Quando a vontade desaparece o mundo
ao redor parece perder um pouco da cor. As coisas continuam acontecendo — o sol
ainda nasce, o café ainda esfria, as mensagens ainda chegam — mas há uma
ausência silenciosa por dentro. Não é o fim de tudo, mas um intervalo sem nome
entre o desejo e a desistência.
É nesse espaço que mora o cansaço não
físico, aquele que nem o sono resolve. Talvez porque o querer não se apaga de
uma vez, ele vai se apagando aos poucos, como uma vela que arde em silêncio até
só restar o pavio.
Mas será que a vontade some de
verdade? Ou será que ela apenas muda de forma, se esconde, se transforma em
algo que ainda não conseguimos entender? Talvez o que parece desinteresse seja
só um pedido de pausa, uma necessidade de recomeçar, mas sem a pressão de saber
exatamente para onde ir.
Talvez o desaparecimento da vontade
não seja um fracasso, mas um sinal. Uma chamada subtil para olhar com mais
cuidado para dentro. Porque existe uma diferença entre estar perdido e estar em
transição — embora, por fora, pareçam a mesma coisa.
Quando a vontade desaparece, surge a
chance de escutar o que ficou escondido sob o ruído dos planos, dos objetivos,
da pressa. O corpo fala, mesmo que em silêncio. Às vezes, a alma apenas
sussurra: "ouve-me sem me tentar consertar."
E é nesse ponto, entre a apatia e o
recomeço, que mora um tipo estranho de esperança. Não aquela eufórica, cheia de
planos e metas. Mas uma esperança calma, quase tímida. Uma semente de vontade
que ainda não brotou, mas está lá — esperando o tempo certo, o solo certo, a
luz certa.
Aceitar esse momento é, talvez, um
dos maiores gestos de coragem. Porque viver também é isso: permitir-se não
saber, não querer, não conseguir. E ainda assim, continuar a respirar.
Mãos pequenas, coração grande
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1 comentário:
Esperança num dia melhor sempre.
Na passada semana devia ser ouvido online na audiência que irá conduzir à minha representação legal da minha irmã.
Nem eu nem o advogado precisámos dizer nada.
Porque a minha irmã, com a ajuda da minha mãe, tornou a nossa audiência inútil.
Bastou ver a minha imagem no monitor e exclamar - "o meu mano, a minha paixão".
Juíza, Delegada do Ministério Público, advogado, eu, qualquer coisa que pudéssemos dizer seria redundante.
Tenha uma excelente semana
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