Meu caro Ferreira Fernandes
Li hoje, como sempre leio, a sua crónica no DN. Dela
transparecia uma estilizada indignação pelo facto dos diplomatas (com a
pancada nos outros posso eu bem) irem ser poupados aos (próximos)cortes
nas pensões de aposentação. Eu sei as limitações de espaço da sua
coluna na folha de Oliveira, embora, vá lá!, ele seja um pouco mais
do que aquele que o Robert Escarpit tinha no "Le Monde". Por isso, e
por o conhecer bem, desculpo-lhe a imprecisão. Mas noto-a.
Contrariamente ao que se deduz do que escreveu, nem todos os
diplomatas são poupados ao "recáulculo" - graciosa expressão do
secretário de Estado Rosalino - das pensões. Por exemplo, este seu amigo,
irá sofrer essa "talhada", como a esmagadora maioria
dos servidores públicos com "reformas milionárias", isto
é, com mais de 600 euros.
O que você quis dizer é que os "diplomatas jubilados"
(que são só algumas dezenas, sabia?), são poupados (desta vez). Porquê? Porque
esses meus colegas já antes havia sofrido cortes, numa
percentagem idêntica à que foi aplicada aos diplomatas no ativo. Se
agora fossem reduzidos no seu estipêndio mensal, sê-lo-iam duas vezes. Embora o
conceito ande oficialmente fluído, parecer-lhe-ia justo?
Com a esperança que, para um sportinguista (você, como
benfiquista, embora punido por Santos, tem fé em Jesus, o que só lhe fica
bem), só morre nas urnas, quero dizer-lhe que não desesperei de ver ainda o
nosso novo vice-PM, para muitos a "CGTP da terceira idade",
a vetar tudo isto, a dar dois lambefes orais na "troika" e a
defender, alto e bom som, "a reforma a quem a trabalhou". Se
isso não acontecer, se o encontrar na esquina de uma feira, direi das boas
ao dr. Paulo Porta. Ó se digo!
Com o abraço transmontano e a admiração de sempre
Francisco"
Tento
ser justa. Nem sempre conseguirei. Aqui fica a resposta que o meu querido amigo
Francisco Seixas da Costa, deu à cónica de Ferreira Fernandes que também aqui
publiquei.
Espero
que algum juiz ou membro das Forças Armadas responda com igual clareza.
HSC
8 comentários:
A resposta de SC a Ferreira Fernandes é uma falácia. Tenta-se iludir o sol com a peneira. Típica de um jubilado.
Diplomata não jubilado
Desta vez não vejo a razão por que se fala no que ainda são apenas suposições?
Penso que desta forma se tira o peso que essas medidas têm mesmo.
Esperemos para ver...
E eu sou das sortudas com uma reforma da CGA de 720€s...
Um abraço,
lb/zia
É já tarde, HSC, mas não podia deixar de ler !
O Embaixador Seixas da Costa é uma pessoa que só vi uma vez, mas que admiro.
Melhores cumprimentos.
Tenho um marido e um filho juiz. Ambos alegam que os cortes nos seus salários foram o dobro dos mesmos na função pública, em virtude de lhes terem abolido uma série de "privilégios" adquiridos, como casa, ajudas de custo várias, transportes publicos, etc. O meu filho ganha quase metade do que deveria, se se tivessem mantido estas ajudas.
Não sei se é justo, se não, só sei que toda a minha vida vi o meu ex- trabalhar que nem doido, aos fins de semana, nas férias, aos domingos....e até no dia em que dei a luz o meu terceiro filho..nem nesse dia faltou ao tribunal.
Caro Anónimo das 23:09
Uma correcção. O Embaixador Seixas da Costa não é jubilado. É, como o caro comentador, "aposentado".
Esta explicação é dada pelo próprio no seu blogue, de onde retirei esta carta
é bom esclarecer como fez fsc no seu blogue e aqui foi reproduzido.
a jubilação é uma opção pessoal do diplomata, uma situação especial que implica obrigações e nem a todos convém pelo que a maioria deles opta de facto pela aposentação..
acrescento que a jubilação foi negociada e instituida há muitos anos quando nem sequer se imaginava ou pensava em crise, cortes, etc. não havia portanto qualquer ideia de melhorar economicamente o diplomata jubilado mas apenas de criar numa carreira uma situação como que intermedia entre activo e aposentado, alem de optativa....
À parte o tema de fundo, este "post aberto" do Senhor Embaixador (uma vez embaixador, embaixador sempre) Francisco Seixas da Costa é delicioso. A comparação das crónicas entre FF e Robert Escarpit no Le Monde é subtilmente hilariante (e já lá vão uns bons anos)...
Quanto à Helena, fez muito bem em publicar o contraditório. Aliás, nem esperaria outra coisa de uma pessoa justa e lhana como a Helena.
Great!
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