quinta-feira, 2 de janeiro de 2025

A última badalada

Um fio de luz atravessa a noite, rasgando o silêncio em que a alma se encontra naquele último suspiro do ano. Há um instante em que tudo parece suspenso: o tempo dobra-se, e cada batida do coração carrega o peso dos meses que ficaram para trás — alegrias, dores, lembranças adormecidas. Nessa fronteira tão subtil, sinto-me como se dançasse na beira de um abismo, mas sem medo de cair: apenas a plenitude de estar viva, ainda que a vida seja feita de incertezas.

Fecho os olhos para escutar o meu interior. Entre as promessas que fiz para mim, carrego também as que quebrei. Percebo, contudo, que é nessa humanidade falhada, que encontro potência para recomeçar. O Ano Novo chega como uma brisa que afaga o rosto, carregando a possibilidade de ser, de criar, de sentir. E então, respiro fundo. Deixo o pulsar do presente lembrar-me de que cada segundo é um convite a abrir portas, a acolher o desconhecido, a renovar-me. Quando abro os olhos, não vejo apenas o calendário mudar. Vejo-me a mim mesma a entrar num novo ciclo, confiante de que renascer é um verbo que se conjuga todos os dias.

1 comentário:

Pedro Coimbra disse...

Infelizmente não prevejo que 2025 seja um ano positivo.
Oxalá esteja enganado.
Tenha um excelente fim de semana