Às vezes, esta sede se disfarça. Vem em forma de rotina, de
metas frias, de listas de afazeres que só crescem. Corremos, trabalhamos,
prometemos que está tudo bem — mas, por dentro, carregamos um vazio que só
aumenta. Não por ingratidão, mas por essa inquietação silenciosa, de quem sabe
que ainda não chegou onde o coração gostaria de estar.
É curioso como, mesmo no meio a tantas vozes, esta sede é
solitária. Cada um sente-a de um modo diferente. Uns querem paz, outros,
barulho. Uns procuram casa, outros estrada. Há quem busque respostas e há quem
só queira o direito de fazer perguntas. Há a sede que arde, há a sede que
silencia.
E ainda assim, apesar de tudo, seguimos. Porque essa sede
também é o que nos humaniza. É ela que nos conecta uns aos outros. Vemo-nos nos
olhos de quem também espera, de quem também sonha. Dividimos silêncios como
quem oferece abrigo.
Talvez o grande segredo não seja saciar a sede, mas aprender
a caminhar com ela. Entendê-la não como um defeito, mas como bússola. Um
lembrete de que ainda há muito para viver, para sentir, para descobrir.
No fundo, esta sede é uma promessa: a de que ainda há mais. Que o mundo não se esgota no que já conhecemos. Que sempre há um novo jeito de amar, de ser, de recomeçar.
1 comentário:
Sede de viver.
Dessa sede eu gosto e quero sofrer.
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