quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Super cola



Também sabe bem rir. Acabo de receber estas fotos. A atenção ao pormenor não tem limites. Mas, de facto, eu já tinha dado por estas mãozinhas sempre em losango. Porque será?!

HSC

Duas bofetadas em Obama



Já aqui tenho dito que não sou uma fã de Obama. Compreendo a expectativa criada à sua volta, mas não fui sensível a ela.
No último Nouvel Observateur, uma vez mais, Jean Daniel toca na ferida e explica como o actual Presidente dos Estados Unidos se vem afastando, cada vez mais, do seu célebre discurso de 5 de Junho de 2009, considerado como um dos testemunhos históricos mais lúcidos que um chefe de Estado poderia fazer.
Vejamos então a razão deste título. A 24 de Setembro os representantes americanos reunidos em Congresso receberam Benjamin Netanyahou, PM de Israel, o que constituiu, sem dúvida, um expressivo sucesso pessoal.
Só que o discurso do PM israelita, habilíssimo - referia a origem da nação americana e a sua mística de terra prometida -, foi aclamado por vinte e uma "standing ovations".
Foi a primeira bofetada dada em quem pensa que ceder uma parcela da sua terra é, simplesmente, ferir a alma do povo americano.
Mas, na Assembleia Geral das Nações Unidas, 193 Chefes de Estado ouviram o Presidente da Autoridade da Palestina, Mahmoud Abbas, discursar e ser recebido com grandes aplausos. Tantos, que teve mesmo de esperar que eles acabassem, para poder terminar.
Falou às nações de todo o mundo com extrema simplicidade e referiu-se aos seus "parceiros" israelitas, desejando que ambos os povos pudessem viver dignamente na mesma terra, com a soberania e segurança indispensáveis.
Este foi, aliás, o discurso que, desde há dois anos, todos os enviados da Casa Branca e em especial Hillary Clinton, vinham defendendo face ao governo de Jerusalem. Esta terá sido a segunda bofetada.
Obama foi, para muitos, o rosto do homem que tinha mudado os Estados Unidos. Por isso, aqueles que depositaram nele essa esperança, sentem hoje alguma amargura e decepção. Que, aliada à crise económica do país, pode vir a traduzir-se em resultados pouco favoráveis na perspectiva de uma reeleição...

HSC

Mas o que é que lhes deu?!




Andei o dia todo num virote, alheada das coisas importantes da vida - o mundo, a Grécia e nós - e dedicando-me, apenas, ao novo programa Moeda de Troika em que vou participar na RTP Informação.
Cheguei a casa já mais morta que viva, liguei a caixa mágica e, de supetão, sai-me uma voz conhecida, num inflamado discurso em francês. Cansada como estava, ainda pensei que seria algo sobre DSK, que continua a ser tema para todas as inflamações.
Nada disso. Era o nosso "cherne" de águas profundas, que emergira e se transformara num Neptuno armado de Tridente.
Não queria acreditar. Só podia ser um clone, a quem haviam encarregado de incarnar o reverso do discurso habitual, cujo tom sereno reflecte a tranquilidade dos que têm o futuro assegurado.
Mas o pasmo não ficou por aqui. Portugal mostrava-se ao mundo, no mesmo dia, no discurso de Cavaco Silva. Ou melhor, na lição de economia e finanças, proferida pelo Professor, que aqui e ali, foi esclarecendo aquilo que, para nossa surpresa, disse não ter sabido a tempo. O que é estranho, porque algumas delas eu sabia, que sou colega de ofício, mas de menor nível. Confesso, apesar de tudo, que como primeiro discurso institucional do segundo mandato, ainda deu alguns recados. Não os que eu gostaria de lhe ouvir, mas os que ele entendeu deviam ser dados.
Quando o fim da noite se aproximava e os meus olhos pesavam, a voz de Passos Coelho arrebitou-me um pouco, mas o que proferiu já me apanhou a ir para os braços do Morfeu. Pareceu-me, todavia, que se recriminava por, no passado, ter falado demais. Não garanto, mas fiquei com esta ideia que, em política, não é propriamente nova.
E, já meio ensonada, pensei que esta semana teria sido a ideal para a estreia da Moeda de Troika, com tanto palreio para nos entreter...

HSC

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Durão Barroso dixit


“O problema não é tanto o euro enquanto divisa, o problema é, temos que admitir – e nós não estamos complacentes sobre isso – as diferentes posições fiscais e os diferentes níveis de competitividade entre alguns membros da união monetária”, disse Durão Barroso na entrevista concedida ao programa Global Public Square, da cadeia de televisão norte-americana.
Na quarta-feira, enquanto o Presidente fizer o discurso do Estado da União, o Parlamento Europeu preparar-se-á para aprovar o pacote das seis medidas de governação da zona euro.
Uma delas ampliará os poderes da Comissão Europeia, permitindo-lhe agir e até sancionar os Estados membros que estejam a prosseguir políticas orçamentais e macroeconómicas pouco sustentáveis.
O Presidente da Comissão Europeia não deixou também de salientar que “se de facto há uma nova potência emergente, no mundo, essa potência é a Europa, porque antes éramos países europeus, que não estavam unidos (…) A Europa é, de facto, mais forte hoje do que era há cinco ou dez anos”,.
O que ele não explicou é como, apesar disso, surgiu esta crise, nem quando ou de que forma ela vai acabar...

HSC

domingo, 25 de setembro de 2011

O animal que existe em nós


«Por debaixo do verniz civilizacional, todo o homem tem dentro de si um animal à espreita. Infelizmente, se esse verniz for arrancado, o animal vai mostrar a cara. A promessa de concessão de direitos sem a obrigatoriedade de deveres e de recompensas sem méritos foi o que arrancou o verniz na recente eclosão de episódios de vandalismo na Inglaterra.»
«É uma ilusão, senão uma loucura, acreditar que os alemães e os gregos podem pertencer à mesma organização e adequar-se às mesmas normas financeiras. Como impor a mesma moeda, o mesmo sistema e o mesmo modo de vida ao alemão trabalhador, cumpridor das leis, respeitador da hierarquia, e ao grego fanfarrão e avesso às normas?»
«A União Europeia é um objectivo inalcançável, pois foi escolhido pela sua pureza, que exige que todas as diferenças sejam atenuadas, os conflitos superados, e no qual a humanidade deve encontrar-se como sob uma unidade metafísica que jamais pode ser questionada ou posta à prova.»
«Optimismo e utopia em excesso geralmente acabam em nada ou, pior, dão em totalitarismo.».

Este texto foi roubado do blogue FORTE APACHE*, e constitui excertos de uma entrevista concedida por Roger Scruton à revista brasileira VEJA . O seu autor, Pedro Correia, é alguém que respeito muito e sigo com atenção.
O que aqui se diz é importante e faz pensar.

*forteapache.blogs.sapo.pt

HSC

Ele há coisas...


Hoje, eu e o meu querido Mário Zambujal - vamos sempre juntos a estas andanças -, fomos a uma sessão de autógrafos na Amadora, porque havia lá uma Feira onde nos queriam.
Ao contrário de muita gente que publica, eu gosto destes banhos de gente que vai "ver-nos".
Por norma, começamos por dizer alguma coisa sobre o que nos leva a escrever. E, por gentileza do Mário...sou sempre eu que começo. Sou boa, perdoem-me a imodéstia, nesta coisa de aquecer salas. Não tenho papas na língua, sinto-me entre iguais e sou muito reconhecida a quem num Domingo de sol, enche uma sala para ouvir, ver e conversar com quem escreve.
Foi comovente - e falo por mim - ver o carinho com que sou tratada e o espanto de alguns pela forma simples com que os recebo. Mas de que outra forma poderia ser, se são eles que fazem o sucesso ou insucesso de um livro e se é para eles e por causa deles que escrevo?!
Vim para casa satisfeita por ver que esta terra, que faz parte do que sou e que amo entranhadamente, pese embora todas as dificuldades com que vive, ainda continua a comprar livros e a ter paciência para ouvir os seus autores. Não há povo no mundo mais caloroso que o português.
E o resto são cantigas!

HSC

sábado, 24 de setembro de 2011

Assim é o amor!


Esta semana não foi fácil. Tive que discutir contratos, não sou negociadora fácil e tenho pouca paciência para o "chicoespertismo". Esta mistura explosiva deixou-me estafada. Nada como ir ao cinema para arejar a mente e o espírito, antes de sair do país, daqui a dias.
Resolvi, a medo, ir ver Beginners - entre nós traduzido por Assim é o amor -, que acreditei ser uma comédia.
Cinema sem conhecer o realizador é temeridade que raramente faço. Mas desta vez, embarquei...
A ideia central do filme tem interesse, porque perspectiva o amor em ângulos muito diversos e conta-se em poucas palavras.
Alguns meses depois do pai falecer de um cancro de pulmão, Oliver conhece Ana, uma jovem irreverente e imprevisível. E a relação entre os jovens irá desenrolar-se no rescaldo das memórias de Hal, pai de Oliver que, a seguir à morte da mulher, e já com 75 anos, resolve sair do armário e viver uma tumultuosa vida homossexual.
O impacto da nova vida do progenitor, ora comovente, ora cómica, aproximam pai e filho e vão dar à frágil relação com Ana uma nova dimensão.
Se o realizador tivesse garra, inspirado na sua própria história e com dois belíssimos actores - Christopher Plummer, excelente, e Ewan Mc Gregor - teria feito uma magnífica película. Mas não chega lá. E eu, apesar de ter gostado, não vim satisfeita.

HSC

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Corpo e alma


É sempre surpreendente quando se assiste a um espectáculo em que há uma total harmonia entre os movimentos de dois corpos. Os quais, pela busca da perfeição, nos deixam estupefactos. Aconteceu isso comigo quando assisti ao espectáculo para que nos remete o link que registo abaixo:

http://www.youtube.com/watch_popup?v=JGq4k8RMe9o

Não deixem de ver, mas não se assustem com o senhor que aparece no inicio, a falar uma língua que, julgo, será regional. E depois, por favor, pensem como se pode chegar a uma tal sinfonia corporal.
E andamos todos nós às turras... Haja paciência!

HSC

quarta-feira, 21 de setembro de 2011



Hoje celebra-se o dia da doença de Alzheimer que afecta pacientes e famílias de modo trágico. O meu Pai, nos últimos meses da sua vida, foi progressivamente invadido por este mal. É em seu nome e no de todos aqueles que passam por esta Via Sacra que não quero deixar de chamar a atenção dos que me lêem para este problema. Que um dia foi do meu progenitor e amanhã poderá ser meu e daqueles que amo. Nunca é demais lembrar que a desgraça dos outros pode, um dia, ser a nossa!

HSC

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Uma ilha ajardinada...



Recebi esta imagem de um amigo. No meio de tanta crise veja-se a nossa capacidade de encaixe...no duplo sentido da palavra!

HSC

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Angela que se cuide!


Com eleições nacionais em 2013, as coisas parecem estar a complicar-se para a Senhora Merkel, que se confronta com novas dificuldades internas, visto que os sociais-democratas (SPD) voltaram a ganhar as eleições em Berlim.
A CDU, da chanceler alemã, teve um discreto aumento, mas os Liberais Democratas seus parceiros de coligação e muito cépticos em relação à Europa, sofreram um duro revés ao ficaram-se pelos 1,9%, quando em 2006 haviam obtido 7,6% .
O partido ficou, deste modo, abaixo dos 5% indispensáveis para um assento em Berlim e Klaus Wowereit prepara-se para assumir um terceiro mandato à frente da cidade. 




Parece que uma boa parte das derrotas da CDU se ficará a dever ao modo como Angela Merkel tem estado a gerir a crise na zona euro.


Pese embora estas eleições serem de âmbito regional, a sua votação reveste significado quase nacional, o que torna mais difícil a capacidade de manobra da chanceler, que a 29 de Setembro tenciona levar ao Parlamento o assunto do alargamento de funções do Fundo Europeu de Estabilização Financeira.


A vida não está fácil para a senhora Merkel. E para nós muito menos!

HSC

domingo, 18 de setembro de 2011

Preparar-se para o pior


Jacques Attali descreve no L' Express de 14 de Setembro, dez cenários nos quais considera necessário reflictir, para que os franceses se preparem para o duplo choque da crise bancária e da crise das finanças públicas. Ei-los numa tradução minha bastante livre.
1. A Grécia, sem meios deixa de pagar aos credores, algumas pensões e parte dos salários da função pública. Os bancos que lhe emprestaram dinheiro e as empresas que lhes venderam armas e outros bens suportam perdas. Mas a Grécia não sai da Zona Euro nem a isso está obrigada.
2. Para "desencalhar" o país a Zona Euro recusa utilizar os magros recursos do Fundo Europeu de Estabilização Financeira, visto que os eurobonds só têm sentido com uma fiscalidade e um controle europeus, para evitar o seu mau uso.
3. Sem instrumentos financeiros comunitários suficientes, os outros países abandonam a Grécia à sua sorte.
4. Os mercados, essencialmente a Ásia e o Médio Oriente, inquietam-se com a situação e fazem pagar cada vez mais caro os seus capitais em Portugal, na Espanha e na Itália.
5. A crise estende-se a França que toma consciência de que a sua situação não está segura, face aos activos tóxicos das suas instituições financeiras.
6. Para evitar que os bancos se afundem procuram-se accionistas privados ou públicos. Em vão.
7. Em pânico o Banco Central Europeu consente num financiamento massivo a esses bancos para resolver o seu problema de liquidez e solvabilidade.
8. Horrorizada pelo laxismo a Alemanha sai do euro e cria um "euro+", de acordo com um plano já previamente preparado, que irá custar muito caro a cada cidadão alemão ( entre seis mil a oito mil euros, no primeiro ano e depois entre três mil e quinhentos a quatro mil e quinhentos ).
9. A explosão do euro revela aos mercados que os bancos anglo - saxónicos não vão melhor.
10. É então que se verifica o desmoronamento do sistema financeiro ocidental, uma grande depressão e um desemprego generalizado, levando a questionar a própria democracia.

Ninguém pode exorcizar por completo uma tal tragédia em França e, por maioria de razão noutros países europeus. Por isso é urgente que os governos se reunam e actuem para o evitar.
Attali acaba por sugerir que o Parlamento Europeu se reuna em sessão extraordinária e se declare Assembleia Constituinte para votar a criação de um verdadeiro federalismo orçamental, do qual depende de tudo aquilo que a Europa construiu até agora.

HSC

Mais uma!


"Quando o British Hospital surge numa conversa, tendemos a perguntar: o de Campo de Ourique ou o das Torres de Benfica? O hospital pertence ao Grupo Português de Saúde desde o início dos anos 1980. O Grupo Português de Saúde pertence ao universo da Sociedade Lusa de Negócios, a tal que tinha um banco dentro. Exactamente: o BPN. O banco serviu para financiar a compra do British. Um fiasco. Entre 1999 e 2009, o British recuou de uma média anual de 12 mil consultas para cerca de 1800. Entre 2004 e 2007, o presidente do Grupo Português de Saúde foi o economista José António Mendes Ribeiro, o qual, quando saiu do grupo, deixou um passivo de perto de cem milhões de euros.
Pois foi precisamente José António Mendes Ribeiro que o ministro da Saúde, Paulo Macedo, foi buscar para coordenar o grupo de trabalho que vai propor os cortes a aplicar no Serviço Nacional de Saúde."

Este texto foi retirado do blogue daliteratura.blogspot.com. A ser verdade é, no mínimo, surpreendente! Mas eu já não paro de me surpreender...
HSC

sábado, 17 de setembro de 2011

Woody Allen e Paris


Fui hoje ver o último filme de Woody Allen e saí com a alma lavada. Porque são dois gostos satisfeitos de uma só vez. Sou fã incondicional de ambos. Adoro Paris - é uma espécie de segunda casa para mim - e envelheci com o realizador. Ou seja, ele acompanhou metade da minha vida. Não perdi nenhuma das suas obras e, inclusive, gosto daquelas que os críticos cinematográficos consideram menores.
Midnight in Paris mostra a cidade em todo o seu esplendor: os recantos, as esplanadas, as avenidas, a noite, as luzes e, finalmente, as pessoas.
Woody, ultrapassados os setenta anos, refina de criatividade e até se permite pôr como protagonista, um homem que se lhe assemelha bastante enquanto jovem.
A história, que pressupõe um mínimo de bagagem cultural, é um achado. E Owen Wilson não podia ter sido melhor escolha.
Ver Paris pela câmara do realizador que a América não aprecia, constitui algo precioso para quem, como eu, conhece bem a cidade. Não é um filme de filosofia. Nem sequer um filme que faça pensar muito. Mas trata-se de uma pérola para quem saiba alguma coisa de história da arte e tenha a capacidade de rir de si próprio e dos outros, tanto quanto Woody Allen!

HSC

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Lá e cá mais fadas há...


Quem esteja atento à política fora de portas, não pode deixar de sentir que em França se passa algo que se assemelha ao que aqui foi acontecendo.
Uma passagem de olhos sobre o tema mostra-nos as manobras de Chirac para tentar escapar a uma justiça enfraquecida, após sete anos de magistratura de direita.
Mas mostra igualmente um PS nas vésperas eleitorais de 9 de Outubro, com três cabeças cujos ataques se multiplicam e cujos protagonistas são Hollande, a sua ex-mulher Royal e Aubry.
A juntar a tudo isto há "estórias" financeiras embaraçosas em Marselha e no Hérault, que só servem para tornar o clima mais pesado entre os próprios candidatos relativamente aos seus apoios.
A finalizar, Dominique Strauss Kahn, o grande ausente das primárias, retornado agora à pátria, continua a fazer falar de si.
São possivelmente estas "circunstâncias" nocivas que tranquilizam Sarkozy, apesar de dois dos seus grandes bancos terem levado ultimamente grande pancada.
O quadro descrito está, como se vê, longe de ser novo aqui para os lados de Portugal, onde estes casos já não espantam ninguém...

HSC

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Sete Mandamentos para atravessarmos a crise


1º - A primeira de todas as dívidas soberanas, e certamente a mais fundamental, é aquela que cada um de nós mantém para com a Vida. Essa dívida nunca a pagaremos, nem ela pretende ser cobrada. Reconhecer isso em todos os momentos, sobretudo naqueles mais exigentes e confusos, é o primeiro dos mandamentos.

2º - Se a maior de todas as dívidas soberanas é para com um dom sem preço como a vida, cada pessoa nasce (e cresce, e ama, luta, sonha e morre) hipotecada ao infinito e criativo da gratidão. A dívida soberana que a vida é jamais se transforma em ameaça. Ela é, sim, ponto de partida para a descoberta de que viemos do dom e só seremos felizes caminhando para ele. É o segundo mandamento.

3º - O terceiro mandamento lembra-nos aquilo que cada um sabe já, no fundo da sua alma. Isto de que não somos apenas o recetáculo estático da Vida, mas cúmplices, veículos e protagonistas da sua transmissão.

4º - O quarto mandamento compromete-nos na construção. Aquilo que une a diversidade das profissões e as amplas modalidades do viver só pode ser o seguinte: sentimo-nos honrados por poder servir a Vida. Que cada um a sirva, então, investindo aí toda a lealdade, toda a capacidade de entrega, toda a energia da sua criatividade.

5º - A imagem mais poderosa da Vida é uma roda fraterna, e é nela que todos estamos, dadas as nossas mãos. A inclusão representa, por isso, não apenas um valor, mas a condição necessária. O quinto mandamento desafia-nos à consciência e à prática permanente da inclusão.

6º - As mãos parecem quase florescer quando se abrem. Os braços como que se alongam quando partem para um abraço. O pão multiplica-se quando aceita ser repartido. A gramática da Vida é a condivisão. Esse é o mandamento sexto.

7º - O sétimo mandamento resume todos os outros, pois lembra-nos o dever (ou melhor, o poder) da esperança. A esperança reanima e revitaliza. A esperança vence o descrédito que se abate sobre o Homem. A esperança insufla de Espírito o presente da história. Só a esperança, e uma Esperança Maior, faz justiça à Vida.


Há alturas em que dar a conhecer o pensamento dos outros é mais importante que revelar o nosso. É o caso deste texto do Padre José Tolentino de Mendonça, um poeta e pensador que não requer apresentação.

HSC

O Congresso de Braga


"A sombra de José Sócrates perpassou pelo Congresso do PS, em Braga, como um remorso mal emendado. Entre os discursos de evocação e envergonhados silêncios, pouco mais houve. É verdade que António José Seguro fez dois discursos "à Esquerda", mas ele está manietado não só pelos compromissos assumidos com a troika, como pelo historial de concessões, anómalas cumplicidades e cometimentos contrário à sua génese de que o Partido Socialista é fértil e impudico.
Que vai fazer e praticar o novo secretário-geral, que chegou onde chegou pelo laborioso trabalho de casulo e de paciente espera sem afã, como se estivesse de tocaia, ao longo de muitíssimos anos?
Entre o dito e o feito vai a escala que percorre as promessas eufóricas das mentiras desavergonhadas. Temos uma boa dose dessas ausências de ética e de moral. Mas vamos sempre atrás dos cânticos das sereias, como se a nossa experiência democrática nunca se alargasse mais do que o horizonte desejado.
Seguro, dizem-me, está animado pelos princípios que enformam a "Esquerda democrática", expressão cujo rigoroso significado ninguém conhece, e que, aliás, tem servido de pretexto para numerosas malfeitorias. Mas os tais "princípios", até agora, limitaram-se a enunciações de retórica, sem objectivos claros. Não basta criticar o Governo; é necessária uma exigência de generalidade alternativa, apoiada por uma doutrina política e económica no estrito sentido do termo. A construção activa de um projecto que não se cristalize no paradigma do "mercado" parece retirada do pensamento de Seguro, cuja natureza e fundamentos, realmente, se desconhecem.
Como a experiência recente no-lo tem ensinado, o "mercado" não se auto-regula através da harmonia dos interesses, exactamente porque essa harmonia não existe. Os problemas são muito mais complexos e escorregadios do que pensa o actual secretário-geral dos socialistas".


O texto atrás transcrito na íntegra pertence a Baptista Bastos, que eu gosto sempre muito de ler. Mesmo quando não estou de acordo, acabo sempre por descobrir algo de precioso naquilo que escreve.
BB, como é conhecido, pertence a uma cepa de jornalistas hoje já muito rara. Mais do que as ideologias que possa defender, o que nele é mais marcante é a justeza do olhar, sem sem ponta de ódio ou intolerância. Diz o que pensa e pensa o que diz.
Haverá melhor forma de olhar o mundo actual?

HSC

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Segunda feira negra


Ontem os bancos franceses sofreram duras perdas - à vota dos 10% - com a iminência de uma situação de bancarrota na Grécia. Em Portugal instituições tidas como de referência sofreram-lhe as também as consequências. O BES caiu quase 8%, o BPI deprecia-se, e o BCP vende as suas acções por uma moeda de... vinte cêntimos.
O que significa tudo isto? Que na globalização do sistema financeiro, aquilo que acontece aos outros, acaba por nos afectar a todos. Ou seja, ninguém foge aos efeitos colaterais de um risco real, a que se chama incumprimento. Por parte de quem? Por enquanto, por parte da Grécia.
É que, no momento, em Portugal, a situação é de emergência. Mas a Grécia, nossa companheira da UE, aproxima-se, a passos largos, da bancarrota com uma taxa de 69% para juro da sua dívida. E isso, por efeito de dominó, pode arrastar-nos com ela. Para não falar já, no facto de que todos os fundos para ali desviados, serão aqueles que, no futuro, nos poderão vir a faltar.
Em Portugal, a luta tem sido fazer acreditar que o que se passa aqui é diferente do que se passa naquele país, para evitar a sucção que esse trágico acontecimento helénico provocará em nós, caso venham a confirmar-se os piores cenários.
É isto que explica, numa grande parte, a obsessiva preocupação do nosso ministro Vitor Gaspar em acatar, ao cêntimo, o plano da "troika" e se reflecte na violência do cumprimento do défice orçamental deste ano, com cortes na despesa e nos impostos.
Bem se pode dizer que "gregos andamos nós com esta situação"!

HSC

Louvores...


A questão em si não terá a mínima importância. Mas o que é certo, é que a mim, causou-me algum incómodo. Leio num jornal que um assessor de Isabel Leite, actual Secretária de Estado do Ensino Básico e Secundário, que trabalhou entre 25 de Julho e 22 de Agosto deste ano, tendo saído a seu pedido, mereceu desta alta dignatária um louvor público.
Ignoro os relevantes serviços que o seu assessor, durante trinta dias, lhe possa ter prestado. Mas, mesmo que tenham sido extraordinários, temos de convir que, relativamente aos outros funcionários da casa, a medida apareça como bizarra.
Eu não pertenço ao Ministério da Educação. Mas servi a Administração Pública durante dezoito anos e sei bem quão escassos eram, na altura, este tipo de louvores. Mudam os tempos e mudam as vontades.
Os funcionários públicos, com razão ou sem ela, estão a ser sacrificados. E, de repente, a título de exemplo, um dos seus por apenas um mês, tem direito a uma distinção especial. Se isto se tornar uma regra, os assessores ficarão cada vez mais mal vistos. E com alguma razão, diga-se.
Prof. Nuno Crato esteja atento. Estas coisas acabarão sempre por lhe cair em cima!

HSC

sábado, 10 de setembro de 2011

Dez anos,,,


O último Nouvel Observateur abre com um excelente artigo de Jean Daniel, intitulado "Ces dix ans qui ont changé le monde".
Nem sempre tenho a mesma visão do mundo, o que é normal, mas sou uma leitora atenta do que este pensador escreve.
O artigo analisa as relações entre o Oriente e o Ocidente depois do 11 de Setembro. De facto, este acontecimento constituiu uma verdadeira ruptura histórica e esteve na origem de uma série de guerras, de comportamentos e de situações que modificaram o equilíbrio planetário.
Nesse dia os EUA foram, pela primeira vez, agredidos no seu próprio solo e descobriram que tinham deixado de deter o comando do mundo, que a queda do muro de Berlim consagrara desde 1989. E realizaram igualmente que, daí para a frente, teriam de enfrentar uma forma de guerra totalmente nova, para a qual não estavam de todo preparados, cuja arma utilizada era o Islão.
O artigo faz depois uma análise daquilo que Obama percebeu e tentou simbolizar e das razões pelas quais uma parte do seu projecto faliu. Vale francamente a pena ler este texto Considero, cada vez mais, ser essencial perceber outras formas de ler a história, mesmo que nem sempre estejamos de acordo com elas!

HSC

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Triple A


Não, não é das agências de rating que vos falo hoje. Ou... pelo menos não é dessas com que costumo bombardear aqueles que fazem o favor de me ler.
Um blogue que muito aprecio - umjeitomanso.blogspot.com - publicou um post que me arrasou.
Com efeito, numa incursão por várias revistas do "beautiful people", existentes no seu cabeleireiro, a autora traça-nos um guião tão notável desse estrato social, que me deixou, repito, de rastos. Não conhecia quase ninguém. Trágico!
Na impossibilidade de mudar de cabeleireiro, fiquei a matutar no assunto e descobri, economista que sou, a razão de tanta ignorância da minha parte. É que toda aquela gente pertence ao triple A social, essa nova forma de notação sociológica, onde nem sequer os nomes conheço, quanto mais as histórias de vida...
Depois disto, era inevitável orientar-me. Estou melhor do que o país - não sou lixo -, mas não devo passar de um mísero B-.
É claro que esta constatação é algo que vai derrotar o meu fim de semana, neste retorno ao país real!

HSC

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Os mistérios do PGR


O Procurador Geral da República, Dr. Pinto Monteiro, é hoje objecto de uma análise muito inteligente, feita pelo Juiz Desembargador Rui Rangel, na coluna de opinião que mantém no Correio da Manhã, intitulada "Dignidade e Respeito".
Depois de lhe tecer merecidos elogios no campo do Direito, não se furta ao exame do que foi o seu mandato durante o reinado de Sócrates, nem à posição que a sua equipe e o próprio tomaram nalguns processos mais mediáticos.
A forma como entre nós o PGR é escolhido, merecendo a ampla confiança do Presidente e do Primeiro Ministro presta-se, com razão ou sem ela, às críticas mais vivas.
Com efeito, o cronista estranha que tendo o país alterado profundamente o seu rumo de governação, Pinto Monteiro não tenha posto, de imediato, à disposição o seu lugar.
Por isso, Rangel sugere que "se torna urgente alterar a forma de nomeação, devendo apostar-se na eleição no Parlamento. Acabe-se de vez com esta ligação umbilical entre a política e o topo do Ministério Público, por via da sua nomeação. Não me interessam os jogos políticos que estão por detrás, mas antes o homem e garantir o prestígio desta função tão relevante para a Justiça".
O Juiz Desembargador, que leio sempre com muita atenção, aborda um ponto fulcral sobre que, acredito, muitos de nós já se terão certamente interrogado.
Veremos qual a sensibilidade da actual governação para o problema, esperando que, de caminho, se perceba porque é que se mantém o actual PGR.

HSC

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Para rir...ou talvez não!

Esta é a explicação para crianças do que é o BCE, ou Banco Central Europeu, que me foi enviada por um amigo. Vejamos então:

O que é o BCE?
- O BCE é o banco central dos Estados da UE que pertencem à zona euro, como é o caso de Portugal.

E donde veio o dinheiro do BCE?
- O dinheiro do BCE, ou seja o capital social, é dinheiro de nós todos, cidadãos da UE, na proporção da riqueza de cada país. Assim, à Alemanha correspondeu 20% do total. Os 17 países da UE que aderiram ao euro entraram no conjunto com 70% do capital social e os restantes 10 dos 27 Estados da UE contribuiram com 30%.

E é muito, esse dinheiro?
- O capital social era 5,8 mil milhões de euros, mas no fim do ano passado foi decidido fazer o 1º aumento de capital desde que há cerca de 12 anos o BCE foi criado, em três fases. No fim de 2010, no fim de 2011 e no fim de 2012 até elevar a 10,6 mil milhões o capital do banco.

Então, se o BCE é o banco destes Estados pode emprestar dinheiro a Portugal, ou não? Como qualquer banco pode emprestar dinheiro a um ou outro dos seus accionistas.
- Não, não pode.

Porquê?!
- Porquê? Porque... porque, bem... são as regras.

Então, a quem pode o BCE emprestar dinheiro?
- A outros bancos, a bancos alemães, bancos franceses ou portugueses.

Ah percebo, então Portugal, ou a Alemanha, quando precisa de dinheiro emprestado não vai ao BCE, vai aos outros bancos que por sua vez vão ao BCE.
- Pois.

Mas para quê complicar? Não era melhor Portugal ou a Grécia ou a Alemanha irem directamente ao BCE?
- Bom... sim... quer dizer... em certo sentido... mas assim os banqueiros não ganhavam nada nesse negócio!

Agora não percebi!!..
- Sim, os bancos precisam de ganhar alguma coisinha. O BCE de Maio a Dezembro de 2010 emprestou cerca de 72 mil milhões de euros a países do euro, a chamada dívida soberana, através de um conjunto de bancos, a 1%, e esse conjunto de bancos emprestaram ao Estado português e a outros Estados a 6 ou 7%.

Mas isso assim é um "negócio da China"! Só para irem a Bruxelas buscar o dinheiro!
- Não têm sequer de se deslocar a Bruxelas. A sede do BCE é na Alemanha, em Frankfurt. Neste exemplo, ganharam com o empréstimo a Portugal uns 3 ou 4 mil milhões de euros.


Isso é um verdadeiro roubo... com esse dinheiro escusava-se até de cortar nas pensões, no subsídio de desemprego ou de nos tirarem parte do 13º mês.
As pessoas têm de perceber que os bancos têm de ganhar bem, senão como é que podiam pagar os dividendos aos accionistas e aqueles ordenados aos administradores que são gente muito especializada.

Mas quem é que manda no BCE e permite um escândalo destes?
- Mandam os governos dos países da zona euro. A Alemanha em primeiro lugar que é o país mais rico, a França, Portugal e os outros países.

Então, os Governos dão o nosso dinheiro ao BCE para eles emprestarem aos bancos a 1%, para depois estes emprestarem a 5 e a 7% aos Governos que são donos do BCE?
- Bom, não é bem assim. Como a Alemanha é rica e pode pagar bem as dívidas, os bancos levam só uns 3%. A nós ou à Grécia ou à Irlanda que estamos de corda na garganta e a quem é mais arriscado emprestar, é que levam juros a 6%, a 7 ou mais.

Então nós somos os donos do dinheiro e não podemos pedir ao nosso próprio banco!...
- Nós, qual nós?! O país, Portugal ou a Alemanha, não é só composto por gente vulgar como nós. Não se queira comparar um borra-botas qualquer que ganha 400 ou 600 euros por mês ou um calaceiro que anda para aí desempregado, com um grande accionista que recebe 5 ou 10 milhões de dividendos por ano, ou com um administrador duma grande empresa ou de um banco que ganha, com os prémios a que tem direito, uns 50, 100, ou 200 mil euros por mês. Não se pode comparar.

Mas, e os nossos Governos aceitam uma coisa dessas?
- Os nossos Governos... Por um lado, são, na maior parte, amigos dos banqueiros ou estão à espera dos seus favores, de um empregozito razoável quando lhes faltarem os votos.


Mas então eles não estão lá eleitos por nós?
- Em certo sentido, sim, é claro, mas depois... quem tem a massa é quem manda. É o que se vê nesta actual crise mundial, a maior de há um século para cá.
Essa coisa a que chamam sistema financeiro transformou o mundo da finança num casino mundial, como os casinos nunca tinham visto nem suspeitavam, e levou os EUA e a Europa à beira da ruína. É claro, essas pessoas importantes levaram o dinheiro para casa e deixaram a gente como nós, que tinha metido o dinheiro nos bancos e nos fundos, a ver navios. Os governos, então, nos EUA e na Europa, para evitar a ruína dos bancos tiveram de repor o dinheiro.

E onde o foram buscar?
- Onde havia de ser!? Aos impostos, aos ordenados, às pensões. De onde havia de vir o dinheiro do Estado?...

Mas meteram os responsáveis na cadeia?
- Na cadeia? Que disparate! Então, se eles é que fizeram a coisa, engenharias financeiras sofisticadíssimas, só eles é que sabem aplicar o remédio, só eles é que podem arrumar a casa. É claro que alguns mais comprometidos, como Raymond McDaniel, que era o presidente da Moody's, uma dessas agências de rating que classificaram a credibilidade de Portugal para pagar a dívida como lixo e atiraram com o país ao tapete, foram... passados à reforma. Como McDaniel é uma pessoa importante, levou uma indemnização de 10 milhões de dólares a que tinha direito.

E então como é? Comemos e calamos?
- Isso já não é comigo, eu só estou a explicar...

Algum adulto estranha a explicação?! :))

HSC

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Podia copiar-se...


Em Itália, uma pequena vila a cerca de cem quilómetros de Roma, chamada Filletino decidiu, como forma de protesto contra as medidas de austeridade, declarar a sua independência.
Assim, com pompa e circunstância o Presidente da Câmara, Luca Selari, anunciou o Principado do Filletino. E, de caminho, esclareceu a Itália que no seu país iria ser criada moeda própria, o fiorito, o qual já era aceite em todas as lojas da localidade.
Não sabemos se o principado se desligou ou não da tremenda dívida italiana, nem tão pouco que tipo de relacionamento manterá com Berlusconi, ou até se irá receber algum empréstimo do país de origem. Mas isso são pormenores. Aqui o que vale é a originalidade do protesto.
Se falo disto é porque passou pela minha cabeça, que talvez seja possível aplicar a algumas regiões do país, este modelo. Alguém tem dúvidas do contributo positivo que teria na diminuição da dívida?!
Dão-se alvíssaras a quem acertar na sugestão...

HSC

domingo, 4 de setembro de 2011

Inesperado Tango


Este tango em verso foi dedicado a duas Helenas. Uma sou eu. A outra é linda e, como eu, gosta de tango. Sabendo disso ERA UMA VEZ, uma deliciosa comentadora poeta, deixou-nos este presente, num blogue lá para os lados do Tibete, onde sedia Timtim, que o publicou. Por tudo isto, não resisti e partilhei-o convosco.
É como se estivesse a dançá-lo. Nem mais!

"Olhar-te
e ver crescer um fogo nos teus olhos
enquanto serpenteias no meu corpo
lutar
sentir
amar
rodopiar
trair
sempre em movimento
e
um resto de mim a resistir
e outro resto de mim a deixar-se ir

e a música comanda
o sentimento
e a luta que prossegue
é guerra aberta
desenho no chão com o salto do sapato
a indecisão da vida
da vida ao desbarato
talvez não seja nada
talvez seja paixão
sinto-me tonta
vermelho e negro
só vejo
vermelho e negro

depois deste cansaço
sei lá o que se segue
que seja o céu a decidir

e a alma a deixar-se ir e a alma a deixar-se ir..."


Apenas lhe acrecentei "...e o corpo a decidir".
Obrigada pela parte que me toca!

HSC

EDIT um luxo de revista


Muitas vezes, por pura ignorância, desconhecemos produtos nacionais de grande categoria. Foi o que me aconteceu quando, há dias, fui apresentar um livro de uma amiga e vi uma revista linda nas mãos de um convidado.
Pedi para a folhear e fiquei surpreendida pela qualidade da publicação que faz agora dois anos. Chama-se EDIT e fala sobretudo de moda e beleza, embora não só. O diretor é Francisco Bravo Ferreira.
Apesar de não estar diretamente ligada à moda, o certo é que nasci numa revista feminina e o mundo da beleza interessa-me tanto como o do cinema ou o da televisão. Quando o produto é bom interessa-me mais a sua qualidade do que a área a que se dedica.
Trata-se de uma bela revista, com fotos e edição que deixariam algumas congéneres estrangeiras mortas de inveja.
Afinal o que é português pode ser muito bom. Este é-o, sem qualquer dúvida!

HSC

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Um tango especial


Calma, não vou tratar de temas fracturantes. Ainda estou na onda do tango. Não percam o extraordinário vídeo notado abaixo:

http://www.youtube.com/watch?v=S-mkR-KoPts

Tata-se de um tango admiravelmente dançado por dois irmãos do sexo masculino, os Macana. Para os amantes deste tipo de dança e espectáculo a não perder. Conselho de fã!

HSC

Tango


"Gosto desalmadamente de tango. E de tudo o que lhe diga respeito. Aliás, eu que nunca canto porque assusto toda a gente, quando me acontece entoar uma melodia, é sempre a mesma : "Barrio, plateado por la luna/rumores de milonga son toda su fortuna."

Este post e a foto que o ilustra foram roubados de um blogue - arondadosdias.blogspot.com - que muito aprecio. Trata-se da cena de uma película excelente, " Scent of a Woman", entre nós traduzido , julgo, como "Perfume", datado de 1992 e realizado por Martin Brest. É um dos meus filmes de eleição, com uma cena de um tango dançado por um cego, interpretado por Al Pacino, que eu considero modelar. São três minutos que jamais esquecerei.
Ora a Ivone Costa, dona do post, tirou-me as palavras da boca. Hoje eu ia falar de quanto gosto de o ver dançar. E, confesso, também, de o dançar. O que, passe-se a imodéstia, faço muito bem, porque aprendi com um excelente professor, um economista argentino que, na sua época, decidiu pousar sobre mim os seus olhos...
Ficou-me desse tempo, um "voltear" que ainda hoje merece elogio. E uso o verbo no presente porque, felizmente, continuo a ousar dançar. E espero continuar a fazê-lo!
Muito poucas músicas têm a sensualidade do tango e em muito poucas nos entregamos ao parceiro como nesta. São cinco minutos sem crise, sem política, sem desgraças. São cinco minutos de uma fusão física e entrega total.
Minha cara Ivone, tem toda a razão: também eu gosto desalmadamente de tango...

HSC