Quando sentimos que a nossa beleza não se vê, é como se
estivéssemos escondidos atrás de uma cortina, que só deixa passar uma sombra de
quem realmente somos. Olhamo-nos no espelho à procura sinais, mas parece que o
reflexo não devolve aquilo que carregamos por dentro. É uma sensação
silenciosa, quase injusta, de estar invisível ao mundo e às vezes, até, a nós
mesmos.
Mas existe uma verdade difícil e bela nisto. É que nem toda
beleza foi feita para ser vista de imediato. Algumas só se revelam no jeito de
ouvir alguém sem pressa, na coragem de recomeçar quando tudo pesa, no brilho
discreto dos olhos quando falamos do que amamos. Essa beleza, ainda que não se
mostre em vitrines nem a olhares rápidos, é a que transforma, de verdade, quem
cruza o nosso caminho.
Talvez o mais doloroso seja acreditar que ela não existe, só
porque não é reconhecida. Mas a beleza que não se vê, continua sendo beleza —
e, quando alguém a enxerga, mesmo que seja uma única pessoa, ela ganha o valor
de um universo inteiro.
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