As doze badaladas chegam como um sussurro poderoso,
arrastando lembranças e ecos do ano que termina. A primeira batida desperta a
melancolia dos momentos que ficaram para trás — é como uma saudade do que não
se repetirá, mas que deixará marcas profundas. Na segunda, sente-se a ansiedade
de tudo o que ainda não se fez, de todas as promessas que fizemos a nós mesmos
e não cumprimos. É um lembrete suave, porém firme, de que a vida tem pressa e
que cada instante é um convite à mudança.
Quando a terceira badalada invade o ar, um sopro de renovação
alcança o peito. Pensamos em tudo o que ainda está por vir: as oportunidades,
as descobertas, os recomeços. Por instantes, o futuro parece uma folha branca,
aberta a infinitas possibilidades. A cada novo toque do relógio, sentimos
soltarem-se as amarras do passado e invadir-nos uma nova leveza. A quarta,
quinta e sexta badaladas dissolvem medos antigos, cedendo espaço para a coragem
de escrever novos capítulos.
Chegando à sétima e à oitava, o coração já bate em sintonia
com o desejo de nos perdoarmos a nós próprios e aos outros. Há uma ternura que
se espalha, um sorrisinho de esperança que se instala, sem pedir licença. Então
a nona e a décima anunciam que o tempo não para, que há muito mais a viver, a
descobrir e a sentir. Entendemos que a vida é feita de ciclos que vão e voltam,
como ondas incansáveis no mar.
Na décima primeira, sente-se um arrepio, uma chamada silenciosa para abraçar quem somos e, ao mesmo tempo, lançarmo-nos ao que podemos vir a ser. Quando, enfim, a última badalada rompe o véu da noite, um silêncio solene se impõe. Nesse intervalo entre o que foi e o que está por vir, há um convite íntimo à renovação, à liberdade de reescrever o próprio destino. E ali, no breve hiato em que o tempo quase para, reconheço que o novo ano é também um voto de confiança na força que nasce dentro de nós e nos impulsiona para diante.
1 comentário:
Doze badaladas, doze passas de uva, doze desejos, algumas ilusões.
Tenha um maravilhoso 2025
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