domingo, 4 de agosto de 2013

O que devemos aos emigrantes

Os emigrantes estão a enviar mais dinheiro para Portugal. Vem sobretudo da França e da Suíça, mas cada vez mais de Angola, que contribuiu com 40% da subida das remessas, entre 2011e 2012.
Há seis anos, a antiga colónia ocupava uma posição insignificante na lista dos países origem de dinheiro emigrante. Porém, em 2012 alcançou um sólido terceiro lugar, apesar de ainda estar muito distante da França - líder, com a maior comunidade lusa - e da Suíça com um segundo lugar estabilizado.
A emergência de Angola pode ser reflexo de dois factores. De um lado, a "instabilidade” no país, que incentiva os emigrantes a colocarem as poupanças na Europa e, de outro, o facto do perfil do actual emigrado naquele terra, ser hoje constituído por quadros médios e altos, pagos com altos salários.
Além disso, os actuais emigrantes têm objectivos diferentes daqueles que constituíram as grandes vagas de emigração dos anos 60 e 70, em que, por norma, o homem ia trabalhar longe com o propósito de enviar dinheiro para a mulher os filhos deixados em Portugal.
A actual emigração terá um perfil misto, tal como as razões pelas quais remete dinheiro para Portugal. De facto, em países instáveis, como Angola ou o Brasil, haverá emigrantes recentes que ainda não decidiram se querem, mais tarde, ficar ou regressar a Portugal, pelo que têm motivação suficiente para guardar as poupanças num país considerado mais seguro.
Sejam quais forem as razões dessas remessas, o certo é que no ano passado elas atingiram o recorde da última década: 2,7 mil milhões de euros, o que também reflecte o disparar da própria emigração.
Comparando com o ano anterior, houve um aumento de entradas em Portugal de quase 320 milhões de euros. Estamos ainda longe da quantia remetida nos anos 90, mas o Ministério das Finanças não pode deixar de agradecer a ajuda que, uma vez mais, os emigrante estão a dar ao défice externo português.

HSC

16 comentários:

Fatyly disse...

Mas disso não falam eles, tal como convém e por vezes os próprios bancos etc e tal tratam tão mal os emigrantes.

Se neste momento eu tivesse possibilidades económicas de "zarpar"(uma passagem para a minha terra é carissima) garanto-lhe Dª. Helena que Portugal não veria um tostão meu, porque o saque fiscal a que tenho/temos sido sujeitos para pagar o que não gastámos e sem ver a luz ao fundo do túnel...desanima quem trabalhou neste país tanto, mas tanto e sempre pagou os seus impostos!

João Menéres disse...

Sim, o fisco leva ao desânimo !



Melhores cumprimentos, HSC.

Anónimo disse...

Os portugueses residentes no estrangeiro dão muito mais ao país que o país a eles.

Aliás, sempre considerei que são muito mais patriotas que os que vivem no próprio país.

A realidade é que a maioria dos jovens que estão a partir não vão regressar.

É um tipo de emigração diferente, mas muito mais preocupante porque são jovens altamente qualificados que vão constituir família e criar as suas próprias raízes nesses países. Consequentemente, temos um envelhecimento cada vez maior da população portuguesa.

Dou comigo, muitas vezes, a pensar se fosse emigrante se enviaria as minhas poupanças para o meu país que tinha o DEVER de ter criado condições para ficar. Já para não falar dos escândalos que têm assolado a banca portuguesa... No entanto, para os emigrantes o coração fala mais alto.

Aproveito para fazer campanha pelo filme "Gaiola Dourada", realizado pelo jovem lusodescendente - Ruben Alves, que conta com um elenco de luxo e retrata com humor a comunidade portuguesa em França (mais propriamente em Paris).

Eis uma maneira de agradecermos as remessas que nos enviam. Vi ontem no Corte Ingles e ADOREI!

Isabel BP

Helena Sacadura Cabral disse...

Cara Isabel
Para a semana vai estar no papo se Deus quiser. Vi o trailor e aguçou-me o apetite.
E, em tempos de crise não há como uma comédia nossa!

Dalma disse...


Fatyly
Como há dias comentei, fazem-se neste mundo virtual alguns amigos, virtuais também e depois ganha-se algum à vontade para lhes dizer coisas, o que no entanto deve ser sempre feito de forma respeitosa!
Não sei se a Fatyly tem família que dependa de si. Se sim a decisão de retornar à Pátria torna-se difícil se não impossível...

Fui por duas vezes "semi- emigrante" pelo espaço de um ano, uma vez em Itália e outra no Canadá. Intitulei- me de "semi-emigrante" porque as condições em que fomos não tinham nada a ver com o normal da emigração. Isto só para dizer que apesar de tudo não foi fácil estar longe dos filhos, da outra família e inclusivamente do meu jardim/horta, meu hoby preferido! Portanto sei que ser emigrante não é fácil.
Mas Fatyly, se emigrou para Portugal é porque seria melhor do que no seu país! Será mesmo verdade que regressaria a ele definitivamente se isso lhe fosse economicamente possível?
Acho que não deve falar com tanto rancor do país que a acolheu apesar dos impostos que ele lhe cobra! Afinal acontece com todos nós! Mas já agora saiba que todos esses que mandam remessas já pagaram bons impostos nos países em que estão!
Espero não a ter ofendido pois apenas quis leva-la a reflectir.

rmg disse...



IsabelBP
Concordo habitualmente com o que escreve e , também salutarmente , discordo uma vez por outra .
Considero que a inversa também é felizmente válida .

Só queria fazer uma observação : há a ideia de que os jovens que saem são na sua maioria altamente qualificados e se perde assim o investimento feito neles a favor de outros países.

São decerto jovens com um tipo de qualificação muito diferente dos do passado mas , em termos proporcionais , os que vão desempenhar funções de acordo com as qualificações que têm não são mais do que o eram há 20 anos , a crise é mais geral do que parece .

Depois há um conjunto de gente nova que não encontra aqui trabalho para as qualificações que tem mas que também não encontra lá fora , acabando por se dedicar a outras coisas (e eu sei de muitos pela razão que de seguida aponto) .

Permito-me esta observação porque já tive dois filhos emigrados nos últimos 4 anos (e já a entrarem nos 40's)e que passaram por esse "caminho" e viram muitos à volta nessa mesma "luta" .

Mas voltaram para cá e agarraram-se a oportunidades de trabalho e/ou de negócio a que nunca se teriam agarrado se não fôsse aquela experiência , convencidos que estavam do "saio daqui e pronto , isto resolve-se ".

A emigração é (e sempre foi) a única saída para muitos jovens , com o seu cortejo de dramas familiares (que eu conheço bem pois fiquei a tomar conta dos netos) mas nunca é demais lembrar que tem que ser muito bem estudada e preparada .
Parece uma lapalissada mas não é .

Um bom resto de bom domingo para todos

RuiMG

rmg disse...


Cara Drª Helena

Se muitos continuam a mandar as poupanças é porque perceberam já que neste mundo globalizado nada é nem irá ser nunca mais seguro em sítio algum e na terra deles sempre irão ter um cantinho e uns familiares algures.
Não me parece que seja por patriotismo : é simples bom senso .

Estou neste momento numa vila do interior do país , como todos os anos por esta altura , misturando com a "Lisboa única de Agosto" de que tão bem fala o seu post .

Emigrantes vêm cada vez menos e os que vêm fazem-no por pouco tempo , dizem eles que não querem estar muito tempo afastados do local de trabalho pois nunca se sabe ...

RuiMG

Helena Sacadura Cabral disse...

Caro Rui
É verdade o que diz. Mas podiam manda-lo para a Suiça como estão a fazer muitos daqui e legalmente...

rmg disse...


Cara Drª Helena

Pois também é bem verdade o que diz .
Mas o emigrante normal não vê as coisas a "esse nível" ...

RuiMG

P.S. - Parece que a Suíça está a caír um pouco nas preferências, há quem defenda outros destinos europeus como a Alemanha .

Não me espanta nada , há 3 anos que digo que o 1º país a saír do euro será muito provávelmente a Alemanha , mas a malta ri-se e assim confirma que me estou "a passar".

Helena Sacadura Cabral disse...

Caro Rui
Já aqui escrevi há meses que acabarão por sair a Alemanha, a França e os nórdicos. Também se riem de mim, mas não me importo.
Ou são eles ou seremos nós a fazê-lo... mas obrigados!

rmg disse...


Cara Drª Helena

A Alemanha e os nórdicos decerto .
Limitada a Eurolândia aos "outros" outro tipo de políticas monetárias (e financeiras) podem ser possíveis , ainda que eu não acredite muito nisso .

A França também estava nas minhas previsões até há pouco tempo mas, com o que últimamente me conta quem lá vive, não sei se vai estar muito tempo em condições de aguentar a "pedalada" dos primeiros .

RuiMG

Teresa Peralta disse...

Tudo o que seja para ajudar a minorar o estado de crise que o País atravessa, requer um agradecimento muito especial da parte de todos nós. No meu caso sinto-me agradecida em duplicado porque para além de ajudar o meu país, compensa o dinheiro que tenho enviado para a minha filha, que está fora há dois anos, e cuja remuneração que aufere não chega para fazer face aos seus encargos primários de subsistência. O que fazer? Claro que esta foi a melhor opção encontrada. Depois de Mestrado integrado, com 6 anos de trabalho duro, ela, e a maior parte dos seus colegas arquitectos, rumam a outros países para que possam continuar a sua especialização. Só que nunca mais se vê o fim deste estatuto, e, os empregadores, por sua vez, sabem que é fácil encontrar neste regime, mais e bons trabalhadores portugueses.

Anónimo disse...

Caro RuiMG,

Agradeço o seu comentário em relação ao meu... A democracia é isso mesmo.

Acredite que gostava que houvesse um estudo paralelo a referir o dinheiro que também sai do país - Suíça e offshores, dos que ficam por cá!

Isabel BP

rmg disse...


Cara IsabelBP

Agradeço a sua resposta e mais uma vez concordo consigo .

A democracia e o diálogo saudável ...

Uma boa semana para si

Dalma disse...

Teresa, a sua filha está a ver que nesses países nem tudo são rosas e lá como cá aproveitam-se da fragilidade de quem os procura! Boa sorte para ela.

Teresa Peralta disse...

É verdade sim Dalma! No entanto, ainda há quem pense que, fora daqui, tudo são rosas... Para mim e para ela, esta foi a melhor opção mas, eu sei, que vai chegar uma altura que talvez não compense este esforço.
Muito obrigada pela sua atenção.