A saudade mais funda não é a da ausência total.
É a daquela presença que continua — mas distante.
É o som da voz que ainda ecoa, mas não nos chama mais.
É o toque que a pele recorda, mas que já não alcança.
Há algo
cruel em amar alguém que permanece, mas não mais connosco.
Não é luto. É uma espera sem relógio.
Não é partida. É uma permanência em silêncio.
O outro ainda respira, ainda sorri em algum lugar —
mas não aqui, onde os nossos olhos precisam.
A saudade
que insiste quando o amor persiste é a mais teimosa.
Ela não se resolve com tempo, porque o tempo não a leva.
Ela não se alivia com adeus, porque não houve despedida.
Ela mora entre o que foi e o que poderia ser,
no espaço suspenso entre o toque e o vazio.
É duro saber
que o coração do outro ainda bate,
mas não mais no compasso do nosso.
Que a vida segue - bela ou difícil - mas alheia à nossa falta.
E mesmo
assim, mesmo doendo, a gente ama.
Ama no silêncio, no respeito, na distância.
Ama porque amar não depende da presença.
Ama porque, apesar de tudo, o amor ficou.
E com ele, a saudade.
Persistente.
Intensa.
Fiel.
3 comentários:
Gostaria tanto de lhe poder dizer que essa saudade um dia desaparece...
Ela mora entre o que foi e o que poderia ser,
no espaço suspenso entre o toque e o vazio.
Que lindos seus versos.
Querida Helena,
Lê-la é sempre um prazer — daquelas vozes que fazem bem à cabeça e ao coração.
Deixei-lhe uma mensagem no Instagram (sim, eu sei… pouco ortodoxo, mas foi o que se arranjou!).
Se tiver oportunidade de espreitar, ficarei muito grata.
Com admiração,
Pureza
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