Há um tipo de silêncio que não é vazio, mas denso, cheio de
ecos que sussurram ao coração. Uma solidão sonora, onde cada ausência ressoa em
ondas invisíveis, onde o tempo desacelera e a alma se escuta.
É na quietude que os pensamentos ganham volume. O barulho do
próprio respirar torna-se companhia, o pulsar do sangue nas veias soa como um
tambor distante. A mente percorre memórias, revive diálogos que nunca
aconteceram, revisita despedidas que ainda doem.
Às vezes, essa solidão surge como um alívio. Um refúgio onde
não há vozes a contradizer, nem expectativas a pesar sobre os ombros. Outras
vezes, é um labirinto sem saída, onde cada passo ecoa e volta para nos lembrar
do vazio em redor.
Mas mesmo na solidão, reparem, há melodia. No vento que
atravessa a janela, nas gotas de chuva que ritmam a madrugada, no ranger
discreto dos móveis quando a casa respira. A solidão não é o silêncio absoluto,
mas a sinfonia do que ficou.
E talvez, no fundo, seja isso: a solidão sonora não é
ausência. É a presença de tudo que um dia nos preencheu e que, agora, se
manifesta como lembrança, como eco, como música suave tocando dentro de nós.
Em breve uma grande novidade!
2 comentários:
Procuro que a minha mãe e irmã nunca estejam sós.
Que tenham sempre alguém junto delas.
É simultaneamente o mínimo e o máximo que posso fazer.
Tenha um excelente fim de semana
E faz muito bem, meu caro amigo. Quantos filhos e irmãos farão isso? Quantos pais são deixados ao abandono para a herança vir mais depressa? Não têm o perdão de Deus!
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