Análise séria e acutilante, humorada ou entristecida, do Portugal dos nossos dias, da cidadania nacional e do modo como somos governados e conduzidos. Mas também, um local onde se faz o retrato do mundo em que vivemos e que muitos bem gostariam que fosse melhor!
quinta-feira, 27 de outubro de 2011
Amor obsessivo
Costuma dizer-se que amor e dinheiro, nunca são demais. Não sei se é verdade.
Hoje um dos meus queridos comentadores referia o meu excessivo - o termo é meu - amor a Portugal. E põe depois algumas questões, perguntando-se mesmo se o patriotismo não era, afinal, também, uma forma de religião.
É muito capaz de ter razão. Mas eu não sinto esse problema. Para já, porque tenho uma religião e a "escolhi" aos 19 anos, quando me baptizei. Ninguém a escolheu por mim. E, ainda, porque tendo nascido aqui, nunca desejei ter nascido noutro lado.
Posso zangar-me com o país de vez em quando. Como os meus ascendentes fizeram comigo e eu fiz e faço com os descendentes. Mas isso não belisca minimamente o meu amor por eles, nem o deles por mim.
De facto, gosto muito desta terra. Tanto, que lhe aceito os defeitos e quando estou longe, eles até me parecem qualidades.
Há um vídeo excelente que fala deste tipo de "obsessões". Foi considerado como merecendo o Oscar para o melhor anúncio do ano. Se quiserem espreitem o link abaixo e riam-se.
http://www.youtube.com/watch_popup?v=fER-WhFUzoA
Ou pensem. Às vezes significa o mesmo...
HSC
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19 comentários:
Helena,
Comparar Patria com Religião, está muito bem comparado, porque as coisas estão muito ligadas!
Nós quando crescemos , vamos adquirindo aos poucos o medo do pecado e o dever à Pátria !
O medo do pecado é-nos enfiado nas primeiras idas à Igreja e/ou no seio da familia, normalmente na Catequese, considerando que o baptismo foi feito na idade pré-criança, quando não há ainda consciência do ambiente externo.
O dever à Patria, surge na maioridade (18 anos) quando surge a chamada à tropa, que agora é vólutária.
Em qualquer dos casos, estes conceitos são como grades de ferro que aprisionam a nossa consciência e nos tornam escravos de entidades e conceitos abstratos que não existem!São as prisões mais baratas do mundo porque cada prisioneiro é que paga todas as despesas, inclusivamente a sua própria morte !
A noção de pátria foi usada para instigar a maior parte das guerras até aos dias de hoje, mas a partir de 11/9/2001 dêu-se a viragem para a Religião e hoje, o papel da patria foi ocupado pela Religião!
Aquele Homicida Noruegues, foi apresentado como Cristão Radical! Depois existem os Islamitas radicais e moderados. Muçulmanos Radicais e Moderados e muitos outros que ião surgir muito brevemente !! Enfim , uma panóplia extensa para todos os gostos!
Antes um pai ficava orguloso de seu filho ter servido a pátria, mesmo que chegasse deitado dentro de um caixão de madeira!
Hoje é o mesmo filme mas por motivos religiosos! Como eemplo tem a Jihad islâmica ! é o mesmo conceito !
Resumindo , o sentimento qu manifestou está muito enraizado na mente das pessoas e sobretudo está enfiado no subconsciente!
ogam
Olá Helena,
Estou consigo mais uma vez.
Nós podemos zangar-nos com o país, ou melhor, com alguns dos habitantes deste país, mas o certo é que este país é o nosso.
Foi onde nascemos, crescemos e fizemos toda a nossa vida. Não podemos deixar que nos motivem a deixar de o amar porque isso é praticamente impossível.
Beijinho
Teresa
Cara Helena,
É lindo, comovente e dá que pensar!
No final do vídeo aparecem mais dois anúncios do "lotto" que são a sequência da história e com muito humor... A vida dá mesmo muitas voltas :)
Isabel BP
Helena,
Percebo o que diz. Há, de facto, amores assim.
Mas, como ilustra o filmezinho, às vezes até ao dia em que se desiste.
O filme é uma delícia. Para quem, como eu, já teve uma cadelinha que era como alguém da nossa família, assim amada por todos nós, é com enorme ternura que o vi.
Fantástico, o final. Ficamos a pensar, sem dúvida.
Alguém disse que o patriotismo é o último refúgio dos canalhas. Apresso-me a declarar o óbvio, HSC não é canalha só por ser patriota, nem por nenhuma outra razão. HSC é a antítese de um canalha. Mas aquela frase célebre tem um significado não literal que sempre ressoou em mim. O sítio, ou o país, onde nascemos é fruto do acaso, não é uma escolha. HSC escolheu a sua religião, não a sua nacionalidade. E patriotismo não pode ser gostar de umas coisas e não de outras; se o fosse, não teria valido a pena inventar a palavra. Também não é o carinho normal (entremeado por momentos de exasperação ...) que se sente pelo ambiente em que nascemos e fomos criados. Patriotismo é um sentimento de paixão, que tende a minimizar ou mesmo ignorar o mau e a sobre-valorizar o bom. Deve a paixão regular as relações entre pessoas que não se conhecem e apenas partilham a nacionalidade (donde decorrem a língua, a história, etc.)? Tenho muitas dúvidas. Prefiro a luz da razão, da tolerância, da inteligência, do espírito crítico, do conhecimento às sombras ambíguas do amor à pátria. O patriotismo existe, vivemos com ele, mas talvez, num mundo ideal, vivessemos melhor sem ele.
Quel beau calligramme ma chère Helena...
Wilhelm Albert Włodzimierz Apolinary de Wąż-Kostrowicki aurait été fier de vous : )
...moi aussi je le suis : )
Gostei do filme, adoro Portugal, já vivi no extrangeiro em permanente saudade.
Há neste momento uma publicidade da OPTIMUS, que gosto MUITO e que creio que identifica muito bem Lisboa/Portugal e a esta geração.
BfdS
Estimada Helena,
Deus, Pátria e Familia, é uma triade muito velha, quase tão velha como eu o sou, só que me ensinaram, amar-me a mim mesmo, acima de tudo e todos, mas sem ser de forma obcessivacompulsiva.
Este vídeo faz-me recordar alguns casamentos em que só um dá tudo de si proprio, mas depois vê-se substituido por alguém bem diferente de si.
Tenho estado ausente deste seu belissimo ponto de encontro por motivos de saúde.
Cumprimentos
Marcolino
Helena,
Também não trocava este lugar por nada!! pese embora as dificuldades e todas as incertezas quanto ao futuro, sobretudo dos descendentes.
O filme é uma delícia e dá que pensar. Obrigada pela partilha.
rosa vouga
Helena,
Também não trocava este lugar por nada!! pese embora as dificuldades e todas as incertezas quanto ao futuro, sobretudo dos descendentes.
O filme é uma delícia e dá que pensar. Obrigada pela partilha.
rosa vouga
Caro/a SIM
Não é por não ter escolhido que amo menos. Pode até ser-se escolhido e o amor funcionar.
Também não escolhi os meus pais ou os meus filhos e não deixo de lhes querer.
A "escolha" é um factor do amor. Mas não é o único. Felizmente!
Helena devo lhe dizer que não sou muito patriota e não tenho religião,acredito num ser suprior que cuida de nós a que chamo Deus.
Quanto a ser patriota não sou tenho orgulho em ser portuguêsa mas não tenho orgulho no meu país por várias razões,pelas descriminações que já sofri,por não ser a mulher que a maioria dos portugueses esperam,talvez por dizer certas verdades,e porque já sofri por ter um blog onde sou maltratada constantemente,sei que a culpa não é de Portugal país mas das pessoas com mentes menos abertas.Eu tenho uma mente muito aberta não critico ninguém a não ser algo que me revolte.
Talvez por isso seja pessoa não grata no mundo dos blogges.
Mas quanto á gestão do nosso país aí tinha que fazer uma lista extenssa incluindo pessoas que me já fizeram sofrer.
Cara Helena:
Naturalmente que a minha "feição" de hoje é diferente de a de anteontem - hoje estou menos melancólico… estou mais activo e isso reflecte-se no pensamento, na escrita, como tão bem sabe.
Pátria, religião… A minha terra é, será sempre, nem pode ser de outra maneira, Lisboa. Encontro aqui as minhas referências. Portugal ferve-me nas veias quando "lá fora" o criticam, por exemplo: "vocês, portugueses, põem demasiado azeite na comida" e eu vejo tinas de banha acumulada no grill… ou "vocês passam tanto tempo à mesa" e eu vejo refeições rápidas e maçãs meias comidas em cima de cómodas do século XVIII! Agora, Portugal ou outro país qualquer, assim, a seco… não sei...
Um Grande Abraço (Luso)
Raúl.
Aqueles que são patriotas, têm muito sofrimento para carregar às costas doravante!
Todas as politicas e leis aprovadas naquela miticas sala a que chamam Assembleia da Républica, são anti-patrioticas. SErão ainda mais no futuro!
Os portugueses como tal desaparecerão em 2 gerações !!
Em Angola, Brasil, França, luxemburgo , Inglaterra , nascem mais portugueses que em Portugal. Em portugal nascem Romenos e Ucranianos ! Portanto, em 2 gerações, já ninguém saberá fazer Bacalhau com todos, nem à gomes de sá!
O Patriotismo pode ser bonito e de bem, expressado sobretudo pelas classes mais favorecidas , mas é um realidade cada vez mais inexistente, pese embora o esforço de alguns para lembrá-lo. Sobretudo de quÊm nunca serviu as forças armadas na defesa das fronteiras nacionais !
ogam
Marianinha,
É pessoa não grata nos blogues ?
Tem orgulho em ser portuguesa mas não tem dos governantes!
A noção de amor à Patria é transmitida nas escolas , em todos os paises ! É um caso de manipulação da consciência por tecnicas adequadas !
Se você for perguntar a um cigano português se ele é patriotico, ele provavelmente dir-lhe-á que não sabe o que é isso, e está-se borrifando para isso!
Porquê ? Porque o cigano não foi à escola e não levou aquela lavagem cerebral dos descobrimentos, do Vasco da Gama , nem dos Lusiadas!
Em africa, estão neste momento a desenvolver esse sentimento nas populações, destruindo as relações e culturas tribais que não foram consideradas na definição das fronteiras e introduzindo a noção de patria , pós independencia !
apagou-se a história dos lideres tribais e conta-se a história maquilada do Agostinho Neto e das vitórias militares contra o inimigo!
Resumindo, a história está sempre ao serviço da politica !
Se você, marianinha, destesta os governantes , como pode ser patriotica? Não pode !
No seu caso , pode porque não entende a origem do conceito nem tem consciência de como esse conceito entrou dentro da sua cabeça, como aliás acontece com a maioria das pessoas!
Imagine um militar, em plena guerra a defender a pátria e a desobedecer aos seus superiores, porque lhe causavam muito sofrimento !!!
ogam
Resumindo, a H
Olá D. Helena
gostei do filme, mas deixa-nos num lugar estranho não é? pelo menos a mim deixou um pouco como naquele barco do inicio do filme... sem muitos comentários, mais sem palavras... a pensar!
Quanto ao nosso "amor" patriótico, pois, eu gosto muito de ler os seus comentadores uns mais assiduos quase também como meus conhecidos, como se fizemos parte de um club, perdoem-me o abuso mas eu sinto assim. Dalguns comentários gosto muito doutros nem tanto assim, mas isto é crescer, estarmos juntos com as nossas diferenças é uma das maravilhas dos seres humanos...mas nestas questão dos amores, patrioticos, filiais ou todos os outros, para mim é mesmo uma questão de fé quase religião:- é sempre muito mais feliz quem mais ama! Tenho 52 anos e, amo tanto, sempre amei tanto! nem sempre correspondida mas sempre muito bem amada! O amor a esta terra é absoluto e, garantidamente não é o mais fácil! adoro este lugar, temos paisagens mágicas,avassaladoras, pitorescas, simples ou simplesmente extasiantes, boa comida e um tempo maravilhoso! Já as gentes, bom as gentes nem sempre são grande coisa mas mesmo assim somos nós; e, acredito que temos potencial para sermos melhor, irmos mais longe se olharmos mais para dentro de nós e gostarmos mais uns dos outros...
Tenho saudades de Portugal.
Não sei se vejo os "defeitos"como qualidades. Por enquanto, são alguns dos defeitos que me convidam a estar longe mais algum tempo.
Por outro lado, conheci as esquinas por limar na realidade de outras nações. Não é tudo melhor nem pior, feitas as contas. São bons e maus em aspectos diferentes dos nossos.
É pelo que temos de bom (e pelo que vamos melhorar) que quero voltar a casa.
O clip é lindo e, de certo modo, justo :)
Moeda de Troika
Ana Mesquita é duma insipidez constrangedora. É um pãozinho sem sal, não tem gracinha nenhuma. Parece saída de uma página da elle com o seu piroso cestinho de vervaine. Não tem prá troika.
O filme é lindo! Amor com amor se paga.
E o nosso amor por Portugal vai valer a pena.
O cão é o melhor amigo do homem. Pena é que este, muitas vezes nem para si seja bom.
Obrigada Helena, por estas partilhas.
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