Sempre fui atraída pelo silêncio, mas não soube nomear isso
até que a vida começou a fazer barulho demais. Ruídos externos, obrigações,
notificações, vozes apressadas e expectativas que não me pertenciam. Foi nesse
caos disfarçado de rotina que descobri o refúgio silencioso que há em mim.
O silêncio acolheu-me sem perguntas. Nele, aprendi a ouvir o
que a minha mente dizia quando ninguém mais falava. Descobri que o silêncio não
é ausência, é presença — uma presença densa, íntima, que revela aquilo que o
som tenta esconder. É no silêncio que as verdades sussurram.
Aprendi a respeitar a minha própria companhia. No início, o
silêncio parecia incómodo, como quem nos encara tempo demais. Mas aos poucos,
fui entendendo que ele não exigia nada de mim. Ele apenas me oferecia espaço:
para sentir, para lembrar, para me esquecer do que não importa.
O silêncio me ensinou a escutar com o coração. A perceber as
entrelinhas de um gesto, o eco de uma saudade, a paz que mora num momento sem
palavras. Descobri que, muitas vezes, o que cura não é o que se diz, mas o que
se permite sentir quando tudo em volta se cala.
Gosto do silêncio porque ele é sincero. Ele não finge, não
interrompe, não julga. Ele apenas existe — e permite que eu exista também, sem
máscaras, sem pressa. Num mundo que grita, o silêncio virou o meu lar
particular.
E, curiosamente, quanto mais me aprofundo nele, mais aprendo
sobre mim — sobre o que preciso, sobre o que devo deixar ir, sobre o que
realmente importa.
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