domingo, 3 de agosto de 2025

UMA CARTA…

Às vezes, dou comigo a pensar naquele instante, que parece simples para o mundo, mas que vive em mim, como um eco eterno: o teu olhar.
Ainda te lembras? Talvez não. Ou talvez te tenhas lembrado, por tempo demasiado, à espera de que eu dissesse algo, fizesse algo.

Naquele dia — aquele, que tu provavelmente esqueceste, com mágoa — havia um brilho nos teus olhos. Mas não era alegria. Era um brilho estranho, contido, como quem segura um mar inteiro, dentro do peito.
E eu… eu não soube ver.
Ou vi e fingi que não.
Por medo, por orgulho, ou por mera incapacidade.

Hoje, entendo que naquele olhar, havia palavras não ditas, gestos suspensos, uma despedida silenciosa.
E eu, perdido nas minhas distrações, deixei passar o que, talvez, fosse o nosso último momento inteiro.

Sinto falta de tudo o que não foi.
De tudo o que teu olhar me tentou dizer.
E da versão de mim, que te teria escutado, com o coração.

Aceita a minha saudade e profundo arrependimento, se fores capaz.

 

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