segunda-feira, 28 de setembro de 2020

Almoçar em casa de amigos

 Neste sábado fizemos um almoço de mulheres em casa de uma de nós. Curiosamente as minhas amizades mais próximas encontram-se divididas por três grupos, cujos nomes dão logo azo a multiplas interpretações. Mas todos eles foram votados por unanimidade. Assim tenho a Grupa que já perdeu o Pedro Rolo Duarte, e tendo começado com 10 amigos, ja passou para o dobro, tenho As três da vida airada  e ainda o "Cair na gandaia". Um quarto está a formar-se, com a presença de alguns brasileiros. Ora foi justamente este que se reuniu.
Soube-me tão bem estar numa mesa comprida com oito comensais, em que todas falavam de experiência do confinamento, cada uma com sua história, revelando ao fim e ao cabo como haviam sobrevivido a situações muito diversas.
E quando o almoço acabou uma sugeriu uma ida a Campo de Ourique passear e ver montras. Para mim, isto significa quase sempre ir à "Chanel Chinesa", como nós chamamos a uma loja enorme que só tem roupa curiosamente "made in Italy". 
Foi um verdadeiro happening. Eu comprei duas calças lindas, e o restante pessoal abasteceu-se de peças várias numa casa que tinha pouca gente. O preço é segredo, porque eu não conseguiria pagar um bom par de calças com o que paguei pelas duas que trouxe. Acabámos no Jeronymo a beber agua gasosa para ajudar a digestão...
Vim para casa cheia de alegria por ter conseguido voltar a ter, outra vez, um pouco de normalidade. Aliás, creio, será assim que, na melhor das hipóteses, iremos criando uma outra existência, com outros passos que irão, aos poucos, substituir os antigos e nos quais voltaremos a ser um pouco felizes!

HSC

sexta-feira, 25 de setembro de 2020

Comer fora

Ontem dei um outro passo para a nova normalidade. Fui com amigos almoçar a um restaurante em Campo de Ourique. Tive uma sensação de liberdade, como há muito não tinha. Para a prolongar sabado irei a casa de uma amiga que resolveu reunir aqueles que mais estima, para lhes poder dar um abraço. E não fico por aqui. No dia 1 irei jantar com um grupo na casa de outros amigos que não vejo há muito tempo. Quanto à minha Grupa vai ser aqui na minha casa que nos iremos juntar. Depois...bom depois talvez seja Alentejo e Beira.

Quando escrevo isto, lembro-me das varias quarentenas que tive de fazer por causa das intervenções a que fui sujeita e garanto-vos que hoje andar na rua é um bem de enorme valor. Ainda estou sujeita até ao próximo dia 23 a algumas limitações. Mas poder, ao fim de tanto tempo, caminhar pela rua, olhar as arvores que começam a desfolhar, reparar nas alterações entretanto feitas nas zonas onde costumo passear, parar nas montras, beber uma bica, dá-me uma enorme satisfação.

Sempre fui uma pessoa de "pequenos gostos". Talvez porque tenha sido obrigada profissionalmente a fazer muitas viagens, sempre procurei compensar essa vertigem de países longínquos e diferentes, com as pequenas fugas dentro do meu. Agora, depois do Covid aprendi a fazer saídas dentro da minha cidade que irei aproveitar ao máximo, antes que uma segunda ou terceira vaga do vírus me atirem, de novo, para dentro de casa!


HSC

segunda-feira, 21 de setembro de 2020

Ir ao cabeleireiro

Calculam a beleza em que se encontra uma mulher que não vai, há seis meses, ao cabeleireiro. Eu fui uma delas. Mas que resolveu quebrar a regra. 

De facto quando me olhava no espelho, acabava sempre a rir, porque quem eu via no dito era alguém que eu não conhecia. Assim, nesta bravura em que ando de criar um novo normal, lá fui à minha Rosa, que olhou para mim incrédula, e ainda me disse que "ia ser bonito cortar essa trunfa toda".

Levei quase uma hora a cortar o precioso bem e a pensar que iria afrontar a familia, já habituada a ver-me de carrapito, aprovado sem o meu consentimento. Claro que era uma forma de lhe chamar porque eu bem o enfeitava. 

Felizmente e em especial para mim, não choveu, o que teria sido desastroso para uma cabeça quase rapada, como uma amiga, amorosa, me disse. Mas eu estava estupefacta por voltar a ser a pessoa que eu conhecia há muitos anos.

Vim para casa a pé e a pensar como esta quarentena me tinha podido dar a alegria de voltar a ser apenas eu. Já pensaram na magnífica sensação de nos reconhecermos na cabeça que trazemos?!

 

HSC

domingo, 20 de setembro de 2020

Radioactive


Para tudo há uma primeira vez depois da quarentena. Comigo, foi ir ao cinema, saudosa que estava de uma sala escura, uma tela grande  e uma companhia  com quem de vez em quando trocasse comentários. Já tinha algumas saudades de o fazer, após seis meses de fome!
Como no livro as "Mulheres que amaram demais" tinha feito uma pequena biografia da Madame Curie, decidi que iamos ver a sua história transcrita para o cinema e compara-la - grande ousadia da minha parte... - com o que eu havia escrito!
A película é mais triste e mais pesada, embora seja um excelente trabalho de análise de uma mulher cientista que nos meados do século passado amou, casou e conseguiu depois de muitas lutas que lhe fossem atribuidos dois premios Nobel. Um, o da Física, em colaboração com o marido, que antes lhe fora negado e mais tarde retribuido, e o da Química, já a solo. 
Foi uma vida inteiramente dedicada à ciência, num tempo em que às mulheres não eram reconhecidas quaisquer competências, para além da maternidade e do servilismo ao marido, garante fiel da subsistência doméstica.
A fita tem uma visível preferencia pela figura do marido e dá de Marie a ideia de uma mulher dura consigo e com os outros, como modo de se impôr. Na minha pequena biografia - e eu investiguei bastante para a escrever - esta faceta existe, mas não é tão explosiva. Possivelmente a verdade temperamental da cientista estará no meio das duas.
Gostei francamente do filme por ele tentar dar o lado humano, pessoal, intimista da vida de Pierre e Marie Curie, a qual apesar de ter nascido na Polonia, sempre se sentiu como se  fosse francesa, país onde morreu e onde também foi, por razões amorosas, odiada, mas  cientificamente venerada.
Vale a pena ir ver o filme. Não para se divertir, mas para se cultivar e, quem sabe, ficar a conhecer melhor a luta das nossas avós, para que possamos hoje estar na ciência lado a lado com  os nossos colegas homens. E vale a pena, embora seja melancólico, ver a adaptação da nossa viva amorosa, profissional e social às novas condições resultantes da pandemia.
Estar de mão dada, cochichar um comentário, partilhar emoções ali estão vedadas. É pena mas possivelmente já não será no meu tempo que isso voltará...

HSC

quarta-feira, 16 de setembro de 2020

ABC da vida

Para todos aqueles que me perguntaram quando estaria disponível  o meu novo livro aqui fica a informação de que ele se encontra já em pre-venda, podendo para o efeito utilizar um dos três links que se seguem:


https://www.wook.pt/livro/o-abc-da-vida-helena-sacadura-cabral/23935740

 

https://www.bertrand.pt/livro/o-abc-da-vida-helena-sacadura-cabral/23935740

 

https://www.fnac.pt/O-Abc-da-Vida-Helena-Sacadura-Cabral/a7620412#omnsearchpos=1


Espero que aqueles que o lerem tenham tanta satisfação como a que eu tive ao escrevê-lo!


HSC


segunda-feira, 14 de setembro de 2020

Cristina

                                          

Conheço a Cristina há bastante tempo. Nem ela se lembrará, já, quando. Foi no Porto. Não somos amigas, mas sempre nos entendemos muito bem, porque o que nas conversas que tivemos considerámos ser confidencial, assim permanecerá até eu morrer. E devo-lhe duas belíssimas entrevistas, que me fizeram acreditar que, se ela quisesse poderia ir muito mais longe. E quis!

Não escrevi sobre ela quando foi para a SIC. Não escrevo, agora, sobre o seu retorno à TVI. 
E porquê? Porque o que se critica na Cristina é a quebra de um contrato. Ora quando a televisão despede também há quebra de contrato. Em qualquer dos casos - no mundo dos negócios, do futebol e da televisão, há transferências e há indemnizações contratuais. E são os conteúdos dos contratos, que redimem os problemas, não os estado de alma... 
Haverá quem a critique e quem a defenda. Mas esse é o campo das emoções que, neste tipo de disputas, só serve para alimentar o mundo da ficção, que não é evidentemente o que rege este género de questões.

HSC

quinta-feira, 10 de setembro de 2020

Quantos anos tenho?

“QUANTOS ANOS TENHO??
TENHO a IDADE em que as COISAS são VISTAS  com mais CALMA, mas com o INTERESSE de seguir CRESCENDO.
TENHO os ANOS em que os SONHOS COMEÇAM a ACARICIAR com os DEDOS e as ILUSÕES se CONVERTEM em ESPERANÇA.
O que IMPORTA se faço 20, 40, 60 ou 80?
O que IMPORTA é a idade que SINTO.
Tenho os ANOS que NECESSITO para viver LIVRE e sem MEDOS.
Para SEGUIR sem TEMOR pela TRILHA, pois LEVO comigo a EXPERIÊNCIA adquirida e a FORÇA dos meus ANSEIOS.
QUANTOS anos TENHO? 
ISSO a quem IMPORTA?
TENHO os ANOS NECESSÁRIOS para PERDER o MEDO e FAZER o que QUERO e o que SINTO”.

Este texto é atribuído a José Saramago. Encontrei-o, perdido, entre papeis que ando a arrumar. Não sei porque o guardei, nem quando isso aconteceu. Mas agora que o tenho nas mãos apeteceu-me partilhar-lo convosco, porque voltei a achar-lhe o mesmo encanto!

HSC

quarta-feira, 9 de setembro de 2020

Mais um livro


O tempo corre inexoravelmente para todos nós. Mas há quem o viva de forma diferente. Uns queixando-se, outros indiferentes e outros - sabendo que ele é escasso -, tendem a aproveita-lo como algo precioso que nos é concedido. Sempre pertenci à ultima categoria. Não gostava, nem gosto de perder tempo, a não ser para ter alegria de o partilhar com quem gosto.
Estes longos quase sete meses em que estive sem poder sair de casa e gozar da companhia daqueles que amo, doeram-me muito. Mas eu não tenho qualquer vocação para o sofrimento. Logo, encontrei na escrita o prazer da perda do contacto com os amigos. Este será o trigésimo quinto livro que escrevo e, talvez, se perceba nele quanto a Vida vale a pena ser vivida. Foi para mim, também, uma aprendizagem ver como as pessoas se comportam perante situações que sabem não poder dominar.
Neste abecedário da existência de todos nós, há muito em que vale a pena pensar seriamente. Porque, se o não fizermos, um Covid pode não nos matar, mas liquidar os nossos dias. Este ABC explica porquê...

HSC

Dos sentimentos

 

San Miniato al Monte 

  

De ti não direi as ruas,/ os espelhos.// Se tiver palavras, direi os pés/ submersos nos degraus invisíveis,/ uma escada de subir. Direi o silêncio/ se houver palavras, o silêncio/ de não ter palavras e saber a tarde. 

Estes  versos foram publicados, na integra, na ultima Pastoral da Cultura. O seu autor, José Rui Teixeira, é investigador e poeta e descreve a beleza do local, onde viajou. O resto do poema é igualmente belo Neste espaço seria impossível reproduzi-los, mas vale a pena le-los completos porque e nós estamos a precisar de falar de vida, de amor, de felicidade e de coragem. Esses têm de ser os sustentáculos para o tempo que há-de vir.

Aqueles que me lêem sabem o quanto preciso de silêncio e também de alegria. Por alguma razão que desconheço, estes versos deram-me essas duas emoções!

HSC

segunda-feira, 7 de setembro de 2020

A nossa História


Gostei muito de, por motivos profissionais, ter podido conhecer uma boa parte do Japão, quando trabalhava na Aeronáutica Civil, para o meu saudoso Diretor Geral, Eng. Vitor Veres, pessoa que me ensinou muito do que sei culturalmente. 
Em todas as viagens que fiz com ele aprendi a ver coisas dos países onde iamos que, possivelmente, nunca teria reparado se ele me não chamasse a atenção. Era um homem muito culto e que gostava de partilhar com os outros o que sabia.
Recentemente, através de um amigo, fiquei a saber que os Correios do Japão fazem emissão de selos comemorativos dos 450 anos da abertura do porto de Kochinotsu pelos navegadores portugueses. Alguém ouviu falar desta noticia na comunicação social? Claroque não. Não se tratava da transferencia de um jogador ou de uma selfie do Professor Marcelo, logo, que interesse podia ter o caso?!
Há muito que deixámos de ter heróis, há muito que deixámos de conhecer a verdadeira grande história deste país tão pequeno. Felizmente, ainda há no mundo quem não se esquece da obra dos portugueses. Mais um motivo para eu continuar a acreditar que ainda um dia lá hei-de voltar a matar saudades dos amigos que criei!

HSC

quarta-feira, 2 de setembro de 2020

Há vida para além da política!

Todos os que me lêem, sabem que sou católica e mãe de dois filhos que, por sua vez, me deram dois netos que não podiam ser mais diferentes. Parece uma reedição familiar, mais colorida e olhada com os olhos do século XXI.
Quer eu quer os meus primos sempre apreciámos o principio seguido na família, de que à refeição se não discutia política, para que o ambiente decorresse calmo e se tratasse de assuntos de interesse geral, nomeadamente cultural.
Terminada a refeição, enquanto os adultos tomavam café e um ou outro digestivos,  as crias iam para a cama. Nessa altura, a conversa acabava sempre por fluir para a política. Enquanto não havia conversa apaixonada, a minha avó não intervinha. Se os decibéis se elevavam, ela decretava que se ia deitar e queria silencio. Foram anos desta vivência, em que era a familia a grande educadora e a escola a grande instrutora do nosso saber.
Quando, por minha vez, fui mãe segui o mesmo caminho. Todas as vertentes eram toleradas mas a discussão acesa era na sala e com as crianças deitadas. Quando estas cresceram...nada a fazer. Tornaram-se intervenientes activas no diálogo. E paulatinamente cada um cresceu com as suas convições e eu com as minhas. E fomos sempre uma familia unidíssima!
Agora, sei que se pretende que sejam as escolas a não só instruir como a educar os nossos filhos. Parece-me um caminho muito perigoso. Eu, por exemplo, jamais consentiria que ensinassem aos meus filhos com 10 anos ou menos o que hoje se pretende tornar obrigatório numa disciplina de cidadania. 
Há idades para tudo. E aos 10 anos eu é que saberia como os ir educando. Não seria a escola, que não sabia como se vivia na minha casa e na minha família, que estaria habilitada a faze-lo. E julgo que, não tendo jamais abdicado deste direto/obrigação, não terei feito mau trabalho, pese embora o facto de terem, no mesmo caminho, seguido vias diferentes. Ainda bem. Foi um enorme sinal de que são os afectos e não a política que determina os nossos actos!

HSC