sexta-feira, 4 de abril de 2025

Carta ao tempo — ou talvez, a você

Cheguei a uma fase da vida em que os dias têm outro ritmo. O silêncio pesa diferente, e a memória tem um gosto agridoce, que antes eu não compreendia. Com o passar dos anos, aprendi que há coisas que simplesmente... ficam. Mesmo quando pensamos que ficou lá para trás.

Tu foste uma dessas memórias. Especial!

A verdade é que, entre tantos rostos, sorrisos e caminhos, o teu nunca saiu do meu. O tempo passou, a vida levou-me por outras estradas, mas houve sempre um canto da alma que voltava pra ti. E é só agora, com a calma — ou a solidão — que vem com a idade, que eu consigo encarar isso de frente.

O grande amor da minha vida foste tu. E não, eu não soube aproveitar.

Na época, talvez eu estivesse ocupado demais, sendo quem achava que devia ser. Tentando controlar a vida, os sentimentos, os medos. Talvez eu tenha confundido amor com liberdade, ou pensado que haveria outras chances iguais. Fui tolo, distraído ou simplesmente covarde. E tu… tu foste tudo o que eu não soube cuidar.

Hoje, se me perguntarem do que mais me arrependo, não é de erros escancarados, nem de decisões mal tomadas. É do silêncio. Da falta de um gesto. De não ter dito com todas as letras que era amor. Que eras tu.

Não escrevo isto esperando resposta. Nem reencontro. Escrevo porque chegou a hora de admitir o que sempre esteve aqui dentro, quieto, mas vivo: que o maior amor da minha vida foi aquele que eu deixei escapar. E que, apesar de tudo, sou grato por ter vivido isso contigo, mesmo que só por um tempo.

Com carinho — e uma saudade enorme,
luis

1 comentário:

Pedro Coimbra disse...

Lindíssima declaração de amor.