quinta-feira, 10 de abril de 2025

A SEDE DA ALMA

Às vezes, esta sede se disfarça. Vem em forma de rotina, de metas frias, de listas de afazeres que só crescem. Corremos, trabalhamos, prometemos que está tudo bem — mas, por dentro, carregamos um vazio que só aumenta. Não por ingratidão, mas por essa inquietação silenciosa, de quem sabe que ainda não chegou onde o coração gostaria de estar.

É curioso como, mesmo no meio a tantas vozes, esta sede é solitária. Cada um sente-a de um modo diferente. Uns querem paz, outros, barulho. Uns procuram casa, outros estrada. Há quem busque respostas e há quem só queira o direito de fazer perguntas. Há a sede que arde, há a sede que silencia.

E ainda assim, apesar de tudo, seguimos. Porque essa sede também é o que nos humaniza. É ela que nos conecta uns aos outros. Vemo-nos nos olhos de quem também espera, de quem também sonha. Dividimos silêncios como quem oferece abrigo.

Talvez o grande segredo não seja saciar a sede, mas aprender a caminhar com ela. Entendê-la não como um defeito, mas como bússola. Um lembrete de que ainda há muito para viver, para sentir, para descobrir.

No fundo, esta sede é uma promessa: a de que ainda há mais. Que o mundo não se esgota no que já conhecemos. Que sempre há um novo jeito de amar, de ser, de recomeçar.

1 comentário:

Pedro Coimbra disse...

Sede de viver.
Dessa sede eu gosto e quero sofrer.