Na Maternidade Alfredo da Costa - MAC -, a maior do país, 87% das mulheres que nela praticaram aborto não usavam qualquer tipo de contraceptivo. Ou seja, 1425 das 1632 mulheres que, no ano passado, ali interromperam uma gravidez, nenhuma fazia planeamento familiar.
Os números da MAC que, aliás, reflectem a tendência nacional, indicam ainda que de 2008 para 2009 o número de abortos cresceu 8%. Evolução que é corroborada pela Clínica dos Arcos, única privada a fazer aquele tipo de interrupções, mas com o crescimento, no mesmo período, mais significativo de 15%.
Outra questão preocupante nestes elementos estatísticos diz respeito ao número de mulheres que fizeram abortos repetidos. Com efeito, na MAC, foram 468 as grávidas que praticaram abortos mais do que uma vez.
Desde que a lei liberalizou esta práctica, em Abril de 2007, os números foram sempre crescendo. Nesse ano, a partir de Julho, abortaram 6287 mulheres, e em 2008 aquele valor atingiu os 15960.
A maior parte destas intervenções realizou-se no grupo etário dos 21/29 anos, logo seguido do que se situa entre os 30/39 anos.
Num país com uma taxa de natalidade perigosamente decrescente, o aborto em lugar de ser usado como último recurso está, paulatinamente, a transformar-se numa terapêutica anti concepcional corrente.
Ora não foi para isto que a lei foi aprovada. Apesar de, na altura, já se admitir a possibilidade deste comportamento perverso, aceitou-se correr o risco. Pergunto: mas se, de facto, for esta a tendência, que pensam as autoridades sanitárias fazer, para a corrigir e alterar esta evolução?
HSC
12 comentários:
As autoridades sanitárias? Tudo isto é fruto de um Povo inculto, mal instruído, pobre financeira e culturalmente... Não interessa se é proibido ou permitido... para este nível civilizacional até estou admirado de não haver mais... bem sei que há abortos de ricos (abortam porque é uma chatice ter outro descendente) e de pobres (não têm condições sócio-económicas para o descendente ou educação suficiente para saber evitar a gravidez), é mais um reflexo do estado miserável em que a nossa espécie se encontra...
Educacao, talvez? Tarde, sem duvida, mas mais vale tarde que nunca.
Isto é o fruto daquilo que os senhores do Mundo têm vindo a divulgar e a implementar com todas as forças... a mediocridade do humano. Um Mundo de miséria para que possam reinar! É o retorno ao mundo medieval, em que o acesso aos livros e cultura era só para os priveligiados. Agora como todos ou quase, podem ter acesso usaram os Media e as novas tecnologias para dissuadir e entreter. Eliminaram a Educação e é claro, que tinha de dar nisto.
Mas vai piorar, ó se vai! Um Oceano de desinformação, maior que o Pacífico... e tudo continua pacífico!!!
Nada farão as autoridades sanitárias, que muito têm que se lhes diga!
Permitam-me discordar. Sou contra o aborto, mas não o sou porque nascem poucas crianças ou porque há " abortos ricos" ou porque é "uma questão de educação" (se bem percebi a intervenção do Pedro - foi curta, desculpe, Pedro, talvez seja o adiantado da hora, falo por mim). Não me quero repetir, mas estou tentado a fazê-lo: " poucas ou muitas crianças", " ignorância", " educação"... não me serve! Sou contra o aborto por uma questão de princípio, sem Excuses, sejam de que género forem. Contra a pena de morte = contra o aborto = contra a eutanásia, como tal.
Helena, mais uma vez lhe agradeço a oportunidade que nos dá de falarmos de assuntos sérios. Abrj, Raúl.
Raul o problema que aqui tentei pôr não é o de "ser contra ou a favor do aborto". O que quiz salientar foi a má utilização que é feita da lei, que se transformou num meio corrente de fazer contracepção. Ora a lei existe para os casos em que a contracepção falha. Não para ser "a própria contracepção"!
Na altura da discussão que antecedeu o referendo defendi que seria o "engravide agora, decida depois, a expensas do SNS", razão que por si só bastaria para me colocar a votar não. Registo que infelizmente tive razão.
Helena, muto obrigado pelo seu esclarecimento. Se me permite, no entanto, e pelas razões já indicadas, reitero: sou contra o aborto provocado, seja em que situação for, apesar de ser legal. Quanto à contracepção, mas com certeza... Pelas minhas crenças, não poderei distinguir o aborto banalizado do quase " in extremis". Raúl.
O aborto como último recurso só poderia existir se houvesse planeamento familiar implementado. Para que haja planeamento familiar há que haver educação.
Refiro-me à educação sexual nas escolas. Refiro-me à educação sexual e emocional em casa.
Não podemos começar a construir uma casa pelo telhado. Enquanto não houver alicerces, o aborto vai continuar a ser o primeiro recurso e não o último!
As escolas servem para ensinar, a Educação Sexual deveria começar logo pelas escolas. Nos Centroa de Saude também existe o planeamento familiar, onde é distribuido gratuitamente ás mulheres a pilula.Sou a favor do aborto. Quando as duas pessoas tem relações sexuais tem de ter consciencia do que estão a fazer.
Países onde mais se investiu em Educação sexual e "informação" ostentam records de aborto.
A Educação Sexual é uma "cabeça de turco". Argumento de gente pobre e vistas curtas como aquela que dizia que a lei do aborto diminuiria os abortos.
Acaba por ser mais do que um problema educacional, é um problema cultural, com todas as implicações daí subjacentes,e preocupantes, que ilustra bem o modo de actuação da sociedade actual, em que nada é planeado, a vida vai correndo ao sabor do " depois logo se vê". Os resultados, esses, estão aí à vista.
será parecido com o problema da droga?
Eu penso que aqueles testemunhos de ex drogados , a explicar como foi difícil deixar as drogas tem um lado de tiro no pé . Já dei por mim a pensar , se aquele idiota consegue deixar as drogas eu , se lá caísse , também conseguiria concerteza . Será assim ou serei um idiota chapado ?
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