Os que precisam de se elogiar não o fazem por vaidade, ao
contrário do que muitos pensam. Elogiam-se por necessidade. É quase sempre um
gesto de sobrevivência. A sua autoestima, frágil como elefante em loja de
cristais , precisa de ser sustentada por palavras — mesmo que venham da própria
boca.
Não sabem, ou já esqueceram, o que é ser reconhecido, de
verdade. Aquela validação silenciosa, quase sagrada, que vem dos olhos atentos
de quem vê. Porque há um tipo de pessoas que vê. Que percebe o detalhe, o
esforço, o talento cru. Mas essas, andam ocupados demais, para distribuir pancadinhas
nas costas.
E então, restam os espelhos. E os perfis das redes sociais,
os discursos ensaiados, os sorrisos envernizados. “Eu sou isso”, “eu conquistei
aquilo”, “eu fui o primeiro”, “sou o melhor”. Palavras grandes, mas ocas.
Palavras que, ditas repetidamente, ganham o volume de verdades — ao menos para
quem as diz.
O elogio auto proferido é, muitas vezes, um pedido de socorro
disfarçado de arrogância. Um grito abafado: “por favor, acreditem em mim,
porque eu mesmo ainda estou tentando”. E há neles, nos auto elogiosos, uma
solidão imensa. Porque o que mais querem — ser vistos, admirados, amados — se
torna mais distante a cada palavra que usam para se exaltar.
O que brilha sozinho atrai, mas também cega. E o excesso de
luz pode esconder a falta. Às vezes, o verdadeiro valor está naqueles que não
dizem nada, mas agem. Os que fazem sem alarde, os que criam no escuro, os que
não precisam repetir o próprio nome para serem lembrados.
Esses, quando são elogiados, ficam até um pouco sem jeito. Porque não esperavam. Não mendigavam. Só faziam. E talvez seja isso: o verdadeiro elogio chega quando nós já nem pensamos mais nele!
1 comentário:
Estava a pensar no Trump??
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