segunda-feira, 20 de abril de 2020

As minhas datas


No dia 24 de Abril será o aniversário da morte do meu filho Miguel e no dia 1 de Maio o aniversário do seu nascimento. Escusado será dizer que foram, no passado, os dias mais nefastos da minha vida. O primeiro, porque me relembram 62 anos de vida que se não pôde cumprir até ao fim . O segundo, porque foi a alegria e a esperança que me foram brutalmente roubadas. 
Mas há um ano, o meu luto pela sua morte terminou. Hoje essas datas não são de comemorações, mas são-lhe inteiramente dedicadas, como se ele estivesse entre nós. Vou, muitas vezes, aos locais onde eu sabia que ele se sentia bem e, então, a sua presença é algo que não sei explicar. Mas ele está comigo e é isso que entre 24 de Abril e 2 de Maio verdadeiramente me interessa. O país, esse, pode fazer o que quiser, porque não estará sequer no meio de nós!

HSC

10 comentários:

" R y k @ r d o " disse...

Situação difícil sem dúvida. Conheci bem o grande Miguel Portas. Que descanse em Paz. Tem a minha solidariedade

Cumprimentos

Pedro Coimbra disse...

Era um homem brilhante.
Não estando de acordo com muitas das posições que ele defendia era impossível não lhe reconhecer a inteligência, a cultura, a força das convicções.

Anónimo disse...

Memsaab ... Fly...

https://youtu.be/pkWpsNffVi4

Ghost

António Dias disse...

Caríssima Helena
Ao olhar para a fotografia que publicou, relembro um Homem bom, fraterno, solidário.
Um abraço para o Miguel, esteja onde estiver. Outro para si.

Anónimo disse...

Sei que há muito pôs ponto final no luto, e que as suas memórias e vivências são só suas.
Muitos de nós tb temos memórias inesquecíveis de Miguel Portas.
Como deputado MP mostrou várias vezes as suas posições éticas (lembro-me de MP considerar ofensivo um salário elevado para os eurodeputados, o que deixou muitos de queixo caído), como jornalista e escritor de viagens, mostrou como é necessário defender a democracia, que considerava uma conquista do séc.XX.
Vi por volta de 2007 (ou antes?) na Tv, a série sobre a história e os mitos do Mediterrâneo inspirada no seu livro Périplo.
Figuras éticas na vida pública fazem muita falta.
Mas aquilo que MP representa fica connosco para sempre.
Ainda tinha muito para dar, mas quando partiu já tinha dado muito!

Anónimo disse...

Hesitei bastante em comentar ou não.

Mas, como percebo bastante bem quando diz que, a presença dele é algo que não consegue explicar nos sítios onde sabe que ele se sentia bem, resolvi então comentar.

E vou reter estas palavras, acredite.

Também tive uma perda e tenho uma dor, que se agrava quando me desloco aos tais sítios. Ainda não me tinha ocorrido fazer ao contrário: encher o coração de alegria ao sentir a presença e não a ausência.


Quanto ao resto, quem sou eu para me intrometer?

Um grande bem-haja!

Sandra Martins

Isabel disse...

Deus a abençoe

Anónimo disse...

Dizem que o Tempo tem uma sequência linear. Corre como um rio até chegar "a um Mar, muito Longe".
Não sei bem se será assim: na vida das pessoas, há Datas que não são de Tempo nenhum: ora pairam num lugar tranquilo muito lá em cima, como se estivessem suspensas, ora sobrevoam em círculos rasantes que atordoam. E já não se chamam datas, mas Dor. Íntima e brutal.
Não sou capaz de lhe transmitir nada. Só a minha solidariedade e um imenso respeito por si. Tem todo o direito de viver as suas memórias como entender. Que importância tem o resto, comparado?
Posso falar da minha experiência? A minha Avó materna perdeu o filho mais novo na flor da idade, como ela dizia. Foi muito antes de eu nascer, mas sei o que significa essa perda numa família que a viveu. Os olhos mais doces, mais bondosos que eu vi na minha vida foram os dela. Mas também os mais tristes. De vez em quando o olhar esvaziava-se e ia não sei para que lugar distante e ficava suspensa. Mas era uma pessoa com grande sentido de humor e divertida ao mesmo tempo. Nada mórbida ou deprimida. Tínhamos uma ligação tão especial! Fazia-lhe muitas perguntas acerca desse meu tio que não conheci. Um dia, mostrou-me a carteira que ele usava, com tudo intacto conforme ele deixou: ainda os trocos de moedas, algumas notas, cartões, uns escritos, calendário... Ela tocou em tudo, silenciosamente, como se fosse nele. Conservava todos os objectos pessoais e já tinham passado mais de 40 anos!
Estas memórias, são tão marcantes, que vou lembrar-me de si naquele dia.
Gl

Ana Ferreira disse...

Lindo, "..há um ano, o meu luto pela sua morte terminou". E no entanto, sente-o mais presente! Quão grande sabedoria, orações e desapego imagino para aí chegar... Desejo-lhe uns dias de celebração sentida e alegre desse amor e "liberdade" conquistada.

Anónimo disse...

🌷