A infidelidade física costuma ser uma ferida que não se vê de
imediato, mas que se sente no corpo inteiro. É o toque que não foi dado, o
beijo que se perdeu em outro rosto, o espaço do abraço que já não é só nosso.
Carrega a violência do concreto: pele com pele, desejo materializado fora do
vínculo que se acreditava exclusivo.
No entanto, mais do que o ato em si, é o silêncio que o
envolve que pesa, o segredo que se instala entre duas pessoas como um muro
invisível. A cama, que antes era refúgio, torna-se palco de perguntas mudas: onde
mais? quando mais? porquê?
A infidelidade física traz uma estranheza íntima, como se o
corpo amado já não coubesse no mesmo lugar dentro da memória. É o choque de
perceber que o que parecia inteiro pode, de repente, se romper num gesto breve,
num encontro escondido.
Mas, por mais duro que seja, também abre espaço para olhar
para dentro: o que ainda se deseja, o que já se perdeu, o que é possível
reconstruir. Ou, o que é, talvez, melhor… deixar partir.
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