sexta-feira, 5 de dezembro de 2025

LEMBRAR OS VIVOS SEM ESQUECER OS MORTOS

Há épocas do ano em que o tempo parece diminuir o passo, convidando-nos a olhar para dentro. São dias em que os encontros ganham outro brilho, e a memória, silenciosa, também pede lugar à mesa. É então que percebemos, como é importante lembrar os vivos sem esquecer os mortos.

Porque aqueles que estão connosco a hoje precisam do nosso cuidado, da nossa presença inteira, dos gestos que constroem o que ainda pode ser vivido. São eles que continuam a escrever, ao nosso lado, a história que segue adiante.

Mas os que partiram também permanecem — não no mesmo lugar, não da mesma forma, mas naquilo que deixaram em nós. Honrar a sua memória é reconhecer que uma parte do que somos foi moldada pelos passos que já não ouvimos, mas que ainda nos acompanham. Lembrá-los não é ficar no passado; é permitir que o amor, mesmo transformado, continue a iluminar o presente.

Assim, entre o que permanece e o que falta, aprendemos a equilibrar a saudade com a gratidão. Celebramos os vivos com alegria e abraçamos os mortos com a ternura da lembrança. E é nesse gesto duplo que a vida encontra profundidade — porque nenhuma ausência apaga o valor de uma presença, e nenhum luto impede que a esperança continue a crescer.

A minha mãe morreu no dia de Natal e levou com ela, uma parte da minha alegria nesta época. Mas o mano mais novo adorava reunir todos em casa dele e até há dois meses era assim que faríamos. A sua morte, completamente inesperada, vai tornar este período mais difícil. Primeiro lembraremos os ausentes e só depois abraçaremos os presentes. Para o ano será melhor!  

 

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