sexta-feira, 17 de abril de 2020

O meu (con)finamento

Como estive com uma pneumonia antes desta pandemia começar, nao minto ao dizer que estou aproximadamente há cerca de 90 dias confinada à minha casa. O que é surpreendente, porque até hoje nunca tal me aconteceu.
Nos primeiros dias foi difícil porque gosto de usar a minha liberdade para fazer o que me dá prazer e logo à partida tive de abandonar as as caminhadas com que abria as manhãs. Depois, também não podia ir à empresa olhar o seu andamento, pesquisar mercados, ver contratos, enfim trabalhar no que gosto e me compensa.
Assim, como primeira alteração,  lá me pus frente ao computador, em casa, a ler os jornais e a olhar os raios de sol que começavam a aparecer e de que eu não podia beneficiar. De seguida ouvia os noticiários e a vontade de comer desaparecia. Refugiei-me na leitura, na musica, na arrumação do que estava desarrumado. Mas, como entretanto a família tinha conseguido vencer-me na batalha de não estar sozinha e me arranjou uma empregada ex russa e da actual Georgia, que me adora, já nem arrumações posso fazer porque ela não deixa e as faz por mim.
Enfim,  a minha vida tornou-se algo verdadeiramente, insólito. Na actualidade tenho toda a familia em Lisboa e não posso abraçar nenhum deles nem girar à sua volta como sempre acontece quando nos juntamos.
A partir de certa altura percebi que se não queria finar-me, se tornavam necessárias medidas para combater o confinamento. Foi então que delineei um manual de sobrevivência para não dar em doidinha, já que os meus percursos começavam a ser demasiado escassos. 
Do quarto para a sala ; da sala para o escritório; do escritório para o quarto; do quarto para a casa de jantar e desta para o quarto. Dei por isto quando comecei a já não distinguir nenhuma das divisões da casa e me apercebi que me tornara uma especialista em nada fazer.
Delineado o objectivo, as coisas modificaram-se. A primeira medida foi ter a televisão sempre fechada. Só se abre à noite para ouvir o Dr Paulo. 
De manhã faço exercícios no terraço qualquer que seja a temperatura. Depois tomo banho e pequeno almoço. Segue-se música a acompanhar a leitura dos jornais. Almoço e faço intervalo para falar com os amigos. Nova sessão de música, mas agora, para meditar. Outra vez para o computador para pesquisar coisas para a empresa e para mim. Segue-se um pequeno intervalo de exercícios respiratórios feitos no terraço ou à janela aberta. Descanso para ler coisas que me interessam e antes de jantar revejo ao telefone, pelo Skype, o que se passou na empresa. De seguida jantar e às 21:15 liga-se a tv para ouvir o Dr Portas. Este chega para ver a mãe e jantar por volta das 22:15 e manda-me beijos à distancia regulamentar. Quando sai, a alforria é completa. Eu e a Melania estamos livres uma da outra.
Por norma vou para o terraço, respiro ar fresco, rezo um pouco e deito-me agradecendo mais um "dia normal" de vida. Ah! e ainda gargalho com algumas mensagens que me mandam e, sobretudo quando me olho ao espelho...

HSC

5 comentários:

Anónimo disse...


Por eso me quedo....con poesía obscura y música alucinante, bohemia, extraña, otra dimensión...

https://www.youtube.com/watch?v=HIJhrzAuWcwde

Anónimo disse...

Esta también
https://www.youtube.com/watch?v=kmes0a9XUPQ

João Menéres disse...

Agora nem terraço tenho...
Mas tenho o P. P. depois do jantar !
Pena o José Alberto tanto intervir...

Melhores cumprimentos.

Anónimo disse...

🌹

Anónimo disse...

Dos mares para os ares

https://youtu.be/_-m3YhxJ8U0

:-)