Às vezes,
dou comigo a pensar naquele instante, que parece simples para o mundo, mas que
vive em mim, como um eco eterno: o teu olhar.
Ainda te lembras? Talvez não. Ou talvez te tenhas lembrado, por tempo demasiado,
à espera de que eu dissesse algo, fizesse algo.
Naquele dia
— aquele, que tu provavelmente esqueceste, com mágoa — havia um brilho nos teus
olhos. Mas não era alegria. Era um brilho estranho, contido, como quem segura
um mar inteiro, dentro do peito.
E eu… eu não soube ver.
Ou vi e fingi que não.
Por medo, por orgulho, ou por mera incapacidade.
Hoje,
entendo que naquele olhar, havia palavras não ditas, gestos suspensos, uma
despedida silenciosa.
E eu, perdido nas minhas distrações, deixei passar o que, talvez, fosse o nosso
último momento inteiro.
Sinto falta
de tudo o que não foi.
De tudo o que teu olhar me tentou dizer.
E da versão de mim, que te teria escutado, com o coração.
Aceita a minha
saudade e profundo arrependimento, se fores capaz.
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