"... Duarte dormiu mal. O despertador (japonês), despoticamente, tinha-o acordado às 7h em ponto. A cama, nova, comprada no Ikea (finlandesa) não tinha, ainda, o colchão (espanhol) devidamente adequado .
Tomou um duche usando o seu gel favorito (francês) e secou o cabelo com o secador (de Taiwan). Vestiu o seu belo fato (italiano) e dirigiu-se à cozinha para preparar uns cereais (americanos). Comeu-os e ligou a máquina de café (espanhola) onde colocou capsulas (colombianas).
Recomposto, passou ao escritório, ligou o PC (americano) e viu os mercados. Ligou o rádio (chinês), ouviu as mensagens no telemóvel (finlandês), pôs o relógio (suiço) no pulso e meteu-se no carro (sueco) que o levou para o trabalho (numa empresa multinacional).
A meio da tarde, a secretária trouxe-lhe os jornais estrangeiros e um sumo de laranja (israelita). Finalizado o dia voltou para casa. Subiu no elevador (alemão) e sentou-se no seu maple preferido (dinamarquês). Ligou a tv (americana) e bebeu um copo de um bom vinho (chileno). Finalmente, despiu-se, calçou umas sandálias (brasileiras) e vestiu o roupão (argentino).
Sentou-se, de novo, para ouvir as más notícias. Já na cama, ajeitou a almofada (egípcia) e ficou a pensar porque seria que Portugal tinha tantos problemas..."!
O Ministério da Economia de Espanha calcula que se cada espanhol consumisse 150€ de produtos nacionais por mês, a situação do país melhorava e o desemprego diminuia...
Duvido da veracidade desta afirmação. Mas que há aqui matéria para pensar, lá isso há!
HSC
5 comentários:
Não gosto do Dr. Alberto João Jardim, mas concedo-lhe uma palavra que ele gosta de usar: " boutade". A boutade que nos deu, Helena,fez-me rir e isso só faz bem. E dá que pensar, claro. Estamos perdidos. Tudo nacional é perigoso, tudo difuso, escorrega...
Dá-me a honra desta valsa? Tout court, posso convidá-la para um almoço? Não sabia como fazer-lhe a pergunta, uma vez que não tenho o seu TF, mas, abertamente, fi-lo desta maneira. Et pourquoi pas? Bises, Raúl.
Cara Helena,
Esta história, ou uma parecida, já passou pelo seu blogue há algum tempo, e até deu azo a alguns comentários. Eu e muitos bem gostaríamos de poder comprar carros, telemóveis, etc feitos no país, mas infelizmente eles não existem...
Os espanhóis até são dos povos mais proteccionistas que conheço. Talvez influenciados pelas dobragens, já vi algumas na net, ainda ontem fiquei com o pêlo eriçado de ouvir Samuel L. Jackson (alguém por ele) citar Ezequiel na inesquecível cena do Pulp Fiction, consomem música nacional, basta circular nas estradas de Espanha para nos apercebermos, ou visitar supermercados, grande parte da oferta é feita à base de produtos espanhóis. Que diria tal ministro de Portugal?
P.S. - para que conste, uma vez que raramente aqui comentei, nomeadamente assuntos de política ou economia, sou absolutamente contra qualquer política proteccionista, limitei-me a comentar um texto.
Caro DL
O que não temos...não temos: carros, telemóveis e etc. Mesmo assim, nos carros pode optar-se por marcas que os montem em Portugal. Já é uma ajuda.
Mas roupa,cosmética,queijos, vinhos, artigos de decoração, etc nós temos. Então porquê comprar estrangeiro aquilo que nós fazemos tão bem ou melhor que os outros?
Os espanhois são tão nacionalistas que até aos "Rolling Stones" chamam Piedras Rolantes...
E sabe? Fazem bem, porque lhes desenvolve um sentimento de que hoje, mais do que nunca,nós precisamos.O orgulho de ser português muito antes de ser europeu!
Isto faz-me lembrar um livro que li, que se chamava "Como Me Tornei Estúpido". Foi da maneira, que esse post explica! ou quase! dá pelo menos para associar e bem!
Mas o prestígio da Marca é terrível, então associada à moda! até dói.
Ikea o gigante que acabou de destruir o que restava do Norte do País, a capital do móvel. Já tinha sido destruido o sector têxtil e do calçado.
Paços de Ferreira Parece uma cidade fantasma e de miséria, e isto só com a grande superfície no Porto. Quando a fábrica em Paços de Ferreira estiver pronta... e tinha de ser lá?! a Ikea tinha de se instalar na capital do móvel?! Incrível!... Sim senhor! Use e deite fora! Descartáveis, convém consumir, para dar seguimento ao mercado, mas há quem prefira alimentar os "tubarões" estrangeiros, do que ajudar os portugueses. O que interessa é que esteja em voga e seja "bonito". Aliás e pelo que vi na publicidade, os suecos até têm o costume de deitar todos os anos, os móveis ao lixo... tradição! Ora vamos lá ver, se o português irá fazer o mesmo! Só que esses não dão para reaproveitar, de forma nenhuma, tal é a qualidade, nem para a lareira.
Não me venham com a história dos preços, por serem baratos.. é que o barato sai caro e pelo que sei são mesmo feitos para acabar depressa. Ficam a saber que os tarefeiros portugueses e não só, que vão montar esses móveis quando o cliente o pede (e é "esfolado") se partirem uma só peça montar nem que seja uma ripa de aglomerado, (não usam madeiras)tem de a pagar do seu bolso. Nunca vi isso em nenhuma fãbrica de móveis portuguesa e conheço muitas! Tubarões... para eles e afinal, nós também somos descartáveis.
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