domingo, 27 de abril de 2025

Quando a vontade desaparece

Quando a vontade desaparece o mundo ao redor parece perder um pouco da cor. As coisas continuam acontecendo — o sol ainda nasce, o café ainda esfria, as mensagens ainda chegam — mas há uma ausência silenciosa por dentro. Não é o fim de tudo, mas um intervalo sem nome entre o desejo e a desistência.

É nesse espaço que mora o cansaço não físico, aquele que nem o sono resolve. Talvez porque o querer não se apaga de uma vez, ele vai se apagando aos poucos, como uma vela que arde em silêncio até só restar o pavio.

Mas será que a vontade some de verdade? Ou será que ela apenas muda de forma, se esconde, se transforma em algo que ainda não conseguimos entender? Talvez o que parece desinteresse seja só um pedido de pausa, uma necessidade de recomeçar, mas sem a pressão de saber exatamente para onde ir.

Talvez o desaparecimento da vontade não seja um fracasso, mas um sinal. Uma chamada subtil para olhar com mais cuidado para dentro. Porque existe uma diferença entre estar perdido e estar em transição — embora, por fora, pareçam a mesma coisa.

Quando a vontade desaparece, surge a chance de escutar o que ficou escondido sob o ruído dos planos, dos objetivos, da pressa. O corpo fala, mesmo que em silêncio. Às vezes, a alma apenas sussurra: "ouve-me sem me tentar consertar."

E é nesse ponto, entre a apatia e o recomeço, que mora um tipo estranho de esperança. Não aquela eufórica, cheia de planos e metas. Mas uma esperança calma, quase tímida. Uma semente de vontade que ainda não brotou, mas está lá — esperando o tempo certo, o solo certo, a luz certa.

Aceitar esse momento é, talvez, um dos maiores gestos de coragem. Porque viver também é isso: permitir-se não saber, não querer, não conseguir. E ainda assim, continuar a respirar.

 Mãos pequenas, coração grande

Aproveite a campanha pré venda no website @livroshorizonte.

1 comentário:

Pedro Coimbra disse...

Esperança num dia melhor sempre.
Na passada semana devia ser ouvido online na audiência que irá conduzir à minha representação legal da minha irmã.
Nem eu nem o advogado precisámos dizer nada.
Porque a minha irmã, com a ajuda da minha mãe, tornou a nossa audiência inútil.
Bastou ver a minha imagem no monitor e exclamar - "o meu mano, a minha paixão".
Juíza, Delegada do Ministério Público, advogado, eu, qualquer coisa que pudéssemos dizer seria redundante.
Tenha uma excelente semana