sábado, 12 de abril de 2025

OS QUE PRECISAM DE SE ELOGIAR

Os que precisam de se elogiar não o fazem por vaidade, ao contrário do que muitos pensam. Elogiam-se por necessidade. É quase sempre um gesto de sobrevivência. A sua autoestima, frágil como elefante em loja de cristais , precisa de ser sustentada por palavras — mesmo que venham da própria boca.

Não sabem, ou já esqueceram, o que é ser reconhecido, de verdade. Aquela validação silenciosa, quase sagrada, que vem dos olhos atentos de quem vê. Porque há um tipo de pessoas que vê. Que percebe o detalhe, o esforço, o talento cru. Mas essas, andam ocupados demais, para distribuir pancadinhas nas costas.

E então, restam os espelhos. E os perfis das redes sociais, os discursos ensaiados, os sorrisos envernizados. “Eu sou isso”, “eu conquistei aquilo”, “eu fui o primeiro”, “sou o melhor”. Palavras grandes, mas ocas. Palavras que, ditas repetidamente, ganham o volume de verdades — ao menos para quem as diz.

O elogio auto proferido é, muitas vezes, um pedido de socorro disfarçado de arrogância. Um grito abafado: “por favor, acreditem em mim, porque eu mesmo ainda estou tentando”. E há neles, nos auto elogiosos, uma solidão imensa. Porque o que mais querem — ser vistos, admirados, amados — se torna mais distante a cada palavra que usam para se exaltar.

O que brilha sozinho atrai, mas também cega. E o excesso de luz pode esconder a falta. Às vezes, o verdadeiro valor está naqueles que não dizem nada, mas agem. Os que fazem sem alarde, os que criam no escuro, os que não precisam repetir o próprio nome para serem lembrados.

Esses, quando são elogiados, ficam até um pouco sem jeito. Porque não esperavam. Não mendigavam. Só faziam. E talvez seja isso: o verdadeiro elogio chega quando nós já nem pensamos mais nele!

1 comentário:

Pedro Coimbra disse...

Estava a pensar no Trump??