quarta-feira, 17 de setembro de 2025

REDFORD, O TEMPO GUARDADO NO OLHAR

Robert Redford sempre carregou consigo uma aura de silêncio. Não o silêncio da ausência, mas o silêncio que contém histórias, como uma sala onde a luz atravessa as cortinas e revela partículas de poeira, dançando no ar. Foi assim que sempre o vi.

No rosto marcado pelo tempo, há um traço de inquietude que nunca se apagou. Redford foi galã, ícone, diretor, mas por trás da tela e dos olhares, sempre pareceu haver um homem que buscava um refúgio - nas montanhas, no deserto, na simplicidade de uma casa de madeira. A sua vida não se limitou ao cinema. Foi, também, uma luta contra o desgaste da fama, um esforço constante para preservar aquilo que é íntimo, que era só dele.

Há quem diga que ele se escondia, mas talvez seja apenas fidelidade a si mesmo. Ao longo dos anos, Redford mostrou que o mais revolucionário, pode ser o gesto de permanecer verdadeiro, mesmo quando o mundo pede máscaras.

Assistir a um filme seu é como atravessar uma janela. Por trás da beleza do herói e do brilho dos olhos azuis, adivinhava-se um homem que nunca deixou de ser espectador do próprio tempo. Um artista que se deu ao luxo de viver na contramão da pressa, de uma forma admirável!

 

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