Aprendi isso devagar, sem grande perceção. Foi, sim, observando pessoas que me tocavam de maneiras subtis. Um café entregue com um sorriso sincero, uma mensagem enviada na hora certa, um abraço dado sem pressa. Pequenas coisas que não se compram, nem se ensaiam. Coisas que se sentem.
Um dia, alguém me disse: “tens um jeito de ser que acalma”. Fiquei em silêncio, sem saber o que responder, mas aquilo ficou a soar dentro de mim. Porque eu nunca havia pensado, que acalmar alguém, também fosse uma forma de encantar.
Comecei a perceber que o encanto não está na performance. Está na presença. Está em saber ouvir sem interromper, em rir com os olhos, em lembrar de detalhes que o outro nem imaginava que tinha . Está em ser gentil mesmo quando ninguém está olhando.
E foi então que percebi. Encantar é muito mais sobre como nós fazemos o outro sentir-se do que sobre como nós aparecemos. É sobre deixar uma marca invisível, mas profunda. Sobre fazer do quotidiano algo especial, só com a forma como se oferece atenção.
Hoje, não me esforço para impressionar. Esforço-me para ser inteira. Para estar por completo, mesmo em momentos breves. Porque entendi que saber encantar não é um talento que se exibe — é um dom que se vive. E quando nós vivemos com verdade, o encanto simplesmente acontece.
Talvez seja isso que eu possua de mais bonito: a certeza de que, mesmo sendo feita de silêncios, há em mim algo que fica. Que toca. Que, de algum jeito, encanta.
1 comentário:
Acredite que é mesmo uma pessoa encantadora.
Tenha uma Santa Páscoa
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