Aquilo que não dizemos não desaparece. Fica guardado nos
cantos mais silenciosos de nós próprios, como uma forma de respiração suspensa.
Há palavras que não encontramos coragem de soltar, não porque sejam pequenas,
mas justamente porque carregam um peso que nos desnuda.
No silêncio, elas transformam-se em olhares demorados, em
pausas longas demais numa frase simples, em gestos que disfarçam a intensidade.
Talvez temamos o que possa acontecer se elas forem ditas: a mudança
irreversível, o risco de perder o que já existe ou, simplesmente, o medo de não
serem recebidas como as sentimos.
Aquilo que não se diz é, ao mesmo tempo, refúgio e prisão.
Refúgio, porque nos protege de expor tudo o que sentimos. Prisão, porque nos
impede de viver com a leveza de quem nada esconde.
No fundo, sabemos que o não-dito, não é vazio. Ele fala de
outra forma. E, talvez um dia, consigamos aprender a deixar que as nossas
palavras encontrem o caminho, sem que o coração precise de se esconder atrás do
silêncio.
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