Todos nós, alguma vez, esperámos muito tempo, por alguma
coisa ou por alguém, que não aparecia. E, se o problema não for esperar demais,
mas receber cedo demais?
Às vezes, o desejo bate à porta antes de aprendermos a morar
dentro de nós. E o que parecia presente torna peso, porque não temos ainda mãos
firmes para segurar.
Chega como fruta verde: bonita por fora, mas amarga no gosto.
Tentamos morder, mas o dente encontra resistência, e o sabor não é o que imaginávamos.
Não é culpa da fruta. Nem nossa. É só o tempo — esse maestro que sabe quando a
música está pronta para ser tocada.
Ter algo ou alguém cedo demais é, quase, como perder. Porque,
sem a devida preparação, o que vem não encontra espaço para se encaixar.
Mais tarde, talvez, olhássemos para aquilo com mais cuidado,
mais calma, mais reverência. Mas naquele instante, o que chega cedo vem junto
com a pressa, o medo, a confusão.
E a vida,
paciente, observa.
Porque ela sabe que o que é nosso pode, até, chegar antes da hora — mas só
floresce quando nós já aprendemos a ser jardim.
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