Ando a
sentir saudades como quem tropeça num cheiro antigo, numa música esquecida,
numa rua por onde já não passo há tempo demais.
Não sei bem do quê. Talvez de alguém. Talvez de mim.
É uma
saudade que não avisa. Chega em silêncio, senta-se ao meu lado e fica. Não faz
barulho, mas pesa.
É como se o coração ficasse um pouco mais apertado, como se o peito ganhasse um
espaço vazio — mas um vazio cheio de memórias, ecos, vontades.
Ando a
sentir saudades dos abraços que não dei, das palavras que engoli, das tardes
que não voltei a viver. Dos silêncios partilhados, das risadas inesperadas, do
olhar cúmplice que hoje só existe na lembrança.
E há dias em
que essa saudade me veste inteira. Me torna mais lenta, mais pensativa. Outros
dias, ela só roça a pele, como brisa — mas ainda assim, deixa marca. Talvez a
saudade seja o jeito mais belo de dizer que algo valeu a pena.
Mesmo que hoje doa.
Ando a
sentir saudades...
E, de alguma forma estranha, a saudade também é um jeito de amar.
2 comentários:
Sou mesmo muito pouco dado a saudades.
Gosto muito da minha vida agora.
E não a trocava por nada.
obrigada por esse escrito TÂO expressivo , sobretudo para uma certa fase da vida...
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