domingo, 14 de fevereiro de 2010

Saber retirar-se a tempo...

Saber retirar-se a tempo, seja do que for, é prova de grande inteligência. Mas é extremamente difícil de conseguir. Raramente as pessoas têm consciência disso.
Há dias, em conversa com amigos, dizia algo semelhante, quando chamava a atenção para certas idades, em que "ainda não se é velho, mas também já não se é novo". É o que eu apelido de "idade fatal". Ultrapassada esta, a gestão da nossa vida, mais do que diplomacia, é uma verdadeira prova de sabedoria.
Ontém vim do cinema a pensar nisto. Fui ver o último Woody Allen e fiquei com a impressão de que, naturalmente, depois deste, não virá mais nenhum. O filme é fracote. Direi mesmo mais. É, para mim, o mais fraco de todos os que ele fez. E eu sou fã do realizador!
Será a idade? Falta de inspiração? Falta de meios?Terá sido acidental? Não sei responder. Mas sei que fiquei com um travo amargo quando saí da sala. É que tenho imensa pena, se for esse o caso, de Woody Allen não se retirar a tempo...
HSC

3 comentários:

Anónimo disse...

Ora aí está exactamente o inverso, do que nos disse em relação a Clint Eastwood, no filme que veio apresentar cá em famalicão "Gran Torino".
As pessoas são tão diferentes... :)

Helena Sacadura Cabral disse...

Fada lembrei-me exactamente de Clint que com mais sete anos- 81 - ainda faz o primor que se chama INVICTUS. Por isso é que vim com um amargo de boca...

Aidet Santa-Maria disse...

Desde Match Point, comecei desconfiar que a mão lhe estava a desandar.
Já não lhe vi o mesmo e afiado sentido de humor, a mesma capacidade de surpreender... enfim o folego que me inebriava.
Longe vão os dias de:"Histórias de Nova Yor" e "Cenas conjugais" entre os menos conhecidos.
De facto desde "A maldição do Escorpião de Jade" que me parece que a chama se lhe extinguiu.Depois disso foi a mesmisse sensaborona, que não faz juz ao rasgo do passado.
Com efeito, e em contrapartida Clint Eastwood só tem crescido ao longo dos anos. Invictus só não é pra mim o melhor, porque é previsivel, por de alguma forma conhecermos a extraordinária estatura humana do Mandela. Veja-se a sua sensibilidade em "As Pontes de Madison County", a coragem em "As Bandeiras dos Nossos Pais" pela a assimetria dos mesmos factos em "Cartas de Iwo Jima". Só ele se lembrou de fazer um filme sobre o desvario da vida de Charlie Parker... Sim, Clint Eastwood é o meu realizdor preferido desde há alguns anos.