insere.
Eis uma geração habituada a comunicar por abreviaturas e frustrada por não poder abreviar do mesmo modo o caminho para o sucesso. Uma geração que deseja saltar as etapas da ascensão social à mesma velocidade que queimou etapas de crescimento. Uma geração que distingue mal a diferença entre emprego e trabalho, ambicionando mais aquele do que este, num tempo em que nem um nem outro abundam.
Eis uma geração que, de repente, se apercebeu que não manda no mundo como mandou nos pais e que agora quer ditar regras à sociedade como as foi ditando à escola, alarvemente e sem maneiras.
Eis uma geração tão habituada ao muito e ao supérfluo que o pouco não lhe chega e o acessório se lhe tornou indispensável.
Eis uma geração consumista, insaciável e completamente desorientada.
Eis uma geração preparadinha para ser arrastada, para servir de montada a quem é exímio na arte de cavalgar demagogicamente sobre o desespero alheio.
Há talento e cultura e capacidade e competência e solidariedade e inteligência nesta geração?
Claro que há. Conheço uns bons e valentes punhados de exemplos!
Os jovens que detêm estas capacidades-características não encaixam no retrato colectivo, pouco se identificam com os seus contemporâneos, e nem são esses que se queixam assim (embora estejam à rasca, como todos nós). Chego a ter a impressão de que, se alguns jovens mais inflamados pudessem, atirariam ao tapete os seus contemporâneos que trabalham bem, os que são empreendedores, os que conseguem bons resultados académicos, porque, que inveja!, que chatice!, são betinhos, cromos que só estorvam os outros (como se viu no último Prós e Contras) e, oh, injustiça!, já estão a ser capazes de abarbatar bons ordenados e a subir na vida.
E nós, os mais velhos, estaremos em vias de ser caçados à entrada dos nossos locais de trabalho, para deixarmos livres os invejados lugares a que alguns acham ter direito e que pelos vistos - e a acreditar no que ultimamente ouvimos de algumas almas - ocupamos injusta, imerecida e indevidamente?!!!
Novos e velhos, todos estamos à rasca. Apesar do tom desta minha prosa, o que eu tenho mesmo é pena destes jovens.
Tudo o que atrás escrevi serve apenas para demonstrar a minha firme convicção de que a culpa não é deles.
A culpa de tudo isto é nossa, que não soubemos formar nem educar, nem fazer melhor, mas é uma culpa que morre solteira, porque é de todos, e a sociedade não consegue, não quer, não pode assumi-la. Curiosamente, não é desta culpa maior que os jovens agora nos acusam.
Haverá mais triste prova do nosso falhanço? ".

Estas palavras correm na net e foram atribuídas a Mia Couto. Não é verdade. Foram escritas por Maria dos Anjos no seu blogue www.assobiorebelde.blogspot.com em 9 de Março.
Tentei escrever sobre a matéria. Mas o texto acima, fê-lo muito melhor do que eu faria. Por isso, aqui ficam as palavras e o meu preito à coragem e sabedoria que as mesmas revelam.
HSC

segunda-feira, 21 de março de 2011

A fatia de leão

Num litro de gasolina que pagamos, mais de metade vai para o Estado. Mais precisamente 56% é a fatia que o governo embolsa. Ou seja, se o preço do litro de gasolina custar 1,558 euros, para os cofres públicos vão directamente 87 centimos. Nada mau!
Como é que isto se passa, perguntarão? Muito simples. Bastam dois impostos, a saber o ISP - sobre os produtos petrolíferos - e o IVA. O primeiro leva 58,3 centimos e o segundo 29,3 centimos.
O problema, entre nós, é que quando a cotação do barril de Brent sobe, os preços internos aumentam logo. Mas quando aquela desce o ajustamento é sempre inferior e muito lento.
Existe uma proposta do deputado Jorge Seguro que recomenda ao governo a criação de um regime diversificado de oferta e a publicação da respectiva estrutura dos preços.
Assim, e de acordo com ela, o cidadão poderia escolher os combustíveis não aditivados que resultam mais económicos e que, no momento, só existem nas bombas dos hipermercados.
O preço da gasolina desceu hoje no mercado interno 2,5 centimos e o do gasóleo manteve-se. Dizem os entendidos que a primeira deveria ter caído cinco centimos e o segundo perto de dois. Mas, como a Alta Autoridade para a Concorrência diz que não há cambão, ... nós aguentamos!

HSC

domingo, 20 de março de 2011

O PEC XXII


Hoje é Domingo e dia de descanso. Depois do cansativo sábado, deixem-me brincar. Esta imagem mostra o nosso futuro, em banda desenhada e a cores.
Estaremos em Janeiro de 2014 a discutir as últimas medidas do PEC XXII. Ainda mantemos os chinelos. Salve-se isso... para não ficarmos descalços!
HSC

sábado, 19 de março de 2011

Um sábado glorioso...




Hoje tive de trabalhar. Entreguei, antes da data limite, o novo livro para paginar mas, para cumprir prazos, o descanso de sábado foi à vida... Não me queixo, porque ainda tenho trabalho e há quem nem isso tenha. Mas, confesso, ando cansada!
Liguei, displicente, a televisão. Confesso que apenas queria saber as notícias do Japão, já que se me demorasse muito a vê-la, apanhava com o Congresso do CDS.
Pois tive o merecido castigo divino para mães que não gostam de política. Não é que apanhei quarenta minutos de Socrates no Porto, em discurso já de campanha, Carvalho da Silva numa manifestação impressiva no Rossio, e Portas filho no palanque?
Ora certamente que o Engenheiro conhecia a data da convocatória da CGTP e a do Congresso do CDS, ambos marcados para este fim de semana. Terá sido para silenciar as outras duas vozes que resolveu "botar" discurso no mesmo dia, à mesma hora?!
Ou foi porque - estando tão aberto ao diálogo - resoveu triangulá-lo? Que cansativa é esta democracia nacional e que pouco estimulante é o seu conceito de ética política...
E lá vamos nós ter de os continuar a ouvir nas próximas e várias eleições que se aproximam. Começo a desconfiar que é por estas e por outras que aumentam entre nós os acidentes cardio vasculares. É que não há coração que resista!

HSC

quinta-feira, 17 de março de 2011

Abertos ao diálogo

Um aluno perguntou-me porque é que na democracia portuguesa não havia a mínima harmonia entre os partidos, na defesa do que é melhor para o país?
Parecia o princípio de uma canção. Não era. Tratava-se apenas da surpresa e da angústia de um jovem de 19 anos que sentiu na família o efeito das medidas anti crise tomadas pelo governo, que lhe roubaram a possibilidade de continuar a estudar e lhe hipotecaram, assim, um futuro pelo qual ele próprio e os pais trabalharam.
Pouco depois desta conversa oiço a resposta do nosso Primeiro Ministro ao discurso de Passos Coelho, em que afirma, após seis anos de governação, "estar aberto ao diálogo".
O que será, para os iluminados que nos governam, o significado de abertura ao diálogo?
Continuar a mascarar os números vendendo imóveis para depois se tornarem seus arrendatários e tudo isto com a aquiescência da Comissão Europeia? Impor aos reformados e pensionistas mais pobres, que as suas pensões e reformas se mantenham no próximo biénio? Prometer uma baixa generalizada dos medicamentos e depois voltar atrás?
Se isto é governar, o "iô-iô" não é um brinquedo. É uma mera ferramenta política!

HSC

sábado, 12 de março de 2011

O censo obrigatório às... 20 horas!

Eram cerca das 20h de ontém, sábado, quando a campaínha da porta de cima tocou. Perguntei de dentro quem era. Responderam-me que era do Censo e que precisavam de me fazer perguntas. Respondi que as fizesse de onde se encontrava porque eu não abria a porta a ninguém àquela hora. E sugeri que deixasse na caixa do correio os impressos respectivos.
Que não podia ser, porque precisavam de saber quantas pessoas viviam aqui em casa. Esclareci este ponto. Quis saber se eramos da família ou não e se aqui ficava a empregada. Disse que não tinha empregada e ainda que só responderia ao restante em dia de semana e com identificação prévia. Insisti que as pessoas que aqui viviam saberiam responder aos questionários em causa e que, se fosse necessário, também saberiam como ser esclarecidas. Nada. O homem ficou especado no patamar até que a luz automática da escada se apagasse, tendo ainda acrescentado que o Censo era obrigatório. Foi quando clarifiquei ser esse mais um motivo para ele deixar na caixa postal os ditos documentos.
No meio da violência de que muitos de nós podemos ser vítimas, será que as 20h de um sábado, constituirão a altura mais adequada a este exercício?!
Eu sei que a maioria das pessoas trabalha e que, portanto, para ser inquirida, o ideal será em horário pós laboral. Mas ao sábado, dia habitual de descanso?!
Eu sei e compreendo que se fazem censos de dez em dez anos. Mas utilizando este caminho, de usar o fim de semana à noite, muitos de nós não vão poder "responder obrigatoriamente", porque têm cuidados especiais em relação à segurança da sua residência. Nomeadamente se viverem sós. Seria bom que as autoridades competentes tivessem consciência desta dificuldade.
Hoje de manhã fui ver a caixa do correio para saber se lá tinha ficado o que precisava para responder via net. Não havia lá nada. Logo, neste momento, não sei sei se quem me procurou era o censor ou alguem a fazer-se passar por ele. E que, mal eu abrisse a porta, me assaltasse a casa...
Fui à net informar-me. O número de apoio só funciona nos dias úteis das 9 às 20 horas. Ou seja os serviços só atendem nos dias de trabalho. Mas os inquiridos são abordados... ao fim de semana.
Se o inquiridor tivesse deixado na caixa do correio os números de identificação necessários ao acesso via net, eu estaria agora habilitada a cumprir a minha obrigação. Como não o fez vou ficar à espera. O que muito possivelmente significa não poder responder no dia 21 de Março.
Com censo ou sem ele, eu não abro a porta a ninguém a partir das 20horas. Apenas a amigos e conhecidos que previamente se identificam. Como eu, muita gente mais!
Porque será que as decisões entre nós nunca são devidamente ponderadas? Sobretudo quando são obrigatórias...

HSC

Mais outro discurso

Acabo de ouvir na televisão Pedro Passos Coelho dizer num longo discurso, em Viana do Castelo, que desconhecia o PEC IV que o Primeiro Ministro levara a Bruxelas, elaborado com a intervenção e "conivência" da Comissão Europeia. Pelo que entendi, nem a oposição, nem os parceiros sociais, nem o Presidente da República, tinham tido conhecimento do seu conteúdo.
A ser verdade, o governo prepara "novos saques" aos portugueses sem que, à anteriori, as restantes forças políticas fossem auscultadas.
A ser verdade, nenhum dos partidos vai facilitar a vida ao Engenheiro Socrates e à sua equipa. O que se traduzirá, a muito breve trecho, e tendo em consideração o discurso de Cavaco Silva, no mínimo, em eleições antecipadas.
A ser verdade, como o país não pode esperar pelo resultado do voto popular e Sócrates é parte do problema, temo bem que os próximos dias nos tragam surpresas que apenas antevira para Junho.
E, como não tenho bola de cristal, as previsões que faço, são meros raciocínios de bom senso. É que ninguém aguenta ter um novo PEC por mês. É humanamente insuportável.
Os portugueses que tantos sacrifícios têm feito, não mereciam isto. E o país muitíssimo menos!

HSC

quinta-feira, 10 de março de 2011

O discurso

Alguém esperaria do Presidente, neste segundo mandato - e no estado em que o Estado se encontra -, na sua nova tomada de posse, um discurso de optimismo? Eu não esperava.
E se ele tivesse surgido teria tido muitas e justificadas dúvidas. Porque uma coisa é o que nós precisamos de ouvir. Ou gostaríamos que ele dissesse. Outra coisa é o que o Prof. Cavaco Silva é capaz de nos dizer.
O Professor é um técnico experiente que já deu provas do seu saber. Mas não é um tribuno. Nem sequer um político consensual. Ele vê a política não como um fim, mas sim e só, como um instrumento que deve servir a Economia nacional.
Não se lhe pode pedir que seja um estratega como foi - é - Mário Soares. Mas este, em compensação, de Finanças, percebe seguramente muito pouco. Entre os dois géneros, tivemos o General Ramalho Eanes, um militar.
O discurso da posse foi uma antecipação de um semi-presidencialismo que pode estar na calha. Ou a antecipação de algo semelhante ao que fez Jorge Sampaio. Goste-se ou não do estilo, o aviso está feito. Veremos o que se segue...

HSC

domingo, 6 de março de 2011

Uma certa forma de vida

Jorge Sampaio gosta de falar. Tem, aliás, frases lapidares, que ficarão, para sempre, ligadas ao seu discurso como político. Refiro, em particular, a célebre afirmação de que "existe vida para além do orçamento" feita em 2004, quando tudo aconselhava a uma enorme contenção verbal.
Nunca teve. Nem agora. Em que se lembrou, seis anos decorridos, num jantar debate que decorreu no Porto, de que o país está em apuros. Ou seja, afinal, parece que a vida sempre se resume ao orçamento. E que, sem ele, a vida em Portugal, practicamente, não existe...
Haja paciência. Se saber envelhecer é, em si, um desafio, saber ser um velho e respeitado ex- Presidente é uma obrigação. De certo difícil. Infelizmente nem todos o conseguem!

HSC

quarta-feira, 2 de março de 2011

A sexualidade das portuguesas

Não. Não comecem já a rir. Depois de quase dois anos a falar de Portugal, um dia teria de acontecer falar de sexo. E o tema veio através de um comentário da minha querida amiga virtual Julia Macias - Valet, ao meu post anterior. Prometi-lhe que abordaria a matéria. É a altura.
Num programa de rádio - "Conversas de Raparigas" - de Rita Ferro, Ana Coelho e Rita Matos, a primeira terá duvidado dos resultados de um estudo que revelava ser elevado o grau de satisfação sexual das portuguesas. Porque, dizia ela, "como é que se pode medir a satisfação? Provavelmente, a D. Alzira de Vila Nova de Poiares tem relações uma vez por semana ou por mês e considera isso satisfatório".
A frase, fatal como o destino, deu origem a um artigo intitulado "Luta de classes" em que o autor - sim, um homem - servindo-se de textos literários clássicos, faz uma análise engraçadíssima da questão. Pronto, em resumo, foi isto. Os pormenores estão no post anterior.
Vamos nós, então, ao assunto.
1.Isto de medir a satisfação sexual por inquérito/sondagem, deixa-me sempre imensas dúvidas. Porque há a "tendência gabarola" e o seu oposto a "tendência metafísica", para não falar já de "orgasmos múltiplos versus orgasmos únicos", ou mesmo, versus orgasmos "a ver navios".
2.Por outro lado, a medição pelo sistema quantitativo também não leva a lado nenhum. Porque, um fim de semana "empenhado" pode satisfazer muito mais do que cinco dias úteis apressados.
3. A idade, a instrução, ou a localização geográfica, são factores que alteram comportamentos e por isso não devem ser misturados.
4. Não conheço o estudo. Mas conheço pessoas sexualmente felizes com 18 ou 70 anos. E o contrário também
5. O sexo não depende só de um. Ou pode até depender. Mas refiro-me aqui ao dueto tradicional de géneros opostos. Há mulheres que funcionam bem com uns parceiros e mal com outros.

Estes são alguns tópicos que, julgo, merecem ponderação. Prometo que voltarei ao assunto, pese embora não seja sexóloga. Apenas praticante. Mas, do meu ponto de vista, sexo é sedução, erotismo, liberdade. Sobretudo, liberdade. Até, de lhe dizer não. Apesar de ser uma pena!

HSC