sexta-feira, 31 de outubro de 2025

A LINGUAGEM DO SILÊNCIO

O silêncio, muitas vezes visto como ausência de som, é, na verdade, uma forma poderosa de comunicação. Ele fala onde as palavras falham, revela o que o discurso tenta esconder e expressa sentimentos que a voz não alcança. A linguagem do silêncio é universal: atravessa fronteiras, culturas e épocas, sendo compreendida por todos, ainda que de maneiras diferentes.

Em certas situações, o silêncio é respeito — diante da dor, da morte ou de uma revelação profunda. Em outras, é protesto — quando a palavra seria inútil ou seria abafada pelo ruído da incompreensão. Pode ser também cumplicidade, como o olhar silencioso que une dois amigos, ou amor, como o gesto tranquilo que diz mais que mil declarações.

No entanto, o silêncio também pode ser opressão. Há silêncios impostos, nascidos do medo, da censura ou da indiferença. Nesses casos, ele deixa de ser escolha e torna-se prisão, um espaço onde a voz humana é negada. É preciso, então, aprender a distinguir o silêncio que comunica, do silêncio que cala.

Saber usar o silêncio é uma arte. Ele exige sensibilidade e escuta atenta. Num mundo saturado de ruídos e opiniões, o silêncio pode ser um refúgio, uma pausa necessária para que o pensamento floresça. É nele que as palavras ganham sentido, pois é o silêncio que as antecede e as sucede.

Assim, compreender a linguagem do silêncio é compreender a essência da comunicação humana. Porque nem sempre é o que se diz que importa — mas o que se cala, e como se cala.

 

EU NA A NOSSA TARDE



 Ontem, fui uma vez mais, à "NOSSA TARDE", a convite da Tânia, que considero - com a Cristina - das apresentadoras que mais me estimam. Embora tivéssemos falado muito, sobre o meu ultimo livro, TALVEZ UM DIA..., a alegria e o riso acaba sempre por ser o tom das nossas conversas. Foi muito bom, e acabámos, como não podia deixar de ser, com aquele abraço risonho, com que sempre terminam os nossos encontros. Até breve!

quinta-feira, 30 de outubro de 2025

ENTRE O AGORA E O AMANHÃ

Entre o agora e o amanhã existe um espaço invisível —
um sopro breve, um silêncio cheio de possibilidades.
É ali que o tempo se curva, que os sonhos respiram,
que as escolhas ainda não feitas esperam por coragem.

O agora é o chão firme, o instante que pulsa nas mãos.
É o que temos, o que somos, o que podemos tocar.
Mas o amanhã — ah, o amanhã — é o horizonte que nos chama,
feito de promessas e incertezas, de medos e esperanças.

Entre um e outro, vive o que realmente importa:
a ponte que construímos com gestos, palavras e intenções.
Porque o futuro não nasce do nada —
ele floresce das sementes que plantamos no presente.

Viver, então, é aprender a equilibrar-se nesse intervalo:
sem se perder nas lembranças do ontem,
sem se afogar na ansiedade do que virá.
É dançar no fio do tempo, com os olhos abertos para o instante,
e o coração voltado para o que ainda pode ser.


quarta-feira, 29 de outubro de 2025

O QUE PODIA TER SIDO…

Há coisas que ficam suspensas no tempo, como se tivessem parado na beira de um talvez. São sonhos que chegaram perto demais da realidade, mas recuaram um passo, antes de se tornarem verdade. Histórias que tinham tudo para acontecer, mas escolheram o silêncio em vez da continuidade.

O que podia ter sido e não foi carrega um tipo de beleza melancólica. É o perfume de uma flor que nunca abriu, o eco de uma música que mal começou. Às vezes é um amor que não amadureceu, uma palavra que ficou presa na garganta, uma oportunidade que passou sem avisar.

Mas talvez o que não foi também ensine — ensine a desejar com mais coragem, a não deixar o medo decidir, a entender que nem toda ausência é perda. Há caminhos que não seguimos, e mesmo assim, eles nos moldam.

O que podia ter sido e não foi continua vivendo dentro de nós, em forma de lembrança, arrependimento ou sabedoria. É o espaço onde o tempo não tocou, o espelho do que poderíamos ter sido — e, ainda assim, não fomos.

 

terça-feira, 28 de outubro de 2025

Cada uma das minhas rugas conta uma história

Cada ruga no meu rosto é uma linha do tempo gravada pela vida.
Não são marcas do tempo que passou, mas das emoções que vivi.
Há rugas que nasceram do riso — testemunhas dos dias em que a alegria transbordou. Outras vieram das lágrimas, da dor silenciosa que também me ensinou a ser forte.

Cada traço guarda um momento: uma conquista, uma perda, um amor, um recomeço.
São mapas da minha jornada, sinais de que vivi intensamente, de que senti profundamente.
Não há nelas vaidade, há verdade.
Não há nelas idade, há sabedoria.

Se o tempo quis deixar lembranças na minha pele, que assim seja.
Prefiro um rosto com histórias do que um espelho sem memória.
Porque cada ruga é uma prova de que eu estive aqui —
e que, em cada fase da vida, eu fui inteira.

 

domingo, 26 de outubro de 2025

O drama da alma elegante em corpo que não coopera

O texto de hoje é dedicado ao Luís Osório, por causa de um delicioso post seu sobre a problemática do vestuário. Espero que ele se ria, como eu me ri com o seu!

Há pessoas que nasceram para o luxo. Todos as vemos: vestem um blazer e, de repente, parece que vão assinar um contrato milionário. Já outras... vestem o mesmo blazer e parecem ter fugido de uma reunião para que não entenderam o motivo de ter sido chamadas.

É uma injustiça da natureza: a roupa chique deveria elevar todo mundo, mas às vezes ela só nos entrega um ar de “fui obrigada”. A calça de alfaiataria, por exemplo, em uns transmite poder; em outros, parece uniforme de estagiário de buffet.

E o sapato social? Ah, o sapato social tem o dom de transformar qualquer pessoa comum, em alguém que anda como se o chão estivesse cheio de ovos. A elegância fica no salto, mas a dignidade escorrega.

Há quem diga que “a roupa faz o homem”. Mentira. A roupa tenta, mas o corpo, a postura e o olhar de quem preferia estar de jean, denunciam a farsa. Há gente que veste blazer, mas o espírito continua de chinelo.

Mas tudo bem, porque o mundo precisa tanto dos que brilham no smoking, quanto dos que dominam a arte dos jeans confortável. Nem todo herói usa capa. Alguns só usam o casaco coçado de confiança!

 

sábado, 25 de outubro de 2025

Cozido à portuguesa: como nasceu e se tornou nosso


Não é uma metáfora da política portuguesa. Mas podia ser. É muito, muito, melhor!

O cozido à portuguesa é, mais do que um prato, uma celebração da diversidade e da alma da cozinha lusitana. Reúne, num só tacho, carnes, enchidos, legumes e sabores que contam a história de Portugal — um país que sempre soube aproveitar o que a terra e o gado lhe ofereciam.

As suas origens perdem-se no tempo. O cozido é uma herança camponesa, nascida da necessidade de aproveitar todos os ingredientes disponíveis, sem desperdício. Em tempos antigos, as famílias juntavam num mesmo pote os restos de carnes salgadas, enchidos feitos nas matanças, e legumes da horta — couves, nabos, cenouras, batatas — deixando tudo cozinhar lentamente. O resultado era um prato rico, nutritivo e partilhado à mesa, símbolo de união e fartura.

Com o passar dos séculos, o cozido foi-se refinando e ganhou lugar de destaque na gastronomia nacional. Hoje, cada região tem a sua versão: o cozido das Furnas, nos Açores, que se cozinha lentamente no calor vulcânico da terra; o cozido à moda do Minho, mais leve e com enchidos fumados; ou o cozido beirão, robusto e generoso. Apesar das diferenças, a essência é sempre a mesma — a harmonia entre ingredientes simples e o sabor profundo do tempo e da tradição.

O que torna o cozido “nosso” é exatamente isso: a capacidade de representar Portugal num prato. É uma receita que reflete o espírito do povo português — criativo, acolhedor e capaz de transformar o que tem, em algo extraordinário. Servido em domingos de família, festas ou almoços demorados, o cozido à portuguesa é um ritual de partilha, conversa e memória.

Hoje, mesmo nas cozinhas modernas, ele resiste como um símbolo de identidade nacional, um lembrete de que as nossas raízes estão tanto no sabor como na história.

sexta-feira, 24 de outubro de 2025

DESCER NEM SEMPRE É MAU!

Domingo, fui com uma amiga almoçar a um restaurante simpático, junto ao rio, que só serve peixe. O empregado que nos recebeu, para além de nos chamar de “belas senhoras”, rodeou-nos de toda a atenção, explicando com pormenor, o que havia de melhor para comer.

Depois de algumas dúvidas nossas, perante tão detalhada descrição do cardápio, eu escolhi uma coisa levezinha – não quero aumentar o meu volume físico – e a minha amiga, que por hábito não janta, escolheu um belo peixe grelhado.

Porque conto isto? Porque o dito empregado, a certa altura, mencionou algo que me impressionou. “Sabem, eu já estive como chefe de sala num dos nossos outros restaurantes. Mas não estava feliz, sentia-me empertigado a receber as pessoas com “ar de dono”.

Um dia, disse para mim próprio, que o que eu gostava, mesmo, era de ser empregado de mesa, de girar pelas pessoas, conversar com elas e de as ajudar a escolher o repasto”. Desci de posição mas, agora, estou contente, aqui a falar convosco!

Quando saímos perguntei à minha amiga – uma ex-gestora de top de uma das nossas maiores empresas –, se ela dera pela lição. Rimos as duas. De facto, o fato não faz o homem, e quem não gosta não se estabelece. Ser feliz é que interessa!

 

quinta-feira, 23 de outubro de 2025

A DOR E O LUTO

A notícia da morte de Francisco Pinto Balsemão, aos 88 anos, em Lisboa, no dia 21 de outubro de 2025, deixou-me muito triste.

Para mim, que me estreei no programa SEGREDOS, seis dias após a abertura da nova televisão, este será, o mais directo e tocante aspeto da sua vida. De facto, o lançamento do canal em 1992, abriria novas vias para a televisão, desta vez privada, em Portugal.

Balsemão foi, também, uma figura central na política portuguesa, como deputado da Ala Liberal e um dos três fundadores do PPD. Entre1981 e1983 seria primeiro-ministro. Tornar-se-ia ainda mais influente na área dos media, quando decidiu fundar o jornal Expresso e o canal privado SIC.

Embora nem sempre tivesse apreciado facetas do entretenimento e da informação prestadas até hoje, é inegável o seu legado que, aliás, se deixa ver nos muitos momentos de televisão e de cultura popular em Portugal, que tomaram forma, sob a égide do novo canal.

Neste momento a minha tristeza é uma forma de homenagem a um homem que deixou uma marca indelével nos media, na democracia portuguesa e nos muitos que, como eu, trabalharam ou se estrearam sob o seu impulso.

À viúva e aos seus filhos, as últimas palavras de agradecimento, pelo que, em vida, pessoal e profissionalmente, Francisco Balsemão me proporcionou. Que descanse em paz. 

 

quarta-feira, 22 de outubro de 2025

FUGIR AO QUOTIDIANO

Há dias em que o peso das rotinas parece maior do que devia ser. O despertador toca, o trânsito repete-se, as conversas soam iguais, e tudo se mistura num ciclo previsível, quase automático. É nesses momentos que nasce a vontade de fugir - não necessariamente de um lugar, mas de uma sensação. A vontade de respirar ar novo, de ver rostos desconhecidos, de sentir que o tempo pode ser vivido de outra forma.

Fugir ao quotidiano é um impulso de liberdade. É o desejo de romper com a ordem, com os compromissos que nos definem, com as obrigações que nos moldam. Não se trata de rejeitar a vida que temos, mas de lembrar que há outras formas de existir. Uma viagem improvisada, um passeio sem destino, uma tarde de silêncio - pequenos gestos que nos fazem recuperar o sentido de estar vivos.

Talvez o que realmente procuramos ao fugir não seja a distância, mas o reencontro. Reencontro com a curiosidade, com o espanto, com aquilo que o hábito nos fez esquecer. E quando voltamos - porque sempre voltamos - trazemos connosco um pouco dessa liberdade que nos renova e dá novo significado aos dias comuns!

 

terça-feira, 21 de outubro de 2025

AS MARCAS

Algumas pessoas passam pela nossa vida como o vento leve de uma tarde de verão. Não ficam para sempre, mas deixam uma brisa que refresca a alma.

Outras, chegam como tempestade, transformam tudo, revolvem, ensinam, e obrigam-nos a crescer. Há, também, aquelas que parecem raízes firmes, silenciosas, sempre ali a sustentar os nossos passos, mesmo quando não percebemos.

Cada encontro, seja breve ou duradouro, deixa em nós um traço invisível. Às vezes, é um sorriso que lembramos em dias cinzentos. Outras vezes, uma palavra que ecoa quando precisamos de coragem. Pode ser uma dor que nos ensina limites, ou um gesto de bondade que nos mostra que ainda existe beleza no mundo.

O que realmente marca não é o tempo que alguém passa ao nosso lado, mas a intensidade da presença, a verdade do afeto, a maneira como nos tocam por dentro. E, no fim, somos feitos disso: de pedaços das histórias que vivemos com os outros, de lembranças que nos moldam, de marcas que nos transformam.

 

segunda-feira, 20 de outubro de 2025

QUANDO O TEMPO QUISER

Há coisas que não dependem da pressa, nem da ansiedade.
O tempo tem seu próprio compasso, um ritmo invisível que conduz a vida.
Quando o tempo quiser, as respostas chegam,
as feridas cicatrizam,
os encontros acontecem,
e os sonhos florescem.

É inútil forçar o que ainda não está pronto,
assim como não se apressa o nascer do sol
nem se antecipa o desabrochar de uma flor.

Tudo vem no instante certo —
nem antes, nem depois.
Enquanto isso, cabe a nós aprender a esperar,
cuidar do presente
e confiar na sabedoria do tempo.

Porque, quando o tempo quiser,
a vida se revela em plenitude.

 

domingo, 19 de outubro de 2025

"Há sempre um momento certo"

O ditado “há sempre um momento certo” carrega uma sabedoria antiga e profunda. Ele lembra-nos que a vida tem seus próprios ritmos, e que nem tudo acontece quando queremos, mas sim quando deve acontecer.

Essa expressão popular está ligada à ideia de tempo oportuno — aquele instante em que tudo se encaixa com mais naturalidade e fluidez. Muitas tradições filosóficas e espirituais abordam esse conceito, desde a Bíblia, em que se lê que que o tao fala sobre agir em harmonia com o fluxo natural da vida.

Na prática, isto significa que forçar situações antes do tempo, pode gerar frustração, erros ou perdas. Por outro lado, saber esperar e reconhecer o momento certo é uma virtude ligada à sabedoria, à paciência e à maturidade.

Este ditado também convida à confiança na jornada. Às vezes não entendemos por que algo não deu certo agora — mas, mais à frente, percebemos que o adiamento foi uma forma de proteção ou preparação.

Num mundo tão imediatista, lembrar que “há sempre um momento certo” é uma chamada à calma, à fé e à escuta interior. Nem tudo o que é bom vem rápido. Mas tudo o que é verdadeiro vem no tempo certo.

 

sexta-feira, 17 de outubro de 2025

E SE UM DIA ACONTECER …

E se um dia acontecer?
Se aquilo que você tanto teme finalmente bater à porta?
E se o que você evitou por medo, cansaço ou dúvida, se tornar inevitável?

Talvez esse dia não venha para o derrubar, mas para lhe mostrar que você é mais forte do que imaginava.
Que a vida não espera que tudo esteja pronto — ela simplesmente acontece.
E, quando acontece, é o seu coração que precisa escolher: parar ou seguir.

E se um dia acontecer, respire fundo.
Lembre-se de tudo o que você já superou, de todas as vezes em que achou que não conseguiria — e conseguiu.
Talvez o que vier não seja o fim, mas o começo de algo que você ainda não entende, mas que um dia vai agradecer por ter vivido.

Porque o “acontecer” da vida nem sempre é fácil, mas quase sempre é necessário.
E, no fim, o que realmente importa, não é o que acontece…
Mas o que você decide fazer com isso.

 

quinta-feira, 16 de outubro de 2025

TALVEZ UM DIA…

“Olhar para dentro é o primeiro passo para entender o mundo lá fora.”
Vivemos rodeados de informação, mas será que paramos para refletir sobre nós mesmos e sobre o mundo que nos cerca?
Este livro é um convite à pausa, à consciência e à análise crítica. Nele poderá encontrar:
Perguntas que desafiam certezas
Reflexões para aplicar no dia a dia. Um olhar lúcido sobre o ser humano e a sociedade atual
Não se trata de um manual com respostas prontas. É um espelho e uma janela.
Um espelho para se ver com mais clareza, e uma janela para compreender o mundo em transformação.
Está disposto a questionar-se e a questionar a forma como vivemos num mundo de permanente incerteza? Se sim, vai gostar de ler este livro.
TALVEZ UM DIA… já está disponível nas livrarias e supermercados, desde 14 de outubro.

quarta-feira, 1 de outubro de 2025

E SE NUNCA ACONTECER?

Vivemos cercados de expectativas. Um sonho que guardamos em silêncio, um plano que adiamos, uma oportunidade que esperamos, como quem aguarda a mudança do vento. Mas, e se nunca acontecer?

Talvez a resposta esteja em perceber que a vida não é só feita de grandes acontecimentos, e sim dos pequenos passos que damos todos os dias. Às vezes, a realização não está no destino que idealizamos, mas no caminho que percorremos, enquanto tentamos chegar até lá.

E se nunca acontecer, ainda assim teremos aprendido, crescido e nos reinventado. O que parece um “não” definitivo pode ser a abertura para novos caminhos, diferentes do que imaginávamos, mas igualmente valiosos.

Talvez o mais importante não seja esperar pelo momento perfeito, mas criar vida no agora, com o que temos, com o que somos. Porque a verdade é que, mesmo que “aquilo” nunca aconteça, outras coisas vão acontecer. E podem ser ainda melhores do que as que nós planeamos.

A minha caminhada é um bom exemplo do que aqui digo. Nem tudo que sonhei se realizou, mas o que surgiu foi melhor do que eu pensava!

 

terça-feira, 30 de setembro de 2025

LIDERANÇA FEMININA

Liderança feminina não respeita apenas a “mulheres ocupando lugares de poder”. Esses cargos (chefia, direção, presidência etc.) são espaços onde a liderança pode ser exercida, mas a liderança feminina vai muito além deles.

Assim:

  • 🔹 Não se restringe ao cargo: mulheres exercem liderança também em espaços informais – na família, em comunidades, em movimentos sociais, em projetos coletivos, mesmo sem o título de “chefe”.
  • 🔹 Envolve estilo e perspetiva: muitas vezes associa-se à liderança feminina características como cooperação, escuta ativa, empatia e visão de cuidado, embora tais qualidades não sejam exclusivas das mulheres.
  • 🔹 Tem dimensão política e social: ocupar espaços de poder formal é importante, mas a liderança feminina também está ligada a quebrar barreiras estruturais (machismo, desigualdade de oportunidades, estereótipos de género).
  • 🔹 É diversa: não existe um único jeito de liderar, sendo mulher. Há diferentes estilos, trajetórias e contextos.

 Então, talvez possamos dizer que a liderança feminina não se resume a ocupar cargos de poder formal.
Ela está profundamente ligada ao poder de influenciar, de mobilizar pessoas e de transformar mentalidades e práticas sociais. Nesse sentido, não se mede apenas pela posição hierárquica, mas pela capacidade de provocar mudanças, abrir caminhos e inspirar novas formas de pensar e agir.

 

segunda-feira, 29 de setembro de 2025

VIVER EM TEMPO DE INCERTEZA

Todos nós estamos a atravessar um tempo estranho quer a nível internacional quer a nível nacional. É uma época em que a palavra individual ou em grupo se sobrepõe a tudo, mas depois não é cumprida. Perdeu-se completamente a noção de ética e de compromisso. E as populações deixaram de acreditar no que se lhes promete, porque deixaram de respeitar os seus dirigentes e os governos que, à base deles se formam.

Ora viver em tempos de incerteza é conviver com um silêncio estranho: aquele que se instala quando as respostas não chegam, quando os planos não se confirmam e o futuro parece sempre escorregar das mãos. Não é fácil aceitar que, por mais que tentemos, há sempre uma margem de imprevisibilidade que nos governa.

O que muda, talvez, é a nossa relação com esse vazio. Podemos olhá-lo como ameaça, sentindo o peso da instabilidade a cada passo. Mas também podemos enxergá-lo como um espaço de abertura, onde cabem novas possibilidades, ainda invisíveis, mas já latentes.

A incerteza desorganiza o terreno conhecido e expõem-nos ao desconforto de não ter garantias. Mas, ao mesmo tempo, aproxima-nos de uma forma mais real de estar no mundo. Descobrimos que a vida nunca foi estável — apenas nos habituámos a acreditar que era. E nesse reconhecimento há um certo alívio q2ue é o de não precisarmos mais sustentar a ilusão do controle absoluto.

É nesse cenário instável que o presente ganha valor. Cada gesto, cada encontro, cada pequeno instante de clareza se torna mais precioso. Talvez viver a incerteza seja, afinal, aprender a encontrar solidez naquilo que é breve — e confiar que, mesmo sem garantias, seguimos capazes de atravessar o mundo que nos espera!

 

domingo, 28 de setembro de 2025

A BELEZA EXTERIOR

As operações estéticas, também chamadas de cirurgias plásticas estéticas, têm como principal objetivo modificar ou aprimorar a aparência física de uma pessoa. Diferente da cirurgia plástica reparadora, que busca corrigir malformações, reconstruir áreas afetadas por acidentes ou doenças, a cirurgia estética é voltada para o desejo individual de melhorar a autoestima e alinhar a imagem corporal às expectativas pessoais.

As cirurgias estéticas estão cada vez mais populares. Rinoplastia, lipoaspiração, prótese de mama e lifting facial são alguns exemplos de procedimentos que ajudam muitas pessoas a se sentirem melhor com a própria imagem.

Nos últimos anos, o avanço da tecnologia e das técnicas cirúrgicas tornou essas operações mais seguras e acessíveis, embora ainda exijam cuidado, preparo e acompanhamento médico adequado.

É importante salientar que, apesar dos benefícios estéticos e psicológicos que podem proporcionar, as operações estéticas também envolvem riscos, como qualquer procedimento cirúrgico.

Por isso, convém lembrar que a estética vai além da aparência. O impacto emocional e na autoestima pode ser enorme — desde que a decisão seja consciente e bem planeada, considerando tanto a saúde física quanto o equilíbrio emocional. Além disso, a escolha de um profissional qualificado e de uma clínica confiável é fundamental para garantir segurança e resultados satisfatórios.

Em resumo, a cirurgia estética pode ser uma ferramenta valiosa na busca pela autoestima e pelo bem-estar, desde que seja realizada de forma consciente, responsável e com acompanhamento especializado. Não vale a pena criticar ou defender quem fez ou quer fazer. Trata- se de uma decisão profundamente pessoal. Eu não seria capaz. Mas isso é porque gosto de mim como sou!

 

sábado, 27 de setembro de 2025

Mudar de vida sem ser por vontade própria

Sempre que fiz mudanças de vida, foi por vontade própria. Chegou a altura de ir fazer uma mudança que preferia não ter de fazer. Mas interiorizei e refleti assim.

Nem sempre as mudanças chegam como fruto de uma escolha consciente. Às vezes, a vida nos obriga a trilhar caminhos que nunca imaginamos percorrer. Uma demissão inesperada, o fim de um relacionamento, um acidente, uma perda, uma crise económica, uma doença — situações que não pedem permissão para entrar. É como se o chão conhecido desaparecesse debaixo dos pés, e fôssemos empurrados para um território desconhecido.

No início, há resistência. É natural sentir medo, raiva ou tristeza quando a mudança não nasce da nossa vontade. O que era estável se rompe, e o futuro se torna um borrão. Mas, por mais duro que pareça, é nesses momentos que a vida revela uma outra face: a de que se não temos controle total sobre tudo, ainda podemos escolher como reagir.

Adaptar-se não significa aceitar passivamente. Significa olhar para a nova realidade com honestidade, reconhecer as perdas e, aos poucos, construir algo diferente a partir delas. Mesmo as mudanças impostas podem carregar sementes de crescimento. Às vezes, o que hoje parece uma rutura pode, no futuro, ser lembrado como o ponto de viragem que nos levou a um lugar melhor.

Mudar sem querer não é apenas um desafio — é também um convite para rever valores, para descobrir forças escondidas, para encontrar novas possibilidades. Não é um caminho fácil, mas é um caminho que pode revelar quem realmente somos quando tudo muda. É o que vou fazer!

 

quarta-feira, 24 de setembro de 2025

SÓS, SOZINHOS E SOLITÁRIOS

Num jantar de amigos surgiu a questão das diferenças contidas neste título.

Para mim há uma diferença subtil entre estar só, estar sozinho e sentir-se solitário.

Estar é um estado natural, quase neutro. É o silêncio da casa, depois que as vozes se calam, o espaço vazio que convida à introspeção. Ser só pode ser descanso, ou reencontro. É um tempo em que se ouve o próprio coração sem interferências.

Estar sozinho já é outro patamar. É o que se sente quando a ausência do outro se torna presença. É perceber-se, sem companhia, no meio da multidão, ou à mesa posta para um. O "sozinho" carrega a consciência da falta, do que poderia estar ao lado e não está. É o quarto com apenas uma chávena sobre a mesa, é o eco que responde a si mesmo.

Já a solidão é mais funda. É uma ferida que se abre mesmo em ambientes cheios. O solitário não é apenas quem está sem companhia. É quem não se sente alcançado, compreendido, tocado. É um desencontro existencial, em que a alma estende a mão e não encontra outra.

E, no entanto, cada um destes estados, pode alterar-se. O "só" pode virar um refúgio, o "sozinho" pode ser libertação, e até a solidão, às vezes, pode tornar-se campo fértil para o florescer de algo novo — uma escrita, um olhar para dentro, uma força inesperada.

Porque, no fundo, somos todos um pouco sós, sozinhos e solitários. Mas também, paradoxalmente, penso eu, estamos sempre em busca do outro, que nos devolva a sensação de pertença.

 

terça-feira, 23 de setembro de 2025

NOTHING IS SMALL IN WHAT IS DOING WITH LOVE

Acredito piamente que nada acontece por acaso. Hoje, tive um dia muito pesado, com a promoção do meu último livro. No fim da tarde, esticada, meia morta, no cadeirão da sala, que raramente uso, porque alguém já se apossou dele, carreguei no botão da música. Era linda e a letra dizia mais ou menos isto que se segue.

Nada é pequeno naquilo que fazemos com paixão.
Às vezes, é só um gesto discreto — uma palavra dita com cuidado, uma xícara de café servida com carinho, um bilhete esquecido sobre a mesa. Para quem olha de fora, pode parecer banal. Mas dentro de nós, há um mundo inteiro vibrando naquele detalhe.

A paixão tem essa força: transforma o comum em extraordinário. Não porque muda o tamanho do que fazemos, mas porque muda o seu sentido. O simples se torna profundo, o quotidiano ganha alma. É como se cada ato carregasse um pouco da nossa essência, um rastro silencioso do que somos.

E, no fundo, é isso que importa: não o tamanho do gesto, mas a intensidade do coração que o sustenta. Afinal, não era por acaso. A letra descrevia exatamente o que sinto por aquilo que faço!

 

sábado, 20 de setembro de 2025

“LOVE IS THE ONLY THING WORTH EVERYTHING”

Sei lá porquê, hoje ao acordar, dei-me conta de algo simples e, ao mesmo tempo, imenso. O quê? Simplesmente, a certeza de que o amor é o único sentimento que, realmente, vale tudo.

Não falo de grandes gestos, daqueles que parecem feitos para o mundo ver.
Falo do amor miúdo, que se esconde em silêncios, em mãos que se encontram sem querer, em abraços que demoram um pouco mais do
Falo do amor que se sente na pele, no riso leve que escapa, no cuidado quase invisível, mas que aquece mais do que qualquer chama. Tudo o resto parece tão frágil, tão passageiro... Os planos mudam, as certezas caem, o tempo corre e rouba-nos os detalhes.
Mas o amor - esse - não se perde.
Esse, espalha -se, floresce nos lugares mais improváveis, insiste em nos lembrar do que somos feitos.

Por isso, acordei, invadida por algo como um segredo escrito nas margens das páginas do meu próprio coração: o amor é a única coisa que vale tudo.

No fundo, tudo o que buscamos - em conquistas, em sonhos, em vitórias - é uma forma de amar ou de ser amado.
Talvez seja por isso que o amor seja a única coisa que justifica o tudo.

Porque nada mais, resiste ao tempo. A matéria desfaz-se, a glória é esquecida, o poder dissolve-se. Até as certezas mais sólidas se mostram frágeis quando a vida muda de rumo.
Mas o amor... o amor permanece.

Ele é a raiz invisível das escolhas que fazemos, é a ponte que atravessa abismos, é o sentido que aparece quando todas as respostas falham.
Amar exige coragem, exige entrega, exige uma vulnerabilidade que muitas vezes assusta. Mas é justamente aí que está sua grandeza: no risco de se perder para se encontrar no outro, no movimento de sair de si para, paradoxalmente, se tornar mais inteiro.

E talvez a verdade mais simples e mais difícil seja essa: só o amor dá valor ao que somos, só ele transforma o efémero em eterno.

 

sexta-feira, 19 de setembro de 2025

ALGO ESTÁ PRESTES A CHEGAR ÀS LIVRARIAS.

Um título enigmático - TALVEZ UM DIA… - uma história que não se revela de imediato, mas que promete surpreender a cada página.

Você já sentiu aquela inquietação de que existe algo escondido nas entrelinhas, pronto para ser descoberto? Este livro é exatamente isso: uma viagem ao inesperado, um convite a mergulhar em segredos que só fazem sentido quando a última página é virada.

O título é um mistério. O impacto, inesquecível. Em breve nas livrarias

 

quinta-feira, 18 de setembro de 2025

O OUTONECER

Outonecer é aprender a caminhar mais devagar, com o coração cheio de memórias que caem como folhas.  Umas leves, outras ainda pesadas de se soltar. É aceitar que já não se corre atrás do tempo, mas se recolhe dele o que sobra de luminoso. No outono da vida, descobre-se que a beleza não está apenas no viço da primavera nem no fervor do verão. Está, também, nesse silêncio dourado, onde cada gesto tem o peso exato e cada olhar sabe o que procura.

Outonecer é descobrir que a melancolia pode ser doce, como um entardecer que não pede pressa, mas contemplação. É encontrar sentido no inacabado, ternura no que já passou, gratidão no que ainda se pode colher. As folhas caem, mas não caem em vão, antes tornam fértil o chão, alimentam o que virá. Assim, também nós, quando deixamos desprender-se aquilo que já não nos serve, para abrirmos espaço ao que ainda pode florescer.

Há quem tema o outono da vida como o prenúncio da ausência. Mas quem o habita, sabe que há uma plenitude própria nesse tempo, com o calor sereno das cores que aquecem por dentro, a liberdade de não precisar provar mais nada, o enorme luxo de, simplesmente, ser.

Outonecer é uma arte. A de aceitar o ciclo sem nostalgia amarga, mas com a delicadeza, de quem aprendeu que cada estação, carrega a sua própria forma de eternidade.

 

quarta-feira, 17 de setembro de 2025

REDFORD, O TEMPO GUARDADO NO OLHAR

Robert Redford sempre carregou consigo uma aura de silêncio. Não o silêncio da ausência, mas o silêncio que contém histórias, como uma sala onde a luz atravessa as cortinas e revela partículas de poeira, dançando no ar. Foi assim que sempre o vi.

No rosto marcado pelo tempo, há um traço de inquietude que nunca se apagou. Redford foi galã, ícone, diretor, mas por trás da tela e dos olhares, sempre pareceu haver um homem que buscava um refúgio - nas montanhas, no deserto, na simplicidade de uma casa de madeira. A sua vida não se limitou ao cinema. Foi, também, uma luta contra o desgaste da fama, um esforço constante para preservar aquilo que é íntimo, que era só dele.

Há quem diga que ele se escondia, mas talvez seja apenas fidelidade a si mesmo. Ao longo dos anos, Redford mostrou que o mais revolucionário, pode ser o gesto de permanecer verdadeiro, mesmo quando o mundo pede máscaras.

Assistir a um filme seu é como atravessar uma janela. Por trás da beleza do herói e do brilho dos olhos azuis, adivinhava-se um homem que nunca deixou de ser espectador do próprio tempo. Um artista que se deu ao luxo de viver na contramão da pressa, de uma forma admirável!

 

O QUE É PRECISO PARA TUDO DAR CERTO?

Perguntaste-me, um dia, o que é preciso para tudo, na vida, dar certo.
E eu só consigo responder-te que não é a vida que precisa acertar. Somos nós que precisamos aprender a olhar. Medita no que te deixo abaixo!

O que é preciso para tudo dar certo?

Talvez menos do que imaginamos.
Não é perfeição, nem um destino alinhado em cada detalhe. É mais como uma dança: estar disposto a mover-se com a música que chega, mesmo quando não foi a que pedimos.

Precisamos de coragem para acreditar naquilo que ainda não se vê, de ternura para cuidar do que nasce pequeno, e de humildade para aceitar que nem sempre sabemos o caminho, mas ainda assim caminhamos.

Tudo dá certo quando deixamos de medir a vida só pelo que conquistamos, e começamos a sentir pelo que tocamos, pelo que deixamos, pelo que amamos.

Às vezes, tudo dá certo simplesmente porque aprendemos a chamar de ‘certo’ aquilo que antes chamaríamos de ‘erro’. E porque o certo não é a ausência de sombras, mas a luz que nasce justamente por causa delas.

 

terça-feira, 16 de setembro de 2025

ADOLESCER

Adolescer é atravessar uma ponte que não tem corrimão.
É estar no meio do rio: já não se pertence à margem de onde se partiu, mas também não se alcançou ainda a outra.
É sentir o corpo se alongar antes que a alma aprenda a caber nele.

Há uma pressa que arde por dentro e, ao mesmo tempo, um medo de crescer rápido demais.
O mundo, de repente, parece grande demais, exigente demais, mas também cheio de portas abertas que antes não se viam.
O coração se torna um tambor inquieto: pulsa por amizades intensas, por amores de instante, por sonhos que mudam de forma a cada semana.

Adolescer é aprender a dizer "eu" sem perder o "nós".
É buscar liberdade e, às vezes, desejar colo.
É se perder em silêncios e se encontrar em gritos.

E no meio de tantas contradições, há beleza: a coragem de ensaiar quem se é, de experimentar rascunhos de identidade, de se reconstruir sem pedir licença.
Adolescer é nascer outra vez — só que de dentro para fora.

 

domingo, 14 de setembro de 2025

ENVELHECER

Envelhecer não é recuar — é permanecer.
É aprender a estar inteiro no silêncio, a ouvir os gestos que o tempo sussurra na pele, a encontrar beleza naquilo que não precisa provar mais nada.

Há quem veja no envelhecer um retrocesso, como se a vida fosse um rio que só tem força quando corre rápido. Mas permanecer é outra coisa: é ser raiz, tronco firme, memória que respira. É continuar a existir com a dignidade dos que já caminharam por muitas estradas e, mesmo assim, não perderam a capacidade de se maravilhar com o pôr do sol.

Permanecer é escolher não se apagar diante das perdas, mas transformar cada ausência em espaço de florescer. É não ser refém da pressa, mas guardião da presença.

Envelhecer, afinal, é permanecer no que importa.
No afeto.
Na verdade.
Na vida que ainda pulsa.

 

sábado, 13 de setembro de 2025

PASSOS PARA SOBREVIVER À DESILUSÃO


 1.     Permita-se sentir

Não tente fingir que não doeu. Chorar, se frustrar, até sentir raiva é parte do processo. Reprimir só prolonga a dor.

2.     Não se culpe sozinho(a)
Muitas vezes, a desilusão envolve expectativas, e isso faz parte da vida. Não significa que você falhou ou não é suficiente.

3.     Afaste-se do gatilho (quando possível)
Se for uma pessoa, situação ou ambiente que reabre a ferida, dê um tempo de contato até se sentir mais forte.

4.     Apoie-se em pessoas seguras
Conversar com amigos, familiares ou até com um terapeuta ajuda a colocar as emoções em perspetiva.

5.     Cuide do corpo para cuidar da mente
Exercícios, boa alimentação e sono regulado têm impacto direto no humor e na clareza mental.

6.     Resgate coisas que lhe dão sentido
Hobbies, aprender algo novo, projetos pessoais… ajudam a reconstruir a autoestima e a criar novas fontes de alegria.

7.     Aceite que o tempo faz parte do processo
Não existe "atalho". Aos poucos, a dor perde força e você vai perceber que consegue enxergar o que aconteceu com mais maturidade.

sexta-feira, 12 de setembro de 2025

12 DE SETEMBRO

Hoje, caminho por dentro de mim,

como quem percorre um labirinto silencioso.
Não há ruas, apenas corredores de lembranças.
Cada porta que abro revela um eco, um rosto, um vazio.

Pergunto-me se viver é colecionar ausências.
Ou se é apenas aprender a sentar-se diante delas, sem fugir.
Sinto que o tempo não corre aqui dentro — ele se dobra,
como uma chama que vacila, mas não se apaga.

Não sei se busco consolo ou apenas sentido.
Talvez nada se revele. Talvez a travessia seja só isso:
um passo após o outro, dentro da própria solidão.

O 12 de setembro não é data — é estado.

Mas também é o dia em que um filho nasceu de mim!

 

Quando o tempo quiser

Há coisas que não podem ser arrancadas da vida à força. O tempo tem sua própria respiração, e nela cabem pausas que não entendemos. É no silêncio dessas pausas que aprendemos a esperar, mesmo sem querer.

Quando o tempo quiser, o que hoje parece distante, tornar-se-á próximo; o que agora pesa como ausência, um dia transformar-se-á em presença. Há dores que só se dissolvem quando os dias as abraçam devagar, e há caminhos que só se mostram quando aprendemos a caminhar com calma.

Não é a pressa que faz a vida acontecer. É a entrega. É confiar que existe um instante certo para cada revelação, mesmo que o coração se inquiete na espera.

Quando o tempo quiser, tudo se ajeita. E, quando esse instante chegar, iremos perceber que nada foi atraso, mas apenas preparação.

 

quarta-feira, 10 de setembro de 2025

A INFIDELIDADE FÍSICA

A infidelidade física costuma ser uma ferida que não se vê de imediato, mas que se sente no corpo inteiro. É o toque que não foi dado, o beijo que se perdeu em outro rosto, o espaço do abraço que já não é só nosso. Carrega a violência do concreto: pele com pele, desejo materializado fora do vínculo que se acreditava exclusivo.

No entanto, mais do que o ato em si, é o silêncio que o envolve que pesa, o segredo que se instala entre duas pessoas como um muro invisível. A cama, que antes era refúgio, torna-se palco de perguntas mudas: onde mais? quando mais? porquê?

A infidelidade física traz uma estranheza íntima, como se o corpo amado já não coubesse no mesmo lugar dentro da memória. É o choque de perceber que o que parecia inteiro pode, de repente, se romper num gesto breve, num encontro escondido.

Mas, por mais duro que seja, também abre espaço para olhar para dentro: o que ainda se deseja, o que já se perdeu, o que é possível reconstruir. Ou, o que é, talvez, melhor… deixar partir.

 

terça-feira, 9 de setembro de 2025

A Entrega

Entregar-se é dissolver a fronteira do corpo e da alma,
é deixar que o toque do outro invada sem pedir permissão,
mas com a mais profunda aceitação.

É o instante em que os olhos já dizem o que a boca não ousa,
e o desejo se torna oração silenciosa.
A pele arde, o coração dispara,
e o tempo perde importância.

Na entrega não há resistência,
há confiança absoluta,
há o convite para ser desfeito e recriado
nas mãos que sabem, na boca que busca,
no ritmo que nasce entre dois.

É mergulhar sem medo no abismo do prazer,
sabendo que lá em baixo não existe queda,
apenas o encontro.

Entregar-se é permitir-se ser descoberto,
é despir não só o corpo,
mas a alma inteira,
e ainda assim sentir-se inteiro no outro.

 

segunda-feira, 8 de setembro de 2025

ELEVADOR DA GLÓRIA: UMA NOTA

O incidente registado com o Elevador da Glória é naturalmente motivo de preocupação. Trata-se de um meio de transporte histórico, com grande valor patrimonial e cultural, mas também de um serviço público que diariamente transporta lisboetas e visitantes. Logo, o que aconteceu foi bastante grave.

Mas, o que me parece mais relevante, agora, é apurar com rigor as causas do descarrilamento e a sua divulgação de forma transparente. É fundamental garantir que existem planos de manutenção preventiva eficazes, fiscalizações regulares e respostas rápidas, sempre que surjam sinais de desgaste ou risco. A preservação de um património desta importância deve caminhar lado a lado com a segurança de quem o utiliza.

É igualmente importante sublinhar que este não deve ser um momento para acusações precipitadas ou aproveitamentos políticos. O foco deve estar na responsabilidade coletiva de assegurar que o Elevador da Glória e outros equipamentos semelhantes, possam continuar a funcionar em condições de plena segurança.

Mais do que apontar culpados, este episódio serve de alerta para reforçar a cultura de prevenção, a valorização do património e o respeito por todos os que, diariamente, confiam nos transportes públicos da cidade.

 

domingo, 7 de setembro de 2025

INFIDELIDADE EMOCIONAL

A infidelidade emocional é um fenómeno cada vez mais discutido nos relacionamentos modernos. Diferente da traição física, ela não envolve necessariamente contato íntimo ou sexual, mas sim a criação de um vínculo afetivo profundo com alguém fora da relação oficial. Muitas vezes, começa de forma sutil: uma amizade, uma troca de mensagens frequentes, a partilha de segredos ou a busca de apoio emocional que deveria, em primeiro lugar, ser encontrado no parceiro ou parceira.

O que torna a infidelidade emocional tão complexa é sua natureza silenciosa. Como não há, de imediato, um "ato concreto" para ser apontado, ela pode ser negada, relativizada ou mesmo invisível por um tempo. No entanto, o impacto é real. O parceiro preterido pode sentir-se excluído, traído ou substituído emocionalmente, ainda que não haja uma traição física.

Os sinais mais comuns envolvem segredos, falta de transparência e a priorização de outra pessoa em detrimento do companheiro. A intensidade das conversas, o desejo de compartilhar conquistas ou desabafos com alguém de fora e a sensação de "pertencer" emocionalmente a outra pessoa, são indícios de que os limites do relacionamento foram ultrapassados.

É importante ressaltar que amizades profundas e laços externos não são, por si só, infidelidade. O que caracteriza a quebra de confiança é esse vínculo passar a ocupar o espaço central da intimidade, que deveria ser preservada no casal.

Lidar com a infidelidade emocional exige diálogo honesto, reflexão sobre as necessidades do relacionamento e, em muitos casos, uma redefinição de limites saudáveis. Reconhecê-la não significa, necessariamente, o fim da relação, mas pode ser um convite à reconstrução da confiança e ao fortalecimento da parceria.

 

sábado, 6 de setembro de 2025

GOTAS NO CHARCO

Não sou crítica literária, mas isso não me impede de aconselhar livros e autores.

Publicar um livro é sempre um ato de coragem, mas no caso de Mafalda Ribeiro- que sempre conheci como Mafaldinha- é, também, um ato de superação e de fé. A sua escrita carrega a marca da resiliência e da autenticidade, algo bastante raro e profundamente admirável."

"O seu livro, GOTAS NO CHARCO, acabado de sair, prefaciado pelo nosso Cardeal Tolentino de Mendonça, é mais do que páginas escritas. Cada página é uma gota da sua essência e um testemunho da coragem, da fé e de uma força criadora, que vence todas as limitações do seu corpo.

A sua escrita, fresca e inspiradora, prova bem que a grandeza não se mede em altura, mas na capacidade de transformar a dor em beleza e a luta em esperança."

NOTA: o livro pode ser adquirido autografado através de

https://linkd.in/dKVgYzMs

 

O QUE É PRECISO PARA TUDO DAR CERTO?

Perguntaste-me, um dia, o que é preciso para tudo, na vida, dar certo.
E eu só consigo responder-te que não é a vida que precisa acertar. Somos nós que precisamos aprender a olhar. Medita no que te deixo abaixo!

O que é preciso para tudo dar certo?

Talvez menos do que imaginamos.
Não é perfeição, nem um destino alinhado em cada detalhe. É mais como uma dança: estar disposto a mover-se com a música que chega, mesmo quando não foi a que pedimos.

Precisamos de coragem para acreditar naquilo que ainda não se vê, de ternura para cuidar do que nasce pequeno, e de humildade para aceitar que nem sempre sabemos o caminho, mas ainda assim seguimos.

Tudo dá certo quando deixamos de medir a vida só pelo que conquistamos, e começamos a sentir pelo que tocamos, pelo que deixamos, pelo que amamos.

Às vezes, tudo dá certo simplesmente porque aprendemos a chamar de ‘certo’ aquilo que antes chamaríamos de ‘erro’. E porque o certo não é a ausência de sombras, mas a luz que nasce justamente por causa delas.

 

sexta-feira, 5 de setembro de 2025

ARMANI, O MEU ÍDOLO

Para mim, Giorgio Armani não é apenas um estilista — ele é um verdadeiro maestro da elegância. Entre tantos nomes que já passaram pela história da moda, Armani sempre foi, e continua sendo, o maior.

Admiro a forma como ele nunca precisou de exageros para se destacar. Enquanto outros buscavam chocar, ele buscava harmonia. Os cortes impecáveis, a simplicidade das linhas, a escolha das cores — tudo nele transmite uma sofisticação silenciosa, quase sussurrada, mas impossível de ignorar. É como se cada peça tivesse a alma da Itália, mas ao mesmo tempo fosse universal, eterna.

Armani redefiniu a alfaiataria, deu liberdade aos corpos, mostrou que a verdadeira classe está em vestir-se de maneira natural, sem esforço. E isso, para mim, é genialidade. Ele não criou apenas roupas, criou uma atitude.

Quando penso em Armani, penso em alguém que transformou o luxo em algo íntimo, humano, acessível à sensibilidade. Ele não segue tendências — ele é a tendência. Para mim, Giorgio Armani é e sempre será o maior nome da moda, porque conseguiu algo que poucos alcançam – SER ETERNO.