Há quem pense que o oposto do amor é o ódio. Mas não é. O
ódio ainda carrega paixão, ainda se importa, ainda se vira na direção do outro,
ainda deseja, mesmo que seja destruir. O ódio se ocupa. Já a indiferença… é
silêncio. É ausência. É o vazio onde antes morava o cuidado.
A indiferença não grita, não discute, não escreve cartas, não
sente ciúmes, não espera mensagem. Ela simplesmente não espera nada. E isso dói
mais do que qualquer grito. Porque onde há grito, ainda há vida. Na
indiferença, só existe o eco de um afeto que já se foi.
Ela chega sem aviso, se instala devagar. Primeiro é um
esquecimento, depois um atraso, depois um "tanto faz". Aos poucos,
aquilo que um dia moveu o mundo já não comove nem a lembrança. Os olhos passam
pelo outro, como se passassem por uma parede branca. O coração não se move.
É aí que mora o verdadeiro fim: não quando o amor se torna
briga, mas quando vira nada. Quando não se sente mais a falta, nem a presença.
Quando o outro não é mais dor, nem saudade. É apenas alguém que, se cruzar a
rua, talvez nem mereça um aceno.
E não há luto maior do que esse: estar ao lado de alguém e
perceber que não há mais ninguém ali. Não porque partiu, mas porque deixou de
importar.
Isso é a indiferença. O contrário mais cruel do amor.
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