terça-feira, 12 de agosto de 2025

CEDO DEMAIS

Todos nós, alguma vez, esperámos muito tempo, por alguma coisa ou por alguém, que não aparecia. E, se o problema não for esperar demais, mas receber cedo demais?

Às vezes, o desejo bate à porta antes de aprendermos a morar dentro de nós. E o que parecia presente torna peso, porque não temos ainda mãos firmes para segurar.

Chega como fruta verde: bonita por fora, mas amarga no gosto. Tentamos morder, mas o dente encontra resistência, e o sabor não é o que imaginávamos. Não é culpa da fruta. Nem nossa. É só o tempo — esse maestro que sabe quando a música está pronta para ser tocada.

Ter algo ou alguém cedo demais é, quase, como perder. Porque, sem a devida preparação, o que vem não encontra espaço para se encaixar.

Mais tarde, talvez, olhássemos para aquilo com mais cuidado, mais calma, mais reverência. Mas naquele instante, o que chega cedo vem junto com a pressa, o medo, a confusão.

E a vida, paciente, observa.
Porque ela sabe que o que é nosso pode, até, chegar antes da hora — mas só floresce quando nós já aprendemos a ser jardim.

 

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