quinta-feira, 31 de julho de 2025

DEPOIS DA DOR, A ALEGRIA!

A dor parece interminável quando estamos no meio dela. Ela pesa, cansa, silencia. Nos momentos mais difíceis, a esperança parece distante, e os dias, intermináveis. Mas a dor - embora profunda - é também uma passagem.

Depois da dor, vem o alívio.
Depois do luto, vem a memória viva.
Depois da queda, vem o recomeço.
Depois do choro, vem o sorriso tímido que se transforma em riso pleno.

A alegria que chega depois da dor é diferente.
Ela não é vazia, não é euforia momentânea —
é uma alegria amadurecida, consciente, grata.
É a alegria de quem passou pela tempestade e aprendeu a dançar na chuva.

Depois da dor, a alegria!
Não como quem esquece o que sofreu,
mas como quem honra a cicatriz e escolheu continuar.

 

quarta-feira, 30 de julho de 2025

"O DIVÓRCIO NÃO É O FIM DO AMOR, É O COMEÇO DO AMOR PRÓPRIO."

Muitos de nós encaram o divórcio como um fracasso, como o encerramento doloroso de uma história que prometia ser eterna. Mas o que poucos percebem é que, para muitos, o divórcio é uma forma de renascimento. Porquê? Porque, depois de tanto nos perdermos tentando salvar algo que não existe mais, a pessoa, finalmente, tem consciência de que se encontra.

O divórcio não apaga o amor que houve - apenas reconhece que, apesar do sentimento que existiu, permanecer juntos, já não tem sentido. Amar o outro nunca deve significar esquecer-se de si mesmo. Quando o relacionamento deixa de ser um lugar de crescimento, respeito e paz, escolher sair pode ser o ato mais corajoso e inteligente que possamos fazer por nós.

Recomeçar não é fácil. Há dor, culpa, medo. Mas também há liberdade, espaço e possibilidades. Aos poucos, a dor vira força. A culpa vira consciência. O medo vira impulso. E neste processo, o amor-próprio floresce. Não como um substituto, mas como um novo alicerce.

O divórcio não é o fim do amor. É o momento em que paramos de nos anularmos, para cabermos numa relação. E em que começamos a nos abraçarmos por inteiro, com todas as nossas verdades. É o começo de uma relação mais profunda connosco mesmo. E então, talvez, um dia, com alguém que nos ame na mesma medida. Eu sou um bom exemplo.
 

terça-feira, 29 de julho de 2025

"NÃO QUERO ESTAR NA VIDA DE NINGÉM POR OBRIGAÇÃO..."

Não quero estar na vida de ninguém por obrigação. Se eu tiver de explicar o meu valor, se tiver de convencer alguém a me amar, então esse, não é o meu lugar!” ( palavras de Meryl Streep)

Há uma grande diferença entre ser querido e ser tolerado. Entre estar presente por escolha e estar presente por conveniência. Quando dizemos “não quero estar na vida de ninguém por obrigação”, estamos a posicionar-nos com coragem, diante do que é essencial: o amor genuíno, o afeto verdadeiro e o reconhecimento mútuo.

Os relacionamentos - sejam de amizade, amor ou família - devem ser construídos com base no respeito, no desejo mútuo de estar junto, e não em cobranças ou deveres forçados. Quando precisamos explicar o nosso valor, ou convencer alguém a nos querer por perto, algo está errado. O amor, quando é verdadeiro, não precisa de justificativas. Ele, simplesmente, é.

Estar no lugar errado, onde não somos apreciados ou compreendidos, é uma forma silenciosa de nos abandonarmos. Não é orgulho, é dignidade, sair de onde não há reciprocidade. É um ato de amor-próprio, reconhecer que merecemos mais do que migalhas emocionais.

Portanto, que a nossa presença na vida dos outros seja escolha, e não obrigação. Que sejamos amados pela essência e não por esforço. E que, ao perceber que precisamos convencer alguém a nos amar, saibamos que esse não é o nosso lugar.

 

segunda-feira, 28 de julho de 2025

SE EU NÃO FOSSE EU...

Se eu não fosse eu, quem seria?
Um rosto perdido na multidão? Um sonho esquecido antes de acordar?
Talvez um outro nome, outro caminho, outro destino.
Talvez mais calmo, mais ousado, mais livre. Ou não.

Se eu não fosse eu, talvez não carregasse as mesmas cicatrizes,
mas também não teria as mesmas aprendizagens.
Talvez não tivesse chorado tanto...
Mas será que teria rido com a mesma intensidade?

Se eu não fosse eu, talvez tomasse decisões diferentes,
amasse outros amores, morasse em outras ruas.
Talvez tivesse evitado algumas dores,
mas teria sentido o mesmo sabor das conquistas?

Se eu não fosse eu, talvez minha voz dissesse outras verdades,
ou calasse aquelas que hoje ecoam no meu peito.
Talvez os meus medos fossem outros,
mas será que teria a mesma coragem de enfrentá-los?

Se eu não fosse eu…
Talvez não te escrevesse agora.
Talvez nem soubesse escrever.
Ou talvez estivesse a escrever algo ainda mais bonito — ou nem isso.

Mas... sou eu.
Com erros, quedas, acertos, dúvidas e esperanças.
E mesmo imaginando outras possibilidades,
é neste “eu” que escolho continuar.

Porque apesar de tudo...
Ser eu, com tudo o que carrego,
é o que me torna única.

 

domingo, 27 de julho de 2025

O QUE É HOJE A FAMÍLIA?

A família, ao longo do tempo, passou por inúmeras transformações. Se antes era vista como uma estrutura rígida, composta tradicionalmente por pai, mãe e filhos, hoje ela assume diversas formas e configurações. A sociedade contemporânea reconhece que a família vai muito além dos laços sanguíneos ou dos modelos convencionais.

Atualmente, existem famílias formadas por casais homoafetivos, famílias monoparentais (com apenas um dos pais), famílias reconstituídas (com padrastos, madrastas e enteados), entre outras variações. O que realmente define uma família, hoje, é o vínculo de afeto, cuidado, respeito e convivência.

Com as mudanças culturais, sociais e tecnológicas, os papéis familiares também se modificaram. A mulher, por exemplo, conquistou espaço no mercado de trabalho e isso impactou diretamente a dinâmica familiar. Os homens, por sua vez, tendem a participar mais ativamente da criação dos filhos e das tarefas domésticas.

A comunicação digital também influenciou as relações familiares. Se, por um lado, ela aproxima parentes distantes, por outro pode causar distanciamento emocional dentro do próprio lar, se não for bem equilibrada.

Apesar das mudanças, a essência da família continua sendo a mesma: um núcleo de apoio, segurança emocional e construção de valores. A diversidade familiar deve ser vista com respeito, pois o mais importante não é o formato, mas o amor, a solidariedade e o cuidado entre os seus membros.

 

NAS MÃOS DE DEUS


 Foi com pesar, que tomei conhecimento  da morte de Nuno Portas, pai dos meus dois filhos.
Apesar de há muitos anos termos seguido caminhos diferentes, compartilhamos uma parte importante da vida e, acima de tudo, a dádiva de sermos pais de pessoas incríveis.

Neste momento, meu coração está especialmente voltado para o filho que me resta e para os nossos netos, que enfrentam, agora, a dor de uma perda profunda.
Desejo que ele encontre paz, e que a memória do que foi bom siga viva no coração de quem o amou.

sábado, 26 de julho de 2025

VIDA PRIVADA E LIBERDADES INDIVIDUAIS

Em princípio, a vida afetiva e pessoal é uma esfera protegida, inclusive por lei (em muitos países, como o Brasil, pela Constituição e pela Lei Geral de Proteção de Dados). Se dois adultos, mesmo casados com outras pessoas, se encontram num espaço público e são fotografados por um paparazzo, trata-se de um fato da vida pessoal, ainda que tenha consequências sociais. Se a empresa intervém diretamente num episódio desses sem que haja impacto profissional concreto, ela corre o risco de invadir a privacidade e sofrer críticas por autoritarismo ou gestão moralista.

No entanto, há situações específicas em que a empresa pode (ou deve) intervir. Se os envolvidos são figuras públicas da organização (por exemplo, CEO ou diretores de áreas estratégicas), o episódio pode gerar repercussão negativa direta na reputação institucional. Nesse caso, a empresa pode ver-se obrigada a posicionar-se, não sobre o relacionamento em si, mas sobre medidas de proteção da imagem corporativa, como afastamentos temporários, mudanças de posição ou esclarecimentos à imprensa.

Se, após o escândalo, surgem consequências internas como hostilidade, quebra de confiança da equipe, acusações de favoritismo, ou clima tóxico, a empresa tem o dever de agir para proteger o ambiente profissional, mesmo que não julgue o comportamento privado em si.

Se a empresa possuir um código de conduta ou política de relacionamentos internos que exige comunicação prévia, transparência ou impede relações entre superior e subordinado direto, então o não cumprimento dessas regras pode justificar uma ação disciplinar, não pela traição conjugal, mas pela violação das políticas organizacionais. A empresa deve adotar uma postura equilibrada:

  • Evitar juízo moral sobre questões pessoais;
  • Avaliar impacto real sobre o ambiente e a reputação da organização;
  • Resguardar a imagem institucional, se necessário;
  • Garantir confidencialidade, respeito e não exposição dos envolvidos;
  • Agir somente com base em critérios objetivos, como quebra de regras internas ou prejuízo à operação.

Assim, se o relacionamento entre os executivos casados vem à tona por meio da imprensa, a empresa não deve agir com base em moralismo, mas avaliar com critério profissional se houve quebra de normas, conflito de interesse ou dano institucional. Fora disso, a vida privada deve ser respeitada — mesmo quando exposta de forma indesejada ao público.

 

sexta-feira, 25 de julho de 2025

OS FALSOS MODESTOS


Quantas vezes, não os encontramos por aí, a enunciar uma qualquer destas frases. Já viram o ridículo? Fujam, porque é tempo perdido. E alguns até são inteligentes…

 

-"Nem sei por que me escolheram para liderar o projeto... deve ser porque confiam demasiado em mim."
-"Estava a tentar passar despercebido, mas acabei a ser o centro das atenções... outra vez."
-"Fico sempre com vergonha quando dizem que sou simpático... mas pronto, não vou contrariar."
-"A minha comida nunca fica igual à da receita... normalmente sai melhor."
-"Não percebo como é que ainda me pedem conselhos... deve ser porque costumo acertar."
-"Detesto quando me dizem que sou multifacetado… não posso fazer tudo bem, pois não?"
-"Fico sem jeito quando elogiam a minha voz ao telefone… eu só estava a pedir uma pizza."
-"Disseram que tenho uma energia contagiante… o que é estranho, porque estava mesmo cansado."
-"Às vezes acho que sou demasiado perfeccionista… deve ser por isso que tudo me corre tão bem."
-"É a sério que acham que sou engraçado? Eu só digo o que penso”.

quarta-feira, 23 de julho de 2025

Saudade que Persiste


A saudade mais funda não é a da ausência total.

É a daquela presença que continua — mas distante.
É o som da voz que ainda ecoa, mas não nos chama mais.
É o toque que a pele recorda, mas que já não alcança.

Há algo cruel em amar alguém que permanece, mas não mais connosco.
Não é luto. É uma espera sem relógio.
Não é partida. É uma permanência em silêncio.
O outro ainda respira, ainda sorri em algum lugar —
mas não aqui, onde os nossos olhos precisam.

A saudade que insiste quando o amor persiste é a mais teimosa.
Ela não se resolve com tempo, porque o tempo não a leva.
Ela não se alivia com adeus, porque não houve despedida.
Ela mora entre o que foi e o que poderia ser,
no espaço suspenso entre o toque e o vazio.

É duro saber que o coração do outro ainda bate,
mas não mais no compasso do nosso.
Que a vida segue - bela ou difícil - mas alheia à nossa falta.

E mesmo assim, mesmo doendo, a gente ama.
Ama no silêncio, no respeito, na distância.
Ama porque amar não depende da presença.
Ama porque, apesar de tudo, o amor ficou.
E com ele, a saudade.

Persistente.
Intensa.
Fiel.

terça-feira, 22 de julho de 2025

Valorar a Alegria


Valorar a alegria é mais do que reconhecê-la quando ela se apresenta. É aprender a vê-la como algo precioso, essencial à nossa humanidade — e não como um luxo reservado aos dias bons.

Vivemos num mundo onde o sofrimento é constante e, por vezes, parece mais legítimo do que a felicidade. Falar de alegria pode soar ingénuo, até egoísta, diante de tantas dores, perdas e desigualdades. Mas é justamente por isso que ela importa. A alegria é resistência silenciosa. É força suave. É a lembrança de que, mesmo no meio da dureza da vida, ainda há espaço para o riso, para a beleza, para o encantamento.

Valorar a alegria é parar de tratá-la como um acidente ou uma exceção. É cultivar o olhar atento para os instantes simples: o cheiro do café pela manhã, a brisa no rosto, o abraço inesperado, uma música que toca fundo, uma conversa despretensiosa. É perceber que, mesmo em meio ao caos, o mundo ainda oferece momentos de luz — e que cabe a nós acolhê-los.

Muitas vezes buscamos a alegria em grandes conquistas, em metas alcançadas, em experiências intensas. Mas ela raramente se impõe com grandiosidade. A alegria, quase sempre, chega devagar, com humildade. Mora nos detalhes. Às vezes, está mais em como olhamos do que no que olhamos. 

segunda-feira, 21 de julho de 2025

A VIDA É AGORA

 A vida é agora, não vive de espera,
o tempo não para, nem pede trégua.
É dança que gira, é riso que escapa,
é sonho que voa, é luz que se abraça.

Não há garantias, nem mapas traçados,
o amanhã é brisa de ventos trocados.
Mas o hoje está aqui — inteiro, brilhando,
pronto para ser vivido, voando ou andando.

Então diga o que sente, abrace com alma,
faça o que ama, ouça mais a sua alma.
Tome um café, admire o céu,
cante alto, viva o seu papel.

Troque o tédio por uma caminhada,
o medo por fé, a culpa por nada.
Cada segundo é uma chance de ser,
de rir, de tentar, de recomeçar.

Não guarde os planos, nem o coração,
deixe a vida pulsar, com emoção.
Porque o tempo que temos é puro presente,
um agora brilhante, leve e contente.

Viva com alma, viva com cor,
com olhos abertos e cheio de amor.
Aproveite o tempo — seja o que for,
porque ele é o agora, e agora é o melhor! 

A Fraternidade Entre Irmãos Não Se Explica

A fraternidade entre irmãos é uma dessas coisas que a vida dá sem pedir nada em troca. É um vínculo que nasce junto com a gente, cresce em meio às brigas, risos, disputas, cumplicidades… e amadurece com o tempo.

Não se explica como dois seres tão diferentes podem ser tão parecidos no fundo. Irmãos são como espelhos que conhecem a nossa história desde o começo. São testemunhas dos nossos primeiros passos, das quedas, dos sonhos e dos silêncios.

Há momentos em que mal conseguimos nos entender, outras vezes, nem precisamos de palavras — um olhar basta. A fraternidade entre irmãos é feita de uma mistura estranha: amor e implicância, cuidado e provocação, distância e presença. Mas, apesar de tudo, ela permanece. Porque irmãos, mesmo quando estão longe, nunca se separam de verdade.

Não se explica o impulso de proteger o outro sem pensar, de perdoar com facilidade, de carregar lembranças que mais ninguém entende. É como uma raiz comum que nos sustenta, mesmo quando a vida nos leva por caminhos diferentes.

A fraternidade entre irmãos não se explica… carrega-se no peito, vive-se em silêncio, reconhece-se no amor que nunca acaba.

 

sábado, 19 de julho de 2025

"Como se o tempo fosse dele"

Ele era o meu irmão mais novo.
Mas, desde sempre, carregava a calma de quem já viu o mundo de todos os ângulos. Com aquela serenidade rara — quase silenciosa — que não precisava de se exibir para ser notada.

Tinha 75 anos. Um engenheiro do tempo e da lógica, mas também da alma.
Nascido em Moçambique, onde o sol parece ter moldado os seus ossos, voltava sempre que podia. Era como se aquele lugar o chamasse em silêncio — e ele atendesse, com a leveza de quem sabe onde está enraizado.

Corria-lhe um distante sangue macaense nas veias. Um sangue que carrega mares, atravessa mapas, fala baixo e fundo. E era assim que ele vivia: sem pressa, sem estardalhaço, sem a ansiedade que o mundo moderno exige.
Observava mais do que falava. E quando falava, todos escutavam. Como se as suas palavras saíssem de um poço antigo, daqueles que a gente respeita antes mesmo de saber o porquê.

Vi nele, desde sempre, o filho mais velho, do mais velho que eu tive.
Como se ele tivesse vindo antes, mesmo vindo depois.
Como se o tempo fosse dele, e não o contrário.

A morte — essa palavra dura — veio sem aviso. Súbita. Inaceitável.
Como se alguém apagasse a luz de um quarto onde a gente ainda estava a conversar. E agora, restam as sombras. E o eco de tudo o que não se disse porque parecia haver tempo.

Mas o que é a ausência, senão a lembrança vestida de silêncio? De algum modo ele ainda está aqui. No jeito como olho os retratos com mais cuidado. No modo como escuto, antes de falar. Na vontade de voltar a Moçambique, só para entender por que ele voltava tanto.

Não sei como se diz adeus a alguém que parecia sempre saber o caminho de volta.
Então não digo.
Apenas sigo — mais lenta, mais atenta e, sobretudo mais grata.

Como ele fazia.

 

quinta-feira, 17 de julho de 2025

TALVEZ UM DIA

Talvez um dia eu acorde sem esse peso no peito.
Talvez o silêncio não grite tanto,
e eu consiga ouvir o som leve do agora,
sem que o passado ecoe tão alto.

Talvez um dia eu pare de procurar respostas
nas entrelinhas de conversas antigas,
nas mensagens que nunca vieram,
nos gestos que sonhei, mas não vi.

Talvez eu entenda, enfim,
que algumas pessoas não ficam —
não porque não sentiram,
mas porque não sabiam como.

Talvez um dia eu perdoe o tempo,
por não ter sido mais gentil,
por ter levado tudo tão rápido,
ou demorado tanto a trazer paz.

Talvez eu me veja com os olhos de quem me ama,
sem pressa de ser perfeito,
sem medo de ser vulnerável.

Talvez um dia,
eu volte a sorrir sem lembrar da dor,
volte a amar sem medo do fim,
volte a ser — só ser —
sem precisar em me esconder no "talvez".

Mas hoje...
Hoje ainda dói.
Hoje ainda espero.
Hoje ainda escrevo,
porque escrever é a forma mais silenciosa de não gritar.

Talvez um dia eu não precise mais destes versos.
Mas, até lá, são eles que me seguram.

 

quarta-feira, 16 de julho de 2025

Medalha de Honra da Cidade atribuída a Dra. Manuela Eanes pela CML

Na tarde de ontem, no Salão Nobre dos Paços do Concelho, a Câmara Municipal de Lisboa, presidida por Carlos Moedas, entregou a prestigiada Medalha de Honra da Cidade à antiga primeira-dama Dra. Manuela Ramalho Eanes.

Licenciada em Direito, desde cedo se envolveu em causas sociais que a levaram à Presidência da JUC - Juventude Universitária Católica- que mais tarde lhe permitiu fazer um trabalho notável junto de cantinas escolares, infantários/creches, apoio a idosos e subsídios a professores.

Tendo casado em 1970 com o António Ramalho Eanes, futuro Presidente da República (1976‑1986), como primeira‑dama, fundou o Instituto de Apoio à Criança (IAC), que presidiu até 2013, consolidando um legado institucional na promoção e defesa dos direitos da criança.

A homenagem de ontem justifica-se por esse compromisso sempre assumido para com “a causa das crianças e a dignidade dos mais vulneráveis”.

Estimo muito o casal Eanes e só um gravíssimo problema familiar, perdoará a minha ausência desta cerimónia que, para mim, tem duplo valor: o institucional e, sobretudo, a publica consagração das qualidades de uma muito grande amiga! 

 

terça-feira, 15 de julho de 2025

"Não tenho caminho novo. Apenas um novo jeito de caminhar."

Os lugares são os mesmos.
As ruas, as pessoas, os compromissos — tudo ainda está aqui.
Mas eu, não.
Ou talvez sim, mas com outros olhos.

Não mudei de rota.
Mudei de passo.
Antes, corria como quem foge,
E agora, ando como quem sente.

Levo menos peso.
Escuto-me mais.
Olho em volta com mais calma,
como quem entende que o mundo não vai embora, só porque eu desacelerei.

Não busco atalhos.
Não espero mapas.
Porque não é o destino que mudou.
Sou eu, no caminho de sempre,
mas com o coração em outro lugar.

 

sábado, 12 de julho de 2025

O OPOSTO DO AMOR É A INDIFERENÇA

Há quem pense que o oposto do amor é o ódio. Mas não é. O ódio ainda carrega paixão, ainda se importa, ainda se vira na direção do outro, ainda deseja, mesmo que seja destruir. O ódio se ocupa. Já a indiferença… é silêncio. É ausência. É o vazio onde antes morava o cuidado.

A indiferença não grita, não discute, não escreve cartas, não sente ciúmes, não espera mensagem. Ela simplesmente não espera nada. E isso dói mais do que qualquer grito. Porque onde há grito, ainda há vida. Na indiferença, só existe o eco de um afeto que já se foi.

Ela chega sem aviso, se instala devagar. Primeiro é um esquecimento, depois um atraso, depois um "tanto faz". Aos poucos, aquilo que um dia moveu o mundo já não comove nem a lembrança. Os olhos passam pelo outro, como se passassem por uma parede branca. O coração não se move.

É aí que mora o verdadeiro fim: não quando o amor se torna briga, mas quando vira nada. Quando não se sente mais a falta, nem a presença. Quando o outro não é mais dor, nem saudade. É apenas alguém que, se cruzar a rua, talvez nem mereça um aceno.

E não há luto maior do que esse: estar ao lado de alguém e perceber que não há mais ninguém ali. Não porque partiu, mas porque deixou de importar.

Isso é a indiferença. O contrário mais cruel do amor.

 

sexta-feira, 11 de julho de 2025

SAUDADE QUE NÃO PASSA

Hoje lembrei-me muito de ti, meu querido Zé Agualuza. Fizeste-me falta!

Há meses que partiste e ainda olho para o telemóvel, à espera de uma mensagem tua. Ainda escuto as tuas risadas em momentos aleatórios do dia, como se o universo tentasse lembrar-me, que em mim estás vivo, mesmo na ausência.

A saudade que sinto não tem cor, nem forma, mas pesa. É uma presença constante, silenciosa e firme. Sinto falta das nossas conversas, dos conselhos, das piadas que só faziam sentido para nós. Sinto falta até dos teus silêncios, porque mesmo neles, havia acolhimento.

O tempo tem passado, mas ele não cura tudo, ele apenas ensina a conviver com a perda. Há dias em que sorrio ao lembrar-me de ti, e há outros em que as memórias apertam o peito, como se tudo tivesse acontecido ontem.

Deixaste um espaço que ninguém vai ocupar. E, apesar da mágoa, sou grata por ter tido a sorte de dividir parte do meu tempo contigo. A amizade verdadeira continua viva, mesmo depois da morte. Ela ecoa nas memórias, nas lições, e na saudade que fica.

Descansa em paz, meu querido Zé Agualuza. Aqui, a tua lembrança está viva, e é a prova do quanto foste e és importante, para todos os teus amigos.

 

quinta-feira, 10 de julho de 2025

A Estética da Autenticidade nas Redes Sociais

Volto ao tema das redes sociais, para registar algo que ficou por dizer.

Nos últimos anos, as redes sociais têm passado por uma transformação significativa, no modo como os usuários constroem e comunicam as suas identidades. Se antes predominava uma estética idealizada, marcada por imagens altamente produzidas, hoje ganha força um novo paradigma: a estética da autenticidade.

Esta estética valoriza o que é percebido como real, imperfeito e espontâneo. Fotos e vídeos sem edição e bastidores da vida quotidiana são, hoje, recursos que refletem não só conteúdo, mas também uma intenção de verdade e conexão genuína. Esta mudança reflete uma resposta crítica à cultura da performance e da perfeição, que dominou a era dos influenciadores digitais e da “vida de Instagram”.

Porém, é importante reconhecer que a “autenticidade” também se tornou uma forma de estética e, muitas vezes, de estratégia. Ao contrário do que se imagina, ser autêntico nas redes não significa simplesmente ser natural, mas construir uma imagem que pareça natural. Assim, muitos criadores de conteúdos passaram a planear cuidadosamente como parecer espontâneo, verdadeiro e próximo do público, criando uma camada de curadoria, agora voltada para o que parece “real”.

Neste contexto, a estética da autenticidade, levanta questões importantes sobre o que é genuíno e o que é performático. Até que ponto podemos falar de autenticidade em espaços mediados por algoritmos, métricas e expectativas do público? Quais são os limites entre a expressão pessoal e o marketing de si próprio?

Apesar das contradições, esta tendência também, talvez, reflita um desejo coletivo de relações mais humanas e transparentes num ambiente digital cada vez mais saturado de aparências. A estética da autenticidade, mesmo com as suas ambiguidades pode - quem sabe? - representar uma tentativa de reconectar as pessoas com aquilo que é imperfeito, mas profundamente humano.

 

quarta-feira, 9 de julho de 2025

Quando o Reconhecimento Não Vem

Nem sempre o esforço será notado. Nem sempre a dedicação será aplaudida. Às vezes, por mais que se dê o melhor, o reconhecimento simplesmente não virá. E isso dói. Dói porque somos humanos e, como tal, buscamos ser validados, compreendidos, valorizados.

Mas é justamente nesses momentos, que surgem oportunidades valiosas de crescimento interior. Quando o reconhecimento não vem, olhe para si. Relembre os motivos pelos quais começou. Avalie a sua jornada com honestidade e orgulho. O valor do que fez não diminui porque alguém deixou de reparar. A sua contribuição continua a existir, o seu progresso continua a ser real.

Aprenda a se reconhecer. A celebrar pequenas vitórias silenciosas. A encontrar sentido no caminho, não apenas nos aplausos. Quando entendemos o nosso valor, a ausência de aplausos não nos silencia, apenas nos fortalece.

É, também, importante cultivar a empatia. Porque, às vezes, os outros estão tão ocupados com as suas próprias lutas, que não percebem o que alguns estão a enfrentar. Isso não significa que não sejamos importantes, apenas que nem sempre o mundo está atento.

Continue. Com leveza, com verdade, com coragem. Reconheça-se todos os dias. O reconhecimento externo pode, ou não, vir. Mas o respeito que você tem por si mesmo é o que sustenta tudo.

 

segunda-feira, 7 de julho de 2025

Porque gosto do silêncio

Sempre fui atraída pelo silêncio, mas não soube nomear isso até que a vida começou a fazer barulho demais. Ruídos externos, obrigações, notificações, vozes apressadas e expectativas que não me pertenciam. Foi nesse caos disfarçado de rotina que descobri o refúgio silencioso que há em mim.

O silêncio acolheu-me sem perguntas. Nele, aprendi a ouvir o que a minha mente dizia quando ninguém mais falava. Descobri que o silêncio não é ausência, é presença — uma presença densa, íntima, que revela aquilo que o som tenta esconder. É no silêncio que as verdades sussurram.

Aprendi a respeitar a minha própria companhia. No início, o silêncio parecia incómodo, como quem nos encara tempo demais. Mas aos poucos, fui entendendo que ele não exigia nada de mim. Ele apenas me oferecia espaço: para sentir, para lembrar, para me esquecer do que não importa.

O silêncio me ensinou a escutar com o coração. A perceber as entrelinhas de um gesto, o eco de uma saudade, a paz que mora num momento sem palavras. Descobri que, muitas vezes, o que cura não é o que se diz, mas o que se permite sentir quando tudo em volta se cala.

Gosto do silêncio porque ele é sincero. Ele não finge, não interrompe, não julga. Ele apenas existe — e permite que eu exista também, sem máscaras, sem pressa. Num mundo que grita, o silêncio virou o meu lar particular.

E, curiosamente, quanto mais me aprofundo nele, mais aprendo sobre mim — sobre o que preciso, sobre o que devo deixar ir, sobre o que realmente importa.

 

quinta-feira, 3 de julho de 2025

O Valor da Vida: Reflexão a Partir de uma Perda Prematura

A morte de um jovem jogador, recém-casado e pai de três crianças pequenas, ecoa de forma especialmente dolorosa no coração de todos que o conheceram — e mesmo naqueles que apenas ouviram a sua história. É um golpe profundo, injusto, que nos obriga a parar, respirar fundo e encarar uma das mais difíceis verdades da existência: a vida é frágil, imprevisível e, por isso mesmo, de um valor incalculável.

Ele tinha tudo pela frente: sonhos por realizar, metas por conquistar, sorrisos para partilhar com a mulher que amava e os filhos que viam nele um herói. Em campo, corria com paixão. Em casa, vivia com amor. Era mais do que um atleta — era um homem no auge da esperança, da entrega e da construção de um futuro. A sua partida precoce corta essa promessa a meio, deixando um silêncio ensurdecedor onde antes havia gargalhadas, planos, vida.

É nestes momentos que nos confrontamos com a urgência de valorizar o tempo que temos. A vida não espera, e cada instante pode ser o último. Há um valor sagrado em cada abraço dado, em cada palavra dita com carinho, em cada olhar trocado com quem amamos. A rotina, com a sua pressa, muitas vezes cega-nos para o essencial. Mas quando perdemos alguém assim, tão cedo, tão injustamente, somos obrigados a recordar: a vida não pode ser adiada.

A morte deste jovem atleta é uma tragédia que deixa uma família despedaçada e uma comunidade em luto. Mas que também nos deixa uma lição silenciosa: que amar é urgente, que estar presente é essencial, que cada gesto conta. Que nada — nem vitórias, nem conquistas, nem fama — tem mais valor do que o tempo dedicado às pessoas que fazem o nosso mundo.

Que o seu legado não se perca na dor, mas floresça na memória dos que o amaram e na consciência de todos nós. Que possamos, em sua homenagem, viver com mais verdade, mais gratidão, mais presença.

Porque a vida, mesmo breve, quando vivida com amor, tem um valor eterno.

 

quarta-feira, 2 de julho de 2025

Existe Fronteira Para o Riso?

O humor é uma das expressões mais livres e poderosas da linguagem humana. Ele desarma, provoca, aproxima, critica e revela. Pode ser um sopro de leveza em tempos pesados, ou uma forma de resistência e denúncia. Mas, justamente pelo poder que tem, o humor também pode ferir, excluir, reforçar preconceitos e naturalizar violências. Surge então a pergunta inevitável: o humor tem limites?

A resposta mais honesta talvez seja: sim e não. Em termos legais, o humor goza — com o perdão do trocadilho — de uma relativa liberdade, protegida pelo princípio da liberdade de expressão. No entanto, essa liberdade não é absoluta. Quando o riso se apoia em estigmas, quando zomba da dor de grupos historicamente oprimidos, ou quando serve para mascarar discursos de ódio, ele deixa de ser apenas piada e se torna instrumento de opressão.

Há uma diferença crucial entre rir com alguém e rir de alguém. O primeiro une; o segundo humilha. O humor que olha para cima, que satiriza o poder, as contradições sociais ou a hipocrisia das elites, historicamente teve um papel revolucionário. Já o humor que olha para baixo, que escarnece da pobreza, da cor, do género, da origem, ou da orientação sexual, costuma apenas reafirmar desigualdades.

Isso não significa que o humor precise ser "politicamente correto" em todo momento. Muitas vezes, é justamente o incómodo que uma piada gera, que nos faz pensar, refletir e até mudar. Mas há uma linha — às vezes ténue — entre o incómodo criativo e o ataque gratuito.

O bom humor, talvez, não esteja na ausência de limites, mas na consciência deles. Um comediante, um escritor, um criador de conteúdos não precisa ser censurado, mas pode ser responsabilizado. O humor é livre, mas ninguém está livre das consequências do que escolhe dizer em nome dele.

Rir é humano. Mas escolher como e de quê se ri é, também, um ato ético. Eu, por exemplo, não só rio muito de mim própria, como gosto de rir de mim. Talvez seja este, o melhor sentido do humor… 

 

terça-feira, 1 de julho de 2025

Olhar Interior

A autoavaliação é um processo reflexivo em que o indivíduo analisa o seu próprio desempenho, atitudes, habilidades e conquistas. Mais do que um simples exercício de autocrítica, ela é uma ferramenta poderosa de crescimento pessoal e profissional. Ao se autoavaliar, a pessoa identifica pontos fortes que podem ser valorizados e potencializados, bem como aspetos que precisam ser aprimorados.

No contexto educacional, a autoavaliação permite que os estudantes desenvolvam o sentido da responsabilidade sobre a sua aprendizagem, reconhecendo onde tiveram avanços e onde enfrentaram dificuldades. Já no ambiente de trabalho, promove maior autonomia, consciência sobre resultados e melhoria contínua nas entregas.

Este processo requer sinceridade, maturidade e uma postura aberta a mudanças. É importante que seja feito com regularidade, utilizando critérios claros e objetivos. Também pode ser enriquecido com o apoio de feedbacks externos, que ajudam a ampliar a perceção sobre si mesmo.

Em resumo, a autoavaliação é um instrumento essencial para quem busca evoluir de forma consciente, equilibrada e sustentável. Ao olhar para si com honestidade e intenção de melhorar, abre-se o caminho para transformar desafios em oportunidades de desenvolvimento.