quinta-feira, 27 de março de 2025

SOLIDÃO SONORA

Há um tipo de silêncio que não é vazio, mas denso, cheio de ecos que sussurram ao coração. Uma solidão sonora, onde cada ausência ressoa em ondas invisíveis, onde o tempo desacelera e a alma se escuta.

É na quietude que os pensamentos ganham volume. O barulho do próprio respirar torna-se companhia, o pulsar do sangue nas veias soa como um tambor distante. A mente percorre memórias, revive diálogos que nunca aconteceram, revisita despedidas que ainda doem.

Às vezes, essa solidão surge como um alívio. Um refúgio onde não há vozes a contradizer, nem expectativas a pesar sobre os ombros. Outras vezes, é um labirinto sem saída, onde cada passo ecoa e volta para nos lembrar do vazio em redor.

Mas mesmo na solidão, reparem, há melodia. No vento que atravessa a janela, nas gotas de chuva que ritmam a madrugada, no ranger discreto dos móveis quando a casa respira. A solidão não é o silêncio absoluto, mas a sinfonia do que ficou.

E talvez, no fundo, seja isso: a solidão sonora não é ausência. É a presença de tudo que um dia nos preencheu e que, agora, se manifesta como lembrança, como eco, como música suave tocando dentro de nós.

Em breve uma grande novidade!

2 comentários:

Pedro Coimbra disse...

Procuro que a minha mãe e irmã nunca estejam sós.
Que tenham sempre alguém junto delas.
É simultaneamente o mínimo e o máximo que posso fazer.
Tenha um excelente fim de semana

Helena Sacadura Cabral disse...

E faz muito bem, meu caro amigo. Quantos filhos e irmãos farão isso? Quantos pais são deixados ao abandono para a herança vir mais depressa? Não têm o perdão de Deus!