quarta-feira, 29 de novembro de 2017

Belmiro de Azevedo


“Belmiro de Azevedo, que hoje desaparece, é um nome grande do mundo empresarial português. Com grande visão, soube criar um grupo económico muito sólido, que gerou largos milhares de empregos, em Portugal e no estrangeiro. Faz parte dos novos empresários que surgiram depois do 25 de abril e que, com os anos, consolidaram um papel determinante na economia do país.
... O triste gesto que o PCP hoje teve na Assembleia da República, recusando juntar-se ao voto de pesar aí aprovado, releva de uma visão deselegante, fruto da sua hostilidade endémica a todos os projetos empresariais privados que assumam uma certa dimensão. O Bloco absteve-se. Nada de novo.” 

                               In http://duas-ou-tres.blogspot.pt

Está tudo dito nestes dois parágrafos. É, de facto, uma pena que em Portugal, numa dita democracia, assistamos a gestos desta natureza. Entretanto, alguns elogiam governos como o da Coreia do Norte...

HSC

domingo, 26 de novembro de 2017

A não perder


“Com selecção e organização de José Mário Silva, "Os Cem Melhores Poemas Portugueses dos Últimos 100 Anos" é uma antologia arrojada de um século de poesia singular, liberta e corajosa, mensageira de uma individualidade complexa e moderna, diversa na abordagem à forma e, todavia, sempre intensa. Entre grandes nomes canónicos já desaparecidos e jovens e promissórias vozes, o mundo da poesia portuguesa contemporânea é-nos apresentado com uma frescura e originalidade inesperadas e os poemas vão guiando o leitor numa viagem íntima por esse mundo à parte e imorredouro, apesar de actualíssimo, que é a poesia. Reúne poemas de autores como Fernando Pessoa, Camilo Pessanha, Jorge de Sena, Vitorino Nemésio, Sophia de Mello Breyner Andresen, Herberto Helder, Alexandre O’Neill, Mário Cesariny, Fiama Hasse Pais Brandão, Ruy Belo, Eugénio de Andrade, Natália Correia, António Ramos Rosa, Luiza Neto Jorge, Carlos de Oliveira, Alberto Pimenta, Vasco Graça Moura, Joaquim Manuel Magalhães, AI Berto, Maria Teresa Horta, Pedro Tamen, Rui Knopfli, Ana Hatherly, Manuel António Pina, Fernando Assis Pacheco, Jorge Sousa Braga, Daniel Faria, Adília Lopes, A. M. Pires CabraI, José Tolentino Mendonça, Miguel-Manso, Inês Dias". 


Será preciso dizer mais sobre uma obra destas? Talvez, que ela me parece indispensável para todos os que, como eu, gostam muito de poesia. Nesta selecção estão autores que me acompanharam ao longo da vida. Mas outros haveria, ainda, a registar mostrando bem como somos ricos numa área que, por mais estranho que pareça, não é devidamente apreciada. Talvez o ensino tenha nisso uma boa parcela de culpa...

HSC             

sexta-feira, 24 de novembro de 2017

A morte


Morreu hoje o Pedro Rolo Duarte. Era uma morte anunciada para quem, como eu, viveu há cinco anos, exactamente a sua história. 
Talvez por isso, o meu primeiro pensamento vá para a sua mãe, a quem a vida acaba de roubar o bem mais precioso e, só depois, para o filho. Para este, haverá sempre uma lógica temporal, que não existe no caso da sua avó. Nenhuma mãe deveria, alguma vez, passar por isto.
Finalmente, o meu pensamento vai para os amigos que sempre lhe serviram de esteio e jamais o abandonaram. E eram muitos. Muitos, mesmo!
Conheci o PRD há muitos anos quando, com o Miguel Esteves Cardoso, o meu saudoso MEC, faziam aquela inesquecível revista chamada KAPA. E era eu quem lhes tinha sempre de cortar os orçamentos. Não foi, assim, um primeiro encontro fácil dado que era olhada como aquela que lhes cerceava os sonhos. Havíamos de, aos poucos, ir resolvendo esses problemas já que, com o lançamento da minha FORTUNA, passei a ter mais projectos para gerir. Mas ele e eu  havíamos de nos cruzar noutros aventuras.
Depois, amigos comuns juntaram-nos na GRUPA, esse conjunto de gente de quem eu podia quase ser a "avozinha", mas que me tem dado muito bons momentos. Aí conheci um outro Pedro, que o tempo havia transformado e enriquecido. 
Era um homem livre, que dizia o que pensava, uma cabeça que não parava, um comunicador excelente, uma verdadeira força da natureza. Não conseguiu vencer essa besta que é o cancro. Mas julgo poder dizer que na batalha da vida, ela a dominou e terá sido um homem com muitos momentos felizes!

HSC

terça-feira, 21 de novembro de 2017

A Isabel e a Teresa

“Precisava às vezes de uns dias de solidão e silêncio para se encontrar consigo e ganhar novas energias. Para sentir de novo o prazer e a liberdade de gerir a vida inteiramente à sua vontade. Sabia que o tempo ajudava a sarar todas as feridas, a colocar tudo no sítio certo e a afastar o que não tem valor. Gostara sempre de homens misteriosos e inquietos, de almas sinuosas e sobressaltadas e, por isso, todos os seus amores eram complexos e controversos, diferentes do que acontecia à sua volta. Ou talvez não...
Com o tempo aprendera a viver em serenidade entre solidão e companhia, a não ter medo nem pressa, a deixar-se levar pelo desejo de cada instante e a entregar-se ao que o amor tem de melhor sempre que ele surgia inesperado, grandioso e avassalador, a sobrepor-se a tudo.
E se, muitas vezes, em momentos de fragilidade excessiva, lhe apetecia ter quem tomasse conta de si, parecia-lhe também quase sempre muito claro que era a sós consigo que conseguia pensar(-se) e reencontrar o bem-estar físico e emocional que permitia que estar acompanhada fosse vivido de uma forma muito mais plena, que a cumplicidade e a partilha pudessem ser ainda mais verdadeiras, porque genuinamente desejadas. Sem obrigação nenhuma...”

                      In http://isabelmouzinho.blogspot.pt/

A net traz, por vezes, algumas surpresas. Através dela conheci duas mulheres inteligentes, cultas, simpáticas. Hoje são duas ótimas amigas com quem falo, passeio e rio. Tudo o que se pode pedir aos bons amigos.
Uma é professora. Outra investigadora. Uma Isabel. Outra Teresa. Já passámos, cada uma de nós, nestes três ou quatro anos de estima continuada, por várias ocasiões difíceis, E estivemos sempre juntas.
Hoje, ao passar pelo blogue da Isabel, encontrei este texto. Senti-o como se eu própria o tivesse escrito. Portanto, limitei-me a roubar-lho. No mesmo dia em que a Teresa, que me sabia triste, vinha trazer-me a casa as batatas fritas de que tanto gosto!
Senti-me, neste tempo em que um amigo querido tenta vencer a morte, como uma criatura verdadeiramente abençoada pela vida.
Obrigada meninas, pela vossa amizade!

HSC

segunda-feira, 20 de novembro de 2017

O modelo SS

Hoje, por motivos profissionais, estive meia hora ao telefone, o que é raro em mim porque detesto passar muito tempo com o malfadado e impessoal aparelho nas mãos. Gosto de conversar "olhos nos olhos" e a máquina não me permite tal. Mas reconheço que elas são indispensáveis para quem trabalha e para quem delas necessita como meio de mitigar a solidão. Eu prefiro pessoas.
Mas este colega acaba sempre por transformar uma conversa técnica seca num diálogo gostoso. E assim tendo nós começado com os recibos verdes e a parafrenália de mudanças que se fala vêm aí, acabámos filosoficamente a abordar a capacidade de tomar decisões. 
Contava ele que fora confrontado com alguém que tendo respondido a um anuncio para juniores, se apresentou com 17 anos de trabalho. Já era estranho. Feita a seleção, a pessoa foi escolhida. Quando se lhe comunicou a decisão, disse que precisava de uma semana para pensar, porque não queria dar um passo maior que a perna. 
Calculam a surpresa que esta resposta causou. E foi aí que o meu colega referiu que usou o modelo SS, as iniciais de "ou sabe, ou salta". Ou seja, quem responde a um anuncio de trabalho e é escolhido, ou diz sim ou dá lugar ao seguinte.
Confesso que gosto de pensar antes de agir, mas se isto se tem passado comigo, dificilmente controlaria uma gargalhada. Para esta alma, decidir é responder a anúncios. E assim continuará, sempre com medo de não ser capaz. Percebe-se, finalmente, porque é que tendo 17 anos de vida profissional, responde a um anuncio de juniores...

HSC

segunda-feira, 13 de novembro de 2017

Bom senso

No nosso país as questões que são do foro do bom senso dão, por norma, origem a verdadeiras telenovelas mexicanas. O jantar no Panteão já permitiu tanta opinião que, a partir de certa altura, começamos a perguntar se isto não será para nos desviarmos dos verdadeiros problemas do país.
A lei permitia, de facto, a realização do jantar, mas não devia fazê-lo, porque há locais que não servem senão para aquilo para que foram construídos. Ou seja, no caso, o cemitério daqueles a quem a Pátria deve honrar. E, até neste campo, como se sabe, as interpretações de quem lá deva ter lugar, podem divergir. 
Neste momento investiga-se, quase com morbidez, que outros repastos lá poderão ter ocorrido. A questão é do foro do mero bom senso. Aconteceu. Foi um lapso. Pediram-se desculpas de um lado e do outro dos intervenientes, que era a única possibilidade, para além da necessária mudança da lei. Será que vamos continuar a tentar encontrar "culpados" e a exigir a cabeça deles, quando o país tem reais problemas que, esses sim, urge debater?
Erros todos cometem. Chamou-se, e bem, a atenção para eles. Houve, ao que me dizem, pedidos de desculpa pública de quem organizou e de quem autorizou. Estou à vontade, porque neste assunto, só conheço o Ministro da Cultura que é pessoa que estimo, mas a quem não peço que saiba, ao pormenor, este género de coisas. É para isso que existe a delegação de poderes.
Seria necessário algo mais do que um pedido de desculpas, publico, do governo, pelo que aconteceu e vai ser corrigido? Haverá, de facto, motivo para que andemos, há dias sucessivos, a escalpelizar os vivos?!

HSC

sábado, 11 de novembro de 2017

Entre vivos e mortos...


Sabe-se que terá tido lugar no Panteão, à luz das velas e ao lado dos túmulos de Humberto Delgado e de Amália, um jantar privado, de encerramento do Web Summit, destinado a um grupo restrito de empresários e investidores. Quando li não acreditei. Mas tive de me render à realidade.
Com efeito, o aluguer de monumentos geridos pela Direção-Geral do Património Cultural é permitido e está regulado pelo despacho 8356/2014, promulgado pelo Secretário de Estado da Cultura, Jorge Barreto Xavier, membro do governo anterior.
O Panteão Nacional faz, portanto, parte desse conjunto de monumentos e a sua própria página oficial enumera os eventos que ali se podem realizar, nomeadamente “banquetes, recepções, conferências, recitais de música ou poesia, lançamento de livros, actos solenes, actividades de índole cultural, mostras, exposições”, acrescentando que tudo depende de “consulta prévia e condições a acordar”.
Não sei quem pagou, nem se foi pago. Não sei quem pediu nem sei quem autorizou. Não sei quem foi convidado e quem aceitou. Enfim, não sei nada a não ser que sinto algo que me incomoda neste repasto entre vivos e mortos ... de alto gabarito!

HSC

sexta-feira, 10 de novembro de 2017

Comentaristas

Já me tinham avisado de que ler comentários de jornais é ficar muito decepcionada com uma parte do país. Nunca me tinha dado a esse exercício, mas o facto de estar a orientar uma tese sobre um tema que se relaciona com este, permitiu-me ficar a conhecer uma realidade preocupante.
Quem comenta raramente se cinge ao tema e divaga bolsando as mais surpreendentes considerações sobre pessoas cuja vida ignoram totalmente. E o que dizem é de tal natureza, que eu me pergunto se uma parte razoável dos cidadãos deste país, não necessitaria de ir ao psiquiatra. Porque muito daquilo que exprimem é revelador do seu carácter.
Para mim, que gosto muito do país onde nasci e tenho uma enorme complacência em relação aos nossos defeitos tradicionais - de que a inveja será, talvez, o maior -, ler as atoardas que os jornais insistem em publicar, dá-me uma enorme tristeza. 
Nós, portugueses, que somos capazes de gestos de invulgar solidariedade, somos, na mesma medida, capazes de aviltar, denegrir, ultrajar, pessoas que não conhecemos, mas de quem não gostamos. Ou seja, passados tantos anos sobre a ditadura, a base em que a democracia assenta continua a ser a mesma. O que quer dizer que não estamos ainda, tantas gerações já passadas, em condições de viver e conviver democraticamente. 
Creio que tudo isto terá que ver com o que (não) aprendemos na escola e na família. E será certamente, também, consequência da perda de valores que um mundo cada vez mais avançado tecnologicamente, acabou de forma perniciosa, por permitir. É uma pena que assim seja. Mas algo me diz, que a comunicação social e as redes que, entretanto, a internet desenvolveu, têm uma boa parte de responsabilidade nesta situação. Se os comentários fossem moderados pelo editor, possivelmente a sanidade dos mesmos seria diferente...e todos ganhávamos com isso!

HSC

sábado, 4 de novembro de 2017

Porquê, só agora?!

Se o feminismo militante sempre me irritou um pouco pela agressividade de algumas das suas praticantes, o machismo militante irrita-me muito mais, porque atinge a minha dignidade.
De repente, sem bem se perceber porquê, foram desenterrados múltiplos casos de assédio sexual, em particular na área cinematográfica e em especial na velha Hollywood. O que me surpreende é que só passadas mais de três décadas, eles venham a lume com esta intensidade. 
Compreendo que à época fosse muito difícil às assediadas falarem dum assunto que não só era melindroso, como seria difícil de provar. Mas que diabo, passados dez ou quinze anos, a maioria dessas pessoas já estaria  certamente em condições de poder falar e de ser ouvida. 
Porque é que isso não aconteceu, por exemplo, na onda de casos como o de Clinton e só agora aparecem em catadupa? Confesso que, se me causa uma enorme repulsa o que à época terá acontecido, também me incomoda que, tendo o mundo neste intervalo de tempo, mudado tanto, só decorridos mais de 30 anos aquelas pessoas se venham confessar publicamente. Até porque continuam, na maior parte dos casos, a necessitar da confissão dos visados,  para provarem o que dizem.
O que terá levado a que actrizes/actores, de reconhecidos méritos e com uma carreira consolidada, só agora tenham encontrado a coragem de se expôr?!

HSC

quarta-feira, 1 de novembro de 2017

Uma caixa a mais...

“Uma caixa com mais de cem unidades (velas) de explosivo plástico PE4A foi furtada dos paióis de Tancos sem que o Exército tivesse registado a falta do material.
A falha foi revelada pelo próprio Chefe de Estado-Maior do Exército, Rovisco Duarte - numa conferência de imprensa na Unidade Apoio Geral Material do Exército (UAGME), Benavente, para fazer o ponto da situação da desativação dos Paióis de Tancos -, segundo o qual tinha aparecido uma "caixa a mais que não constava da relação inicial" entre o material furtado que foi recuperado pela Polícia Judiciária Militar (PJM), no passado dia 18, próximo da Chamusca.

                        Divulgado através da Comunicação Social


Este novo episódio da já longa e inédita "novela" sobre o furto do material dos paióis de Tancos, deixou perplexos alguns militares na reserva. Porque, afirmam, se "já fora mau ter sido furtado todo o material, ainda é pior saber-se, agora, pelo CEME, que até foi devolvida pelos bandidos uma caixa a mais, cuja falta ninguém tinha registado. 
E dizer-se, ainda por cima, que "é compreensível", torna-se simplesmente inadmissível, confessou um oficial de alta patente, que pediu o anonimato por ter "muita vergonha pelas Forças Armadas", do que se está a passar.
Como é que tudo isto acontece, Senhor Presidente da República e Comandante Supremo das Forças Armadas? Como é que tudo isto acontece Senhor Ministro da Defesa?
Provenho de uma família de militares e tenho nisso um enorme orgulho. Tudo o que de bom me foi transmitido, provém dessa seriedade, honorabilidade, verticalidade, enfim, ética, que sempre vi naqueles que conheci e que, julgo, morreriam de vergonha ao assistirem a uma telenovela destas.
O país não pode, Prof Marcelo Rebelo de Sousa, ver desacreditada a sua confiança nas mulheres e nos homens que garantem a segurança dos cidadãos. E não pode nem deve, registar este tipo de situações como se de algo normal se tratasse.

HSC