sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

2012


Dentro de algumas horas deixo, sem saudade, o ano de 2011. Também é verdade que não entro em 2012 com grandes expectativas. Desejo apenas saúde e trabalho para mim e para os que amo. E uma vida tão digna como até aqui.
Vamos todos trabalhar mais, receber menos e não perder o norte, nem entrar em depressões. Julgo que pode haver um lado positivo em tudo isto por que estamos a passar. Que será o de revermos hábitos adquiridos que nem sequer representavam qualquer valorização pessoal.
Com efeito, saltámos com muita facilidade, de uma sociedade do "ser" para uma do "ter" ou do "parecer". Tomámos a nuvem por Juno e quase acreditámos que éramos um país desenvolvido.
Da casa alugada pulámos à casa própria, do telefone ao telemóvel, do fax ao computador, do transporte público ao carro próprio, da televisão de família à televisão do sexo, enfim, do casamento à união de facto. Tudo, num curtíssimo espaço de tempo.
Agora aparece a factura com pagamento a prestações crescentes e termo indefinido.
Dói? Com certeza. Mas alguma vez alguém acreditou que tudo aquilo seria gratuito? Que tínhamos reais possibilidades de levar a vida que levávamos? Penso que muitos de nós sabiam que não.
Aproveitemos, então, agora, individual e colectivamente, para seleccionar o que é essencial a uma vida digna - pelo menos para aqueles que ainda têm trabalho - e abandonemos, de uma vez por todas, essa imensa carga de fatuidades, a que muitos estavam habituados, mas que apenas constituíam um lamentável sinal exterior de estatuto social.

HSC

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Trinta anos de vida...


"Os homens amáveis, admiráveis, viciantes, são assim: expressivos, expansivos, esplêndidos. Ficam a navegar no nosso sangue, porque se cravaram além dos olhos e da pele: na alma. E lá, vivem para sempre. Até nos reencontrarmos. A vida contém infindas surpresas e o amor é a maior energia do universo".

Esta é uma frase de Margarida Pereira, que Helena Oneto transcreve no seu blogue a-casa-da-lapa.blogspot.com.
Não sei bem porquê, de vez em quando, ela vem-me ao pensamento e agora no, fim de 2011, época de balanços, voltei a lembrar-me dela.
É verdade que há homens que ficam para sempre cravados no nosso coração. Não porque sejam os únicos que amamos, mas antes porque os amámos de forma especial.
Só que tudo isso acontece em determinadas épocas da nossa vida, que não voltam a repetir-se. E, muito possivelmente, se os tivéssemos encontrado uns anos antes ou uns anos depois, nem chegariam a ter essa importância na nossa existência, porque nenhum de nós seria aquele que foi.
Vem isto a propósito do duplo choque que uma amiga minha teve quando, há dias - eu estava com ela e pude comprovar -, encontrou o homem que durante trinta anos ocupara, sem quebras, o seu coração.
O seu aspecto físico era desolador. Gordo, careca, desmazelado, olhar vítreo. Nada que sugerisse o galã engenheiro que, um dia, a deixara para seguir uma carreira brilhante nos Estados Unidos.
Ficámos a saber que passara quinze anos preso no estrangeiro e retornara para "morrer em Portugal", de acordo com o que nos contou. A sensação de espanto primeiro, e de desconforto depois, foi quase trágica. Quando nos despedimos, nem eu nem a minha amiga dissemos uma palavra.
Caminhámos as duas, em silêncio, um bom bocado e, quando a deixei junto ao carro, ouvi-lhe "trinta anos da minha vida, Helena, trinta anos à espera deste homem que acabaste de ver..."!
Que responder perante isto, sem magoar, sem parecer insensível. Ela não se enganou. Quem a enganou foi a vida e, talvez, o seu coração!

HSC

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Street food


Maurício Barra abordou recentemente o tema das bifanas e dos pregos no seu blogue umgrandehotel.blogspot.com, aproveitando para tecer algumas considerações sobre a a "comida de rua" que me permiti roubar e reproduzir abaixo:

“...Street food",(é um) velho hábito europeu, hoje substancialmente reduzido devido à profusão de legislação sanitária e de licenciamento económico que nos submerge todos os dias ( ainda me lembro das dificuldades que os Hot Dogs da Boca do Inferno - os melhores de Portugal - tiveram de sofrer para serem licenciados ). A "Street Food", nestes tempos, com uma oferta infinita de diversidade e qualidade, pratica-se sobretudo na Ásia América Latina e América do Norte, e é um repositório dos sabores tradicionais dos seus países.

Não é comida de plástico. Não é fast food. São sabores "slow food" servidos rapidamente. A "Street Food" ´é gastronomia. Sempre ao dispor de quem a quiser saborear sem complexos de que "os seus parentes caiam na lama".

Acontece que o bom do Anthony refastelou-se, entre outras iguarias, com o nossos pregos e bifanas ( ?, sujeito a confirmação ). E fez muito bem. É a nossa "street food" mais consensual a nível nacional, hoje servida entre portas, a maior sobrevivente dos petiscos que em tascas e caramanchões durante vária gerações foram ( são ) o prazer dos portugueses.

E assim fica introduzido o tema que aqui me traz hoje.

O prego ( de vaca ) e a bifana ( de porco ) tem inúmeros templos em Portugal. Diria centenas. Eu falo dos que conheço. Mas dos quais ainda não discorro porque é essencial deixar claro que estas manducâncias precisam de um segundo produto sem a qual não têm a expressão devida : o pão.

O pão. Seja carcassa, molete, vianinha, papo-seco, ou têm qualidade e são devidamente aparelhados ou . . . estragam tudo. Têm ( desculpem, devem ) ser de mistura. E pré-aquecidos em torradeira antes de ser servidos ( eu uso, para isto, as antiquíssimas placas com rede que torram directamente sobre a chama ), para serem comidos estaladiços e crocantes”.

O que me leva a recuperar este tema é a preocupação que tenho de que as exigências sanitárias, acabem com tudo o que de verdadeiramente genuíno se produz no país.

Portugal tinha uma longa tradição, que ainda conheci, de bons petiscos servidos em pequenas tasquinhas familiares, em cujas mesas se reuniam não só gentes de parcas posses, mas também aqueles que, não tendo preconceitos sociais, gostavam de se misturar e provar bons pitéus.

A ASAE cuja função é fiscalizar o que comemos tem que, em simultâneo, defender, estes pequenos recantos, corrigindo falhas que possam existir, mas não pondo em causa o "valor acrescentado" que eles representam, num país que vive uma crise económica grave e cuja gente se vê obrigada a cortar, até, na alimentação.

Maurício Barra tem toda a razão no seu post. A gastronomia nacional também é feita de pastéis de bacalhau, rissois, croquetes, pregos e bifanas. Verdadeiras iguarias, quando cozinhadas a preceito por sábias mãos!

HSC

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

O primeiro já está!


Acreditei que iria ficar uns dias sem escrever. Apenas a dançar o tango. Mas tenho que dar descanso ao meu parceiro Dr Vítor Gaspar, que não está habituado a este ritmo. Já pensei se não teria sido mais inteligente escolhe-lo como par na valsa. Mas eu não gosto de valsas desde que debutei pelo braço do meu Pai e me senti muito ridícula numa função que ele considerava indispensável para a sua única filha. Assim cumpri a norma imposta pela autoridade paterna. Fiquei vacinada. Não valsei mais!
Bom este intróito serviu, apenas, para vos dizer que, no intervalo da dança, ouvi o Primeiro Ministro falar. De esperança - até rima - no seu discurso à Nação. Nem queria acreditar. Nem devia.
Pronto, este primeiro já está. Falta-nos o segundo, que será do Presidente da República. Animem-se e aproveitem porque, depois deste, iremos voltar às conversas sobre as medidas de austeridade.

HSC

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Emigração...

Um amigo cheio de humor negro, mandou-me esta foto porque diz que aqui no blogue falo muitas vezes da saída de cérebros.
Como já vos dei conhecimento estou de férias da política até dia de Reis e só me dedico ao tango.
Mas não consigo resistir ao humor. Está-me no ADN, no sangue, no corpo. E está na alma lusa que é sempre capaz de uma surpreendente criatividade.
Por isso não pude deixar de partilhar convosco esta dolorosa imagem. A próxima sou eu, qual Linda de Susa e sa valise de carton. Só que eu não vou cantar. Vou bailar. O tango. Com o Dr. Vitor Gaspar, já que Socrates se foi embora...
Feliz Natal a todos os que tiverem a paciência de me lerem.

HSC

"Eu, colaboradora, me entristeço"


"Arrependo-me de quase todas as decisões que tomei na vida. Durante muito tempo acreditei ser a escolha da profissão aquela de que me não iria arrepender. Os últimos tempos vieram provar o contrário: ser professor é um destino que não se deseja ao nosso pior inimigo.
O que era escola tornou-se comunidade educativa, designação execrável que engloba sensibilidades que não se encontram nem nunca se irão encontrar.
O zénite do desencanto aconteceu hoje: ao abrir o mail, recebo os votos de Boas Festas da direcção da escola. As Boas Festas dirigidas a todos os colaboradores. Colaboradores. Colaboradores, assim mesmo como se de uma empresa se tratasse. A escola não é uma empresa, não pode ser uma empresa, não deve ser uma empresa. Eu sei que esta linguagem está na moda e que é muito fácil agarrar estas expressões e usá-las sem reflectir sobre a elas. Ligam-me às pessoas que integram a direcção da minha escola laços de amizade de muitos e muitos anos. Sei que não usaram este termo para magoar, usaram-no porque se usa.
A mim, que sou rija e pouca dada a lamechiches, vieram-me as lágrimas aos olhos. Resumir o trabalho de um professor a uma colaboração é uma ofensa, é uma mágoa que custa a sacudir.
Só me apetece emigrar. Para um sítio onde me chamem professora."
(in arondadosdias.blogspot.com)


Este é o post colocado ontem, por Ivone Costa, no seu excelente blogue e que eu me permiti roubar, porque o sinto como a mágoa de alguém que escolheu ser professora
e, de repente, "se sente" pela forma como, no presente, se apelidam os professores.
Eu sei que há muitas outras profissões que, hoje, são tão flageladas ou mais que os professores. Mas a matéria prima sobre que estes trabalham - os alunos -, que serão as mulheres e os homens de amanhã, justifica, talvez, que eu sinta este lamento como especial. É que sei o que é ter sido aluna, ser professora e ter netos que vivem as agruras de se não pensar no amanhã deles.
Aliás, o futuro dos meus netos há muito que foi destruído pela inépcia da geração que os precede. A herança que lhes deixamos são os três D: a dívida, o desemprego e o desencanto. É muito de coisa nenhuma...

HSC

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

De tirar a respiração...


Liberta de afazeres, de livros, de trabalho, dedico-me ao tango, que adoro. É algo de uma precisão e sensualidade tais, que para o dançar bem, é preciso ter muito treino. Ando por isso a treinar. Para já, o meu equilíbrio orçamental no ano que vem.
Não podendo substituir o Dr. Vítor Constâncio que, suponho, não deve ter problemas orçamentais próprios, decidi-me pelo caminho de Socrates que já se lhe havia referido, precisando que para o dançar bem, seriam sempre necessários dois. Irei dança-lo, pois, com o Ministro das Finanças.
Deixo-vos o link. É isto que tenciono fazer com o orçamento que ele me impôs em 2012. Ora vejam e digam-me o que acham desta performance de cortar a respiração.

http://www.youtube.com/watch_popup?v=5hIc2ODfRxQ

É ou não magnífico? Pois é assim que vou bailar no ano que vem. Espero não cair!

HSC

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Pedido ao Pai Natal


Terminei hoje a árdua tarefa de promover o meu último livro, com uma sessão de autógrafos na Fnac do Chiado. Mesmo com crise e um grau de iliteracia elevado, a livraria estava cheia. E o sector das novas tecnologias abarrotava.
Haverá mesmo falta de dinheiro? Às vezes tenho dúvidas. Mas creio que o responsável é sempre o mesmo, ou seja, é o cartão de crédito a funcionar. E, claro, o mal parado, em Janeiro, a disparar.
Em compensação para poupar uns cobres - que diacho, não teria sido possível pedir à EDP uma ajuda nas iluminações de Natal? -, a Câmara Municipal de Lisboa fez umas decorações natalícias tão "pindéricas", que o ânimo dos portugueses só pode ficar ainda mais diminuído. Ufa!
Já sei, já sei, estamos em crise, não podemos gastar dinheiro. Os pobres, está visto. Os "outros" podem.
Então, do meu ponto de vista, era quase preferível não tocar nas iluminações. O que se fez, sobretudo no Marquês, é de arrepiar. Aqui estou inteiramente de acordo com o que disse, hoje, o Miguel Sousa Tavares.
E, já agora, em complemento, solicita-se ao governo que, pelo menos durante estes dez próximos dias, nos poupe aos discursos sobre as medidas que todos os dias irão ser tomadas. Pede-se o mesmo aos noticiários televisivos e aos frente a frente que, se nos não matam, nos moem terrivelmente!
Por favor poupem-nos, estamos exangues de tanta transparência...

HSC

domingo, 18 de dezembro de 2011

Quase zombie...


O título deste post corresponde ao estado físico e psíquico em que me encontro depois de três sessões de autógrafos em outros tantos locais distintos neste fim de semana.
Ontem foram duas, ambas em livrarias de centros comerciais, nas antípodas da cidade. Hoje foi na Fnac de Cascais.
Salva-me da insanidade total, o meu querido companheiro destas tarefas, Mário Zambujal, que quando me sente mais cansada, me lança uma piada que me faz arrebitar com o riso. Andamos nisto e na tv há tanto tempo juntos, que já não é possível arranjarem-nos uma "estória".
A ternura das pessoas que nos procuram é imensa. A mim, então, acanham-se menos, e pedem-me para tirar fotos com elas, perguntam-me pela família e pela minha vida. Hoje uma até me disse que tinha ido à Fnac para ver se eu era tão alegre cá fora como na televisão.
Parece que terá ficado convencida de que, no meu caso, de facto, tristezas não pagam dívidas. Um senhor ainda me disse que eu era melhor e mais magra ao natural do que no pequeno ecrã. De certeza era míope mas salvou-me a tarde, claro. E permitiu que eu arrebitasse e fizesse este post. Vaidosa, dirão. Mas com a minha idade...

HSC

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Lei palmada


A Câmara dos Deputados do Brasil aprovou o projecto que proíbe os pais de crianças ou adolescentes de aplicarem castigos físicos aos filhos, mais conhecido por Lei palmada.
Proposto no tempo de Lula da Silva, o projecto de lei foi aprovado numa comissão da Câmara dos Deputados especialmente criada para analisar este caso. O texto será submetido ao Senado, a menos que algum deputado peça a sua votação também em plenário.
O projecto prevê que os pais que maltratem os filhos, tenham de frequentar cursos de orientação e se submetam a tratamento psicológico ou psiquiátrico, além de serem objecto de advertência. A criança que sofrer a agressão também terá tratamento especializado.
A proposta estipula ainda que os agentes públicos, como médicos e professores, poderão ser multados, se tiverem conhecimento de agressões e não denunciarem o caso às autoridades.
O objectivo desta lei é mudar um hábito cultural enraizado. Todavia este texto gerou críticas de alguns pais que o consideraram como uma intrusão do governo na sua forma de educar os filhos.
"Com a aprovação unânime da comissão especial que analisava a matéria, o Brasil terá dado um importante passo para a afirmação dos direitos da criança e do adolescente contra todo o tipo de violência", diz-se num comunicado.
Este tipo de legislação específica, que impõe um certo nível educacional, deixa-me sempre algumas dúvidas. Talvez, porque por detrás dele, pode estar um certo laxismo que tem conduzido a que as crianças tratem mal os adultos como é o caso dos professores maltratados e até batidos-, como me preocupa que se não faça legislação idêntica para idosos, cuja fragilidade tanto devia preocupar o legislador.
Pessoalmente julgo que uma palmada no rabete de uma criança malcriada, pode ser bem mais eficaz do que um moral discurso paterno que lhe entra por um ouvido e sai pelo outro...

HSC

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

As famílias e as empresas


Os dados mostram que o financiamento às famílias pela banca continua a diminuir. Com efeito, seja porque existe um crescente aperto à concessão de crédito, seja porque a procura decresceu, o volume de novos empréstimos concedidos a particulares atingiu em Outubro 738 milhões de euros, o valor mais baixo registado desde Janeiro de 2003, altura em que este registo se iniciou.
De acordo com o Banco de Portugal, a quebra verificada nos novos empréstimos a residentes do euro - maioritariamente portugueses - foi de 47% quando comparada com mês homólogo de 2010.
Este decréscimo de financiamento diz sobretudo respeito ao crédito à habitação cujo valor se situa 67,6% abaixo do registado naquele mês.
O agudizar da crise da dívida europeia e as crescentes dificuldades de financiamento também levaram os bancos a apertar mais o crédito às empresas.
A agravar o cenário, famílias e empresas revelam cada vez mais dificuldades em solver os seus empréstimos. Em Outubro, o crédito malparado de particulares voltou a subir, representando 3,34% do total de financiamento concedido às famílias. Nas empresas, o peso do crédito malparado ultrapassou os 6%, atingindo, assim, valor mais alto desde Maio de 1998.
E estes números ainda não incorporaram o novo rácio do malparado, exigido pela troika.
Outro sinal preocupante foi dado pela Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal que ontem revelou que, até Outubro, foram entregues 5200 casas aos bancos. Ou seja mais 17,7% do que no ano anterior, situação que se deve ao incumprimento dos proprietários, na sua maioria promotores imobiliários, que não conseguem colocar os seus imóveis.
É esta contracção generalizada que é preocupante e reveladora do marasmo que afecta a nossa economia e a nossa produtividade. O deficit está, de facto, a estrangular-nos!

HSC

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Villepin, l'élégant


" Dominique de Villepin a annoncé au journal du soir de TF1, dimanche 11 décembre, qu'il avait "décidé d'être candidat à l'élection présidentielle de 2012". "J'entends défendre une certaine idée de la France", a déclaré l'ancien premier ministre, ajoutant :"J'ai une conviction : le rendez-vous de 2012 sera le rendez-vous de la vérité, du courage et de la volonté."
(in Le Monde de 11/12/11)

Velho rival de Sarkozy e militante do mesmo partido, o UMP, o novo candidato tem uma carreira política de topo, pese embora o caso Clearstream lhe ter deixado algumas marcas. Em 2010 fundou o partido República Solidária, sem no entanto se desligar do primeiro, à semelhança do que se passa com vários militantes que não só continuam no UMP, como se mantêm na qualidade de deputados deste último, o que torna ambígua a relação entre as duas forças políticas.
Sendo conhecida a rivalidade entre os dois homens e não tendo Sarkozy ainda anunciado a sua recandidatura, Villepin entendeu não dever coibir-se de entrar na corrida presidencial, mesmo aceitando o risco de o ter como mais que provável adversário. Ou, quem sabe, até mesmo por isso.
O seu programa de governo deverá ser hoje apresentado e certamente irá reflectir a sua inquietação por ver "a França humilhada pela lei dos mercados que impõe cada vez mais austeridade". Mas esclareceu igualmente que "a França também é humilhada", quando se fazem acordos como o que o PS fez com os Verdes, no que se refere à energia nuclear e ao lugar da França no Conselho de Segurança da ONU.
Esta não deverá ter sido uma boa notícia para o actual presidente francês. Mas também admito que o não seja para Hollande, nomeadamente porque este pode perder o voto dos indecisos, que, não querendo votar Sarkozy nem Le Pen, se poderiam refugiar no seu regaço.
Novela a seguir nos próximos capítulos...

HSC

domingo, 11 de dezembro de 2011

De Paris, com amor...


"...De repente, pela primeira e espero que última vez na vida, dei por mim com pena do eng. Sócrates: o que foi aquilo, meu Deus? Uma coisa são as vastas limitações da criatura, outra é a candura com que a criatura as expõe, essa sim uma propensão infantil. Pobre homem, que não arranja uma alminha amiga para preveni-lo do ridículo que comete, que está rodeado de tontos ou sabujos prontos a alimentar os seus delírios, que vive enfim numa completa solidão. O preço do poder, ou dos privilégios amealhados no poder, não precisa de ser tão elevado. As benesses materiais e afins não podem servir unicamente para enxovalhar o usufrutuário, ainda que a falta de consciência do usufrutuário, tradicionalmente aliada aos excessos do respectivo ego, o ponham a jeito com regularidade".
"...A história da dívida "gerida" recebeu palmas porque os espectadores não percebiam português e porque o francês técnico do eng. Sócrates não chega para plateias, embora sobre para estudar numa das mais prestigiadas universidades do continente. Estudar, seja filosofia, economia, inglês ou engenharia, é a vocação dele. Aprender, inclusive a estar calado, não é. Típico de criança."
(excertos da crónica de Alberto Gonçalves publicada hoje no Diário de Notícias)

Tinha decidido não fazer qualquer comentário sobre este assunto. Sócrates não merece que se percam quaisquer minutos com ele. Já perdemos seis anos por sua causa. É mais do que suficiente.
O que ele queria dizer até pode ter laivos de verdade. Mas os portugueses agradeceriam o seu silêncio por uns meses. Cem dias é muito pouco tempo para nos esquecermos dele.
E eu pergunto porque é que ninguém lhe lembra o que Juan Carlos fez com outro iluminado do poder, quando lhe perguntou "porque no te callas?"

HSC

Nota: No texto de Alberto Gonçalves, que não reproduzi, faz-se referência a uma intervenção diplomática no caso da matrícula de Socrates na Sorbonne que sei, de fonte segura, não corresponder à verdade e que foi, em tempo oportuno, desmentida. Por isso lhe não fiz aqui qualquer menção.

À laia de explicação

Os que me seguem com alguma regularidade sabem que tenho mais três blogues que alimento com menos frequência, talvez porque são de outra natureza, que requer mais inspiração. Em dois deles ouso na prosa poética:

duas-ou-tres-coisas-que-ja-sei.blogspot.com
duasoutrescoisasquejulgosaber.blogspot.com

e no outro, ouso as short stories, género que muito aprecio, para o qual julgo ter algum jeito e que publico no:

e-nada-o-vento-levou.blogspot.com

É neste último que agora mais me apetece ir postando. Por isso, os que me acompanham, se quiserem ter uma outra versão de mim, façam o favor de entrar. A porta da casa está aberta para os receber.

HSC

sábado, 10 de dezembro de 2011

O amor


Das memórias de Tony Judt este pequeno excerto em que ele diz:
" O amor é aquele estado em que somos nós próprios com mais satisfação'.

Sobre o mesmo tema, Rilke afirma que:
"O amor consiste em deixar aos amados espaço para que sejam eles próprios, ao mesmo tempo que se lhes dá a segurança no seio da qual esse eu possa florescer'.

Estas duas frases foram retiradas de um dos blogues que frequento cujo link é
umjeitomanso.blogspot.com
Como se vê, ambos os pensadores - aqui gosto mais de usar este termo e não o de escritores - referem essa enorme necessidade vital, que é a de cada um dos amantes manter a sua própria identidade. Não há amor saudável que assim não seja.
Infelizmente, a maioria das pessoas leva imenso tempo a perceber tal realidade. E quando, finalmente, com a experiência e a idade, se dão conta disso, é quase sempre tarde demais.
Muitas vezes me tenho perguntado porque se fala tão pouco de Amor na família e na escola, e quando se fala é sempre em sexualidade que se pensa. É uma pena, porque o mais importante na vida de todos nós não é o dinheiro, a crise, o orçamento. O mais importante é ter vivido uma grande paixão e um grande amor.
Mas ninguém se preocupa em nos ensinar isso...

HSC

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

As necessidades bancárias


A EBA, Autoridade Bancária Europeia deu a conhecer esta tarde as novas estimativas de necessidade de capital para a banca europeia. Apesar de ter revisto em alta o montante necessário para a totalidade dos bancos europeus, no caso português, as conclusões apontam para uma quebra de 800 milhões de euros nas necessidades de capital.
BPI
A EBA estima que o BPI precisará de um reforço de capital de 1,389 mil milhões de euros. Deste total, 1,359 resultam de exposição da dívida soberana da zona euro e 989 milhões dizem respeito a dívida pública portuguesa.
BES
Este banco é o que apresenta menos necessidades de capital. Segundo as contas da EBA, o BES irá precisar de um reforço de capital de 810 milhões de euros. Mas 121 milhões de euros irão corresponder a uma “almofada temporária” para a exposição à dívida soberana.
O banco já deteve 3,6 mil milhões de euros em exposição a dívida soberana europeia, toda dívida pública nacional, mas em que 84% tinha maturidade até um ano.
Contudo, face ao recente aumento de capital de 622 milhões de euros, a instituição garante que as suas atuais necessidades de capital não ultrapassam os 188 milhões de euros.
BCP
É a instituição que enfrenta maiores exigências de capital. No entanto, o BCP explica que, já depois da avaliação da EBA, efectuou uma operação que permitiu um aumento de 405 milhões de euros de fundos próprios.
A ser assim, as suas reais necessidades de capitalização serão de apenas 1,725 mil milhões euros.
CGD
A Caixa Geral de Depósitos precisará de um reforço do capital no valor 1,834 mil milhões de euros. Destes, 1,073 mil milhões destinar-se-iam a responder exposição à dívida pública europeia, em 30 de Setembro deste ano.
Apesar disto, ou por causa disto, no final de Outubro, a EBA havia calculado a capitalização da CGD em 2,2 mil milhões de euros.
Todavia, o banco do Estado num comunicado enviado à CMVM, esclareceu que "este buffer não foi concebido para cobrir as perdas relacionadas com as carteiras de dívida soberana, mas sim para dar conforto aos mercados em relação à capacidade dos bancos em absorver uma série de choques e ainda assim manter um nível de capital adequado".

Esta é a situação oficial. Por muito que se diga, do meu ponto de vista, a banca nacional, pese embora ser muito criticada tem, até agora, merecido a confiança dos depositantes cujas poupanças lhes estão entregues e cujo valor não pára de subir.
É evidente que houve os casos BPN e BPP. E que a supervisão terá tido falhas no exercício das funções que lhe competiam. Mas a situação não se tornou endémica - e esse risco foi real- nem o homem que preside hoje aos destinos do Banco de Portugal é o mesmo. Este está, felizmente, livre de compromissos partidários, é de altíssima competência e tem uma autoridade indiscutível.
Oxalá por lá se mantenha!

HSC

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Liquidem-nas!


"Depois da ameaça de corte maciço de rating a 15 países da zona euro e ao fundo de socorro da moeda única, a agência de notação Standard & Poor’s (S&P) veio nesta quarta-feira fazer a mesma advertência aos maiores bancos da zona euro. CGD, BCP, BES, BPI, e Santander Totta entraram também em processo de revisão".
( in jornal Público de hoje)

À semelhança do que aconteceu com o grupo de países que há dois dias mereceram da S&P implicação negativa, também as instituições financeiras passarão a estar em processo de revisão. Na prática, isto significa que a agência pode cortar os seus ratings quando tomar uma decisão sobre as dívida soberanas dos 15 países, onde estão incluídos seis de rating máximo triple A – Áustria, Bélgica, Finlândia, Alemanha, Holanda e Luxemburgo – e outros nove, incluindo Portugal.
Naquela lista poderão constar na Alemanha o Commerzbank, o Deutsche Bank e o Eurohypo; na França o BNP Paribas, a Société Générale, o Crédit Agricole, o Natixis e o Crédit du Nord; na Itália o UniCredit, o Intesa Sanpaolo e o Ulster Bank.
Numa outra nota, divulgada á noite, foram colocadas em revisão as notas da maioria dos países da área do euro. Ontem, a ameaça repetiu, desta vez ao Fundo Europeu de Estabilização Financeira, que garante parte dos resgantes dos países sob intervenção externa (Portugal, Grécia e Irlanda) e hoje foram visados importantes bancos das três maiores economias da europeias.
Este é o terceiro alerta à zona euro, emitido pela agência, em três dias consecutivos, numa forma de pressão sobre os responsáveis europeus para que encontrem uma solução eficaz para a crise da dívida, um dia antes da cimeira europeia que se realiza em Bruxelas, e que reúne os líderes dos 27 países da União Europeia.


Em nota separada, a agência norte-americana colocou em processo de revisão sete instituições financeiras portuguesas, na sequência da revisão em curso ao rating do Estado português.


Segundo o aviso da S&P as notações da Caixa Geral de Depósitos, do BCP, do BES, da subsidiária Banco Espírito Santo Investimento, do BPI, da subsidiária Banco Português de Investimento e do Santander Totta poderão baixar do actual nível BBB- por causa do “impacto directo e indirecto” de um “possível corte à dívida soberana”.


Embora a agência não afirme quantos níveis poderá baixar a notação dos bancos, estes têm ratings que regra geral estão avaliados no mesmo patamar da dívida soberana. O que pode significar um corte em um ou dois níveis, uma vez que foi essa a ameaça feita ao rating do Estado há dois dias.


Ou seja todas as instituições financeiras a operar em Portugal podem indirectamente vir a ser afectadas pela dívida soberana, cujo corte quando não está associado a um quadro mais fraco para os bancos, pode vir a potenciá-lo.

Mas não será possível matá-las, liquida-las, calá-las? Se o inferno existe é constituído por estas insuportáveis agências de notação, donas e senhoras do destino de todos nós...
HSC

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Fazer anos!


Fazer anos tem sempre, a partir da idade adulta, dois lados. Um positivo, expresso no "aqui já eu cheguei", e outro, negativo, que é contar mais um na idade e menos um no tempo de vida.
Enquanto a minha mãe foi viva, fazer anos, era homenagear o seu amor por mim, que estendia ao meu Pai, embora em moldes diferentes. Com efeito, foi no ventre materno, que deambulei, comodamente os nove primeiros meses da minha risonha existência, e do seu leite que me alimentei outros tantos.
Agora, por um qualquer mistério da existência, são os amigos e os que me amam, que me lembram o aniversário. Com uma curiosa característica: é que o fazem duas vezes, porque como nasci à meia noite de 7 para 8 de Dezembro, acabo a festejar os dois dias.
Felizmente para mim, que os anos não contam a dobrar...

HSC

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Talvez seja de mais...


"O ministro do Trabalho brasileiro, Carlos Lupi, pediu a demissão neste domingo ao fim de semanas de pressão por denúncias de irregularidades que já tinham levado a Comissão de Ética a recomendar a sua exoneração. É o sétimo ministro que a Presidente Dilma Roussef perde em menos de um ano de mandato e o sexto a sair por denúncias de corrupção"
(in jornal O Público de hoje)


O que é que se estará a passar no Brasil? Perder sete ministros num ano de governação ou é um erro de casting, ou uma herança muito pesada.

De facto, desde Junho, Dilma Rousseff perde uma média de um colaborador por mês. Todavia, isso não parece afectar nem a governabilidade nem sua imagem, que se mantém à volta dos 70%. Acredita-se que tal comportamento se explica pelo facto da economia estar bem e de cada demissão ser vista como um esforço da presidente para limpar seu círculo.
Com efeito, parece tratar-se, sim, de uma pesada herança, dado que os ministros que perderam cargos sob suspeitas de corrupção foram mantidos nos lugares, após a saída do ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, antecessor e padrinho político de Dilma.

HSC

sábado, 3 de dezembro de 2011

O Natal de Tolentino de Mendonça


Pela pena do poeta José Tolentino de Mendonça - um padre que muito admiro -, o Natal de todos nós, crentes ou ateus, numa poesia enviada de longe a todos os seus amigos.

"O Natal não é ornamento: é fermento
É um impulso divino que irrompe pelo interior da história
Uma expectativa de semente lançada
Um alvoroço que nos acorda
para a dicção surpreendente que Deus faz
da nossa humanidade

O Natal não é ornamento: é fermento
Dentro de nós recria, amplia, expande

O Natal não se confunde com o tráfico sonolento dos símbolos
nem se deixa aprisionar ao consumismo sonoro de ocasião
A simplicidade que nos propõe
não é o simplismo ágil das frases-feitas
Os gestos que melhor o desenham
não são os da coreografia previsível das convenções

O Natal não é ornamento: é movimento
Teremos sempre de caminhar para o encontrar!
Entre a noite e o dia
Entre a tarefa e o dom
Entre o nosso conhecimento e o nosso desejo
Entre a palavra e o silêncio que buscamos
Uma estrela nos guiará
O Natal não é ornamento"


Uma das melhores coisas que nos podem acontecer é reconhecer "o outro", a sua qualidade, mesmo quando não pensamos do mesmo modo.
Tolentino de Mendonça tem essa rara qualidade de amar os que são diferentes dele. E eu, com a idade, cada vez mais aprecio quem pensa de modo diverso do meu...

HSC

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011


"...Joe Berardo, terceiro maior accionista do BCP (com 6%), concorda com a eventual intenção da petrolífera angolana Sonangol de aumentar a sua participação no capital do banco liderado por Carlos Santos Ferreira, noticiou ontem a Lusa..."
"... Joe Berardo lembrou que existem vários investidores angolanos em grandes instituições portuguesas, mencionando o caso da empresária Isabel dos Santos..."

Estes são dois parágrafos retirados de uma notícia publicada hoje pelo Jornal Económico. Angola encontrou em Portugal o país ideal para os seus investimentos. Serão saudades do país colonizador?!

HSC


quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Ainda a propósito do fim do euro


7 November 2011

Is the euro about to capsize?
By Laurence Knight


Business reporter, BBC News

Could the euro be sinking?

What's the matter with Spain?
What's the matter with Italy?
How might Greece leave the euro?
Eurozone crisis explained
In seafaring, there is a concept called the "free-surface effect".

It happens when a surprisingly small amount of fluid can move freely inside a boat.

It is an accident waiting to happen.

As the boat tilts in the waves, the water starts to flood across the floor, pushing up against the boat's lower side.

Instead of righting itself again, the boat begins to list more and more as the water moves inside it, until the boat capsizes.

Something similar is happening to the euro.

When it was created in 1999, there was a fatal flaw. While governments shared a single currency, they continued to have their own separate bond markets.

It was an accident waiting to happen.

Bonds are IOUs that governments issue in their hundreds of billions when they want to borrow money.

Just like shares on the stock market, they can be traded by investors.

If investors don't like a government's bonds, they can sell them.

That sends their price down, which by implication means the interest rate the government would have to pay if it wants to borrow more money goes up.

Currency master

Investors might sell bonds if they are afraid that a government cannot repay its debts.

Normally this is not a problem. Because normally, a government is the master of its own currency.

It can order its central bank - the currency's guardian - to print as much money as is needed to repay its debts.


ECB boss Mario Draghi has ruled out the central bank printing money to buy up bonds indefinitely
This makes the debts of governments like the US, Japan or UK the safest investment in their respective currencies.

Moreover, if a foreign investor doesn't like the British government's debts, not only does it sell government bonds.

It also sells the pound.

That pushes the pound's value down, which helps make the UK economy more competitive, which helps the UK grow, which helps the government raise taxes.

What's more, when one investor sells pounds, another must buy them.

And where will that buyer invest those pounds? Back into UK government bonds.

So by having its own currency, the UK government is pretty much guaranteed its own pool of sterling cash to finance its borrowing.

Now consider the euro.

Investors believe that Greece cannot possibly repay its debts.

Unlike the UK, Greece does not have its own central bank that it can rely on to print money and buy its debts. And a 50% write-off of its private sector debts is already agreed in principle.

So many investors have sold Greek bonds. But they could not sell the drachma. There is no drachma to sell.

Instead they could freely move their cash into safer government bonds - German government bonds.

Just like the seawater inside a boat, liquidity - investor's cash - can move freely within the euro from one government's bond market to another's.

And that made the value of Greece's bonds plummet.

Greek demonstrations

But despite all the noise, Greece is only a sideshow.

Could a form of the drachma make a return in Greece?
Greece is a small country. And if it stopped repaying its debts and/or left the euro, re-denominating its debts into devalued drachmas, the losses to its bond investors would be manageable.

The danger posed by Greece is rather the power to demonstrate.

It demonstrates how damaging it is to a eurozone economy when its workers' wages rise to uncompetitive levels during the boom years, leaving its economy high and dry, unable to compete and unable to devalue its currency during the bust.

It demonstrates how self-defeating it can be for a eurozone government to try to reduce its borrowing, by raising taxes and cutting spending, when this merely drives its economy into recession, meaning fewer incomes to tax and more unemployment benefits to pay.

And as of this week, it demonstrates that there is a very real possibility that a eurozone member could leave the single currency altogether.

But most important of all, it demonstrates what happens when investors lose confidence in a eurozone government's debts.

No return?

The real problem is that what is true of tiny Greece can equally be true of much bigger Spain and Italy.



The best solution would be to have created a single eurozone government bond market in the first place. Too late for that”

And it is in Italy where the real damage is happening.

Investors are afraid Italy might go the same way as Greece. So their cash is beginning to flood out of Italian government bonds, and into German government bonds.

If Greece is the rising flank of the boat, Italy is the midship, and it is listing badly.

It now costs Rome an unprecedented 6.1% to borrow money for just one year. By contrast, Germany pays a mere 0.25%.

Italy has a lot of debt. It has had for years. But this has only become a problem now, because if Italy has to pay 6% interest on its debt, then its debts will grow more quickly than its economy's capacity to service them.

That is unsustainable, and investors know it. Which is why Italy may be about to cross a point of no return.

Once Italy's cost of borrowing rises above this level, it becomes very difficult to bring it down again.

Because at that point, investors know that Italy cannot repay its debts, which means they won't lend to Italy.

But once investors stop lending, then Italy cannot possibly meet the hundreds of billions of euros of debts that are coming up for repayment in the next few months.

So it becomes a self-fulfilling panic, just like a bank run.

Which is to say that, once Italy's cost of borrowing rises above, say, 7%, the chances are that it will just keep on rising as investors desert its bonds in their droves.

The boat will capsize.

Misplaced pride
Meanwhile, Berlin's cost of borrowing has gone down and down as nervous investors have flooded into German government bonds.


The size of the eurozone bailout fund has been increased, but it remains to be seen if this will work
Some Germans may take pride in this as a sign of strength, a vote of confidence.

In fact quite the opposite is true, because Germany is also part of the boat that is capsizing.

There is a common misperception that the eurozone crisis is all about debt.

It isn't. It is also about growth.

Any government can repay its debts, if its economy grows fast enough to generate the tax revenues needed.

But the current crisis is killing growth in Italy and Germany alike.

Businesses and consumers are nervous, and are cutting back their spending.

Europe's banks are finding it hard to borrow, and are being told to meet higher capital ratios - a measure of their financial prudence - so they are cutting back their lending.

Meanwhile, half the governments in Europe are finding it harder and harder to borrow, and in any case are being ordered by Brussels to cut back their spending to get their finances in order.

All of which is tipping the eurozone into a recession.

But a recession just makes debts even harder to repay - as has been amply demonstrated by Greece over the last four years.

Keep pumping
What can be done?

In effect, panicky markets are offering to lend Germany money for free”

The best solution would be to have created a single eurozone government bond market in the first place. Too late for that, even if the Germans hadn't ruled it out anyway.

The eurozone instead hopes that its soon-to-be-1tn-euro bailout fund will do the job.

The fund is like a pump that will try to shift liquidity away from the dipping side of the boat (Germany) back towards the rising side (Italy and Spain).

But even if the pump is ready in time, most economists say it is not big enough to do the job.

Moreover, the eurozone already has a big pump in place, called the European Central Bank.

The ECB can print its own money, so there is theoretically no limit to how much Italian or Spanish government debt it could buy up.

But the central bank's new Italian head, Mario Draghi - perhaps under the influence of his more hawkish German colleagues - has ruled this option out.

Old hat

The authorities could at least do more to head off the recession.

Depression-era economist John Maynard Keynes said there were two options - cutting interest rates and increasing government spending.

The ECB did indeed cut rates at its meeting on Thursday, but only by a quarter-point to 1.25%. It is an encouraging start.

And perhaps if interest rates reach zero, Mr Draghi can argue that the ECB must then follow its US and UK counterparts in resorting to quantitative easing - buying up government debt (including Italian debt) in order to help the eurozone economy (and not just to rescue his home country).

The problem is that lending more money only helps if the money gets spent. So ideally governments should also be spending more.

But only one government is able to borrow and spend on the scale needed - Germany.

Thanks to the crisis, Berlin can borrow so cheaply that the interest it pays would probably be less than the inflation rate.

In effect, panicky markets are offering to lend Germany money for free.

But Germany does not believe in Keynesian economics. It does not believe in borrowing and spending.

And this is what may ultimately sink the euro boat.

Esta é a transcrição da notícia na BBC News que foi publicada em 7 de Novembro e que pode ser consultada através do link abaixo referido.


A cada um compete tirar as suas próprias conclusões...

HSC