sábado, 23 de agosto de 2025

A CALÚNIA

Nunca tinha sido alvo da calúnia. Foi preciso chegar a esta idade e a 30 anos de comunicação social, para ter tido essa experiência, que me magoou muito, mas simultaneamente me permitiu ver quem, de facto, me aprecia e defendeu.

A calúnia é uma das formas mais cruéis de injustiça, porque ataca aquilo que é mais precioso numa pessoa: a sua honra e a sua dignidade. Diferente de uma agressão física, que deixa marcas visíveis, a calúnia age de maneira silenciosa e corrosiva, espalhando desconfiança, mágoas e ruturas muitas vezes irreparáveis. Uma palavra distorcida, uma mentira repetida, pode destruir amizades, abalar famílias, manchar reputações construídas ao longo de anos e, até, comprometer a vida profissional e social de alguém.

O mais doloroso é que, depois de espalhada, a calúnia dificilmente pode ser totalmente reparada. Mesmo quando a verdade vem à tona, as dúvidas já foram lançadas, e o olhar das pessoas nunca mais é o mesmo. É como uma mancha que permanece, mesmo após tentativas de limpeza.

A devastação da calúnia não atinge apenas a vítima direta. Ela corrói laços de confiança na comunidade, incentiva a injustiça e alimenta a maldade. Quem calunia fere não só o outro, mas também a si mesmo, pois revela a própria fragilidade de carácter.

Por isso, é fundamental refletir antes de falar e cultivar a responsabilidade nas palavras. A verdade pode ferir, mas liberta.  A calúnia, por sua vez, aprisiona todos num ciclo de dor e desconfiança.

 

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