domingo, 29 de março de 2015

A semana santa


Entrei numa das semanas mais importantes para os católicos. Vou tentar vivê-la não em clima de férias, mas pensando naqueles que talvez precisem que eu me ocupe deles.
É um período em que costumo dar primazia ao silêncio e à meditação que antecedem a grande alegria da ressureição.
Muito possivelmente andarei longe destas linhas. Mas não quero deixar de desejar a todos os que me lêem uma Páscoa cheia de alegria!

HSC

sábado, 28 de março de 2015

Pessoas de quem eu gosto: Maria João Lopo de Carvalho (6)


Como acontece com muitas amigas minhas não sei como conheci a Maria João. Sei que foi há muito tempo e que ao longo de todos os anos da nossa convivência ela jamais traíu a nossa amizade.
É uma pessoa com um coração de oiro, uma trabalhadora incansável, uma alegria à prova de bala e uma profissional de mão cheia. 
Licenciada em Línguas e literaturas modernas foi professora do ensino publico e privado, fundou uma empresa dedicada à edição de livros e ao ensino de inglês para crianças, trabalhou em publicidade, foi responsável por programas de solidariedade e pelo Guia da Criança, um utilíssimo directório de actividades para crianças em Lisboa.
Além de tudo isto é romancista - com vários best sellers -, autora de livros infantis e em 2011 estreou-se no romance histórico com Marquesa de Alorna, que foi um autêntico sucesso
Depois de uma carreira destas ainda consegue ter vida familiar - é uma mãe excelente - e estar presente junto daqueles de quem é amiga nas boas e nas más horas. Trato-a por "nora", que muito gostaria que tivesse sido e, apesar da diferença de idades que nos separa, considero-a como uma das minhas melhores e mais leais amigas!

HSC

A palavra "sim"


“... Só que­re­mos ouvir um “sim”, mas há logo uma par­cial obs­tru­ção nessa con­so­ante que é a décima nona letra do nosso alfa­beto. O “s” emerge num ápice, des­li­zando pela lâmina da lín­gua e já os alvéo­los acei­tam, pas­si­vos, articulá-lo. E que é que acon­tece? A glote abre-se, é certo, mas o o véu pala­tino mal se levanta. O resul­tado é esse som fri­ca­tivo, cobra da lín­gua que ras­teja a esconder-se debaixo dos domés­ti­cos móveis da velha sala...”

Este belo naco de prosa foi retirado de um post do Manuel Fonseca no blogue Escrever é triste, um colectivo que visito com frequência e que reúne do melhor que há na blogosfera.
Com este intróito, o Manuel vem em defesa da palavra “não”. Ora eu, que quase sempre estou de acordo com o que ele escreve, neste ponto discordo.
A palavra “sim” tem musicalidade, corporiza sonhos, franqueia liberdades, abre perspectivas e inicia projectos. Sozinha representa um mundo de emoções.
Mas quando acompanhada, numa outra versão do sim, pode mesmo dizer-se que a sua força explode. É o caso da pergunta “queres casar comigo?” e da resposta “quero, sim”.
É aliás o que diz Nathalia Seco, quando canta “A palavra sim” :

Sou uma menina
Mas não sou tão frágil
Nem me engano
Tão fácil como você pode crer
Mexeu comigo agora
Vai embora
Sem dizer "goodbye"
Teve sua chance agora vai correr?
Mesmo que eu fique um ano sem te ver
Difícil missão tentar te esquecer
Como é que eu posso
Gostar e odiar alguém assim?
Será que você vai ficar sem mim
Até o final
Daria tudo pra tudo pra você gostar de mim
Ler nos seus lábios a palavra "sim"
Daria tudo pra tudo pra você gostar de mim
E olhando nos meus olhos
Dizer que você nasceu pra mim.

Ora digam-me lá se “sim” não é uma palavra maravilhosa?

HSC 

Que salgalhada!

“Manuel Salgado, vereador do Urbanismo da Câmara de Lisboa, informou em 2011 o proprietário de quatro edifícios situados na Av. Fontes de Pereira de Melo, destinados a ser demolidos, de que lá poderia construir uma área total de 12.377 m2, para comércio e serviços, em sete pisos acima do solo.
Em 2012, o terreno mudou de mãos e foi adquirido por uma empresa então criada por um antigo governador do Banco de Portugal e antigo presidente da Caixa Geral de Depósitos, António de Sousa, e pelo Banco Espírito Santo. Em Janeiro deste ano, o mesmo vereador Manuel Salgado propôs, e a câmara aprovou, apenas com os votos do PS e de um vereador dos Cidadãos por Lisboa, a viabilização, para o mesmo local, de um total de 23.386 m2 de comércio e serviços em 17 pisos.
A câmara justifica o aumento de 89% da área de construção permitida com a entrada em vigor, em 2012, de um novo Plano Director Municipal (PDM) e de um regulamento municipal de incentivos ao sector imobiliário. O contexto em que todo o processo se desenrolou deixa no entanto muitas dúvidas quanto à forma como foi conseguida esta enorme valorização da propriedade.
Adquiridos na quase totalidade há cerca de duas décadas pela empresa Torre da Cidade, integralmente detida até Julho de 2012 por Armando Martins, um conhecido promotor imobiliário, os prédios em causa, entre os quais um palacete abandonado há muitos anos, ocupam  a esquina da Av. Fontes Pereira de Melo com a  Av. Cinco de Outubro, junto à Maternidade Alfredo da Costa. Ao longo destes anos, o então proprietário propôs à câmara vários projectos para o local, entre os quais uma polémica torre concebida pelo arquitecto catalão Ricardo Boffil (autor do Atrium Saldanha, construído pelo mesmo promotor). Todos eles foram rejeitados por não se conformarem com o PDM em vigor desde 1994.
Mais recentemente, entre 2009 e 2011, Armando Martins — que se recusou a fazer quaisquer comentários ao PÚBLICO sobre este assunto, remetendo para mais tarde eventuais esclarecimentos — manteve repetidos contactos com o presidente da câmara, António Costa, e com Manuel Salgado, com o objectivo de definir as condições em que o município permitiria a construção no local. Nessa altura, a crise do sector estava no auge e a Torre da Cidade já se vira obrigada a hipotecar os terrenos ao BES contra um empréstimo de 15 milhões de euros.
Negócio falhado

Com os juros a acumularem-se, o promotor tentava a todo o custo rentabilizar o terreno antes que o banco tomasse conta dele. Foi nesse período que encontrou uma empresa interessada em financiar a construção de um edifício no local, desde que a câmara aceitasse uma área edificada da ordem dos 14/15 mil m2. Informalmente, os serviços da câmara admitiram essa hipótese, mas a situação começou a complicar-se nos contactos com Costa e Salgado.  .

Ainda em 2010, o negócio gorou-se depois de a câmara ter mostrado abertura para autorizar 14 mil m2 - mas com pelo menos 20% destinados a habitação. Para os parceiros de Armando Martins (uma consultora estrangeira que queria instalar a sua sede no edifício a construir) esta condição acabava com a viabilidade do empreendimento.
Em desespero de causa, com a dívida ao BES próxima dos 19 milhões de euros, Armando Martins pediu formalmente ao presidente da câmara, em Maio de 2011, que lhe dissesse, preto no branco, o que é que ali podia construir. A resposta veio um mês depois por escrito, a 21 de Junho, com a assinatura de Manuel Salgado, então vice-presidente da câmara. À luz da proposta de revisão do PDM então em discussão, lê-se no documento, seria possível construir no local um edifício de comércio e serviços com uma superfície de pavimento de 12.337 m2 e sete pisos acima do solo. Ou então um edifício de comércio e habitação com 13.937 m2.
Perante este cenário, no qual não foi feita qualquer alusão à possibilidade de os últimos acertos da revisão do PDM e o regulamento de incentivos ao sector, já então estava em preparação nos serviços camarários, virem a permitir um acréscimo significativo da edificabilidade permitida, Armando Martins ficou sem alternativa.
Aceitou uma proposta de um grupo liderado por António de Sousa, com fortes ligações ao BES, e em Julho de 2012 vendeu a totalidade das acções da Torre da Cidade. A empresa então criada para formalizar o negócio, a Flitptrel X é participada em 10% pelo BES, banco como o qual celebrou um contrato de cessão dos créditos da Torre da Cidade”.

Esta é a notícia integral que vem no jornal Público. Conseguiram acompanhar?! Parabéns. Confesso que até mesmo um economista quase se perde...
Quem, creio, não se terá perdido, foram alguns dos intervenientes!

HSC

sexta-feira, 27 de março de 2015

O trabalho como prazer



Por norma, tento que tudo o que faço, seja por gosto. É uma característica pessoal que advém da educação que tive. Os meus Pais tinham pouca tolerância para pieguices e obrigavam-me, quando as ensaiava, a olhar para quem tinha bem menos do que eu e não se queixava.
Assim o “epicurismo” só apareceu tardiamente na minha vida. Mas tive a vantagem de tomar por prazeres, a maior parte dos meus deveres.
Chegada a esta bela idade oiço, com frequência, a pergunta calista “mas porque é que trabalhas tanto e te divertes tão pouco?”. Costumo responder com um gargalhada e a frase “ porque o trabalho me diverte”.
Mas há dias conversando com um grande amigo acerca da sobreocupação de alguém de quem ambos gostamos muito, ele saiu-se com esta expressão “ou não sabe fazer mais nada, ou não quer encarar a vida que tem”. Embora não concordasse inteiramente com o que ele disse a propósito da pessoa de quem falávamos, a verdade é que, pensando bem, a sua frase encerrava uma boa parte de verdade.
Há, de facto muita gente que não sabe dar valor à preguiça. Como há também muito boa gente que não preguiça, porque ignora ou não é capaz de estar sem fazer absolutamente nada. São atitudes que têm algo de estranho, de incomum e que, julgo, vale a pena perceber o que escondem ou porque é que acontecem!


HSC

quinta-feira, 26 de março de 2015

É estranho


O trágico acidente aéreo onde morreram, há dois dias, cento e cinquenta pessoas é, agora, descrito - com base na única caixa preta até ao momento encontrada -, como um acto suicidário do co-piloto do avião.
Sei tanto do que se passou como qualquer outra pessoa que leia jornais ou veja televisão. Mas há algo que não posso deixar de estranhar e que respeita a movimentação política que o dito desastre provocou. Três altos dignitários dos países envolvidos - França, Alemanha e Espanha -  estiveram presentes, nomeadamente o Presidente Hollande, a Chanceler alemâ Angela Merkel, o PM e o rei de Espanha. É verdade que este último se encontrava numa visita oficial e por isso tomou imediato conhecimento do caso. 
Mas já houve outras tragédias semelhantes que não provocaram a mesma reacção. É por isto que eu penso que deve haver algo, que ainda não conhecemos, que explique o porquê desta vez ter sido diferente. Aguardemos.

HSC

Os "torturadores"



Hoje tive que esperar sentada, como costuma dizer-se. Esperar a minha vez de obter um documento de que carecia. Por isso resolvi faze-lo num café perto do local onde me dirigira. E, como não tinha levado nada para ler - sou uma crédula e julguei que às 15 horas a demora não seria muita -, limitei-me beatificamente a olhar quem passava. E, garanto-vos, valeu a pena!
Havia muita gente a passear àquela hora, nomeadamente mulheres. Ora foi esse facto que despertou a minha atenção para a "tortura" a que algumas tinham os pés sujeitos. Não percebo como elas não têm mais doenças da coluna. Vi saltos agulha tão altos que quase davam tonturas e aquelas que os usavam faziam surpreendentes exercícios de equilibrio.
Não se acredita que mulheres inteligentes aceitem submeter-se a tais sacrifícios. E não percebo as razões que levam os seus criadores a sujeitá-las a tal ridículo. Numa rapariga nova já seria preocupante. Mas que dizer de mulheres que já ultrapassaram os cinquenta, a caminhar naquela situação de equilíbrio deprimente?
Lembrei-me, então, das japonesas e do que elas no passado sofreram para manter os pés pequenos. Viam-se autênticas deformações. Estas mulheres que eu vi hoje, estavam a ser sujeitas a uma tortura semelhante. O que explicará que os designers de sapatos se tenham tornado nos nossos "torturadores"?!

HSC

quarta-feira, 25 de março de 2015

Sabedoria


Esta foto foi roubada ao Pedro Rolo Duarte que a publicou no seu blogue dizendo que fora encontrada na porta de uma Igreja em Manchester. 
Será preciso dizer mais sobre a sabedoria que o seu conteúdo revela?!

HSC

Sem Paraíso!


Metaforicamente "fomos expulsos do paraíso e é longe dele que teremos de aprender a viver".
Esta frase revela algo de que nem sempre nos damos conta. A “expulsão”, ou, melhor, a “saída” faz, afinal, parte da vida de todos nós e é através dela que vamos vivendo. Se não, vejamos.
Começamos por sair do ventre materno. Depois vamos largando a casa paterna quando  saímos para a escola e Universidade. Terminados os estudos, saímos de casa dos Pais para viver a nossa vida e constituir família. E nesta, acontece muitas vezes sairmos dela para constituirmos outra, que julgamos ser melhor. Finalmente o ciclo será recomeçado com os filhos que formos tendo.
Em todo este processo cruzam-se passado, presente e futuro. No passado ficará tudo aquilo de que nos vamos libertando. No presente ficará tudo aquilo de que, sabemos, nos iremos libertar e, no futuro, ficará apenas a capacidade individual de sonhar. Porque ninguém pode ter a certeza de que esse futuro existirá na realidade. Se existir, então, talvez ele possa ser o nosso presente de algum dia, com todas as lições que, eventualmente possamos ter tirado do que já se tornou passado!


HSC

terça-feira, 24 de março de 2015

Pais ilegítimos

Há muito tempo, antes da Revolução, existiam duas abomináveis designações na lei portuguesa. Eram os filhos de pai incógnito – a mãe sabe-se sempre quem é – e os filhos ilegítimos. Não é difícil perceber a causa da designação.
Sempre que abordo este tema relembro um caso que se passou comigo num exame. Estávamos numa oral e eu folheava a caderneta de uma aluna que ia interrogar . Buscava simplesmente ver quais as cadeiras que ela já havia terminado e com que classificações.
Faço a primeira pergunta e nada. Esperei e passei a outra questão. De repente a minha examinanda desata num choro convulsivo. Preocupada pedi para saírem todos da sala de exame e fiquei a sós com ela. Depois de algum tempo a chorar e inquirindo o que se passava, acabei por ter eu um choque.
A rapariga era filha ilegítima e tomou o meu folhear da caderneta como sendo uma busca de sua identidade. Fiquei tão varada que nem sabia o que dizer.
Quando eu própria recuperei do espanto, disse-lhe  que os filhos nunca eram ilegítimos. O que existiam, sim, eram “pais ilegítimos”. Isto pareceu serena-la.
Fez exame no dia seguinte e ganhou uns expressivos 17 valores. Ainda hoje sou sua amiga e madrinha de casamento!


HSC

Séries deste blogue

Quem escreve nem sempre fala de si. Nem mesmo quando o faz na primeira pessoa. Neste blogue a diversidade de temas que abordo é enorme. O que não espanta quem me acompanha há mais tempo e sabe que não tenho assuntos tabú.
Creio que o período em que já entrámos e que vai arrastar-se até às próximas eleições promete ser feio, ofensivo e visando o ataque pessoal. A minha situação familiar e o pouco interesse que a política desperta em mim, fez-me admitir a hipótese de suspender o Fio de prumo até Outubro. E ainda não dei o assunto por arrumado.* 
Aliás, no mesmo sentido, deixei de visitar ou comentar blogues que se alimentem e nos alimentem desse precioso material que poderá apelidar-se de campanha partidária de esclarecimento. Eles não perdem nada e eu também não. Lá para Novembro retomarei as suas leituras.
A outra hipótese possível, seria escrever sobre tudo menos política. Foi este, para já, o caminho encetado. Posso acidentalmente, abordar uma questão desse tipo. Mas será sempre por outro motivo maior. Assim, no imediato,  resolvi iniciar duas séries mais intimistas. Uma real - "As pessoas de quem gosto" - e outra ficcionada - "Página de um Diário - escritas na primeira pessoa. Admito uma terceira, mas ainda é cedo para falar dela. Irão ter uma certa continuidade e abordariam aquilo que na vida mais me motiva, que são as pessoas.
Todavia a "Página de um Diário", talvez por ser escrita na primeira pessoa, acabou por ser tomada como um diário pessoal. Não é. O que não impede que eu esteja muito grata aos comentadores que a tomaram como tal e me ofereceram o seu carinho.
É que para alguém poder ser "diarista" - um estilo que muito aprecio - é necessário ter-se tido uma vida pessoal muito rica, que interesse a muita gente e ter conhecido mundos muito diversos. Não é o meu caso, que levei e levo uma vida normal, igual a tantas outras que existem por aí. 

HSC

* Se suspender o Fio de prumo, irei ter outro blogue, escrito com um pseudónimo e onde a minha situação familiar não seja tema de conversa...

Herberto Helder


Conheci tardiamente a sua poesia. Ainda bem, porque se tivesse acontecido mais cedo muito possivelmente pouco teria apreciado.
Era um poeta difícil. Obrigava a um esforço de adesão. Mas a experiência que tenho é de que essa reacção é apenas a do primeiro embate.
Ao que se diz, era um homem que, por opção, vivia solitariamente. Mas a sua imaginação ia muito para além dessa solidão, como mostra a sua obra. É um poeta que muitos consideram ao nível de Pessoa. Acabou de morrer!


HSC