domingo, 8 de março de 2015

O nosso "dia"


Gosto de ser mulher. Não invejo os homens e quanto mais velha sou, mais tenho consciência dos seus (in)justificados receios.
Mas não gosto de quotas ou comemorações de género porque elas representam que os "outros" ainda as consideram necessárias. 
O que eu quero é que não haja violência sobre elas, que o seu salário não seja inferior ao do seu semelhante, que as suas oportunidades sejam iguais, que a maternidade seja encarada como uma opção séria  e não um obrigatório modo de vida, que os filhos sejam uma escolha de dois e não apenas de um.
Ou seja, quero poder ser diferente do homem sem por isso ser discriminada ou menos respeitada. Quero, enfim, ter direito a ser mulher e fazer parte do meu género sem que sejam os homens a concederem-me uma parte desse direito.

HSC

11 comentários:

Marta Menezes disse...

É um dia de cariz político que simboliza e põe a nu todas as desigualdades que descreveu!!Gosto muito do seu blog XD

Isabel Mouzinho disse...

Até que enfim que encontro um texto lúcido sobre este dia e com o qual concordo.
De resto,tenho muito pouca paciência para estes "dias de...

Beijinhos

ERA UMA VEZ disse...

Querida Helena
Escrevi isto há uns anos neste dia e
na altura foi publicado na nossa Jeitinho Manso

Encontrei-o há poucos dias e mando-lhe esperando conseguir um sorriso malicioso, aquele que tão bem lhe fica...
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DESAMOR

Ela esperou o dia inteiro
as mãos frias e suadas
(quem sabe hoje ele vai ligar)
afinal há tanto tempo que ameaça
como se faltasse um pouco mais de nós
apenas um quase nada
pra voltar

Oito de MARÇO
é sempre nome de mulher
ele há-de ouvir na Rádio
Então ele vai saber
e não
não pode ter esquecido
cada momento divertido
ardente
cada vez que a gente se abraçou a ver o mar

e o dia foi andando devagar...

Seis da tarde
parece haver festa em cada florista
eles, formais, alguns muito aprumados
outros impacientes
(enjoados)
outros sem jeito arriscam uma graça

Rosas vermelhas é o que sai mais
mas há narcisos lírios do campo e tantas outras
balbucia fatigada a rapariga
enquanto amarra mais um laço
e limpa as mãos ao avental

e ELA espera pacientemente
em silêncio chega a sua vez
E a senhora? O que vai ser?
(até que enfim)
é só dizer

Quero aquela orquídea branca provocadora transparente
linda de morrer

E é só?
Sim
É para oferta?
CLARO, É PARA MIM

E esta Mulher de novo vencedora, destemida, ousada, florida
desfilou finalmente pelas praças e ruas da cidade
como se fosse muito muito amada...


DESAMOR/ O CONTRADITÓRIO

Ele correu
tropeçou
passou sinais
ultrapassou
ensaiou desculpas promessas coisas mais

Não está?
Já saiu?
E AGORA?
Sei lá
O Senhor é que sabe
(há cada um...)

Então olhou a rua sofredor desapontado
escondeu a flor rapidamente entre os jornais
quase envergonhado
gente muita gente
gente a mais
e de repente
entre passeios
a dois passos mal contados
passa ELA radiante ostentando uma flor branca e transparente


já não se lembra da gente
como pode ter acontecido?
Então e cada momento ardente e divertido
quando o nosso abraço ia ver o mar?

Pois é(pensou)
demasiado tarde
que aquele seu ar destemido ousado e florido
é sinal de que tudo está esquecido
e um tal requebrado na calçada
é de MULHER (de novo) muito muito amada...



Helena Sacadura Cabral disse...

ERA UMA VEZ
Delicioso.
A mesma história é sempre vivida de modo diferente pelos diversos protagonistas...

Anónimo disse...

Para si e todas as suas leitoras com todo o respeito pelo dia de hoje.
http://youtu.be/_ChoOH3RAUA

:-)

Anónimo disse...

🌹
🌹
🌹

Anónimo disse...

🍀🌹🍀

Anónimo disse...


Bom Dia Helena!
Também, gosto de ser mulher, só um simples fato de existir o dia da mulher já nos discrimina.
E o dia do homem?
O dia do homem, que pode, manda, que tem força, e mais atributos terá, como os de menos positivos é todos os dias.
Ainda conheço, tanta mulher que olha para o homem com submissão, que acha que deve ser assim.
Não, não deve ser assim, todos temos as nossas vontades, os nossos gostos, haja liberdade para todos!

Carla

Anália Almeida disse...

Olá Helena,gosto de ser mulher,mas não gosto da ser como a maioria das mulheres,(peruas e frágeis de vaidosas)gosto de mulheres inteligentes trabalhadoras e independentes,o meu marido esqueceu-se do dia da mulher e como se não chega-se, acordou mal humorado.Mas entendi que merecia melhor e fui almoçar fora,ele ficou em casa,não foi um dia feliz,mas fiquei contente por ser a mulher que sou.Beijinhos adoro a sua personalidade.

Virginia disse...

Envio-lhe um poema de Jenny Joseph ( só poderia ser escrito por uma mulher) que sempre adorei. Li-o pela primeira vez há mais de 20 anos num curso de inglês em Nottingham. Desculpe não o traduzir.


WHEN I AM AN OLD WOMAN I SHALL WEAR PURPLE
With a red hat which doesn't go, and doesn't suit me.
And I shall spend my pension on brandy and summer gloves
And satin sandals, and say we've no MONEY for butter.
I shall sit down on the pavement when I'm tired
And gobble up samples in shops and press alarm bells
And run my stick along the public railings
And make up for the sobriety of my youth.
I shall go out in my slippers in the rain
And pick the flowers in other people's gardens
And learn to spit

You can wear terrible shirts and grow more fat
And eat three pounds of sausages at a go
Or only bread and pickle for a week
And hoard pens and pencils and beermats and things in boxes

But now we must have clothes that keep us dry
And pay our rent and not swear in the street
And set a good example for the children.
We must have friends to dinner and read the papers.

But maybe I ought to practice a little now?
So people who know me are not too shocked and surprised
When suddenly I am old, and start to wear purple.

Anónimo disse...

Concordo.