Ela apareceu entre os dias, como um hábito antigo que eu não lembrava de ter criado.
Não sei
dizer o momento exato em que começou a fazer parte da minha rotina. Só percebi
quando, certa manhã, ela já estava tomando café na minha cozinha, como se
sempre tivesse feito isso. Conhecia o lugar dos copos, o nome do meu gato, os
horários dos meus silêncios.
"Desde
quando você está aqui?", perguntei.
Ela sorriu
com aquele olhar que nunca me respondia diretamente.
"Você sempre soube."
Comecei a
encontrar fotos em que ela aparecia ao fundo. Sempre desfocada, sempre ali.
Mensagens antigas com sua voz, mas sem número.
Perfume no meu casaco.
Nome escrito à margem de livros que jurei nunca ter emprestado.
Ninguém mais
a via.
Mas eu sentia — cada vez mais — que ela sabia de mim o que nem eu mesmo
lembrava.
E, mesmo
assim,
já não sei quando te conheci.
Só sei que agora… não sei mais como te esquecer.
3 comentários:
Isso é preocupante, Dra. Helena.
O facto de repetir o texto também faz parte da estória?
Cuide-se, por favor.
Boa noite.
Nem mais. O meu computador gostou tanto do texto que repetiu. Por enquanto, as minhas maleitas não atingiram a minha cabecinha, que funciona que nem um relógio. E eu cuido imenso dela! Obrigada por lembrar!
Duas senhoras de cabeça desempoeirada que me fazem sempre sorrir.
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